Vermelho-sangue escrita por Ninguém Especial


Capítulo 8
Chapter VIII


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem como eu-lírico novamente o Dr. Hopper. Espero que gostem! Boa Leitura :3



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Fui jogado na cadeira.

Mas a provável marca que ficará em meus pulsos, lesionados por algemas, e em meus braços, apertados pelos policiais brutamontes que me arrancaram de casa, não era o que me preocupava. Eu já estive aqui. Nervoso, confesso. Mas pela brutalidade imposta na minha vinda desta vez e a cara que o senhor Armstrong direcionava para mim, eu tinha certeza que não ia sair dessa inteiro. E não estou falando mais das marcas.

– Posso saber qual a necessidade disso tudo? – quebrei o silencio.

Sua raiva era tanta que ele parou de me encarar. Mas o que eu fiz?

– Quer dizer... Pelo o que eu posso ver não há razão pra isso. Não podiam apenas me comunicar que precisavam de mim outra vez? Pra que me arrancarem de casa!? – Completei.

– Olha aqui, quem faz as perguntas aqui sou eu, está me ouvindo!? – bravejou – E abaixa esse tom ou eu aumento o tempo da sua pena!

– Pena, que pena!? Você está me dando voz de prisão? POR QUÊ?

– Chega! Ou você só fala quando eu mandar ou então só vai falar no dia do tribunal, está claro?

– Sim – fiz uma cara de extremo desgosto. Sei que não ia ajudar em nada, mas não podia ficar ali parado sem fazer nada, como se aprovasse isso.

– Melhor assim. – respirava fora de ritmo – Estou por aqui com você e com todo esse caso, está me ouvindo rapaz? Então espero que tenha ótimas explicações, porque você está me devendo muitas. A mim não, a justiça!

– Eu não vou falar nada sem a presença de meu advogado.

– Não, não vamos fazer esse joguinho novamente.

Apontou para trás como se pedisse para eu me virar, e o fiz. E sentado num banco ao fundo, tomando uma xícara provavelmente de café e com a pasta no colo, estava Dr. Williams, meu advogado. Estremeci. Para ele ter convocado o meu advogado junto, antes mesmo de mim, é por que o caso realmente era sério. O que ele descobriu afinal?

– Como dizia Dr. Hopper, o seu advogado já está presente. E então, alguma objeção em começarmos?

– Começarmos exatamente o que? Eu não estou entendendo nada.

Pude velo se segurando para não explodir. Confesso que se não fossem as circunstâncias, eu estaria dando boas risadas: sua cara era hilária.

– Senhor Armstrong – pronunciou-se, o jovem rapaz atrás da outra escrivaninha – O senhor quer que eu chame o Tony e peça alguma água, um chá talvez...? Estou achando o senhor muito tenso, e isso pode comprometer o trabalho.

– Não, obrigado. Eu estou bem agora.

– Eu aceitaria uma água, por favor – Pedi. Toda a aflição daquele momento tornara minha boca num escaldante deserto, comparado à secura da ultima vez. Estava muito pior.

– Então... É nada mesmo, Schmidt – cortou meu pedido, propositalmente – Podemos começar esse interrogatório?

Pisquei os olhos e todos estavam em seus lugares esperando as minhas respostas. Eu não sei o que haviam descoberto com a investigação, mas agora com a cabeça um tanto mais fria, posso imaginar, pela reação do senhor Armstrong.

– Antes de começarmos, existe algo que o senhor queira confessar que não foi dito no seu depoimento anterior?

– Não. A minha história ainda é a mesma. Eu não menti da outra vez.

– Mas será que não se esqueceu de contar nada, senhor Hopper?

– Não que eu saiba.

– Deixe-me ajudá-lo então. A se lembrar. Permite-me? – falou pausadamente, e logo após, levantou-se da cadeira e começou a andar de um lado para o outro naquela pequena sala.

