Bella

05:30 A.M

– Vamos lá, Bella. Está na hora de acordar e se arrumar pra escola. – disse minha mãe, Renee, por trás da porta do meu quarto – Suas irmãs já estão de pé.

– Isso porque elas precisam de mais de uma pra se arrumar. Rosalie e Alice são vaidosas, eu não. Eu me arrumo em quinze minutos, então por favor, deixa eu dormir mais um pouco, mãe!

– Tá legal. Seis em ponto eu quero você de pé!

– Renee, desde quando você é tão pontual?

– É que eu estou lendo um livro de como educar seu filho rebelde. E diz que nós temos que ser exemplo e …

– Mãe, nós não somos rebeldes.

– Suas irmãs não, mas já você….

Nessa hora eu pulei da cama, e destranquei a porta do quarto pra encarar minha mãe.

– Mãe, eu não sou rebelde. Nunca fiz nada errado. Nada sério pelo menos.

– Mês passado você bateu com seu carro. E ele ainda não chegou do concerto pelo tamanho do estrago.

– Eu não bati! Foi o cara do outro carro que estava bêbado, e atravessou o sinal vermelho do cruzamento. – respondi.

– Semana passada você foi parar no hospital, porque teve uma overdose.

– É por que um maluco tentou me dar um “Boa Noite, Cinderela”. Aliás, o copo nem era pra mim, era pra Rosalie. Você sabe que eu não bebo. Eu confundi, tinha posto o refrigerante no copo.- rebati novamente, as vezes ter uma mãe maluca não conta vantagem.

–Ano passado você passou a noite numa delegacia, por que um policial pegou você e aquele seu namorado, que eu nem sei mais o nome, se agarrando no acostamento, e ele não tinha documento.

Estou certa de que não tem como eu ficar mais corada que isso. Então eu respirei fundo, e tentei ter uma conversa de um jeito que a minha querida mãe entendesse, e parasse com as noias dela.

Dois meses atrás ela achou que a Alice estava com bulimia por que ela disse que não estava conseguindo comer, e ela estava perdendo peso. No final Alice estava com anemia.

– Mãe, você fez a Rosalie no quarto dos meus avós, e eles te pegaram no ato, então não me julgue quanto a isso.

– Ah não! Eu não estou falando disso, estou falando de que aquele garoto não tinha o documento do carro.

– Eu não sabia! – depois, é claro, eu dei um lindo suspiro dramático – Olha, mãe. Você não precisa se preocupar com essa filha aqui não, tá?! Eu não estou metida em confusão; aliás, a sua filha é a nerd da escola, sem problemas relaxa.

Eu pensei que meu breve comentário ia, tipo, acalmar ela mas….

– Como assim minha filha é a nerd da escola? Meu Deus! Eles te zoam? Te batem? Já falou com o diretor sobre isso? Eu posso ir na escola se você quiser….

– Mãe, mãe. Para, para! Não tem nada de errado. Eles nem sabem que eu existo.

– Mas é claro! Eu aposto que você nunca tentou falar com ninguém a não ser suas irmãs.

– Ué, Eles ficam na deles, e eu na minha. Continuo a ser a estranha, e eles os esnobes, hum? Tá tudo bem, as vezes a solidão é bom, me deixa pensar.

– Agora eu vou ter uma filha gótica! – reclamou Renné.

– Mãe, já chega! Eu não sou gótica, não sou rebelde sem causa, e não ligo pro que dizem de mim. E todas as coisas que acontecem comigo, é só porque o azar tem um tombo por mim, nada de mais. Agora sai do meu quarto, porque eu não vou conseguir dormir de novo, e nem tenho tempo. Então eu vou tomar o meu banho, e já desço.

– Tá legal! – ela já ia descer as escadas quando se virou pra mim e disse – Ah! Eu vou precisar da sua ajuda quando você chegar da escola. Eu estou organizando um casamento, que na verdade é uma renovação de votos, bodas de porcelana, e a cliente, que é minha amiga, me pediu pra ajudá-la a escolher as músicas pra cerimônia, e pra festa. Então eu pensei comigo, quem tem uma filha que é um gênio na arte da música, e pode tirar isso de letra?

