Caso Dubai escrita por Uchiha Beatrice, SCRIPT76, YuiChan10


Capítulo 3
Memories


Notas iniciais do capítulo

Finalmenteeee! '0'
Primeiramente, peço mil desculpas a vocês! Sério. Sei que as desculpas não mudam o fato da demora, mas é que houve um misto de falta de inspiração e de tempo que deu nisso. Nos perdoem, por favor ~cara de cachorrinho sem dono~
Segundamente, esse capítulo é narrado pela Ino, galerinha. Achamos legal colocá-la narrando esse para esclarecer uma pequena parte do passado dela que vai se encaixar na estória mais pra frente e.e
Terceiramente (?), sem mais delongas, boa leitura ❤️



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/533010/chapter/3

“Um grande cientista disse: ‘por que nesta época supostamente avançada é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito?’”

– Téo Ruiz Palacios

••

Meus pais viajaram de novo, para variar, me deixando na casa do Naruto. Eles transitam tanto mundo a fora que já posso dizer que o Tio Minato é meu pai. E quando eles estão em casa é como se fossem invisíveis. Como aquelas perguntas sobre os tipos de sujeito que a professora Raymara fazia. Classifique: pais da Ino. Sujeito oculto.

Eu dormi no quarto de sempre, um verde e rosa com piso de madeira. O que mais gosto nesse quarto é a cama, por ser enorme e super macia, além de a cabeceira ter um abajur bem moderno que combina muito com o estilo do quarto. Acordo com o som insuportável do despertador. Um dia vou acordar mais cedo e ficar gritando na cara dele, só para ele sentir na pele o que eu passo todos os dias. Levanto, a contra gosto, faço minha higiene matinal e visto uma roupa simples, pois não pretendo fazer nada importante hoje e também não trabalho (sou muito linda para isso). Já estava descendo as escadas quando ouço uma conversa vindo da sala principal.

– Kushina, você já arrumou as malas do Naruto?

– Malas?

Tio Minato suspira pesadamente.

– Pelo visto ele não te contou, então vou encurtar a história: eu decidi mandá-lo para Dubai, a fim de cuidar de uns negócios meus.

Mas que história é essa agora? Dubai?!

– O que? Como assim? Desde quando? E eu? – falo em brado.

– Ino, acalme-se. Eles iam te contar, só não tiveram tempo – respondeu Minato-san.

– Tempo?! Que desculpa esfarrapada! Será que eles não querem me levar?! Quem não quer andar com uma mulher linda e elegante como eu? Qual é o problema com aqueles babacas? Isso não vai ficar assim. - E não vai mesmo. Quem eles pensam que são para me ignorarem assim?

De repente escuto o estrondear da porta e vejo que Naruto chegou. Não perco tempo e pulo em cima dele, começo a arranhá-lo e mordê-lo, quero ver sangue rolar, mas sinto suas mãos me empurrarem.

– Ino, você está me machucando, sua louca!

– É para machucar mesmo! Por que você não me avisou que ia se mudar?

– Porque não queria te levar, simplesmente.

– Seu... Idiota!

Dobe apenas gargalha. Respiro fundo e tento me recompor para falar com clareza.

– Naruto, eu vou te perdoar por esse deslize – aproximo-me mais para murmurar em seu ouvido. - Mas na próxima não vai ficar por isso mesmo. E nem tente me impedir de ir, porque senão eu vou colocar um vídeo seu muito constrangedor no YouTube e você será zoado pelo resto da sua vida miserável. Pode ter certeza de que sou uma ótima amiga, mas como inimiga sou melhor ainda.

– Você está me ameaçando? – ironizou ele com um sorriso de escárnio.

– Não faço ameaças. Só estou te colocando a par das consequências. E não se esqueça de que você nunca pode magoar uma mulher. Muito menos quando ela sabe onde você mora. – saio da sala e só ouço os gritos daquele lesado.

– Tomara que quando você for pintar as unhas sua calcinha enfie toda na bunda. É, a maldição foi lançada e não há mais volta.

