The New Hogwarts II - In The Shadow of Parents escrita por Black


Capítulo 8
Despedidas Ocultas - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
No momento, eu estou com um pouco de pressa, então daqui a pouco respondo aos comentários.
Espero que gostem e boa leitura!



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Não existia qualquer outra palavra para descrever como Jason se sentia ao abrir a porta e entrar na sala da professora de História da Magia, que no caso era sua mãe.

Jacky estava sentada atrás de sua mesa escrevendo em alguns pergaminhos e despachando algumas corujas pela janela aberta. Ela havia percebido a entrada de Jason, isso ele sabia, mas não levantara o olhar para ele.

– Boa noite, Jay. – Ela apenas o cumprimentou, aparentemente estava ocupada demais para fazer mais do que isso.

E era sempre assim. Ela sempre estava ocupada. Nunca tinha tempo para ele, para Mason, para nada e para ninguém. Até certo ponto, ele compreendia. Ela tinha muitos afazeres e não podia simplesmente deixa-los de lado, mas internamente lhe magoava que não tivesse muita atenção de sua mãe. Mas é claro que ele morreria sem admitir isso.

Jason Valentine Slytherin era uma pessoa essencialmente teimosa. Sempre calmo por fora e, como Christian dizia, ele gostava muito de se divertir com a desgraça alheia, mas era uma pessoa bem frágil por dentro. Em seu interior, ele era apenas um garoto que precisava da atenção da mãe, por mais que, às vezes, ela o aterrorizasse.

Mas, ali, olhando sua mãe trabalhar, ele percebera que havia uma coisa que o assustava mais do que ela. O que mais lhe assustava era o medo de perdê-la, de não tê-la mais passando atividades absurdas na aula de História da Magia, de não mais se divertir vendo-a ralhar com Mason por algo que o mais velho fizera, de não poder ficar olhando-a trabalhar. Ele sentia medo de que nunca mais chegasse a vê-la fazendo nada disso. É claro que não admitiria. Nesse quesito, ele se parecia bastante com ela. Raramente mostrava o que sentia de verdade.

Imediatamente ele pôs-se a andar até ela, aproximando-se. Parou apenas quando estava ao lado de sua mãe, observando os relatórios que ela escrevia por cima do ombro dela. Ela não pareceu se importar e também não sorriu para ele, mas Jay sabia bem o motivo. Jacky era o tipo de pessoa que preferia não sorrir a mostrar um sorriso falso e, dadas às circunstâncias, ele sabia que ela não conseguiria expressar nada realmente verdadeiro, não naquele momento.

Internamente, Jason se perguntava o que teria acontecido se sua mãe fosse apenas uma bruxa normal, como ele era. Se ela nunca tivesse se metido em tantas confusões, se nunca tivesse se envolvido numa guerra. É claro que era perda de tempo ficar pensando nos “E se”s da vida, afinal, aquela era quem ela era.

E ela sempre seria Jackeline O’Lantern Slytherin. Ele sabia disso.

Entre todos, Christian parecia o que tinha menos problemas em fazer o que deveria, em conversar com sua mãe. Anna era uma pessoa essencialmente compreensiva e boa, apesar de um pouco animada demais, ela iria entendê-lo se ele falasse, ou, pelo menos, era para isso que ele torcia.

Chris, sem relutância alguma, dirigiu-se aos Campos de Hogwarts e, caminhando sob o céu noturno, ele encontrou sua mãe saindo das estufas onde costumeiramente dava aula. O garoto não tardou em correr até lá, surpreendendo sua mãe com um abraço que ela imediatamente retribuiu.

O ato não era tão estranho como seria se fosse feito pelos outros filhos aos outros Dez, afinal Christian sempre fora bastante amoroso, bastante parecido com Anna. Era bastante comum ele aparecer apenas para lhe dar um abraço ou mesmo para aproveitar a companhia dela.

– Você não devia estar dormindo, Chris? – Anna arqueou uma sobrancelha e soltou um riso baixo, mas não era como ele se lembrava.

Aquele não era o riso costumeiramente animado e divertido que sempre soava quando sua mãe estava feliz. Era quase melancólico e, por um momento, Christian sentiu toda sua confiança rachar.