– Você? – perguntei tentando parecer sarcástica levantando uma sobrancelha só, ato que eu não consigo realizar, então não fica muito legal.

– Exatamente! – ela ia descer a escada quando eu a chamei.

– A propósito, o que é uma bodas de porcelana?

– Ah! É quando se faz vinte anos de casado, se dá o nome de bodas de porcelana.

– Quem são o casal? Eu conheço?

– Provavelmente. Os filhos deles estudam na sua escola. São os Cullen. Esme e Carlisle.

– Como é? Os pais de Edward, Emmett e Jasper?

– Sabia que você os conhecia! Bom; vou deixar você tomar o seu banho.

Certo, minha mão desceu as escadas e eu fiquei um bom tempo parada na porta olhando pro nada quando finalmente eu resolvi ir tomar meu banho.

Quem daquela escola em sã consciência não conhece os irmãos Cullens. Eles são, tipo, os top daquele lugar, todas as garotas caem matando em cima deles.

Emmett, é tipo aqueles seguranças malvados de shopping, mas só na fisionomia, porque a mentalidade dele é de uma criança de cinco anos, daquelas bem agitadas. Mas pelo que eu vi dele, assim de longe, ele parece ser legal.

Jasper é tipo, quieto na dele, eu não tenho muito o que dizer sobre ele não. Eu sei que ele é bem sério; são poucas as vezes em que se vê Jasper Cullen sorrindo. Eu já vi esse milagre algumas vezes, e eu posso jurar que todos os sorrisos que eu já vi sair da boca dele, foi direcionado à minha irmã Alice, então, se ele gosta dela eu posso dizer que o sentimento é recíproco. Eu não sei o porquê de a minha irmã gostar dele. Eu já perguntei, e nem ela mesma soube me dizer. Ela só diz que acha que por trás do silencio, ele tem muita coisa pra dizer. É o amor.

E por último, mas não menos importante. Ele, o arrasa corações de toda Forks hight school, Edward Cullen, o Adônis, o carinha que está no sonho da maioria das garotas descompromissadas, e algumas compromissadas, da escola. O cara é um deus grego realmente, até eu tenho que admitir. E ao contrário do que a maioria dos papais das alunas pensam, ele não é um cafajeste, arrasa corações, nem nada do tipo.Ele não é nem muito sério nem muito brincalhão, ele é na medida certa. Mas ele só tem um defeito que, pra mim, é inaceitável. Ele namora a Victória, e ela é, tipo, vadia demais pra ele. Eles namoram à uns três meses, e antes disso ela foi mais rodada que pizza. E não é só isso; ela parece aquelas líderes de torcida malvadas do filme ‘as apimentadas’, sabe? A cabelo de fogo adora fazer da vida dos “inferiores” um inferno. Eu não suporto ela, e não é ciúme bobo, por que eu não sou apaixonada por Edward Cullen, é sério! Eu admito que ele é gostoso, e já esteve em muitos sonhos quentes. Mas é só isso, eu não o conheço realmente pra ficar de quatro por ele. Eu sou difícil de se apaixonar, o problema é que quando eu me apaixono, eu vou pra valer, e acabo um caco. Então por enquanto, nada de paixões; preciso pensar em mim.

Voltando aos irmãos Cullens. Os caras tem o meu respeito; eles tem tudo pra serem mesquinhos e esnobes (os pais deles são uns dos mais ricos da cidade, se não os mais), mas não são. Eles são, tipo, os fodões da escola, mas eu nunca os vi menosprezando ninguém por causa disso. Se Alice vier a ficar com Jasper, tem meu total apoio.

Então eu fico imaginando, se os filhos são assim, imagine os pais? Eles devem ser, tipo, bem gente boa. A mãe eu sei que é. Eu já encontrei ela uma vez em uma loja de roupas; ela me ajudou a escolher um jeans bem bacana.Vai ser um prazer ajudar a Esme a escolher as músicas.

