Êrico Jenes escrita por AndyCavalcante


Capítulo 2
Outra chance




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Sete anos se passaram, Êrico crescia com muita saúde e energia, adorava ficar brincando com os animais na floresta, ou com as crianças da pequena cidade de Poan, que ficava apenas a 30 Km dali. Era um menino bonito, com bochechas rosadas, cabelos platinados, olhos azuis acinzentados, característica esta que compartilhava com seu pai e avô. De jeito ele era mais parecido com mãe, agitado, disposto a qualquer trabalho, sempre prestativo e também carregava em si um sorriso semelhante ao dela. Sua mãe tinha os cabelos castanhos curtos e claros, olhos também castanhos, pele clara quase pálida, magra e altura mediada de 1,60. Já o pai era alto, cabelos escuros, forte, o primogênito de três irmãos, um sacerdote respeitado por todas a aldeias xamãnicas, demonstra uma postura firme, às vezes impositiva, mas sempre com um fundo de delicadeza e doçura.

Naquele dia o sol estava a pino e o calor alcançava cada canto da região, como sempre o menino se levantou cedo, tomou seu café da manhã, ovos com Nescal, era de costume sua hiperatividade o que levou ele a engolir em poucos minutos a comida.

– Meu deus, mastigue isso – disse a mãe.

– Se você se engasgar e morrer não vai ter como ir com seu avô – disse a avó.

– Eu estou com pressa, ele disse para esperar ele ao lado do rio as 7:30 e já são 7:15 - respondeu Êrico.

– Desse jeito você vai passar mal – disse a mãe.

Saltou da cadeira e foi correndo buscar sua mochila sem dar muita atenção ao que sua mãe falava.

– Deixa eu conferir se está tudo aqui. - ele abriu a bolsa e começou a verificar se havia colocado tudo que seu avô disse que era preciso levar.

– Corda, protetor solar, água, comida, lanterna, bóia... Acho que está tudo aqui – diz ele dando uma ultima olhada.

Colocou a mochila nas costas e se apressou para encontrar com seu avô. Chegando no local marcado, o senhor aguardava sentado em uma pedra, apoiado em sua bengala de madeira com os desenhos das fases da lua e uma coruja em voou perfeitamente talhados a mão.

– Mas olha que resolveu aparecer – disse o senhor.

– Desculpa, vim o mais rápido que pude – respondeu o menino.

– Tudo bem – disse o senhor enquanto se levantava – temos muito caminho pela frente, podemos?

O menino consentiu com a cabeça e então começaram sua jornada ao local misterioso que havia sido prometido ser apresentado a ele. Enquanto caminhavam seu avô contava-lhe a história de Orgui.

Antigamente, os Xamãs e as pessoas “comuns” costumavam a habitar as mesmas regiões, convivíamos em paz, até fazíamos trabalhos de proteção espiritual para as civilizações que viviam próximas. Não havia nada em nós que pudesse nos diferenciar fisicamente, éramos todos iguais e humanos. Quando a inquisição estourou aquelas que foram chamadas de bruxas, na verdade era mulheres xamãs, que buscavam na natureza a cura. Claro que para a igreja qualquer cura que não fosse de uma divindade não seria aceita, para eles se você tinha uma doença era porque Deus queria que fosse daquela maneira, e alguém ter a possibilidade de mudar isso era um total ultraje ao poder da igreja. Nos xamã usamos a natureza como veículo de cura, por isso nossos espíritos ajudantes ou familiares como nos referimos, são de animais. Já que espíritos humanos ainda estão em processo de evolução, podendo influenciar negativamente nossas condutas. Bem, se existiam bruxas e elas se casavam com pessoas que também tinham as mesmas crenças e comportamentos, no caso, nós homens xamãs, estes então também partilhariam dos mesmos poderes do “mal”, logo, fomos chamados de bruxo ou feiticeiros, fomos caçados, mortos, condenados a fogueira, crianças, mulheres e homens sem nenhuma piedade. Precisávamos nos defender e como faríamos isso?

– Atacando também, eram mais fortes – interrompeu o menino.

