- Gerard, o que faz aqui? – ele perguntou com uma cara de dúvida olhando pra Gerard.
- eh... eu... – ele gaguejou e eu fiquei mais nervosa.
- ele veio para uma consulta. – eu disse tentando contornar a situação.
- consulta?? – Jean perguntou sem entender.
- é, estar em turnê pode ser estressante. – Gerard deu um sorriso pra não demonstrar o nervoso – e eu soube que a Celine é uma ótima psicóloga, talvez a melhor da região, então vim desabafar sobre meus problemas.
Jean continuou com uma cara estranha, como quem duvidasse de toda aquela desculpa esfarrapada para uma sessão de prazer extremo. Mas, depois de um século pensando e me deixar à beira de um ataque de nervos, ele pareceu acreditar no que Gerard disse e abriu um sorriso.
- você ta certo, a Celine é a melhor psicóloga de toda New York! – ele me deu um selinho e eu tive que retribuir, mesmo estando me sentindo muito mal em enganá-lo assim.
- então, boa noite Celine. – ele beijou minha mão. – adorei a consulta. Você tem um ótimo talento pra isso. – ele me olhou sorrindo sem que Jean percebesse.
- por que não vem com a gente, Gerard? Eu vim buscar a Celine para jantar no Le Francé e você pode vir se quiser. – Jean disse e Gerard me olhou lendo meus pensamentos.
- não, não obrigado Jean. Fica pra outra vez, agora tenho mesmo que ir. Estou cansado, meu dia foi muito cansativo. – ele sorriu e eu fiquei vermelha.
- tudo bem, amigo. Fica pra outro dia. Vamos Celine?
- ah, o quê? Vamos, vamos sim. – respondi ainda atordoada.
Saí com Jean para onde sempre íamos: restaurantes. Eu já estava cansada de freqüentar todos aqueles restaurantes caros de New York, cada dia um diferente do outro.
Meus dias de trabalho foram iguais, sem Gerard por perto claro. Desde aquele dia no meu consultório ele não tinha mais aparecido por lá e eu até estranhei não ter tido mais notícias dele, nem da boca do Jean.

Mas um belo dia aconteceu. Eu cheguei em casa cansada do trabalho, junto com Susan que também tava morta.
- quinta-feira... por que hoje não é logo sexta? Essa semana que não acaba... – ela reclamava sentada no sofá.
- pior que é, ta demorando pra passar. Vou pegar água, quer? – perguntei indo em direção à cozinha.
- quero.
A campainha tocou.
- eu atendo, pode deixar. – ela se levantou e abriu a porta. – minha nossa senhora! – ela exclamou e eu fui até a sala ver o que tinha acontecido.
Era Gerard, parado na porta com um buquê de flores na mão. Susan já sabia do acontecido no consultório e era totalmente a favor de que eu aproveitasse o amor, mas era contra eu estar traindo o Jean dessa forma. Eu também era, mas não tinha outra opção. Meu emprego estava em jogo, e talvez o dela também por me acobertar.
- Gerard... – eu quase derrubei o copo com água no chão.
- entre. – Susan disse. – eu vou deixar vocês dois a sós. Cel, qualquer coisa estou na casa do Frank, ok? – e saiu.
Gerard entrou e eu ouvi a porta se fechar. Agora éramos só nós dois, novamente sozinhos.
- é pra flor mais bela do meu jardim. – ele me entregou o buquê e eu sorri.
- você sumiu depois daquele dia...
- eu estava resolvendo algumas coisas sobre o próximo cd durante essas semanas. Me desculpe, eu não devia ter te deixado preocupada.
- eu não tenho porque estar preocupada afinal, eu não sou...
- você é minha sim. – meus olhos arregalaram – e eu te quero comigo pra sempre.
- mas Gerard...
Ele me beijou sem que deixasse eu o contradizer. Um beijo gostoso, provocante. O buquê foi ao chão e as mãos dele tomaram lugar em meu corpo. Eu o guiei até o banheiro onde tomamos banho juntos e também fizemos amor. Eu sentia falta daquilo, sentia falta de senti-lo dentro de mim. Ainda molhados, nos jogamos na cama e fizemos amor pela segunda vez. O Gerard era incansável, tinha um fôlego impressionante. Nossa vontade não acabava nunca. Ele soube me levar à loucura e eu também o deixei doido de prazer.
Dormimos juntos, abraçadinhos embaixo dos lençóis da minha humilde cama de solteira.

Quando acordei no dia seguinte, Gerard ainda dormia e seus braços me envolviam num carinhoso abraço. Deixei escapar um sorriso e tentei levantar sem que ele percebesse, em vão.
- bom dia! – ele disse rindo e me olhando nos olhos. Aqueles olhos mais verdes do que nunca.
- bom dia. Desculpe te fazer acordar. – me sentei na cama e olhei pro relógio.
- acordar ao seu lado é um dos momentos mais perfeitos da minha vida.
- ah é, só um deles é?
- o outro é fazer amor com você. – fiquei vermelha e ele soltou um sorrisinho.
- ainda dá tempo.
- de quê?
- de eu chegar no trabalho sem estar atrasada como sempre.
- e por que você sempre se atrasa?
- por causa da... – me lembrei da Susan – ué, cadê ela?? – olhei pra cama dela que estava vazia.
- a Susan? Deve ter dormido na casa do Frank. Eu conheço aquele rapaz, ele não ia deixá-la sair de lá tão cedo.
- ai meu Deus, eu preciso ir até lá e acordá-la. Do jeito que ela é dorminhoca, vai acabar perdendo a hora.
Levantei e fui pro banheiro, mas parei na porta e olhei pro Gerard que me olhava da cama.
- quer tomar banho comigo, monsieur Way?
Ele nem respondeu, levantou da cama num pulo e correu pro banheiro também. Nem preciso dizer que nos amamos novamente né? Bom, depois disso me arrumei rápido pra ir acordar a Susan e Gerard se despediu de mim, pois ele também precisava ir trabalhar.
- eu vou voltar mais tarde, ok? – ele disse me dando selinhos.
- Gerard, você não acha arriscado? Acha que estamos errados em não contar? Você tem namorada e...
- eu vou terminar tudo com ela hoje. Eu nunca a amei de verdade, a única que mexeu comigo assim foi você. Termine com ele também, assim ficaremos juntos pra sempre.
Eu parei um pouco pra pensar. Não podia terminar com o Jean, isso seria o fim da minha carreira, ainda mais se ele descobrisse que eu o traí com o melhor amigo dele. Ai ai, eu estava completamente enrascada.
Dei um outro beijo em Gerard e ele se foi. Toquei a campainha da casa de Frank e Susan abriu a porta toda arrumada.
- ah, até que enfim mocinha! Pensei que aquela orgia não ia acabar tão cedo! – ela começou a rir e eu a puxei pelo braço pra fora do apartamento.
- já me zoou, agora será que podemos ir trabalhar?

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