Cavaleiros do Zodíaco - A Saga do Sol (INTERATIVA) escrita por DiamondTargaryen


Capítulo 15
Gaiden Gêmeos: O guerreiro da justiça que veio do Inferno.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem o/



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Seu coração batia acelerado, as mãos unidas e entrelaçadas suavam e estava pálido, assustado. Ao seu lado, seu irmão parecia respirar tão pesado quanto a si.

Tentaram lutar, tentaram se proteger, mas eles eram poderosos demais. Eles eram cruéis. Eles matariam os dois irmãos como formigas se não fossem espertos o suficiente para fugir e se esconder onde puderam, os joelhos arranhados e as mãos sangrando levemente. Raven abraçava o gêmeo com cuidado, tentando passar proteção a ele e a si mesmo também, sabia que precisavam permanecer juntos.

Um era a única coisa que o outro tinha. Viviam ali, nas ruas, ao relento, sem o alento de um pai ou mãe. O lugar onde sobreviviam como podiam, dia após dia, onde a filosofia de "só por hoje" fazia mais sentido do que tinha.

O peito de ambos doeu ao que o esconderijo, atrás de uma grande lata de lixo, foi jogado para longe e os grandes e frios olhos âmbares lhes olhava cobiçoso. As mãos se estenderam e pegaram os garotos ainda abraçados, e mais um par de mãos os separou do abraçado tão contido e forte.

Antes que pudessem dizer algo, já estavam longe demais. A sensação vazia e desesperada fazia com que os pulmões de Raven trabalhassem com mais força e rapidez, consumindo oxigênio numa velocidade assombrosa apenas para poder pensar na melhor forma de fugir para se unir ao irmão.

Não importava o quanto rezasse ou se remexesse nos braços do homem que lhe segurava, não pode nunca se soltar daquele aperto. Nem mesmo quando já tinha mais idade e era treinado numa ilha tão distante que chegava a se perguntar se os desastres naturais, porventura, alcançaram-nos.

O homem que lhe treinava pregava sobre um deus chamado Hades. Dizia-lhe que precisava ser forte para defender aquele que traria aos humanos a escuridão, e aos que lhe seguiam e defendiam a vida eterna.

Seria aquilo tudo real? Esperava que sim.

Seu treinamento era cruel, árduo, ouvia por suas costas que era fraco e precisava ser forte para sobreviver e se tornar o que eles chamavam orgulhosamente de espectro. Por culpa de tão grande submersão naquele mundo, perdera a noção de si mesmo. Sua aparência, o som de sua voz, o tempo que passava. Nada mais lhe fazia sentido nas lembranças vagas que tinha, pois a única coisa que se permitira trazer consegue fora a lembrança de seu amado irmão.

À medida que os anos passavam, sua hora ia chegando. O momento em que seria decidido se Raven viveria ou morreria, fosse por Hades ou por qualquer outro. Ocupava-se estudando tudo o que podia sobre física. Sentia o universo dentro de si clamar por isso.

Podia ouvir sua respiração pairando no ar enquanto caminhava em direção ao centro da pequena arena da ilha. Manteve-se calmo, ironicamente calmo. Podia estar caminhando, literalmente, até sua morte, mas nada daquilo parecia lhe alcançar.

Ao parar no centro do local, das sombras viu seu oponente surgir. Vestido como um pupilo, o rosto escondido pelos longos cabelos. Franziu o cenho se questionando o motivo de lutar com alguém que mais parecia um excluído da sociedade, mas negou mentalmente o que apontou anteriormente. Estava ali para vencer.

Observaram-se por curtos segundos antes que uma fenda no espaço se abrisse e o oponente de Raven fosse sugado para lá.

– Eu sobreviverei! - avisou, questionando-se se aquilo acabaria daquela forma. Do outro lado do lugar onde a fenda no chão se abriu, igual se fez, e de dentro dela, um poder gigantesco de cosmo quase atingiu o aspirante a Espectro, que por pouco escapou, sofrendo arranhões e cortes finos por tentar conter o pouco que não conseguiu desviar. Franziu o cenho quando, de dentro do buraco, alguém saiu.

Não ouviu nada vindo do outro, e então pôs-se na posição necessária para lançar uma poderosa rajada de cosmo, que foi desviada com, surpreendentemente, outra bomba cósmica. Tentando criar um ponto fraco, Raven abriu um rasgo no solo em dois pontos e lançou para dentro deles um feixe de cosmo, que saiu na outra fenda e cruzou a testa de seu oponente certeiramente, o fazendo ser acertado pela energia que ainda competia com a outra.

Deu-se por vencido, mas para seu abismo o homem com quem lutava levantou-se e criou, com as mãos abertas, uma grande redoma de energia, preparando-se para lançá-la para Raven.