Eu gosto de música, muito. Minha mãe diz que eu sou um gênio nesse quesito, mas eu digo que só sou esforçada. Eu canto; e toco piano, violão, guitarra, bateria, baixo, flauta, violino, saxofone, e, como diz China Anne McClain, colheres. Eu também danço um pouco. Eu não acho que eu seja um gênio, nem um talento promissor. O lance, é que eu aprendo rápido, e gosto dessas coisas.

Mas então. Depois que minha mãe saiu eu fui para o meu banheiro tomar banho, depois que eu acabei fui escolher minhas roupas. Eu parei em frente ao espelho e fiquei me olhando. Até que as aulas de dança me fizeram bem, minha cintura está com mais curvas, minhas coxas estão bem mais firmes; meu corpo estava bonito. Mas foi só eu olhar pra cima que meu encanto desandou. E, olha, não é meu rosto que me desagrada, é a cor do meu cabelo. Agora.

Mês passado eu apostei com Rosalie, eu disse que ela não era corajosa o bastante pra pular de Bang Jump, nós estávamos em viagem de férias, e fazia tempo que ela tinha me dito pra mudar a cor do meu cabelo. Então ela me disse “Se eu pular você vai ficar loira. E o loiro que eu quiser”. Resultado: eu perdi a aposta e estou loira, Meu cabelo original é castanho com alguns fios cor de mogno, e fica meio avermelhado no sol. Mas todos aqui de casa disseram que eu fico bem loira, mas eu acho que já deu, e a aposta era que eu ficasse dois meses pelo menos. Falta três semanas. Não que vá fazer diferença, porque tirando os meus pais e minhas irmãs, ninguém mais notou minha mudança radical.

Quando eu já tinha reclamado o bastante, eu resolvi escolher minha roupa. Pus uma calça jeans escura e justa, e uma bata estampada com o desenho de um óculos e a frase 'I am nerd' em baixo, e com um all star cor de creme, com desenhos de cupcakes. Assim que eu acabei de me vestir, peguei minha mochila e desci pra tomar café da manhã. Todos já estavam na mesa, só faltava eu.

– Até que enfim! – disse Rosalie – Eu pensei que você tinha se afogado no chuveiro.

– Eu também te amo, Rosalie! Agora, de quem é a carona da vez? – perguntei

– É claro que minha né! – respondeu Rosalie – Você sabe que Alice tem quinze anos, não sabe?

– Com quinze anos eu já pilotava minha Ducati. Por que ela foi roubada?

– Que tipo de nerd é você? – perguntou Alice.

– Não sei. Pergunte ao povo lá da escola, eles devem saber. – disse debochada.

– Chega disso – disse meu querido papai Charlie – Bella, Rosalie te leva pra escola enquanto eu não te compro outro carro. E você, Alice, só vai dirigir com dezesseis.

– Mas eu não disse nada pai! – respondeu Alice.

– Disse agora.

– Toma! – disse Rosalie.

– Meus queridos. – disse Renee– vamos parar com isso, e tomar café, por que um: eu estou com fome, e dois: vocês vão se atrasar pra escola. E Charlie pro trabalho.

Dona Renné é a mãe mais legal do mundo, mas não deixe ela nervosa, por que ela sabe descer do salto. Aquilo ali só se pareceu um comentário, mas com certeza foi uma ameaça oculta.

Todos nós já estávamos cientes do perigo, por tanto calamos a boca e fomos comer. Depois, direto pra escola.

Edward

Estávamos no caminho da escola, eu no volante, Jasper no carona e Emmett no banco de trás, quanto eu percebi que Jasper estava batendo o pé, sinal de impaciência. Mas foi Emmett quem falou.

– Que foi, Jasper? Tá querendo ver logo a Alice, né? Não se preocupe, ela está amarradona na sua. Só toma cuidado, por que está cheio de moleque atrás dela, daqui a pouco você perde a sua vez. Chega logo em cima, cara!

– Cala a boca, Emmett!