O que será que esse menino anda comendo para ter essas ideias? Eu, hein. Dou de ombros pro seu comentário sórdido e subo para arrumar minhas malas. Vou levar pouca roupa, cinco malas devem dar. Pensar nessas coisas dá um trabalho, já estou até cansada e mal comecei. Será que vou pode transitar em Dubai? Pode ser que eu leve uma multa por ser tão bonita. Já pensou?

Ouço meu celular vibrar e vejo que é uma mensagem do Gaara. Mal se passaram dez minutos do término da discussão e o mundo todo já sabe. Tsc, tsc, tsc. Aquele macho alfa não perde a oportunidade de fofocar com a matilha. Cruzes, longe de mim ser assim. Leio logo a mensagem, não posso perder muito tempo e correr o risco de me atrasar para a viagem. A mensagem diz: "Desculpa aí, Ino! Não fizemos por mal, só não queríamos ver você entediada em Dubai. A gente vai para trabalhar e você sabe que trabalho não é a sua praia. Só pensamos no seu bem, na sua felicidade, loira! Mandamos mal aí, mas já passou, né?". Gaara, Gaara, sua mensagem foi visualizada, ignorada, humilhada e esquecida com sucesso. Sou uma pessoa tão boazinha que no lugar do meu coração deve ter um mousse de morango, de tão doce que é.

Pego minha toalha de veludo vermelha, que por acaso combina perfeitamente com minha pele macia, e vou tomar um banho para tirar esse estresse da viagem. Olha só, nem fui e já estou cansada. A água morna percorre meu corpo, relaxando-me e parece que tudo vai para o ralo junto com ela. Esfrio a temperatura da água para acabar com a sensação de cansaço, hidratar a pele e evitar as varizes. Até que aquele intercâmbio de moda não foi tanto desperdício assim.

Saio do banheiro e vou direto para o meu celular, enrolada na toalha. Abro a notificação na tela, reviro os olhos ao ler a mensagem: "Se for demorar para responder, me avisa. Aí conversamos por carta". Que garotinho insistente. Pff, esse assunto já estava encerrado, mas pelo visto ele não notou isso; pessoa lenta é uma coisa, viu. Respondo-o da forma mais educada possível: "Querido idiota, é por causa de pessoas como você que os dinossauros foram extintos! Então para de ser chato e me esquece, okay? Tá entendido ou quer que eu desenhe?" Mensagem enviada. Me sinto até mais leve. Pego um vestido azul rodado de manga curta com o número 36 estampado na frente, o que deixa-o com um ar mais "street", e desço as escadas para perguntar ao Tio Minato a que horas vamos. Quando estou quase no fim da escada ouço seus gritos me apressando porque o voo é em vinte minutos. Se as pessoas conhecessem o verdadeiro senhor Namikaze saberiam que por trás desse ar de poderoso tem um homem super barraqueiro. Visto isso, subo para o quarto novamente, pego minha bagagem de mão com o meu Ipod e vou para o carro do Tio Minato, um W Motors branco. O motorista nos leva para o aeroporto da família; os meninos já estavam lá esperando. Sasuke com sua cara de “eu sou o bad boy" típica, Naruto com cara de cocô e Gaara com sua cara de fósforo, como sempre. Como queria ver rostos mais bonitos, diferentes, estou cansada dessas assombrações aqui. Bem que Deus podia mandar uns gatinhos para mim em Dubai, né? Quem sabe eu até saia dessa vida de solteira. Nem sou tão exigente, sendo ruivo dos olhos verdes e charmoso, basta. É pedir muito?

– Finalmente - falou Sasuke, ríspido.

– Tenho certeza de que a culpa é da Ino, que deve ter ficado uma eternidade no banheiro – disse Gaara e colocou o braço no ombro do Sasuke, rindo.

– Eu não sou encosto e nem uma das suas putinhas. - Rangeu Sasuke, empurrando o braço do ruivo aproveitador.

– O.K., chega de viadagem e embarquem logo nesse avião.

