Cavaleiros do Zodíaco - A Saga do Sol (INTERATIVA) escrita por DiamondTargaryen


Capítulo 9
Gaiden Peixes: A história do guerreiro adormecido.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo escrito pela autora Koori *---* espero que gostem!!!



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Século XIX - Ano 1856

Agathia amava seu pequeno filho acima de tudo, e todos em Rodorio e no santuário sabiam disso. A jovem cuidava da criança como se cuidasse do bem mais precioso do mundo, apesar de ele ter surgido de uma forma misteriosa em seus braços.

A criança, ainda em colo, detinha os mesmos traços conhecidos de Albáfica, para o abismo de todos, e em seus grandes olhos castanhos, fios de bondade enrolados em fios de solidão, como se previsse algo, como se almejasse algo, ou como se conhecesse tremenda verdade que ninguém jamais poderia conhecer.

Aos seus primeiros passos já inspirava a alma do antigo cavaleiro de peixes, intrigando ainda mais aqueles que o rodeavam. O sorriso do pequeno era sincero como o da mãe, que cada vez mais sorria preocupada.

Verdade dizer que Agathia era uma criança quando Albáfica se sacrificou na luta contra Minos, então quais as chances da criança chamada Akira ser filho dele?
Para aplacar sua solidão e sentir-se próxima daquele que fora sempre gentil consigo Agathia fez da casa de Peixes sua morada depois da guerra. O templo do cavaleiro que tanto admirou pareceu ser o local perfeito para si, pois tudo lá parecia retratar o carisma do senhor das rosas. A decoração, o perfume, o jardim que não morria jamais, mesmo com a morte de seu tão amado mestre. E, com sua estadia lá, vieram os sonhos.

Albáfica lhe visitava todas as noites e lhe dizia o quão bom era ver que suas rosas tinham alguém que cuidasse delas, pois temeu que suas únicas companheiras morressem em agonia solitária com sua partida. Dizia-lhe que ficava feliz com sua força e determinação em sobreviver a guerra e que era feliz aonde estava, pois não era mais preciso se isolar por culpa de seu sangue tão amaldiçoado. E, em meio a estes sonhos, Albáfica lhe prometeu um presente digno de ouro. Um presente surpreendente que lhe alegraria os dias até seu último suspiro, algo que lhe traria lembranças suas e que jamais a deixaria sozinha.

Agathia surpreendeu-se quando se descobriu grávida semanas depois. Não sabia ao certo se sentia-se feliz, abismada ou desesperada. Estava surpresa demais para esboçar qualquer reação, afinal, mas no fim das contas acabou por olhar o próprio reflexo no lago próximo ao santuário e sorrir com a ideia. Criaria e amaria o herdeiro daquele que tanto amou, então.

Os tempos passaram e o jovem Akira cada vez mais parecia mais com seu pai. Sua personalidade era orgulhosa e encarava as outras crianças de longe, dizendo que as brincadeiras delas eram infantis demais para si, tipicamente contente em estar mais solitário do que enturmado. Sua mãe ria nervosamente com isso, se questionando cada dia mais se o garoto se tornaria um cavaleiro, se herdaria de seu progenitor a alma tão poderosa e impetuosa.

Sua confirmação nunca de fato chegara, mas seu coração materno sabia que seu temor era real. Seu pequeno garoto entraria num campo de batalha sem saber se voltaria e nada poderia impedi-lo disso, nem suas lágrimas. E estava fadada a esperá-lo voltar com o coração sangrando, rezando para que Athena não o deixasse ter o mesmo fim que Albáfica.

Talvez o destino fosse algo muito surpreendente para Agathia, pois cada dia menos ela podia dizer o que esperar, e a gota d'água foi quando, numa tarde de sol, assistindo seu filho brincar, sentiu seu peito doer como se algo lhe partisse ao meio.
Tentou chamá-lo, mas sua voz simplesmente sumiu. Levara a mão ao coração, tocando-o sobre a blusa, e o sentiu bater cada vez mais de vagar, sôfrego, e então sua visão embaçou enquanto pedia perdão a Deusa por tudo o que havia feito e deixado de fazer enquanto seu filho corria ao seu encontro, a chacoalhando com os olhos arregalados e gritando seu nome, sem resposta. Sua última visão fora os grandes olhos castanhos lhe encarando assustados e os cabelos azulados já compridos voando contra o vento numa corrida até si. Questionou-se se ele ficaria bem, desejando voltar a respirar, mas quanto mais tentava, menos podia. Ouviu a voz de Akira ecoar ao longe e sua alma se partiu em dor, magoada. Por que morrer agora?

