Minhas criadas me acordaram bem cedo, eu estava morrendo de sono.

– Ande, Alteza! Vossa Majestade, a Rainha Amberly aguarda-a no salão das mulheres

– Ah, Grace, avise minha mãe que vou lá assim que eu acordar – respondo brincando, mas saio da cama mesmo assim.

As criadas me deixam o mais apresentável possível em pouco tempo. Penteiam meu cabelo, colocam um vestido verde escuro e tiraram minha cara de sono. Então, vou para o salão o das mulheres.

– O que você queria falar comigo? - Perguntei quando cheguei

– Ah, nada de mais, só queria saber se você queria escolher a selecionada da província de Carolina - Ela indica com a cabeça uma pilha de papeis no canto da sala.

– Eu quero! - Digo animada. Eu pego os papéis e sento em uma das cadeiras.

Olho cada uma das fotos e seis chamam minha atenção, duas de modo ruim: uma está com tanto batom vermelho que parece um palhaço com a boca sangrando, a outra estava com a cara muito suja. As outra quatro chamaram positivamente: duas idênticas eram muito bonitas, uma outra tinha cabelos escuros e olhos cinzas - e também reparei no decote dela -, mas ultima foi a que mais me chamou a atenção. Seu cabelo era ruivo e seus olhos azuis, ela sorria como se estivesse apaixonada, imaginei que pelo meu irmão.

Chequei as informações dela: America Singer, Casta 5, fala várias línguas, cantora... Já está bom para mim, ela é a Selecionada de Carolina.

No fim do dia tem a gravação para o Jornal. Minhas criadas escolheram para hoje um vestido vermelho com a parte de cima franzida com a saia longa e esvoaçante, uma fita também vermelha e um broche brilhante para dividir essas duas partes.

Agora eu, minha mãe e eu irmão estamos fazendo maquiagem. Depois de terminarmos vamos para o palco.

Nos sentamos em nossos lugares, eu não encaro meu pai, mas sinto que ele não está preocupado com isso, só está preocupado com Maxon.

No alto do palanque, estava meu pai, o rei Clarkson. Seus conselheiros sentavam-se ao lado. Do lado esquerdo, estavam minha mãe - a rainha - e o meu irmão, príncipe Maxon. Do lado direito estava eu.

O jornal é muito chata, só tenho que ficar olhando para câmera como se estivesse amando estar aqui.

O rei começou a fazer os comunicados:

— Esta manhã, outro ataque na Nova Ásia comprometeu nossas bases, deixando as tropas em um número pouco inferior ao do inimigo. No entanto, estamos confiantes de que os recrutas do mês que vem chegarão com o moral elevada e renovarão nossas forças.

Eu odeio a guerra, leva Maxon e meu pai para longe, deixa o clima horrível aqui. Fora que pessoas morrem, resumindo, só trás problemas.

Após meu pai informar do recente ataque a um campo rebelde, a equipe de economia anunciou a situação da dívida do país, e o chefe do Comitê de Infraestrutura informou que em dois anos começariam a trabalhar na reconstrução de inúmeras estradas. Algumas delas estavam abandonadas desde a Quarta Guerra Mundial. Por fim, a última pessoa entra em cena.

Gavril, com seu terno azul engomado. Ele devia ter quase cinquenta anos, mas continuava afiado. Conforme caminhava pelo palco, a luz refletia no broche da lapela, produzindo um brilho dourado, sempre me perguntei o que era aquele broche, tenho a sensação de que já vi ele antes.

— Boa noite, Illéa! Quero dizer que é uma grande honra participar da Seleção. Que sorte a minha: vou conhecer trinta e cinco belas mulheres! Qualquer idiota gostaria de ter meu emprego! — Disse, piscando para câmera. — Mas antes de conhecer essas adoráveis damas, lembrando que uma delas será nossa nova princesa, tenho o prazer de conversar com o homem do momento, o príncipe Maxon.

Após essa deixa, Maxon caminhou pelo palco acarpetado até duas cadeiras preparadas para ele e Gavril. Maxon senta de forma mais descontraída

— É um prazer revê-lo, Alteza.

— Obrigado, Gavril. O prazer é todo meu.

— Em menos de um mês, trinta e cinco mulheres vão se mudar para a sua casa. Como você se sente?

Maxon riu.

— Para ser honesto, é um pouco estressante. Imagino que haja muito mais barulho em casa com tantas convidadas. Mas, mesmo assim, estou ansioso para que esse dia chegue.

— O senhor perguntou a seu querido pai como ele conseguiu laçar uma esposa tão linda em sua época?

Todos olham para meu pai, mas o fato é que os dois nunca falaram muito sobre isso

— Na verdade, não. Como você sabe, a situação na Nova Ásia é cada vez mais preocupante. Nosso trabalho juntos é mais militar. Não sobra tempo para falar de mulheres.

— Nosso tempo está acabando. Gostaria de lhe fazer uma última pergunta. Como seria a mulher perfeita para você?

Maxon recuou um pouco na cadeira. Tive a impressão de que seu rosto ficou vermelho. Queria ver essa resposta

— Para ser franco, não sei. Acho que essa é a melhor parte da Seleção. Não haverá duas mulheres iguais no concurso, nem em beleza, nem em personalidade. Ao longo do processo, conhecendo todas e conversando com elas, espero descobrir o que quero — disse Maxon, sorrindo.

— Obrigado, Alteza. Ótima resposta. Julgo falar por todos em Illéa ao lhe desejar a melhor das sortes.

Gavril estendeu a mão para outro cumprimento.

— Obrigado — agradeceu Maxon.

Maxon olhou para meus pais como se pergunta-se tinha dito a coisa certa. Minha mãe dá um sorriso, mas meu pai continua sério.

— Receio que tenhamos chegado ao fim da transmissão de hoje. Obrigado por assistir aoJornal Oficial de Illéa. Até a semana que vem.

Finalmente acabou. Eu odeio o jornal, é muito chato ficar sentada só vendo os outros e ainda mantendo a postura.