– Eu ainda não terminei você precisa ter mais paciência, e está errado em sua resposta, não se termina uma guerra com mais guerra – disse o avô.

– Sinto muito – respondeu o menino.

– Tudo bem, deixe-me continuar – falou o senhor.

Pedimos ajuda aos nossos familiares, por intermédio deles unimos nossas forças e criamos uma barreira em volta de uma grande parte da floresta, entre as montanhas, é onde nós vivemos, toda a floresta de Orgui, a cidade de Poan, a cidade de Geeste e algumas comunidades próximas, estão revestidas por essa barreira. Assim como espíritos eram invisíveis aos olhos dos humanos, nós também nos tornamos invisíveis a humanidade.

– O que temos de diferente deles? – perguntou o menino.

– Temos o poder de curar, ver espíritos tanto humanos como animais, podemos exorcizá-los quando necessário, damos suporte emocional a estes espíritos e também as pessoas, limpamos energias negativas, abençoamos locais e por vezes incorporamos esse espíritos, mas nesse caso é preciso ter muita força e uma grande evolução espiritual - disse o avô.

– Nossa – disse o menino surpreso.

– Às vezes também precisamos lutar contra alguns tipos de espíritos, pois dependendo do que aconteceu com ele em vida, pode se reverter de uma energia tão obscura que modifica sua fisionomia e o torna mais forte e mais difícil de lidar, o trabalho nestes casos é bem mais desgastante – respondeu o avô.

– Entendi – disse o menino pensativo - eu nunca fui é Geeste, onde fica? – perguntou o menino.

– É a cidade onde se faz a transição das almas desse mundo dos encarnados para os desencarnados. Quando alguém morre se dirige para lá e faz a passagem com ajuda de alguns xamãs. – disse o avô.

– Que legal, quando vamos lá? – perguntou Êrico.

– Estamos indo – respondeu o velho sacerdote.

– Que legal, falta muito? – perguntou o menino empolgado.

– Não muito...- respondeu o avô.

Depois de 3 horas andando, uma subida desgastante nas montanhas Bizitzan, entre dois morros surge à primeira visão de uma civilização. Na entrada uma placa “Passe em luz”, eles adentraram a aldeia e Êrico se fascinou com o que viu, havia postes com luzes de natal mesmo não sendo natal, elas cobriam a cidade toda, as casas eram de madeira e rústicas, havia muitas figuras talhadas detalhadamente nas madeiras das moradias, esses desenhos representavam as histórias dos familiares que ali pertenciam. Um pouco mais distante, porém não tanto, plantas eram cultivadas e era delas que a comunidade tirava seus alimentos e remédios. As ruas eram todas ladrilhadas em pedras, havia algumas carroças, mas poucas, e muitas pessoas e guardiões. Geedes era bem mais moderno e bonito que Poan.

– O que é isso? – perguntou o menino olhando para uma loja.

– São chocolates – respondeu.

– O que é chocolate? - perguntou.

O avô olhou para o menino, pensou em falar sobre o cacau e como o chocolate era feito, mas ele sabia que só geraria mais perguntas, que possivelmente ele não teria as respostas.

– Vamos entrar e você descobre por si – disse ele abrindo a porta da loja e dando passagem ao menino.

Êrico entrou na loja e ficou fascinado com os formatos artesanais dos chocolates, dinossauros, pássaros, sapatos, flores, cachorros, tudo muito bonito e colorido. Seu avô tirou do bolso umas moedas e ofereceu para que o menino pegasse.

– O que é isso? – perguntou ele.

– São bordas, é com isso que compramos as coisas aqui, é um tipo de moeda – disse o homem.

O menino pegou as quatro moedas da mão do avô – sua avó não te disse nada sobre isso? – perguntou o homem.

O menino balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e voltou-se as esculturinhas de chocolate.

– Acho que vou levar esse - pegou um chocolate em forma de dinossauro.

– Muito bem, então vá lá e pague para o homem – o senhor apontou para o rapaz no caixa.