A casa de Peixes ganhara o silêncio completo depois daquele dia, como se perdesse a vida.

Os pássaros não cantavam mais no jardim de Albáfica, como se sentissem a dor do garotinho, e as borboletas não sobrevoavam mais aquela área. Sozinho, decidira enterrar sua mãe, quase falhando. Ainda era uma criança jovem, mas entendia perfeitamente bem a morte. A enterrou o mais longe que pôde, enraivecido com o destino, sob o sol morno da manhã. Se perguntou porque estava enterrando sua mãe, anos depois de seu pai ter morrido em uma guerra que não tinha sentido. Era demais para seu raciocínio, então achou que estava enlouquecendo quando sentiu o forte cheiro de rosas vindo junto do vento. Levantou-se, pois estivera de joelhos a noite toda, e olhou ao redor. Na alvorada, projetando uma grande sombra, a forma de uma armadura se movia em sua direção. Franziu seu cenho, recuando.

A sombra passou por si e seguiu em direção ao santuário, o aroma o perseguindo veementemente. Akira se perguntou o quão ilógico aquilo poderia ser e, inconscientemente, passou a seguir o objeto estranho por dentro do santuário, curioso, e então percebeu-se afastando-se das doze casas sagradas.
Ponderou por alguns segundos. Aquilo era loucura, afinal.

E, quanto mais longe iam, mais loucura era, pois não pararam ao chegar em frente ao pico StarHill. Akira sempre soubera que aquele lugar era proibido! Se o Grande Mestre o pegasse ali, seria morto... Mas algo não lhe permitia parar de forma alguma.
Fechou seus olhos e seguiu ao cruzar o perímetro de StarHill, já imaginando a fúria do mestre sobre si, mas nada houve. Soltou o ar que segurou nos pulmões com força, suspirando, e continuou seguindo aquela sombra até o topo do pico.

Observou, lá de cima, o mundo que seus olhos podiam alcançar, maravilhado com a visão. Tão ampla, distante, coberta dos raios que despontavam e que aqueciam suas costas. Então aquele era o mundo? O mundo que sua mãe sempre dizia ser bonito, mas nunca o deixava conhecer? Aquele era o mundo que sofria a ira dos deuses de tempos em tempos de forma cruel e sem sentido? Suspirou, virando-se para a sombra que o guiou até ali, mas esta estava distante demais. Sentiu, dentro de si, como se conhecesse algo ali. Como se aquela sombra emanasse energia. Como se aquela sombra lhe enviasse energias e instigasse a ter cada vez mais força.
Inicialmente não pode perceber, mas ao que sua respiração se acalmou, percebeu estar diante de algo que restara de seu pai. Observou com cuidado o formato da sombra e então percebeu o delineado da armadura de Peixes. Sorriu emocionado, se aproximando, mas parou em seguida. Poderia ser real? Respirou fundo.

Queria chamá-lo, mas não sabia como. Pai? Albáfica? Cavaleiro de Peixes? Albáfica de Peixes? Negou com a cabeça afastando os pensamentos e, em seu interior, percebeu o diálogo se iniciar como um rio que flui harmoniosamente. Sem saudações, ou sequer rótulos, simplesmente ouviu dentro de si uma voz que não era sua, se assustando.

"Serei seu mestre, pequeno Akira". - esse fora o motivo de seu espanto. Não soube decifrar a frase de imediato, pois estava espantado demais pelo argumento ter vindo, aparentemente, de dentro de sua alma. Só então decodificou a frase e arregalou os olhos. Então estivera certo sobre a identidade?

Sucessivamente, os dias se passaram com o jovem garoto acostumando-se com a ideia de que o puro, simples e sincero cosmo de seu pai estava em StarHill, o monte proibido, lhe treinando arduamente. Até determinada idade era complicado para si colocar em palavras o seu ideal, mas por fim, soube dizer que era por seu pai.
Pela bravura de Albáfica.

O admirava desde criança, sim, pois achava que sacrificar-se em prol dos outros de forma tão heroica era incrível. Queria vingá-lo, ou ao menos fazer com que a armadura de Peixes recebesse um novo sucessor que honrasse o sacrifício e a solidão de seu antecessor. Queria ser bravo como ele. Seu novo ideal se tornou ser um cavaleiro, mas não um cavaleiro de qualquer patente. Seu anseio diário era tornar-se cavaleiro de ouro de Peixes, tornar décimo segundo templo tão belo quanto fora no reinado de Albáfica.

