– Bom, vocês já se apresentaram, então é nossa vez. – Alice se pronunciou, sorrindo. – Sou Alice, estes são Mirana, – Foi apontando à medida que falava. – Elsa, Elena, Rapunzel, Soluço, Jack, Merida, Anna e Jacky. – Finalizou.

Os Dez mais novos sabiam perfeitamente bem quem eles eram, mas seria melhor não dizerem nada para não levantar suspeitas. Helena foi a primeira a se pronunciar:

– É um prazer conhece-los. – Disse com a maior naturalidade que conseguia, afinal precisava convencê-los de que nenhum deles sabia de nada, que não havia nada de estranho.

– Igualmente. – Elena sorriu e logo se voltou para Elsa, começando a conversar algum assunto com a loira que nenhum deles prestou atenção.

As conversas paralelas na mesa retornaram e logo o horário de almoço acabou, levando todos para a Aula de Voo. Assim que esta acabou, todos, já cansados, foram para suas camas.

No Dormitório Feminino da Grifinória, Helena fora a última a adormecer. Olhou para as únicas cinco garotas que realmente deveriam estar ali e que agora estavam completamente adormecidas. Viu sua tia Merida dormindo toda esparramada na cama com maior parte do lençol no chão ao invés de sobre ela. Viu sua tia Alice dormindo com um braço sobre os olhos e com o cobertor aos pés, completamente livre dele. Viu sua tia Anna dormindo emborcada para o lado oposto ao dela e com os cabelos ruivos já completamente desarrumados, uma zona como Jamie diria, e roncando levemente. Viu também sua tia Elsa dormindo completamente reta com o cobertor cobrindo-a normalmente, mas resmungando levemente enquanto dormia.

E, por fim, observou sua mãe na cama do lado oposto da sua no quarto. Elena dormia do mesmo modo que ela se lembrava de ter visto quando era criança e gostava de dormir no quarto dos pais. Virada para o lado e com as mãos em forma de concha entre o travesseiro e a cabeça. Os cabelos ainda estavam arrumados como se tivessem acabado de serem penteados e o cobertor a cobria até os ombros. A face era tão serena que por vezes parecia que assisti-la dormindo era o único jeito de ver como ela realmente era, por baixo da dureza e exigência. Porque dormindo, ela nunca fora a Ministra da Magia, a Professora de Poções, a Rainha de Arendelle, a Integrante dos Dez. Era apenas Elena.

Foi com isso em mente que Helena finalmente deitou-se para dormir, mal sabendo que em poucas horas acordaria novamente.

–

Já pela madrugada, os alunos do primeiro ano da Grifinória, mais especificamente Merida, Alice, Helena e Miranda acordaram ouvindo gritos vindos do mesmo dormitório que elas. As meninas rapidamente levantaram de suas camas e olharam em volta.

– De onde vem isso? – Merida perguntou assustada.

– Elsa, Anna e Elena. – Alice disse e correu até as camas das meninas.

– Acordem! – Pediram, mas as três continuavam naquele mesmo estado.

– Sabe a algum feitiço para acordá-las? – Miranda perguntou desesperada, olhando para Helena, afinal sabia que a morena era excelente em feitiços.

– Eu sei! – Helena falou antes que Alice pudesse, como teria acontecido caso ela não estivesse ali, e apontou a varinha para Elsa. – Ennervate.

Assim que atingida pelo feitiço, Elsa parou de gritar e aos poucos abriu os olhos. Logo ela se sentou e olhou assustada para as amigas a sua volta. A essa altura, Merida e Miranda já haviam repetido o feitiço com Elena e com Anna. As duas pareciam estar no mesmo estado que Elsa.

Elena se levantou cambaleante e tentou ir até a cama de Elsa, mas logo caiu no chão. Helena, ao invés de Merida na situação normal, foi até a mãe e a ajudou a se levantar.

– Qual o problema, Elena? – Merida perguntou ainda assustada, ajudando Helena a levar a morena para a cama.

– Minha perna. – A morena respondeu.

Elas colocaram Elena de volta em sua própria cama e todas olharam aterrorizadas a enorme e recente queimadura na perna direita. Dentre todas, apenas Helena e Miranda sabiam que aquilo era obra de Pitch. Elsa se levantou e foi até sua irmã, abraçando-a, enquanto Anna se encolheu em sua cama.

– Elsa. – Elena chamou num tom que só a loira poderia ouvir. – Seus dedos.

A loira rapidamente olhou para as próprias mãos e viu que os dedos estavam congelados. Ela rapidamente os escondeu por entre as vestes para que Merida, Miranda, Alice e Anna não pudessem ver, mas sem conseguir escapar do olhar atento de Helena.

– Afinal, o que aconteceu aqui? – Alice perguntou assustada e confusa, passando o olhar por todas as meninas presentes.

– Não sei. – Elena respondeu e logo olhou para Anna, que ainda estava encolhida em seu lugar. – Tudo bem, Anna?

– C-claro. – Anna respondeu, gaguejando um pouco.