– Tá com ciúmes, Narutinho? Quer um pouco de carinho do ruivo lindão aqui?

Naruto e Sasuke reviram os olhos e entram no avião. Mas esse Gaara não tem jeito mesmo, vou te contar.

Despeço-me às pressas do motorista, cujo eu nem sabia o nome, e do Tio Minato e entro no avião. Escolho uma poltrona longe dos meninos, que continuam com a briguinha anterior, coloco meus fones e aperto play em umas das músicas da Britt Nicole.

****

– Acorda, loira, chegamos. Ou você quer ficar aqui sozinha? Levanta logo, mulher! - os gritos delicados do Gaara são piores que um despertador. Ele não poderia me carregar pro carro e evitar esse transtorno todo de me acordar? É difícil conviver com gente inútil. Levanto-me e dou um soco no braço dele, depois desço do avião. Os seus gritos me deixaram em estado de completo mau humor. Eu dificilmente acordo de bom humor, mas odeio mais ainda quando sou acordada a gritos. Agora ser acordada por uma múmia ruiva e escandalosa é muito mais desgastante. Assim, super cansada, vou para um dos táxis que nos esperam. Eu e Naruto em um, e Gaara em outro com Sasuke.

Naruto não parece muito contente com essa mudança. Deito em seu ombro e ele me abraça.

– Sabe, Ino, tenho quase certeza de que meu Otousan está tentando se livrar de mim com essa viagem. Eu sei que há algo por trás disso tudo. – disse, olhando pro nada. Estava triste, decepcionado, porque sabia que seu pai estava lhe escondendo algo grave. Ele não o mandaria para tão longe à toa; tinha um propósito.

– Calma, Naruto. Tudo vai se ajeitar, você vai ver, prometo.

– É o que espero, Ino. – falou cerrando os olhos e inspirando profundamente.

Sem mais diálogos, o silêncio fica pairando no ar e isso é até bom e reconfortante. A paisagem é maravilhosa e o pôr-do-sol a deixa ainda mais encantadora, a cidade é linda, cheia de edifícios modernos, construções diferentes, lugares inovadores; tudo simplesmente incrível.

A entrada do hotel, já posso dizer nova casa, é de luxo, talvez eu até encontre algum famoso. O recepcionista nos informa que os apartamentos têm a mesma decoração, mas só a suíte principal é que muda. O carregador leva as minhas malas. Faltou só me carregar pro quarto também, pena que isso não aconteceu, porque ele não quis. Como pode não querer carregar uma beldade como eu? Tsc. Ele não deve gostar de americanas com sotaque britânico e só por causa dessa falta de gentileza ele não vai ganhar gorjeta. Abro a porta do quarto e sinto aquele cheirinho de novo (amo esse cheiro), vou direto para cama e começo a pular em cima dela e a rir. Pode parecer atitude de criança, mais não é. Pular em cima de uma cama é a maneira mais simples de demonstrar minha alegria. É vida nova, minha gente!

– Senhorita, sua bagagem já está no aposento. Deseja mais alguma coisa?

O que? Ah, ele. Tinha até me esquecido desse infeliz.

– Não, obrigada. Pode ir. E não te darei gorjeta porque você não quis me carregar até aqui. Sua função de carregador é carregar e você não a cumpriu completamente. Fique ciente de que da próxima vez reclamarei com seus superiores. - sua expressão de espanto foi hilária, ele saiu de cabeça baixa; quase fiquei com pena. Depois lhe dou uns trocados, agora vou relaxar na banheira. Entro no banheiro e tomo o banho mais demorado da história dos banhos. Depois, visto um macacão de manga longa transparente e sapatênis branco e vou procurar os meninos em seus quartos.