– Não acredito que eu vou dizer isso, mas o Emmett está certo, Jasper. Se você não chegar nela, outro cara vai chegar. E ela não vai ficar te esperando pra sempre. – eu disse.

– E você acha que eu não sei, Edward? Eu sei, só que eu não consigo falar com ela. Eu realmente gosto dela, e tenho medo de estragar tudo.

– Cara, você tem que pelo menos tentar. O pior que pode acontecer é ela dizer não. – disse Emmett, e quando eu digo que ele é uma anta …

– Emmett, vamos parar com a palhaçada? Vai deixar Jasper mais nervoso com isso. Deixa eles se resolverem do jeito deles.

– Valeu, cara. – disse Jasper.

– Mas mudando de assunto, estando no assunto. – disse Emmett – As irmãs Swans são demais!

– Nisso eu tenho que concordar com você. – eu disse – As três são bem bonitas.

– Três? – perguntou Emmett – Eu só conheço a Alice e a Rosalie.

– Tem a Bella. – respondeu Jasper – Isabella Swan. A morena é a irmã do meio.

– Loira.– corrigi.

– O que?

– Ela é Loira, a Bella.

– Espera aí. – disse Emmett – Bella é aquela nerd que dizem ter problemas mentais, né? Eu não sabia que ela era uma Swan. Ela é morena, Edward.

– Ela é loira. Eu tenho aulas de calculo, inglês e História com ela, e eu vejo um cabelo loiro na cabeça dela.

– Cara, ela é morena, quer ver? – disse Jasper pegando o celular.

– O que você está fazendo? O que ele está fazendo, Edward?

– Pegando o celular, Emmett. – respondi rindo.

– Ano passado eu tirei uma foto da Alice de longe quando ela estava do lado da Bella, e ela acabou saindo na foto. Olha.

Ele me amostrou a foto, e realmente, a Bella estava morena na foto. Só que desde o começo do ano, na aula de Inglês, quando Victória reclamou da roupa que a Bella estava usando, ela estava loira.

– Provavelmente ela pintou no ano passado. – eu disse. – por que eu não sou daltônico.

– Só tem um jeito de saber. – disse Emmett.

– Qual? – perguntou Jasper.

– Ué, quando ela chegar na escola a gente vê. Jasper você está ficando um apaixonado burro.

– É o sujo falando do mau lavado. – murmurei comigo mesmo.

Fizemos o resto do caminho pra escola em silêncio. Jasper pensando na Alice, provavelmente, Emmett pensando em comida, com certeza, e eu pensando no que Victória quer falar comigo.

Chegamos no colégio, mas em vez de entrarmos, ficamos esperando as Swans chegarem. Dez minutos depois eu vi o carro delas entrando no estacionamento indo pra uma vaga do lado da minha. Quem desceu primeiro foi a Rosalie, do banco do motorista, depois foi a Alice que estava no carona, e por último a Bella.

– Loira. – eu disse – Por que eu não apostei?

– Quando foi que ela pintou o cabelo? – perguntou Jasper confuso.

Eu não sei se ela escutou de onde estava, mas ela olhou pra nós. Primeiro Jasper, depois Emmett, depois eu. Quando ela me encarou, eu percebi que seus olhos eram de um estranho tom de marrom, parecia chocolate.

Quando ela percebeu que a encarávamos, ela virou o rosto e falou com as irmãs dela.

– Eu estou indo nessa, e fadinha – se virou pra Alice – seu amado está te encarando. Tá até saindo baba.

Emmett e eu gargalhamos, e Jasper fechou a boca. Ela viu que estávamos rindo do que ela falou, e percebeu que falou alto, então ela corou, é sério a bochecha dela ficou realmente vermelha. Ela abaixou a cabeça.

– Ela com vergonha fica adorável. Dá até vontade de morder. – disse Emmett, e se possível ela ficou mais vermelha. Rosalie só sabia rir.

– Bella, eu ainda me pergunto que tipo de nerd é você. Você não se encaixa em nenhuma categoria. – disse Alice.

– É por que eu sou única!

– Boa! – sussurrou Emmett, para que só nós três ouvíssemos.