Mesmo a contragosto, as outras quatro estudantes voltaram para suas camas. Elsa, Elena e Anna não conseguiram dormir pelo resto daquela noite, com medo de que, caso fechassem os olhos, voltassem àqueles terríveis pesadelos. Helena tampouco pegara no sono, ficando a noite inteira vigiando para ter certeza de que nada daquilo se repetiria.

–

Jack, Jacky, Rapunzel, Merida, Soluço, Mirana, Alice, Helena, Miranda, Leonidas, James, Christian, Diego, Ellen, Alicia, Elizabeth e Jason estavam à mesa, dessa vez da Corvinal, já pela manhã, todos discutindo. Alice, Merida, Miranda e Helena já haviam lhes contado o acontecimento da noite anterior.

– O que foi aquilo ontem à noite? – Merida questionou.

Os Dez mais novos se entreolharam, sabendo de que se tratava do começo do plano de Pitch Black, mas nada disseram. Não podiam mudar nada. Ainda não.

– Se o feitiço Ennervate funcionou, então claramente alguém havia lançado um feitiço nelas. – Jacky explicou metodicamente, do jeito que Jason lembrava que ela fazia quando explicava algum assunto em suas aulas.

– Mas quem? – Rapunzel perguntou nervosa.

– Do que estão falando? – Os dezessete ficaram paralisados ao ouvirem a voz de Elsa.

Olharam para trás e encontraram Elsa, Anna e Elena observando-os curiosamente.

– Como está sua perna, Elena? – Alice tentou livrar a todos da pergunta.

– Do mesmo jeito. – Elena suspirou nervosa. – Tentei usar o feitiço Episkey, mas não funcionou.

– Claro que não funcionou. – Ellen murmurou em um tom que só ela poderia ouvir, franzindo o cenho.

– Eu ainda acho que você deveria ir até a ala hospitalar. – Elsa falou, olhando de forma preocupada para a irmã mais velha.

– Concordo. – Helena e Elizabeth intervieram ao mesmo tempo, igualmente preocupadas.

– Não é necessário. – Ela disse, saindo de perto das duas irmãs e das, ela não sabia, filhas, mancando.

– Que aulas nós teremos hoje? – Anna perguntou, tentando animar os amigos e as irmãs.

– Nenhuma. – Rapunzel respondeu. – Hoje é sábado.

– Graças a Merlin! – Diego e James disseram ao mesmo tempo, fazendo com que os outros rissem.

– Ótimo. - Jacky, que estava calada e pensativa até o momento, finalmente falou. – Se precisarem de mim, estarei na biblioteca. – Declarou.

Assim, a garota saiu do Grande Salão.

– Às vezes eu acho que ela é bipolar. – Soluço disse. – Em alguns momentos é interessada em livros e estudiosa, em outros é brincalhona e irresponsável. – Brincalhona e irresponsável... Estas eram características que não se aplicavam a Jackeline Slytherin, ou não se aplicariam no futuro, Jason sabia disso.

– Não é só você que tem essa impressão. – Jack respondeu.

– Não falem assim dela. – Mirana repreendeu.

– Então, o que faremos hoje? – Alice perguntou, juntando-se à conversa.

– Eu – Elsa começou. – Vou levar a Elena até a ala hospitalar.

Dito isso, Elsa começou a arrastar Elena até as enormes portas do Grande Salão e as duas saíram juntamente com Anna, Helena e Elizabeth.

– Eu vou falar com a m... – Jason não tardou em se corrigir, percebendo o que iria fazer. – Com a Jacky. – Engoliu em seco e saiu rapidamente dali.

Logo os demais se espalharam pela escola para fazer suas próprias atividades.

–

Jacky andava a passos largos e rápidos pelos corredores de Hogwarts, indo em direção à biblioteca. Parecia nervosa e extremamente curiosa com algo.

Passou por alguns estudantes e começou a descer as escadarias até o quarto andar. Estranhamente os corredores do mesmo estavam vazios e a garota ficava cada vez mais nervosa a cada passo que dava.

Uma figura encapuzada observava das sombras e preparava-se para lançar um feitiço na garota quando Jason apareceu, fazendo-a recuar.

– Jacky! – O garoto chamou, ainda tendo dificuldade em chama-la pelo primeiro nome ao invés de chama-la de mãe.

– Sim, Jason? – Ela arqueou uma sobrancelha e parecia claramente desinteressada, mas sorriu para ele.

– Posso ir com você? – O menino ofereceu-se sem graça. Se não poderia passar tempo com sua mãe no futuro, queria aproveitar o máximo possível.

– Claro. – Ela deu de ombros e os dois seguiram para a Biblioteca.

Os dois se distanciaram e, insatisfeita, a figura encapuzada desapareceu. Aquela fora a primeira mudança feita, por mais que inconscientemente, afinal, a figura encapuzada deveria capturar Jacky e Jack Slytherin deveria enfeitiça-la com a Maldição Imperius para servir de espiã, mas nada disso aconteceu, porque Jackeline Slytherin prosseguira seu caminho até a biblioteca, como não deveria ter feito.