Bato na porta deles e nada. Eles devem ter saído, mas pra onde? Mal chegaram aqui e já querem aprontar. Humpf, típico. É melhor eu confirmar isso na recepção. Chego lá e o recepcionista só diz que eles saíram, mas disso eu já sei. Aff, e nem deixaram um recado para mim! Que cruel! Não avisam a melhor amiga que vão sair por aí numa cidade totalmente estranha! Parece até que nem gostam de mim, só que é impossível alguém não gostar de mim, então só parece mesmo. Mas eu é que não fico sozinha hoje, vou jantar no restaurante mais chique desse lugar, isso sim. Agora resta saber qual é o mais chique e como eu chegarei lá, não acho uma boa ideia ir sozinha de táxi (sou muito linda e atraio homens demais). O jeito é jantar no hotel mesmo.

Sendo essa a única saída, escolho o restaurante e me sento na área mais visível possível. Olhando em volta encontro o carregador que levou minhas malas. O mais impressionante é que ele estava jantando junto com os hóspedes. Isso é estranho, quer dizer, não é muito comum. Geralmente patrões e empregados não se misturam desse jeito, pelo menos na casa dos meus pais não é assim. Falando nos meus pais, eles não gostariam nada de ver o que farei agora, ficariam muito nervosos, mas gosto de provocá-los e vou fazer mesmo assim. Aliás, acho que provocá-los é a única maneira de ter a atenção deles para mim. Então, me levanto, vou em direção à mesa onde ele está e sento sem ser convidada. Todos ficam me encarando como se eu fosse uma alienígena, ele arqueia uma sobrancelha ao perceber de quem se trata. Agora, analisando de outro ângulo, percebo que ele tem uma beleza notável. Seu cabelo ruivo combina perfeitamente com o cinza dos olhos, o corpo é bem definido, o que é visível mesmo através da roupa que está usando.

Estou de frente pra ele e o silêncio continua pairando. O clima dá a impressão de que não há mais ninguém aqui, apenas eu e ele. Não sou de sentir vergonha, até porque se fosse nem estaria sentada aqui, no entanto esse sentimento ruim parece brotar de dentro do meu estômago agora.

– Posso saber o que faz sentada aqui?

E a magia se dissipa como num passe de mágica, como se tudo não passasse de um sonho.

Sorrio automaticamente ao notar sua expressão, um misto de incredulidade e desprezo.

– Eu estava sozinha quando te vi e pensei: "Por que não ir lá e fazer companhia?"

– Não preciso de companhia. Agora você, pelo visto, se sente sozinha. Não acha um incômodo se sentar com o rapaz que não faz seu trabalho corretamente?

E isso lá e jeito de falar com uma dama?! Pff! Reviro os olhos.

– Me desculpe pelo ocorrido mais cedo. Não era a minha intenção te ofender, eu ia até te procurar para dar sua gorjeta, só que não tive tempo. E mesmo eu não tendo a melhor das atitudes, isso não te dá o direito de tratar uma dama dessa forma.

– Damas não são mal educadas como você.

Acho que ele não entendeu a parte em que pedi desculpas. Talvez meu vocabulário amplo demais tenha confundido sua mente, então vou tentar do modo dele.

– Parceiro, relaxa, já passou. Além do mais, eu já pedi desculpas, então segue a vida, brow!

– Não sei porque eu ainda estou conversando com você. – dito isso, ele nem espera minha resposta. Simplesmente se levanta e vai embora! Nem me falou seu nome e sequer pagou a conta! Agora vou ter pagar a conta do estressadinho. Humpf, que falta de cordialidade. Cavalheiros estão realmente em falta no mercado hoje em dia.

Peço a conta e vejo que ele havia pedido apenas dois pratos, duas sobremesas e um champanhe. E um total de quase quatro dígitos só por isso.

– Como assim? Ele pediu tão pouco e você me diz que deu tudo isso? Acho que foi você quem andou tomando esse champanhe.

– Senhorita, o valor é esse e está correto. Peço que diminua seu tom de voz, pois a senhorita está chamando a atenção dos outros clientes.

– Diminuir meu tom de voz?! - proferi em um tom mais alto ainda - Os seus "amados" clientes têm que saber que cada centavo deles está sendo extorquido por vocês. Esses preços estão acima do valor padrão e aceitável.