O garoto andou até o caixa muito empolgado com o doce e deu as quatro bordas de prata ao homem, e saiu feliz da loja. Seu avô percebeu que ele não tinha noção do que estava fazendo, estendeu a mão ao rapaz que o devolveu três bordas. Fora da loja ele decidia que parte comeria primeiro e se realmente comeria porque estava achando tão bonito que dava pena de comer.

– Se você não comer eu como – disso o velho.

– Que egoísta, se você quer um pouco é só falar – respondeu o garoto.

– Não acredito que sua avó não te ensinou essas coisas – disse o homem.

– Que coisas? – perguntou Êrico.

– Essas coisas, moedas, chocolate, na sua idade eu já sabia essas coisas – disso o velho.

– Eu nunca vi uma algo assim - disse o menino.

– Bem, vou ter que te mostrar tudo então, mas primeiro temos algo a fazer - disse o avô.

Eles cruzaram a cidade Geedes até chegarem a um templo, no fundo templo havia uma caverna, eles entraram e se depararam com um cenário incrível, havia um rio de águas limpas e muitos vaga-lumes. Quando chegaram próximo a água todos os vaga-lumes acenderam. O velho tirou de seu kimono um pano que revertia alguma coisa grande.

– O que é isso? – perguntou o menino.

– Você já vai ver. – respondeu.

Colocou o pano no chão e o abriu, dentro estavam alguns objetos, uma espada, uma adaga, um cetro, um espelho, um cálice e um cajado.

– Sua missão é purificá-los no rio – disse o avô.

– Como vou fazer isso? – perguntou.

–Com isso - o avô tirou um papel do bolso com escrituras – você vai repetir cada palavra com muita coerência, e fará isso com cada objeto, se você colocar todos ao mesmo tempo na água vai perder algum deles, você pode observar que há correnteza nesse rio, não podemos arriscar perder esses objetos sagrados – disse o avô.

– Ta certo – respondeu.

– Outra coisa, use a boia, estarei lá fora conversando com o sacerdote do templo. – disse o senhor.

– Certo – respondeu.

O velho sacerdote sai da caverna deixando ao neto a missão de purificar os objetos, Êrico já tinha sete anos, idade aceita para iniciar na escola xamãnica, seu avô Druw resolveu ensiná-lo algumas coisas antes, o menino era muito imaturo ainda então seu avô decidiu que ele deveria ter mais responsabilidades para que pudesse amadurecer antes de ingressar no colégio.

– Bem vamos começar - ele pegou primeiro o Cálice dourado com pedras vermelhas em volta, levou até a beira do rio, abriu o papel onde tinha escrito uma oração em latim – Que legal, está em outra língua – disse ele ironicamente - adentrou o rio enquanto lia previamente a escritura.

“Spiritus, et nomen meum nunc memorem vox vulpes Zian ducere, ut aqua lustrationis iungat has ignis elementum sacris custodivit hereditate a maioribus nostris, quae ad te sanctus spiritus servitii”.

Se agachou, afundou o objeto na água e repetiu enfaticamente cada palavra, fez o mesmo com o cetro e a adaga, mas logo se encheu daquilo.

– Vou colocar logo tudo eu seguro e não vai ter problema – pensou alto, coloco o papel com as escrituras entre os lábios, pegou tudo que faltava, levou até a água e sentou-se em cima para prendê-los. Depois de se ajeitar em cima dos artefatos e verificar se estava tudo preso, tirou o papel dos lábios com apenas dois dedos e um enorme cuidado para não estragar, pois suas mãos estavam molhadas.

– Vamos lá – disse ele, e voltou a repetir o que estava escrito no papel.

