P.O.V Percy

Lembro-me quando minha vida havia mudado, eu havia apenas 12 anos, e aquilo foi assustador, saber que você teria um destino traçado, e esperando pela morte a qualquer instante.

Eleanor provavelmente se sentia assim, ainda se sente, nervosa, culpada, surpresa e sempre pensando se viveria por muito tempo, ou se seria capaz de salvar vidas, mesmo que nessa ação perca a sua.

Quando Hazel foi seqüestrada, ela pensou que a culpa era dela, mas estamos todos juntos, tentando salvar o mundo. Ela sempre tenta salvar seus amigos, talvez isso seja coisa de filhos de Poseidon, mas ainda me preocupo, já que um dia me falaram que a lealdade aos aos amigos pode ser tanto uma qualidade ou um defeito, quando se trata da vida dos deuses.

Eu estava deitada na minha cama, no Argos, que Leo havia concertado, depois que ficou completamente destruído em nossa batalha contra Gaia.

Fecho meus olhos, e me sinto estranho, não podia mais sentir o cheiro salgado do mar, nem mesmo a água, era como se ela tivesse desaparecido, levantei-me e andei em direção a nossa pequena cozinha.

– Tem alguém aqui? – grito

Não houve nem uma resposta, o que me fez gritar novamente, indo a cada cabine de cada um dos tripulantes do Argos, porém foi inútil, eu estava sozinho.

Fui até a ponta do barco, e pude ver a água, a água estava lá, mas não podia sentir seu cheiro, ou uma força que subia por mim, poder. Eu não sentia nada.

– Não adianta – falava uma voz familiar, que era capaz de me dar arrepios – Você não esta aqui de verdade – deu uma pausa – Nessa altura do campeonato você já deveria saber filho do mar.

Me virei, e pude ver a figura sombria, de olhos dourados, me encarando com um sorriso divertido.

– Impossível – digo surpreso – Eu o matei...

– Você sabe muito bem que todos os monstros voltam, apesar de demorarem muito, e meu caro neto, você realmente me deu muito trabalho – Cronos falava, como se caçoasse de mim – Se não fosse por Tártaro, só estaria aqui a... quem sabe uns dez mil anos.

Tentei pegar a minha caneta, mas ela não estava mais no meu bolso. Cronos riu, o que me fez me arrepiar-me novamente. Eu ainda havia sonhos com ele, Gaia, e Tártaro. Mas apesar de os sonhos significarem algo para os semideuses, nunca pensei que o voltaria a vê-lo.

–Menino tolo – riu mais uma vez –Fiquei sabendo que tem uma irmã, como é o nome dela? – coçou o queixo, pensativo – Eleanor, certo? – não respondi – A meio-sangue, que tem todos os poderes dos Olimpianos, menina poderosa... Imagina se ela comesse o Ofiotauro, aposto que vocês ainda o guardam...

–Para – grito, o interrompendo-o – Aposto que teve algum motivo importante para me dizer, invés de ficar me falando sobre seus planos ridículos.

– Ah é, sim – concordou – Tártaro tem um grande exército, com o os piores monstros, e saiba que eu não fui o único que retornei, Tártaro, controla lá em baixo, e poderá trazer qualquer um, que quer a seus amiguinhos mortos, e pode acreditar, são muitos.

– Isso não vai acontecer! Iremos te derrotar, eu sozinho já te derrotei – digo – e Todos nós, eu e meus amigos destruiremos Tártaro.

– Sim, meu caro Jackson, você nos derrotou, mas derrotou nós separados, agora estamos todos juntos, seus piores pesadelos.

– E Gaia? Ressurgiu também?

– Infelizmente não – diz Cronos com Tristeza – ela não havia se formado o suficiente para voltar para o mundo dos mortais. Mas agora pense comigo, seria muito desperdício os dois heróis mais poderosos do mundo morrerem, não acha?

Ele me encarou, esperando uma resposta, pela qual não obteve, então retornou a falar:

– Você e sua irmã são incríveis juntos, indestrutíveis juntos! E meu mestre Tártaro sabe disso, então junte-se a nós, se pouparemos seus amigos.

– Você e Gaia já me propuseram isso, e que eu me recorde eu recusei – falo entre os dentes – Juraram me matar, mas acabaram morrendo.

– Isso será diferente – recorda ele – Será a destruição do Olimpo e do mundo.

– Isso será diferente – digo com fúria – Dessa vez vocês não retornaram tão cedo, diga a Tártaro que eu não aceito! Nem mesmo Eleanor, nós iremos lutar, e até a morte se necessário.

– Belas palavras – elogia ele – Pena que não valerão nada.

Assim ele sumiu, e eu acordei assustado de volta a minha cabine no barco, eu estava suado, e alguém batia freneticamente na porta. Fui até lá e abri, a pessoa entrou.

– Annabeth, o que foi? – pergunto

– Eu é que pergunto, o que foi? Estou batendo na sua parte faz tempo – reclama ela, mas para olhando para mim, que parecia com a feição procurado, e por meu rosto todo suado – O que aconteceu? Pelos deuses Perseu Jackson...

– Falarei tudo depois com todos juntos , preciso pensar um pouco – falo tentando ficar sozinho, mas ela continua na minha frente – sozinho

– O que tem de errado? – pergunta ela novamente

– Já falei, depois...

– Não, não sobre isso – corta ela – Você esta nos distanciando, me distanciando, desde que aquela sua irmãzinha chegou você esta diferente comigo. Ela que é culpada pela Hazel, mas não desconte a culpa em mim.

– Eu sei que é difícil, tiveram tanto tempo você a Píper, e a Hazel, que agora é difícil aceitar alguém novo, mas que eu saiba as duas adoram a Eleanor. E você lembra quando descobri que era um semideus, e era acusado de roubar o raio – lembrei – Você e e Grover vieram comigo, e ela precisa de alguém com ela.

– Você esta dizendo que eu estou com ciúmes? – gritou ela – Cabeça de água...

– Sim, eu estou dizendo que você esta com ciúmes – digo – desnecessários, ela é minha irmã !

– Sim sua irmã, e você a ama – fala ela e eu assinto – O problema, é que você não a ame apenas como irmã!

–Annabeth, eu...- falo um pouco mais calmo, mas sou interrompido

– Admita você anda pensando nela, vocês dois são muito parecidos, receberam uma missão e uma grande profecia, logo de cara, são encarregados de salvar o mundo, são os grandes filhos de Poseidon! – ia contando os motivos – Pensando no que ela esta sentindo, e me esquecendo, esquecendo do que eu estou sentindo!

– Annabeth, eu acho que você esta um pouco nervosa – falo e coloco as mãos em seus braços, e elas os retira com agressividade – Acho melhor você sair.

– Viu!? Você só foge de dizer a verdade, que você sente alguma coisa por ela.

Assim ela saiu, me deixando sozinho.

Me jogo na cama.

Seria isso verdade? Eu estava tentando mais sentimentos por Eleanor, sem ser amor de irmão? Ou eu apenas sinto uma conexão pelo sentimento que já senti e quero ajuda-la?