– Os clientes estão perfeitamente cientes do valor que pagam. Se a senhorita continuar causando transtorno vou ser obrigado a pedir que se retire.

– Pegue isso e enfie nesse seu traseiro! Aqui não fico mais nem um minuto. – jogo as cédulas em cima da mesa e saio bufando do restaurante, com as pessoas me olhando assustadas, espantadas. Em suas mentes fechadas eu sou uma louca, apenas uma menina barraqueira e escandalosa, que gosta de causar confusão em qualquer lugar só para chamar atenção, mas eu não ligo para opinião desses idiotas que não reclamam dos preços apenas para não sujar sua "imagem" de riquinhos.

Por sorte o elevador está vazio, não estou com paciência para aturar ninguém agora. Chegando no quarto, me jogo na cama, sem me preocupar em trocar de roupa, fecho meus olhos e divago. Lembro-me de quando mudei de escola. Era apenas uma criança, mal sabia eu que aquela nova escola mudaria a minha vida. Ou melhor, que as pessoas daquela escola iriam mudar a minha vida. Uma delas em particular.

– Ino, deixa de birra, você vai conhecer gente nova. - minha mãe dizia de modo calmo.

– Não vou sair do carro!

– Se você for eu prometo lhe dar aquele sapato rosa que você tanto quer. O que acha?

– Promete?

– Claro, docinho. – confirma ela, bagunçando meus cabelos. Seu sorriso é tão lindo, tão vivo, tão convincente, que eu aceito.

Assim, desço do carro, aceno para ela e fico lá, parada, vendo-a partir e me preparando para enfrentar toda essa novidade. Suspiro pesadamente, juntando coragem, e entro na escola. Até que é bonita, com vários brinquedos e um parque na entrada, corredores largos e de cores neutras com vários desenhos nas paredes.

Ao entrar na sala de aula todos me olham de rabo de olho. Será que minhas roupas são lindas de mais para o ambiente? Que bom. Sento-me no fundo da sala, numa carteira que, por acaso, ficava ao lado de Naruto.

Quando somos pequenos há uma disputa muito grande pelos lugares da frente, perto do professor. Lembrar disso me faz rir. Todos acordavam muito cedo só para ter o privilégio de sentar nas carteiras tão disputadas.

Não gosto muito da ideia de sentar no fundo, mas acho que posso me acostumar facilmente com isso, já que é daqui que vêm as fofocas, brincadeiras, brigas. Eu aproveito e acompanho tudo de camarote.

Em poucos dias, eu e Naruto nos tornamos super amigos. Ele sempre foi popular e eu só andava com ele, então basicamente eu era uma parasita que roubava popularidade. Sasuke e Gaara entraram um mês depois que eu. Sasuke era vizinho do Dobe e isso também contribuiu para eles se tornarem os irmãos que são hoje. Gaara foi uma consequência do acaso. Ele sofria muito bullying e recebia apelidos como "Fósforo", "Cabelo de Fogo", "Pica-pau", "Tomate", "Ketchup" e até o mais absurdo: "Cabelo de Menstruação". É absurdo, mas, convenhamos, hilário. Criança tem criatividade demais, né. Então, os meninos, Naruto e Sasuke, defenderam ele das turmas maiores e começaram a andar com ele para evitar esse tipo de coisa. Pode-se dizer que em três meses éramos os donos da escola, todos nos conheciam e queriam ser como nós. Às vezes éramos até chamados de heróis por ajudar as crianças mais estranhas.

A primeira garota que ajudei, consequentemente se tornou também minha primeira e melhor amiga. Uma menina de cabelos rosas bem exóticos e olhos verdes vivos. Sofria bullying por acharem que a testa dela era grande e chamavam-na de testa de Marquise.

Eu estava no recreio, certo dia, quando a vi chorar. Seus lindos olhos esmeraldinos estavam embalados e ela soluçava muito. Sentei ao lado dela e tentei reconfortá-la.

– O que aconteceu?

Ela não respondeu, só levantou a cabeça, me olhou e voltou a chorar. Me aproximei e a envolvi com meus braços.