A correnteza estava forte, como ele era magro acabava sendo impulsionado para frente, então o pior aconteceu, o espelho escapou e quando percebeu o artefatos estava se distanciando, Êrico se jogou para frente tentando alcançá-lo, deixando todos os outros objetos à deriva. Tanto os itens quanto o menino foram arrastados pela corrente até uma cachoeira que levava para fora da caverna e desbocava em outro rio muito mais profundo do que aquele que estava. Debateu-se enquanto afundava, mas não demorou a perceber que de nada adiantaria, aos poucos começou a reparar no que havia em volta, um fundo escuro, frio, com algumas algas, areia, as peças sagradas passavam por ele em câmera lenta até encostar na areia. Ficou ali sem boiar, sem se mexer, olhando para a imagem turva do sol que invadia o interior do rio. Aos poucos Êrico foi ficando sem ar aquilo lhe deixou em alerta, novamente ele tentou subir, mas dessa vez pegando impulso no fundo, sentiu que mesmo com seus esforços a distancia entre ele e o oxigênio era grande e foi desfalecendo, pouco a pouco a escuridão foi aumentando se tornando tudo que podia enxergar.

– Onde estou? – acordou.

– Você está bem? – ouviu uma voz ao seu lado.

Êrico virou a cabeça em direção a voz se deparando com uma raposa preta.

– Quem é você? – perguntou o Êrico.

– Meu nome é Tenebrael – disse a raposa.

Aquela raposa era linda, sua pelugem era macia, negra, brilhante, seus olhos era brancos e brilhantes como a lua.

– Você é um espírito lindo – disse o menino.

– Obrigado – respondeu Tenebrael.

– Eu morri? – perguntou Êrico.

– Talvez... precisamos ir, levante-se – respondeu a figura.

– Ta certo – disse o menino, se levantando.

– Suba – a raposa virou-se de lado para que o menino montasse e saiu galopando rápido.

Conforme eles iam passando o cenário ia ficando preto e sumindo, Tenebrael aumentou a velocidade para não os alcançasse.

– O que está acontecendo? – perguntou o menino.

– Você já vai descobrir – falou a criatura.

Surge diante deles um precipício, Tenebrael acelera e salta. Novamente as coisas parecem passar em câmera lenta, Êrico sente o vento bater em seu rosto e agitando os seus cabelos. A imagem parece querer congelar por alguns segundos, mas os dois conseguem alcançar o outro lado impedindo a queda livre. O garoto começa a sentir uma presença forte, em seus olhos refletem a imagem de Zion seu familiar, a raposa vermelha.

– Feche os olhos – grita a criatura mística.

Êrico obedece prontamente, e quando abre depois de alguns segundos percebe que já não está mais sendo carregado por uma animal de penugem negra e sim por um outro com os pelos cor de fogo.

– Mas como? – perguntou ele.

– Precisamos fazer a troca, ele nos dará cobertura – Zion corria e suas patas pegavam em brasa.

Êrico olhou para traz e viu Tenebrael atraindo a escuridão para si, como se e estivesse sugando.

– O que ele está fazendo? - perguntou o menino.

– É o espírito de raposa negra, ele pode controlar as sombras, está tentando diminuir a velocidade em que ela está destruindo as coisas a volta – disse Zion.

Depois de muito correr a Êrico e seu guardião avistaram uma caverna e entraram. Zion foi ao fundo da caverna guiado por uma luz. Chegando no local se depararam com outra raposa, só que essa era branca, tinha os olhos azuis profundos com um perfeito contorno preto em volta dos olhos. A raposa olhou para eles e os saudou com um curvando sua cabeça. Zion também há saudou.

– Você já sabe porque estamos aqui – disse Zion.

– Para fazer o pacto – respondeu a saudosa raposa.

– Por favor... – disse Zion.

– É esse o menino? – perguntou.

– Sim – respondeu o familiar.

– Você sabe os riscos disso? Sabe o que aconteceu nos outros casos? – perguntou a raposa branca.

– Sei, mas o menino foi muito abençoado, vem de uma boa família e carrega em si a pureza – respondeu Zion.

– A pureza logo é roubada pela dor, como me garante que isso é o melhor a fazer? – perguntou a nova raposa.

– Eu não tenho como garantir que isso dará certo, que não acabará de forma ruim, mas se você estivesse na minha posição e soubesse o que eu sei, pensaria de outra maneira, ajude a salva-lo – replicou Zion.

– Entendo, mas ainda falta uma figura para completar a coleção – disse a raposa branca.