– Vai tomar no … – disse Alice, mas Bella a cortou.

– Vem comigo? Tem cara que adora um manege, principalmente com irmãs. Pena que não somos gêmeas.

A essa altura nós três estávamos de boca aberta, e Rosalie gargalhava.

– Aonde é que foi parar a nerd que eu pensei que ela era? – foi Emmett quem verbalizou o que nós estávamos pensando.

Eu acho que ela reparou que estava chamando atenção, por que no segundo seguinte ela sacudiu a cabeça, e foi em direção ao corredor principal.

– Eu ainda me pergunto quem foi o primeiro a dizer que ela era nerd. – disse Rosalie, enquanto andava com Alice pra dentro do colégio. E nós ficamos lá fora com cara de peixes mortos.

– O que foi isso?-perguntou Jasper.

– Me pergunto a mesma coisa. – respondi – Agora vamos que a aula já vai começar.

Bella

Eu ainda não acredito que disse aquilo alto! Eu devia manter minha boca fechada, por que quando eu abro só sai merda. Mas, poxa, a Alice ficou toda nervosa só porque eu disse a verdade. Mas eu não esperava que eles escutassem. Tá legal, eu admito que foi idiotice da minha parte; eles estavam praticamente do meu lado, só com um carro separando a gente. Mas quem nunca fez uma coisa idiota na vida pode colar chiclete mastigado no bolso de trás do meu jeans. E também, foi engraçado ver a cara do Jasper quando eu falei que ele estava babando. Já está me dando nervoso esse pega-ou-não-pega desses dois. O Jasper tinha que chegar nela e pegar logo. Admito que a Alice é toda elétrica e tals, mas, tipo, se tratando de Jasper ela tranca legal. Fica tímida e tudo, até vermelha ela fica. Mas nesse quesito eu ainda sou melhor que ela.

Depois do meu pequeno problema, eu fui correndo pra sala. Hoje foi um dia milagroso porque eu fui a primeira a chegar na sala. Fui direto pra minha carteira lá nu fundo da sala. As salas dessa escola tem aquela coisa idiota de grupinho popular e o não popular. Na frente ficam os nerds, no meio, acreditem ou não, ficam os populares, e atrás ficam os roqueiros da pesada, sabe? E outros grupos desse tipo. Então onde eu me encaixo? Em nenhum lugar. Geralmente eu fico na última cadeira da última fileira, sem conversar com ninguém. Não que eu seja do tipo que não gosta de pessoas. Mas o lance é que eu meio que não consigo falar com elas. Quando eu tenho mais afinidade com a pessoa fica mais fácil de falar. Por exemplo: o meu ex, Mike. Ele que puxou assunto, então foi mais fácil, e eu gostava dele então parti pro ataque. Mas as pessoas daqui da escola; nenhuma falou comigo, a não ser pra perguntar o que o professor disse. As vezes nem isso. Eles me acham estranha. Uma vez eu estava no banheiro dentro de uma das cabines, e duas garotas da minha sala entraram pra retocar a maquiagem, e elas falaram de mim: “Você viu aquela tal de Isabella Swan no fundo da sala? Ela é estranha, né? Eu acho que ela deve ter algum problema mental.”

Então, pra uns fulanos eu sou nerd, pra outros sicranos tenho problemas mentas, e outros beltranos sou nerd com problemas mentais.

Quando penso que o dia não podia ficar pior, eu descubro que é segunda- feira então o primeiro tempo era de cálculo. E eu odeio cálculo. Alguns dizem que é legal esse lance todo achar o valor de X, logaritmo. Eu não posso dizer a mesma coisa, não quando se tem discalculia. Aquilo parece uma lacraia de três cabeças.

Não é que eu seja totalmente desligada quando se trata de matemática. Eu acho que sei contar a até um pouco mais que um trilhão, sei somar e diminuir, também sei multiplicar e dividir, embora seja mais difícil. E também sei contar o tempo, tipo o intervalo das batidas numa música. Mas nunca, de jeito nenhum, me peça pra resolver um cálculo (daqueles sabe?) em menos de três minutos.