– Faça as honras – lancei-o um olhar um tanto debochado. Estava irritado.

– Vejamos a história de clara, resumidamente... – Pegou uma pasta na gaveta do armário atrás de mim – Um belo dia ela chegou a você, na sua sala na escola, e confiou-lhe que seu pai havia batido em sua mãe. Mas ela não o deixou falar com a polícia, então o senhor resolveu por si só ir tirar satisfação com ele, certo?

– Certo.

– E você não tinha nenhum outro motivo, tirando o fato dela ser sua ex-aluna, para fazer isso por ela?

– Não. Bem, a raiva que senti pelo senhor Silver também pode ser considerado um motivo. Eu sei, estava errado, mas também não era pra tanto. O homem me expulsou de lá me ameaçando com um Rifle!

– Sim, eu sei, mas a resposta está errada.

– Como assim?

Derrubou com toda a força a pasta sobre sua mesa, perto de onde se encontravam minhas mãos. Era óbvio que algo no seu interior era direcionado a mim.

– Você se lembra do exame o qual foi submetido semana passada? Claro que se lembra, você devia imaginar para o que ele era. E apesar de poucos fragmentos, Dr. Hopper, o laboratório fez testes com os suspeitos envolvidos e o DNA do sêmen encontrado em Clara é seu.

Caí para fora de mim mesmo. Olhei rapidamente ao redor: não havia pra onde fugir.

– Esses exames nunca batem em 100% no resultado final, e como vou saber se o resultado final não foi adulterado?

– Você está acusando o laboratório de adulterar os resultados para lhe incriminar? E por que eles fariam isso?

– Não, só estou dizendo que eu êxito outro exame, no mínimo.

– Dr. Hopper, por favor, não vamos perder mais tempo. Tempo é dinheiro. E eu não estou com a menor paciência. Nós dois já sabemos a verdade, ou ao menos parte dela. E convenhamos que o senhor não está na menor das condições de ‘exigir’ qualquer coisa.

– O que o senhor quer dizer com isso? – Não sabia exatamente porque, mas me sentia transgredido verbalmente. Foi algum tipo de insulto?

– Pare de dar voltas, Dr. Hopper. O melhor para ambas as partes é que você fale logo a verdade. E o senhor sabe disso.

Ele falou aquilo com tanta certeza, tanta convicção. Tudo bem, o DNA bateu com o meu, o que significa que há momentos que eu não contei da primeira vez que vim aqui, mas isso não significa que eu tenha feito algo. Ou significa? Eu já me sentia culpado demais. Não precisava passar por mais tudo isso. Mas essa convicção... Me deixou com uma pulga atrás da orelha? Como ele podia estar tão resolvido quanto seu ponto? A não ser que...

– ELA CONTOU, NÃO FOI? – perguntei, esbravejando. Retoricamente.

– Ela quem? – ele conseguiu a porta para o que queria.

– Mary, minha ex-mulher. Ela contou, não foi? Eu sabia!

– Senhor, não daremos informações...

– Eu sei que foi ela! Nem precisa confirmar! Eu sei! – o cortei.

– Mas então, já sabemos que você manteve relações sexuais com a menina. Agora tem algo a dizer? – Disse, num tom de ironia, mas com a mesma cara perversa. Parecia que ele tinha tomado dúzias de café ou tinha acabado de fugir de uma clinica de reabilitação. Sua expressão não era das melhoras...

– Eu... Eu...

Finalmente parei para pensar no que fiz. Na gravidade das minhas ações. Sabe, quando você faz alguma coisa errada, num momento de raiva, ou num ataque de fúria e se arrepende logo depois? Mas mesmo se arrependendo, não consegue absorver a gravidade dos fatos até ser confrontado por elas. Eu estava na berlinda. Na berlinda, pelo o que eu mais sinto nojo em mim mesmo. Pela pior das realizações da minha vida. Sempre tentei ser tão correto. Tão lúcido. Mas é aquele erro, aquele único erro, que me perseguirá pelo resto da minha vida. Isso se ainda me restar uma.