– Não falta não – surge do escuro da caverna Tenebrael – estava ali escutando seus argumentos Zion, devo admitir que você não é tão convincente, mas estamos ficando sem tempo, decida-se – disse a raposa negra.

– Ta certo, mas se um dia o menino se corromper, eu o mato – disse a raposa branca.

– Como assim me mata? – perguntou o menino.

A três raposas se colocaram lado a lado, diante do menino.

– Meu nome é Zion e sou o espírito familiar de Êrico, destinado a acompanha-lo na vida e na morte unidos em um – falou Zion e uma chama vermelha se acendeu em sua frente.

– Eu sou Tenebrael, raposa das sombras, que passeia entre a vida e a morte, e declaro que está criança desafiou a morte e venceu obtendo o meu respeito e aliança como seu familiar, entrego a ti meus poderes e minha fidelidade – disse a raposa negra.

– Meu nome é Lux, sou a raposa sagrada da luz, você só chegou a mim porque morreu e seu familiar pediu que permitíssemos que passasse pelo corredor da morte e retornasse a vida. Eu represento a vida, e concedo a sua volta me tornando seu terceiro familiar, você será um dos poucos que andará sobre a terra dos vivos tendo passado pela morte e conseguido convencer três espíritos guardiões a se tornarem seu familiar, ainda que o mérito não seja seu e sim do amor de seu guia. Concedo a ti meu poder, mas se provares não ser digno deles, eu mesmo o matarei – disse a raposa branca antes de completar a aliança – e assim eu finalizo esse contrato. Uma forte luz brilhou cegando Êrico, quando acordou já estava na superfície, olhou para o lado e viu Zion sentado.

– Obrigado – disse o menino.

– Recomponha-se você precisa completar sua missão - disse a raposa.

O menino sentou, olhou em volta e percebeu que os artefatos que virá afundar estavam boiando próximos a beira.

– Juro que os vi no fundo do rio – falou o menino.

– Consegue levantar? – perguntou Zion.

– Sim – respondeu o menino e logo se levantou – preciso de algo para puxá-los – olhou em volta e viu pedaço de pau – da pra usar aquilo – o menino apontou para o pedaço de madeira.

A raposa se aproximou e entregou a ele o papel com a oração.

– Que bom você pegou – um largo sorriso surgiu na face de Êrico – agora posso completar o ritual – foi até a beira do riu e encostou uma das mãos na água.

“Spiritus, et nomen meum nunc memorem vox vulpes Zian ducere, ut aqua lustrationis iungat has ignis elementum sacris custodivit hereditate a maioribus nostris, quae ad te sanctus spiritus servitii”.

Pronunciou cada palavra com clareza, sentiu uma energia passar de suas mãos e ser conduzida pela água até os objetos. Ao fim, os recolheu.

– Agora precisamos voltar – disse Êrico - a raposa logo tomou a frente para indicar o caminho.

– Nunca lhe vi tão claramente, só em meus sonhos – disse Êrico a raposa.

– Precisaremos dar a volta pela floresta – disse a Zion - você com certeza conseguia ver outros espíritos – respondeu a raposa com sua voz grossa e serena.

– Sim, mas não você – disse o menino.

– Só aos sete anos os xamãs podem ver seus familiares – respondeu a raposa.

– Isso explica tudo – falou o menino sorrindo.

Não demorou muito eles chegaram a boca da caverna, seu avô já o aguardava fora.

– Percebo que teve alguns problemas – falou o avô.

– Er... – foi até o avô e entregou todos as peças sagradas – mas ta tudo ai, pode conferir.

– Você não tem jeito mesmo – falou o avô e depois voltou-se a raposa – obrigado – a raposa curvou a cabeça em sinal de respeito.

– Agora vamos para casa, chega de aventuras por hoje – disse o avô.

– Mas já, eu nem vi a cidade direito – resmungou Êrico.

– Você vai ter tempo para ver tudo – respondeu Zion.

– Poxa – disse o menino.

– Vamos e sem reclamar, você já aprontou demais por um dia – disse o avô.

E eles foram para casa.

(Continua).


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