– O que foi, Chris? – Anna se soltou do abraço dele ao perceber que, de repente, o filho ficara tenso demais, preocupado demais.

A ruiva se abaixou de modo que ficasse mais próxima a altura dele e olhou-o nos olhos, procurando por qualquer coisa que pudesse ter causado aquilo, porém, o ruivo desviou o olhar. Anna o conhecia o suficiente para perceber apenas pelo olhar o medo instalado no coração do menino e talvez não demorasse a descobrir a razão disso.

– Se eu te fizesse um pedido, qualquer que fosse, o que você diria? – Christian decidiu arriscar depois de alguns segundos pensando na situação, agora mais tenso do que antes.

– Que tipo de pedido, Chris? – Anna arqueou uma sobrancelha, confusa e preocupada. Não via qualquer nexo nas atitudes estranhas do filho, mas não disse nada.

– Qualquer pedido. – Christian respondeu ainda evitando olhar para ela, fitando as árvores da Floresta Proibida que rodeavam os Campos de Hogwarts, aguardando ansioso por uma resposta e que ele rezava internamente a Merlin que fosse positiva.

Anna ficou calada por um tempo que Christian julgara grande demais. Ela percebera que alguma coisa estava errada, disso o ruivo já tinha se dado conta. Por mais que tivesse uma tendência enorme a confiar nas pessoas e fosse um pouco ingênua por isso, aquela era ninguém menos do que Anna Gryffindor. Nada mais precisaria ser dito a respeito dela.

A ruiva esperou pacientemente que o filho lhe especificasse o que queria. Christian Gryffindor Hufflepuff não era uma pessoa muito boa em esconder o que sentia, então era fácil saber que alguma coisa o incomodava profundamente e, se ela já sabia, como ele poderia sequer tentar convencê-la do contrário?

– Só quero que me prometa que nunca vai me deixar. – Christian finalmente falou, rezando internamente para que ela não desconfiasse que ele sabia do que ela faria na noite seguinte.

Anna se surpreendeu com o pedido, mas assim que se recuperou do choque inicial, sorriu vagamente para ele. Não era o sorriso feliz que ele esperava. Era mais melancólico do que qualquer outra coisa.

– Chris... – Ela finalmente começou a falar e só então ele voltou a olhá-la nos olhos, percebendo um estranho vazio lá dentro. – A vida é imprevisível demais e, por mais que eu queira, isso é uma coisa que eu não posso prometer. – Ela finalizou.

Ele realmente não esperava que Anna fosse mentir. Sua mãe não mentia. Mas ouvi-la falando tão sinceramente alguma coisa que ele não queria ouvir lhe partiu o coração e ele saiu correndo dali, escutando os gritos dela para que ele voltasse.

Já fazia horas que Miranda estava de frente para a porta da sala da professora de Estudo dos Trouxas sem abri-la, ou bater para pedir permissão para entrar. Ela era uma Grifinória, mas a coragem lhe estava faltando naquele momento. Não sabia o que dizer a sua mãe e nem imaginava o que Alice poderia dizer a ela.

Estava distraída a ponto de se assustar quando a porta à sua frente foi aberta e ela cairia no chão, mas sua mãe a segurou, parecendo confusa por a filha estar ali.

– O que faz aqui, Miranda? – Alice arqueou uma sobrancelha, ajudando a filha a ficar ereta, olhando-a com uma desconfiança mínima, vasculhando em sua mente algo que pudesse ter levado a filha mais velha até aquele lugar.

– Eu só... – Um nó se formou na garganta da ruiva, impedindo-a de prosseguir. Ela sabia que precisava falar com sua mãe, ao menos despedir-se adequadamente dela caso não conseguisse que ela mudasse de ideia, mas não conseguia falar. Forçou as palavras a saírem. – Queria te ver. – Disse com certa dificuldade.

Se já estava surpresa, Alice ficou chocada. Miranda era realmente um amor de pessoa, mas passava mais tempo com os amigos do que com ela. Atônita, não percebeu quando a filha mais velha a envolveu com os braços magros num abraço caloroso até que já estivesse retribuindo.