Estava tão distraída, pensando em como eu odeio cálculos, que não vi que os alunos já estavam na sala. Mas foi só eu reparar, que o querido professor chegou, e ali se foram duas horas pra fritar meu cérebro.

Edward

Cálculo, eu amo cálculos. É um lance bem legal resolver todas aquelas equações difíceis, então eu amo todas as matérias que se tem que fazer contas. Não sei como tem pessoa que odeiam essas matérias.

Mas hoje eu não estava conseguindo prestar atenção na aula.Eu fiquei pensando no que eu e meus irmãos vimos no estacionamento. A tal Bella não me pareceu nem um pouco nerd como eu pensava, não que eu tenha algo contra os nerd, ou geeks. Mas vamos admitir que tem uns bem estranhos, e era do tipo estranho e esquisito que as pessoas dizem que a Bella é. Eu não concordo e nem descordo, por que eu não a conheço, e ela é a prova viva do que uma fofoca é capaz de fazer. Mas, bem, ela não conversa com ninguém, só fica lendo pelos cantos com o fone de ouvido, e nem vai para o refeitório, só de vez em quando com as irmãs dela mas eu acho que ninguém repara nela, então não é de se espantar que as pessoas achem ela nerd e esquisita. Mas eu não sei, alguma coisa nela me deixa curioso, só não sei o que é. Então as vezes nas aulas em que eu tenho junto com ela eu sempre me pego a observando e, bem, tenho que admitir que eu acho ela bem bonita, é natural. Mas eu nunca cheguei a menos que um carro de distancia dela pra poder comprovar, já tentei achar ela nas redes sociais mas não achei, então resolvi deixar pra lá.

Tentei me concentrar na aula mas eu não consegui, eu estava bem aéreo naquele dia, e não, não era por causa da Isabella. Minha mãe pediu pra eu e meus irmão a acompanharem na escolha das músicas para a festa dos meus pais, ela quer a nossa opinião, pra festa não ficar muito chata para os jovens, então eu fiquei pensando tanto em que tipo de música escolher, que quando eu menos esperava o sinal tocou. Peguei meu caderno e livro me preparando pra sair da sala, quando o professor pediu para que eu esperasse, e se dirigiu a mesa de Bella que estava distraída ouvindo música, e pelo visto também não percebeu que a aula tinha acabado.

– Srta. Swan? – chamou o professor Walter, fazendo Bella levar um pequeno susto e tirar os fones.

– Sim, Sr. Walter?

– A aula já acabou.

Ela olhou em volta e reparou que eu ainda estava na sala, e corou. Certo, eu não tinha feito nada, e ela simplesmente virou um pimentão.

– Ah! Certo. – ela levantou e pegou a mochila dela, que estava com cara de que nem tinha sido aberta naquele dia. Acho que ela percebeu que o professor queria falar comigo.

– Isabella, espere. O assunto que eu quero tratar é com os dois.

– Hã? – eu e Bella perguntamos justos.

– Isso mesmo. – disse Sr. Walter indo se sentar na mesa dele. – Bem, é o seguinte: nós sabemos como Edward é bom em cálculos...

Ele não terminou o que ia falar já que Bella foi mais rápida que eu pra capitar o assunto, e gemeu de frustração.

– Ah, não professor! Deixa esse assunto de lado por favor. Eu prometo que tento melhorar. – o que quer que isso significasse, o Sr. Walter resolveu ignorar ela e continuar falando.

– … E que você, Isabella, vamos ser francos é péssima neles. Então Edward, eu proponho que você ajude sua colega de classe dando aulas particulares pra ela.

Pera. Bella, que todos diziam ser nerd, é péssima em cálculos? E então o professor quer que eu lhe ensine?

– Hã... por mim tudo bem. – disse olhando pra Bella que parecia prestes a ter uma síncope.