Akira era um garoto inteligente e esperto, assim por dizer. Pegava rapidamente a essência dos golpes, e por ser persistente, os executava até conseguir perfeição. Seu pai lhe dizia que ele o superaria, pois era natural que o pupilo superasse o mestre, e Akira sorria com a ideia. Tornar-se-ia tão forte quanto seu mestre. Iria tirar a vida daqueles que julgassem ou questionassem o seu poder ou o poder de seus companheiros, pois a dor do treinamento lhe pesava.

Ao que adolescente, sozinho criou duas técnicas novas, aperfeiçoando as técnicas de Albáfica, causando-lhe grande orgulho. E a certeza de que estava pronto para a perfeição era a Dança das Pétalas.

Durante o treinamento, Akira questionou-se se poderia mesmo superar seu mestre, e Albáfica lhe incentivou a tentar enquanto conseguisse. Questionou seu poder, sua força de vontade e sua determinação, e isso desencadeou cruelmente sua raiva.
O garoto, já na flor da idade, elevou seu cosmo e o queimou, produzindo mil rosas ao seu redor. Belas, mas mortais. As flores, automaticamente, tiveram suas pétalas arrancadas numa rajada invisível, erguendo-se no ar a altura de seus olhos, passando da coloração vermelha carmesim ao dourado reluzente, perigoso ao olhar. Akira dera um passo a frente, e junto dele, todas as pétalas avançaram em torrente em direção a sombra de seu pai, fazendo com que ela sumisse envolta numa forte rajada de luz dourada, mas deixando sua presença ali.

Akira ofegou, caindo de joelhos, acalmando-se e se questionando se aquilo havia sido correto, e então seu cosmo se elevou mais uma vez, fazendo com que todo o pico StarHill se cobrisse com rosas brancas, negras e vermelhas, explodindo seus sentidos ao máximo.

Ao longe, Shion observou o cosmo que já sentia há tempos se expandir e o topo de StarHill se cobrir com rosas, para o seu espanto. Teletransportou-se diretamente para lá, e o que viu lhe fez se surpreender mais do que tudo o que já havia visto.

Aparentemente idêntico a Albáfica, a mesma sintônia de cosmo e flores tão belas quanto. Estaria Shion ficando louco? Se espantou, o encarando. O garoto ergueu os olhos para si, castanhos e escuros e o encarou por alguns segundos.

O espanto foi para ambas as partes. Shion por encontrar alguém tão parecido com seu amigo e antigo colega de batalha, e Akira por ser pego dentro do perímetro de StarHill pelo Grande Mestre.

– O que faz aqui, garoto? - perguntou altivo, tentando manter-se perfeitamente no posto de GM.

– Estou treinando para assumir o posto de Cavaleiro dourado de Peixes. - respondeu ainda o fitando, ofego. Era curioso sobre a face do mestre, pois o elmo dourado lhe cobria o rosto com uma forte sombra. Nunca pode vê-lo, como ninguém podia.

– E quem é o seu mestre irresponsável?! - questionou, indignado. Era totalmente proibido que qualquer um exceto o GM entrar em StarHill e, de repente, encontrava uma criança sendo treinada ali. - Você deve saber que é totalmente...

– Meu mestre não é irresponsável. - levantou-se num pulo. Jamais permitiria que ofendessem seu pai. - Meu mestre é Albáfica de Peixes.

Ao ouvir isso, Shion pensou estar tendo alucinações. Ou a si estava, ou o garoto.

– Não diga besteiras. - ralhou, nervoso. - Albáfica de Peixes morreu há tempos. Há mais tempo do que você tem de vida, moleque. - tentava a todo custo manter sua paciência, mas não se pode esquecer a constelação a qual pertencia. - Além de que Albáfica não treinaria uma criança! - referia-se ao medo que o dourado tinha por causa da maldição de seu sangue venenoso.

Aquele diálogo fora o suficiente para esquentar Akira, o fazendo explodir. Interpretara de forma errônea, afinal. Ao seu redor, as rosas que cobriam o chão tiveram suas pétalas arrancadas por uma suave brisa e se ergueram, sobrevoando à altura dos olhos do rapaz, tornando-se douradas e indo em direção a Shion, que quase sem tempo, ergueu a Crystal Wall, fazendo as pétalas voltarem. Porém, ao invés de voltarem com toda a força, voltaram-se com menos da metade, e a parede de cristal se arranhou em diversos lugares.

– Como se atreve a atacar o Grande Mestre?! - erguera seu braço, lançando Stardust Revolution na direção de Akira, mas não com toda a sua força. Não queria matá-lo... Não podia. Havia a chance de Albáfica estar mesmo vivo?

