Não é que eu seja muito sozinho, mas aquele era o meu momento de pensar. Sentado a beira da praia de La Push, vendo lentamente o sol se esconder, mergulhando na linha do horizonte. A brisa fresca de fim da tarde batiam levemente em meu rosto e mexia em meus cabelos. Aquele havia sido um longo dia para mim, depois de tanto ajudar minha mãe com a casa, era finalmente a minha hora, a hora que eu realmente queria ficar sozinho. Mas por um momento penso que não era o único que desejava secretamente isso.

Sentada ao meu lado, a alguns metros de distancia estava uma menina, ela fitava o mar com uma expressão serena. O que uma menina estava fazendo aqui sozinha ? Forks era uma pequena cidade, eu devia ter visto aqueles olhos castanhos em algum lugar, mas não conseguia recordar. Uma onda de pena voltou a vagar pelo meu peito. Ela não tinha amigos ?

Eu a fitava, mesmo sem perceber, ela era uma bela menina e um tanto curiosa, estava de calça jeans e tênis em meio a praia, um casaco preto por cima de sua blusa fazia contraste com sua pele clara. E por mais que eu desejasse saber quem ela era, eu continuava imóvel em meu lugar e em súbito silêncio. Será que ela não havia se dado conta da minha presença ? “Seria eu tão invisível assim ?” eu pensei, e desviei o rosto, voltando a fitar o horizonte. De cara fechada me recusava olha-la novamente, me sentia uma criança fazendo pirraça, mas eu queria que ela me notasse aqui.

De toda essa cidade, todas me notaram, todas sorriram para mim, com ela não devia ser diferente. Mas mesmo assim ela não me olhou. Era uma nova pessoa, jamais a vira pelas redondezas, nem soubera de um novo morador. “Uma viagem talvez, poderia ter vindo visitar um parente” eu pensei. Mas aqueles traços de seu rosto eram completamente desconhecidos para mim.

Voltei a olha-la novamente, mas nem um músculo dela se movimentou desda ultima vez que a olhei, e ela ainda não notara a minha presença. Eu precisava ser notado, não era acostumado a ser ignorado. Eu pensei em milhares de planos para atrair a atenção dela para mim, mas fiz questão de esquece-las. Não poderia obrigar alguém de notar a minha presença. Foi então que lembrei que desejava ficar sozinho. Mas aquele ser que estava ao meu lado a tanto tempo prendera toda a minha atenção. Fez com que todos meus pensamentos sobre mim mesmo sumissem. Agora queria apenas ser notado.

Eu sempre desejei ser invisível aos olhos das garotas que tanto me desejavam, era algo fácil de notar quando me olhavam com inocência, mas isso quase nunca acontecia, mas eu já estava tão acostumado a isso que ter uma pessoa que se quer nota a minha presença me deixa um pouco deslocado. Acho que no fundo gostava de ser admirado, ou melhor, analisado por elas.

Agora eu me sentia ridículo, um garoto como eu, que jamais quisera ser o centro das atenções desejava mais que tudo que uma garota desconhecida me olhasse. Ela não era tão bonita, sua beleza era comum, não se comparava a minha. Sim eu era o ser mais convencido de Forks, mas me fizeram ser assim.

Eu, mais uma vez, desviei meu olhar para o mar, procurando o sol pelo céu, mas ele já sumira, já tinha passado tanto tempo que eu admirava a menina desconhecida que mal havia reparado que a Lua havia tomada seu lugar. Mas quando me virei para olhar a menina mais uma vez ela tinha sumido como o Sol.