– Ei, não fica assim.

– Não fica assim? Você diz isso porque não é de você que eles caçoam. Claro, já que você faz parte desse grupo de gente popular que acha que o mundo gira em torno de vocês. Aposto que essa fama toda de “heróis” não passa disso, apenas fama, pura fachada. Não devem ligar a mínima para os outros.

– Olha eu não faço mal a ninguém. Se eu gostasse de prejudicar os outros, não acha que eu estaria rindo de você agora e não tentando te ajudar? É, eu sou popular, mais isso não muda o fato de eu também ser igual a todo mundo. Se eles tiram sarro de você, é só não dar bola. Se a sua testa é grande, o problema é seu e não deles. É você quem deve se sentir bem ou não com isso, não deixe eles interferirem na sua vida. E, olha, vou te dar um conselho: não fique se escondendo atrás do seu cabelo. Seu cabelo é lindo? Sim, mas seu rosto também é. Não tenha vergonha. Aqui, vou te dar um presente.

– Presente?

– Sim, essa faixa vermelha. Use-a na cabeça, ela vai realçar sua beleza. Além do mais, sua testa nem é grande assim. Pode confiar em mim. – sorri pra ela, docemente.

– Muito obrigada. Mesmo. – disse ela, enxugando o rosto banhado em lágrimas. - Meu nome é Sakura.

– Eu sou Ino.

Depois desse dia, viramos amigas inseparáveis, confidentes de toda e qualquer coisa, compartilhávamos tudo e éramos felizes, extremamente felizes. Eu, praticamente, só tinha convivido com os meninos até então e estava precisando mesmo de uma amiga como a Sakura. A ajuda, ironicamente, foi recíproca. Aquela foi uma das melhores épocas da minha vida e preencheu um vazio dentro de mim que só eu sei. Mas isso tudo acabou de repente, quando ela começou a gostar do Sasuke e achou que eu era afim dele também. Logo por esse problemático. Ela não entendia que nós éramos praticamente irmãos (e até hoje somos), mesmo eu dizendo que não gostava dele.

– Teme, que dia posso ir na sua casa?

– Dia nenhum.

– Okay, amanhã eu vou pra lá. Tchau! - beijei sua bochecha em despedida.

Fui para o portão e encontrei a rosada vermelha.

– Que foi, Sakura?

– Você disse que não gostava do Sasuke, mas o que acabo de ver? Você o beijando! Francamente, Ino. Qual vai ser a desculpa dessa vez?

– Foi um beijo de amigos, Sakura!

– Troca de disco Ino, porque essa já é velha e não cola nem um pouco.

– Mas é a verdade. Se não quiser acreditar o problema é seu, eu cansei.

– Cansou? Então você sempre mentiu para mim? E ainda se dizia minha amiga? Nunca mais volte a falar comigo, porca.

– Sakura! Não tem que ser assim! Sakura! Você pode se arrepender e eu não vou correr atrás de você, sua mimada!

– Não me importo. Adeus.

E, assim, ela foi embora da minha vida, para não voltar mais. Por ciúme infantil, veja só. Ela não falava mais comigo e nem eu com ela, por puro orgulho, ego ferido. Parecia que nem nos conhecíamos e isso me machucou profundamente. Ela era minha melhor amiga, a única realmente sincera, que me ouvia, me entendia, me aconselhava, aturava meus chiliques, estava sempre do meu lado. Ela era diferente, não era como as outras, nem sei explicar. E foi muito difícil.

Depois de algum tempo ela se mudou e eu nunca mais a vi.

Balanço a cabeça para afastar as lembranças. Já basta de tristeza por um dia e estou exausta. Ajeito-me no colchão e minutos depois caio no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E esse é o 2° capítulo, pessoas. O que acharam? Comentem ou mandem MP, ficaremos felizes em saber :}
E, mais uma vez, desculpem por toda essa demora, de verdade.
Então, até o próximo. Beijos de luz ❤️



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caso Dubai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.