- Jean, eu não me sinto bem. Podemos ir embora? – me sentia constrangida naquele lugar.
- mas já? Acabamos de chegar Celine.
- eu estou com dor de cabeça. Preciso descansar para trabalhar amanhã cedo.
- tudo bem, eu te levo em casa.
- Su, você vem comigo?
- ah Cel, eu vou ficar mais um pouco aqui. Depois o Frank me leva né?
- claro. – ele respondeu dando a segurando pela cintura.
- então tchau pra todos. – saí sem olhar pra cara de Gerard.
Jean me levou em casa e eu tive que inventar um monte de desculpas para que ele não dormisse lá comigo. Realmente eu não me sentia bem, precisava fazer uma coisa importante.
Abri a gaveta e tirei aquele pedaço de papel. Coloquei a carta na cama e fui até a cozinha, de onde voltei com uma caixa de fósforos na mão (nem eu nem Susan fumávamos, por isso não tinha isqueiro). As lágrimas caíam de meu rosto em cima da folha, manchando a tinta já antiga. Acendi um fósforo e o apaguei. Não conseguia fazer aquilo, por mais que meu coração estivesse ferido eu não poderia acabar com as lembranças assim. Guardei a carta de novo na gaveta e deitei em minha cama.
Meu travesseiro sugava as lágrimas que eu deixava cair sempre que lembrava daquele olhar, daquele sorriso.
Adormeci e nem vi a hora que Susan chegou.

Já era dia e eu acordei assustada, com medo de ter perdido a hora do trabalho. Felizmente, ainda era muito cedo e eu que tinha perdido o sono. Susan dormia na cama ao lado, com um sono pesado.
- deve ter chegado de madrugada. – eu pensei.
Tomei meu banho e fiquei pronta. Mais um dia de trabalho viria, e assim eu poderia esquecer um pouco de tantos problemas.
Não tomei café, estava sem fome. Susan levantou logo depois que eu saí do banho. Ela me encontrou sentada na cozinha, olhando distraída para a chuva fina que caía pela janela.
- bom dia. – ela disse me tirando do transe.
- ah, bom dia Su. Tudo bem?
- ai, minha cabeça parece que vai explodir. Urrrrgh...
- isso que dá encher a cara. – eu ri da cara dela – chegou muito tarde?
- cheguei há 2 horas atrás...
- o quê?? Nossa, você é louca mesmo... E como vai trabalhar?
- não vou.
- como não vai?
- agora você é namorada do Jean, esqueceu? Fala com ele que eu to desmaiada, sei lá, morri. Eu não consigo nem me manter em pé direito, que dirá ficar sentada ouvindo aqueles pacientes malucos. Eu vou acabar dormindo de tão cansada.
- ai ai, só você pra me meter nessas furadas viu... tá bom, eu falo com ele.
- obaaaa, você é a melhor amiga do mundo! – ela me abraçou e caiu sentada na cadeira de novo – tá feliz?
- por que eu estaria?
- você reencontrou o ‘fantasma’. E ele é um G-A-T-O!!
- é, um gato com namorada. O quê que adianta?
- namoros acabam, minha cara. E não há nada que impeça duas pessoas que se amam de ficarem juntas pra sempre.
- iiihhh o quê que deu em você?? Tá até filosofando hoje!
- eu to apaixonada!!!
- pelo Frank?
- humhum, ele é tudoooo! É completamente perfeito! Sem tirar nem pôr! Além de ser muito gostoso, né?
- nossa, você é terrível hein... – eu olhei pro relógio e dei um pulo. – ai meu Deus, tenho que ir. Bjus. Fui.
Peguei minha bolsa e a chave do carro. Corri pro trabalho e consegui chegar bem a tempo.
Falei com o Jean e ele falou com o pai dele sobre a falta da Susan. Nós tínhamos ‘crédito’ com o Sr. Dominique então ficou tudo bem. Ele até disse que eu poderia ter tirado o dia de folga também, mas eu preferi ficar lá e trabalhar. Seria melhor se eu tivesse aceitado a oferta, só assim eu não o encontraria novamente tão rápido.

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