Alice sabia bem que havia alguma coisa errada. Miranda Mad Kingsley tinha um coração muito bom e era uma excelente pessoa, mas tudo o que ela fazia tinha um propósito, um sentido. Apesar de ser tão curiosa quanto a mãe, não era tão impulsiva quanto a loira. E, internamente, Miranda desejava ter as qualidades da mãe, ser tão corajosa quanto ela. Mas ela não era.

Não era como Alice Kingsley.

Helena teve que, praticamente, arrastar Elizabeth pelos corredores de Hogwarts até a sala da professora de Transfiguração. A mais nova não queria ir, não queria conversar com a mãe. Elena era uma pessoa complicada demais para que ela conseguisse lidar. Por mais que Helena tentasse tranquiliza-la dizendo que estaria lá para ajudar, Elizabeth já tentara por duas vezes correr para o Salão Comunal da Sonserina, onde sabia que a irmã não poderia segui-la.

Elizabeth sentiu a espinha gelar ao ver que não precisariam ir até a sala da mãe, pois a própria já vinha andando pelos corredores de Hogwarts, olhando para algum envelope que tinha em mãos com os olhos cansados e emoldurados por olheiras.

– Meninas. – Elena se surpreendeu ao ver as duas ali enquanto inconscientemente esfregava os olhos na tentativa de expulsar o sono. – O que fazem aqui? – Perguntou em meio a um bocejo que abafou com a mão.

Helena ficara completamente quieta. É claro, arrastara a irmã mais nova até ali, mas agora, olhando para sua mãe, entendera porque Elizabeth não queria vir.

Porque aquela era Elena Gryffindor. Podia ser uma boa pessoa, mas tinha uma personalidade complicada demais para que alguém pudesse entender. Às vezes parecia que quanto mais ela se mantinha próxima, mais inalcançável ela era, pois, se parecia estar perto, ninguém notaria a distância que ela mantinha de todos.

E Helena Gryffindor Ravenclaw simplesmente não tinha o que dizer para a Rainha das Chamas. As duas se pareciam, era verdade, mas sempre parecia haver uma espécie de abismo separando as duas, pois sempre lhe parecia que Elena era tudo o que ela não era.

Elizabeth, percebendo o desconforto da irmã, lhe lançou um olhar reprovador por ela tê-la arrastado até ali, mas este logo se desfez ao perceber que a mãe ainda fitava as duas.

– Tudo bem. – Elena deu de ombros e voltou a andar, passando pelas filhas, distanciando-se cada vez mais delas.

Helena permaneceu paralisada, quieta. Elizabeth, por outro lado, estava alerta demais para seu gosto e, inconscientemente, saiu correndo atrás da mãe, segurando-a pelo braço e parando-a no corredor.

– Sim, Elsa? – Elena arqueou uma sobrancelha, esperando que a filha falasse.

– Podemos conversar na sua sala? – A garota pediu, surpreendendo a mãe.

Elena sabia o que Elizabeth menos gostava de fazer era passar tempo com ela. A garota a evitava sempre que podia. Ela até entendia o porquê, mas nunca dissera nada. Respeitara as escolhas dela e só conversava com a filha mais nova quando era esta a tomar a iniciativa.

Sendo assim, concordou sem qualquer relutância e Elizabeth começou a puxá-la na direção de sua sala, arrastando também Helena ao passar pela irmã.

Ao chegarem lá, Elena seguiu diretamente para sua mesa, na qual se encostou, ficando de frente para Elizabeth e Helena, que permaneceram perto da porta após fechá-la.

– E então? – Elena deu a deixa, esperando que as duas falassem o que queriam dizer.

Elizabeth engoliu em seco. Trouxera a mãe para aquele lugar para que pudessem conversar, mas não pensara exatamente no que dizer. Elena, percebendo isso, tentou puxar assunto com as filhas:

– Como estão indo nas outras matérias? – Perguntou de repente.

– Tia Jacky está nos traumatizando, mas nas outras, acho que bem. – Elizabeth sorriu sem graça, seguindo para onde a mãe estava e ficando ao seu lado, encostada à mesa de madeira. Helena repetiu o gesto.