O aspirante a cavaleiro de Peixes tentara desviar, mas fora atingido por pouco, sendo arrastado pelo chão e levando rosas consigo. Ficara algum tempo deitado ao chão, respirando. Shion se aproximou lentamente, e ao que o fez, seu elmo caiu no chão com uma rosa negra fincada no chão, próximo a ele.

Os olhos de Akira chegaram aos de Shion, os encarando longamente. Tinha outra rosa negra em mãos e estava pronto para lançá-la, mas ocupou-se encarando os olhos claros do mestre e as duas pintinhas em sua testa. Achou aquilo engraçado, até bonito... Gostaria de as ter. Jamais pensou que o GM fosse um homem tão bonito.

Lançou a Rosa Piranha e esta foi parada pela Crystal Wall, a quebrando em vários pedaços e se desfazendo no chão.

– Não é possível que você seja discípulo de Albáfica! - alarmou-se.

– E não é possível que você desrespeite o meu mestre! - insistiu em mais uma Rosa Piranha, que destruiu a Crystal Wall, mas fora desviada a tempo.

– Você não sabe do que diz. - o ariano encarou o garoto. - Não faz ideia do que está dizendo. - se aproximou e o fitou ainda mais profundo. - Albáfica e eu éramos próximos. Eu o vi morrer. Eu estava disposto a evitar a morte dele. Você não sabe do que diz. - elevou seu tom de voz. - Albáfica era meu amigo!

Akira piscou assimilando o que havia ouvido, lentamente compreendendo. O Grande Mestre havia sido amigo de seu pai, de seu mestre... Iria dizer algo, mas apenas sentiu-se sendo arremessado ao longe e seu corpo queimar. Stardust Revolution.

Sentiu-se flutuar por um instante. Tudo pareceu perder-se no espaço-tempo, e um calor materno, como o abraço de sua mãe, o envolver. Um poderoso e calmo cosmo lhe envolver, fazendo todas as suas dores se dissiparem. Aquela era Athena, então? Sorriu brevemente, vendo as rosas ao seu redor e ouvindo os passos vindo em sua direção.

Tão pouco tempo... Tantas emoções...

Sentira o cosmo de seu pai, mas não ouviu a forma que o GM reagiu perante isso. Estava imerso demais em perceber que havia sentido o amor de uma deusa sobre si, um humano qualquer... E imerso demais em perceber que estava apaixonado por um homem, mas nem um homem qualquer, mas sim o nobre que sobrevivera a Guerra Santa e assumira como Grande Mestre, fora amigo de seu progenitor.

Respirou fundo, sentindo-se afundar na grama, concentrando seu cosmo nas rosas que tinha ao seu redor, gerando uma Encomenda de Rosas. Venceria aquela luta... E, para finalizar, quatro Rosa Diabólica Real lançada às cegas. Finalmente sorriu.

Akira era belo, especialmente com os olhos fechados. E Shion era obrigado a concordar, mesmo com três das quatro rosas vermelhas tendo acertado em cheio seu corpo, fazendo-o fraquejar fortemente, tonto e enjoado, recebendo a ajuda de Albáfica, e a Encomenda de Rosas tê-lo obrigado a sair de StarHill às pressas, já com vertigem, utilizando o elmo para se proteger.

Havia sido vencido.

E havia visto Albáfica mais uma vez, este o confirmando sobre seu pupilo e filho, surpreendendo o ex cavaleiro de Áries.

O antigo cavaleiro de ouro de Peixes tinha uma ideia louca sobre Akira, e pedira ajuda a Shion, que acabara por ceder. Utilizando escritos antigos e a base do Misopheta Menos, desacordaram Akira em um sono repleto de rosas para que ele pudesse esperar pelo chamado de Athena na próxima Guerra Santa.

O Grande Mestre se perguntou se isso era justo enquanto descia até seu antigo templo de Áries, atualmente vazio.

Olhou para o alto de StarHill, observando as nuvens e o dia escurecer. O local já afetado pelo tempo e pelas lutas, pelo sangue e emoções derramados ali. Sentiu o antídoto de Albáfica lhe ajudar, respirando fundo.

O que não imaginou é que, depois de Albáfica, outro cavaleiro assumiria o posto de peixes. Akira não pode responder ao chamado de Athena, pois permaneceu inerte em sono culposo de Stardust Revolution, assim abrindo espaço para que Afrodite assumisse da armadura de Peixes.

Shion permaneceu recostado às pilastras de Áries, observando as estrelas, como se o mundo pudesse, só por um instante, parar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? mandem a opinião de vocês o/ obg XD