Não podia perder. Morrer estava fora de questão, pois precisava encontrar seu irmão e dizer-lhe que o amava e protegê-lo, descobrir se ele estivera bem naquele meio tempo.

Deu um passo para trás, recuando, e então respirou fundo, concentrando seu cosmo o mais rápido possível enquanto a redoma de energia do outro parecia cada vez maior.

O silêncio se fez e o mundo pareceu parar por um instante, até que uma grande bomba de luz explodisse e tomasse toda a Ilha, levando tudo consigo aos ares, inclusive Raven.

Os pássaros pararam de cantar por indeterminado tempo, e a única coisa que podia dizer era que sentia seu corpo todo arder. Era a primeira vez que utilizava aquele golpe, desde sua criação, e descobrir-se vivo após ele era divino.

Levantou-se lentamente, vendo o sangue escorrer por baixo do que restou de sua roupa. Seus músculos retesados e o cheiro de queimado pelo ar. Olhou ao redor. Tudo destruído.

Caminhou hesitante para frente, em busca de seu oponente, e o encontrou jogado ao chão. A face arranhada e chamuscada finalmente à mostra. Deu um passo para trás, não crendo no que seus olhos lhe mostravam.

As roupas do oponente também estavam chamuscadas e grande parte havia sumido, portanto era visível em seu ombro, uma marca de nascença que Raven bem conhecia, pois tinha igual. Deixou-se cair de joelhos, no chão, atônito.

Seu tão amado irmão estava morto. Jazia em sua frente, sem alma ou cor, morto. Morto pelas mãos do próprio irmão que queria tanto viver que sequer percebeu tudo ao começo. Abaixou o rosto, sentindo seu peito apertar. Não pudera dizer que sentia muito por tê-lo deixado, mesmo que forçosamente.

Recuou ainda mais, os pensamentos lhe tragando a alma. Levantou-se e correu o máximo que pode, desaparecendo na fumaça que subia da ilha.

Fez-se um corte no espaço-tempo, utilizando seu conhecimento na física, e ainda horrorizado com os próprios atos, almejou ir para qualquer lugar onde pudesse se redimir, mesmo que um pouco. Adentrou a Outra Dimensão e automaticamente caiu de joelhos em frente a uma grande construção grega.

Olhou para as próprias mãos, odiando-se cada vez mais.

Precisava de perdão. Do perdão de Aidan, seu tão amado gêmeo agora morto por sua ganância e egoísmo. Ao olhar para cima, sentiu o sol aquecer sua pele e os pássaros cantarem. Sentiu-se acolhido, mesmo com seu pecado e suas dores.

Quando pensou que tudo acabaria ali, viu os cabelos lilases ao vento e a doce sensação de afeto aumentou. Ainda com os olhos vidrados, viu o dourado de o báculo reluzir e os olhos tenros lhe observar. Aquilo lhe parecia de outro plano espiritual, pois tudo pareceu amenizar aos poucos.

– O que faz aqui? - a voz se fez. - O que faz no santuário de Athena?

–- Eu matei meu irmão. - sussurrou desesperado. - Preciso de perdão. Diga-me que você é uma deusa, diga-me que você pode me perdoar como eu preciso. Diga-me que eu tenho um lugar no mundo e que posso me redimir.

–- Você realmente deseja perdão?

–- Eu preciso. - ergueu os olhos. - Necessito.

–- Então proteja-me. - ela sorriu e Raven franziu o cenho. - Proteja-me como sua deusa. Você protegerá o mundo e poderá pedir perdão ao seu irmão por cada vida que salvar enquanto do meu lado.

–- Athena. - concordou com a cabeça, levantando-se. - Peço desculpas pela forma como cheguei até aqui.

–- Todos têm seus momentos. - ela sorriu ainda mais. - Mas para isso, vá até o Cabo Sunion entender a si mesmo.

Dito isso, o homem procurou por si mesmo o rochedo de frente ao mar, prendendo-se dentro da rocha para se punir por seu pecado tão maldito. Lá dentro, nas paredes, podia ver entalhado na pedra as inscrições rabiscadas que demorou a compreender, ensinando-lhe coisas que apenas com cavaleiro de Athena saberia. Galáxias, estrelas, imensidão e poder. Lá dentro se sentiu acompanhado da alma de um guerreiro tão poderoso quanto jamais pode pensar.

Sabia que seu irmão lhe perdoaria, pois se tornou uma pessoa forte. Tornou-se o que sempre quis ser para protegê-lo, e ao invés de proteger Aidan, protegia os humanos da ira de qualquer deus que decidisse afrontar a vida de qualquer um que não pudesse se proteger.


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