– Não, não está nada bem – então ela se virou pra mim – Olha eu não tenho nada contra você, eu praticamente nem te conheço, mas é que eu realmente sou péssima, um desastre em cálculos. Então eu não quero te ocupar por nada, por que é isso, e não vai dar certo. – então se virou para o professor. – Professor isso não vai dar certo.

– Mas Isabella, você precisa se esforça mais ou então vai ficar reprovada na minha matéria.

– A última pessoa que o senhor pôs para me ajudar, que foi Angela, desistiu dizendo que eu era um caso perdido. Por mim está tudo bem. Olha, eu sei que o senhor só quer me ajudar a passar na sua matéria, mas ficar pedindo ajuda para outros alunos, creio eu, não vai me ajudar, então esquece. – dizendo isso ela saiu da sala sem deixar o professor falar mais nada.

– Hum... – murmurei sem saber o que fazer.

– Pode se retirar, Edward.

– Tudo bem. -disse me retirando da sala sem realmente entender o que tinha acontecido. Isabella não ia bem na matéria mas não quis minha ajuda. O que eu queria saber, era o por quê.

Bella

Fui correndo pra minha aula de geografia. Quem aquele professor acha que é? Ele não pode sair por ai pedindo ajuda para os outros sem o meu consentimento, eu não acho certo. Eu sei que preciso de ajuda na matéria, mas não é um assunto fácil de se conversar, ainda mas com um “estranho”. O que eu falaria pra ele? “Ei, Edward você pode ensinar cálculo e tudo que envolva matemática pra uma garota que tem discalculia? Prometo que vai ser fácil.” O garoto vai é fugir por ter perdido toda a paciência comigo.

Assim que eu entrei na sala de aula a professora me encarou com cara de poucos amigos. Eu não sei por que mas essa professora não gosta de mim, é sério, eu não fiz nada que possa justificar. Eu sou muito quieta na aula, sempre tiro mais que nove, nunca me envolvo em bagunça. Então se eu fiz alguma coisa foi fora da escola, por que aí eu já não prometo nada. Mas com certeza eu lembraria se tivesse feito alguma coisa. Fiquei quieta na minha esperando a aula acabar para eu ir pro meu cantinho ler, é o que eu faço na maioria das vezes no intervalo. À não ser que me surja uma ideia para uma nova música. Quando estava saindo da sala esbarro com uma loira alta que pessoas dizem ser minha irmã. E quando viro para a minha direita vejo uma fada, que dizem ser minha outra irmã.

– O que vocês querem? – perguntei.

– Nossa! É assim que se trata uma irmã? Que gentileza em Bella! – disse Rosalie.

– Tá! Minhas queridas irmãs, que honra ter vocês comigo. Será que poderia saber o motivo dessa nobre companhia?

– Sim. – respondeu Rosalie – Nós – apontou para ela e Alice – viemos aqui te – apontou para mim – chamar para irmos para o refeitório.

– Ah! Não. – disse enquanto caminhava para o pátio, mas Alice segurou meu braço e me arrastou para o refeitório. Cadê os direitos humanos, meu povo?!

Quando chegamos ao refeitório foi a mesma coisa de sempre, ninguém prestava a atenção. O problema de sentar com as minhas irmãs era o seguinte: elas eram descoladas, falavam com quase todo mundo na escola. Então as pessoas chamavam elas para sentarem na mesa deles, e elas tentam fazer com que eu me enturme, mas as pessoas levaram aquele boato, de que eu era uma nerd com problemas mentas, tão a sério que me olham com pena. Mas eu também me divirto um pouco com isso; para as pessoas que eu acho bem esnobes e “nojentas” eu me faço de maluquinha. Tenho que me esforçar muito para não rir na cara que elas fazem.

Dessa vez sentamos em uma mesa só nossa, mas assim que eu me sentei percebi que a nossa mesa era do lado da dos Cullen. Pelo menos não foi só eu que fiquei vermelha dessa vez. Emmett estava brincando com a comida, Jasper hipnotizado pela Alice e Edward, bem, era a primeira vez que eu o via no refeitório sem a namorada. Ele parecia distraído.

– Alice, olha a baba. – disse Rosalie, fazendo os outros dois olharem para a nossa mesa.