– Excelente. – Elena disse com simplicidade.

– Só é um pouco estranho quando os outros falam com a gente. – Helena finalmente conseguiu proferir a palavra, atraindo a atenção das outras duas para si.

– Como assim? – Elena arqueou uma sobrancelha, não entendendo o que ela queria dizer, aguardando uma explicação.

– É que... – Foi Elizabeth quem começou a falar. – A primeira coisa que a maioria deles pergunta, para mim pelo menos, é sobre você. Se eu realmente sou sua filha. – Revirou os olhos, mas foi algo escasso demais para ter sido um gesto verdadeiro. – É como viver na sua sombra. – Murmurou, mas sabia que a mãe havia lhe ouvido. – Mas eu não acho que você saiba como é isso. – Abaixou a cabeça, fitando o chão.

Elena ficou calada pelo que pareceu um longo tempo às três. Elizabeth ouviu a mãe respirar fundo antes de mais uma vez escutar a voz dela:

– Você tem razão. – Surpreendeu-se com o que ela disse, mas deixou que continuasse. – Eu não sei como é viver na sombra dos meus pais. – Ela parou por um segundo antes de prosseguir. – Porque eles morreram quando eu tinha doze anos. – A mulher desabafou.

Aquilo imediatamente fez com que Elizabeth, a sempre confiante e teimosa Elizabeth Gryffindor Ravenclaw, se sentisse mal por ter falado. Não se dava bem com sua mãe, mas isso não significava que gostava de vê-la sofrendo. Helena apenas permaneceu calada, avaliando a situação, pensando em algo para dizer, mas antes que ela pudesse fazê-lo, Elena continuou:

– E quanto a isso de perguntarem a vocês sobre mim... - A morena suspirou. – Não deviam se incomodar tanto. É claro, todos me conhecem, mas ser famosa por ter estado numa guerra não é exatamente algo agradável. – Elizabeth e Helena então olharam para ela, percebendo uma expressão, no mínimo, melancólica no rosto jovial da mãe. – Porque uma guerra é o tipo de lugar onde você tem apenas um segundo para salvar sua própria vida, para impedir a morte de uma pessoa querida... – Ela abaixou a cabeça. – E dificilmente um segundo é suficiente. – Desabafou. – Isso vocês não sabem como é. – Ela passou cada braço pelos ombros de cada uma das filhas, abraçando-as de lado. – E vou fazer de tudo para que nunca saibam. – Finalizou.

Nenhuma das três disse mais nada por bastante tempo e o silêncio se instalou até que fosse a própria Elena Gryffindor a quebra-lo:

– Vocês deviam ir para a cama. – A mãe das duas finalmente falou. – Já está tarde.

Elizabeth e Helena assentiram silenciosamente e começaram a caminhar em direção à porta da sala. Elena continuou no mesmo lugar, observando-as. Elizabeth abriu a porta lentamente, mas antes que ela e a irmã mais velha pudessem ir embora, Helena correu até a mãe e lhe abraçou com força. Elena ficou confusa, mas retribuíra o gesto.

– Eu te amo, mãe. – A garota declarou.

– Eu também te amo, filha. – Elena respondeu com o primeiro sorriso verdadeiro que a viam esboçar desde que aquela confusão começara. – Boa noite.

– Boa noite. – Helena sorriu para ela antes de correr para fora da sala, passando por Elizabeth, que permaneceu ali, olhando para a mãe, que também olhava para ela.

Elena então se levantou de seu lugar e caminhou para fora da sala, passando pela filha mais nova como Helena fizera anteriormente. Já estava se distanciando da sala quando a voz de Elizabeth lhe chamou a atenção, fazendo-a virar-se:

– Mãe! – A mais nova chamou. – Eu t... – Um nó pareceu se formar em sua garganta, impossível de se romper. As palavras simplesmente não queriam sair e ela simplesmente se contentou com um simples: – Boa noite. – Forçou um sorriso.

Elena também sorriu para ela, dizendo:

– Boa noite. – E então, a morena saiu dali, deixando a filha mais nova para trás.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
De qual parte gostaram mais?