– Tadinha Rosalie, não faz isso com ela não, olha só a fadinha ficou vermelha. – entrei na zoação.

– Bella, não zoa. Quando o Mike aparecer lá na porta de casa implorando para você voltar eu não vou ter papas na língua.

– Bella arrasa corações? – acho que Emmett pensou que falou baixo, só que eu escutei, o que me fez afundar na cadeira e ficar escarlate. Rosalie e Alice só souberam rir da minha cara.

– Desculpa, meu irmão é meio intrometido. – Edward disse olhando para nós.

– Sem problemas. - disse Rosalie. – Ele não falou nenhuma mentira, né Bella?

– Rosalie sempre debochada! – disse – Que eu saiba não fui eu que tive que aguentar um cara chorando em cima de mim por que eu não aceitei namorar com ele. – eu acho que eles ficaram surpresos por eu estar falando, por que me olharam com cara de espanto, depois olharam para Rosalie, que ficou meio embaraçada, só que ela não tem o mal de família, que é corar.

– Isso é verdade. – disse Alice, que voltou a ser a mesma de sempre – Ele chorou por horas.

– Tá legal, parei. Não brinco mais, satisfeitas? – disse Rosalie erguendo os braços em sinal de rendição.

– Estamos. – dissemos juntas.

Estávamos tão distraídas que não vimos Emmett sentar na minha frente. Ele ficou me encarando e eu encarei de volta, nossos irmãos ficaram nos olhando. Tá legal, não rir é muito difícil nessas horas. Ele ficou me encarando por um tempo e depois sorriu. Sorri de volta.

– Você não é essa nerd com problemas mentais que os outros falam né?

Nessa hora não era só ele que estava na nossa mesa, os irmãos dele também se mudaram para lá.

– Você é? – perguntaram Edward e Jasper.

– Eu sou? – perguntei olhando para as minhas irmãs que estavam querendo rir como eu.

– Nem pensar. – disse Alice quicando na cadeira, isso não passou despercebido por Jasper, que sorriu – Ela é que faz os outros de idiota. Quer dizer, só quem merece. Eu não sei quem que começou com esse boato, por que o que Bella não é, é nerd. Com quinze anos ela pilotava uma Ducati, já foi parar no hospital por causa de overdose, já bateu com o carro, e teve aquele policial que pegou você... – nessa hora eu e Rosalie tampamos a boca dela.

Os Cullen ficaram olhando para mim meio assustados.

– Alice, assim você faz parecer que eu sou uma rebelde sem causa. Olha meninos, a Ducati foi meu pai que me deu, e não é como se eu participasse de rachas com ela. A overdose foi por que era um copo com “Boa Noite, Cinderela”, e era o copo da Rose. O carro foi por que um motorista bêbado ultrapassou o sinal do cruzamento. E o policial foi por quê... – nessa hora eu corei e minhas irmãs riram – O lance do policial não vem ao caso agora. Mas eu não tenho culpa se o azar tem um tombo por mim.

Os meninos estavam meio que paralisados, depois que saíram daquele transe esquisito começaram a rir.

– Eu nunca vi você falar tanto. – disse Edward sorrindo.

– Por que você não fala com ninguém? – perguntou Jasper.

– Ela é tímida. – disse Rose – Mas quando se acostuma com alguém, segura por que ela não tem papas na língua, fala o que tiver que falar na cara. O que gera confusão para ela e comédia para mim.

– Você é bem diferente de como os outros falam. Gostei de você! – disse Emmett me fazendo ficar mais corada ainda. – Vou ser seu amigo. E você pode me ajudar com a Rose, ela é bem gostosa. - disse a última parte no meu ouvido, e eu acabei gargalhando. – Fechado? – me estendeu a mão.

– Fechado. – disse apertando a mão dele e rindo. Os outros ficaram olhando para nós com um ar de dúvida.

O resto do dia passou batido, e eu fui correndo para casa. Precisava fazer o dever de casa e depois ajudar a minha mãe com o lance da música.