Perdi o controle de mim mesmo. Sinto raiva. É como se estivesse revivendo aquela cena. Permito-me chorar. Choro sem me permitir. Esbravejo.

– Eu nunca quis isso... Eu nunca quis esse futuro, esse presente... Eu só queria o melhor para ela, o melhor!

– Você está falando da Clara? – Me perguntou?

– Eu sei que meus motivos explicam, mas não justificam. Nada justifica. Mas ela não tinha esse direito. Ela não podia fazer isso comigo!

Um copo de água chega. Mas não era mais necessário. Toda secura havia sido afogada pelas minhas dramáticas, porém sinceras, lágrimas.

– E o que você exatamente fez? Ou se preferir, o que ela fez com você?

– Pra que mentir, não é mesmo? – sequei minhas lágrimas, por mais que continuassem saindo – Nós mantínhamos sim um relacionamento.

– Isso não é nenhuma novidade, Dr. Hopper.

– Mas era pra mim. Eu era casado, mas quando as coisas começaram a desandar, e nos divorciamos, ela surgiu. Na época perfeita. E você sabe, homem tem carne fraca. – sorri, o que deve ter parecido doentio, pelo meu estado emocional em prantos – o que eu quero dizer é que sim, nós saímos. Mas nós não namorávamos, não tínhamos nada sério. Nem nos beijávamos. Nada. Ela queria, eu queria, mas era totalmente impróprio, e eu não preciso explicar os porquês.

– Prossiga.

– Mas eu a amava. E eu não estou brincando quando falo isso. Muito menos mentindo. E eu ainda a amo, esteja onde ela estiver. Por isso resolvi esperar.

– Até que ela se formasse?

– E fizesse 18 anos. Eu sei que seus pais jamais permitiriam, mas nós daríamos um jeito. E ela concordou comigo.

– Mas isso não explica o porque do seu sêmen ter sido encontrado nela.

– Tudo o que eu disse aqui, da ultima vez, era verdade. Tirando a parte em que não me encontrei com ela após os eventos.

– E o que aconteceu?

– Eu não sei ao certo. Sei que depois que o pai dela e ela se falaram pelo telefone, ela voltou pra casa. E pelo o que pude entender, ela fugiu de casa, ou foi expulsa, não sei. Só sei que naquela mesma noite ela falou comigo duas vezes. A primeira vez por mensagens. Ela disse que estava cansada de tudo, e que eu podia arranjar meu emprego em outra cidade e então seguiríamos com as nossas vidas. Seríamos felizes. Marcou local e horário, onde nos encontraríamos e fugiríamos para qualquer outro lugar sem olhar para trás. Eu concordei, mas nunca fugiria com ela.

– Mas você não a ‘amava’?

– Justamente por isso. Eu não ia conseguir sustentá-la e seus amigos e família estão aqui. A polícia poderia aparecer atrás da gente e meu diploma ser cassado. Eu poderia ser preso, e eu nem quero imaginar o que o pai dela seria capaz de fazer quando pusesse as mãos na filha de novo. Entende? Não era uma opção. Nunca foi.

– Então por que concordou em fugir com ela?

– Eu concordei para enganá-la. Eu ia ter uma conversa séria com ela no dia seguinte, expor meu lado e mostrar os fatos. Eu ia ligar pra policia e denunciar de uma vez por todas que o senhor Silver batia na mulher, ela querendo ou não. Eu ia transformar a vida dela, para melhor. Mesmo que depois disso tudo ela não me quisesse mais nela.

– E por que não o fez? Bem, ao menos fala como se não tivesse.

– Pela segunda vez em que nos falamos.

– O que aconteceu dessa vez?

– Ela desmarcou tudo. Não queria mais fugir. Eu naturalmente estranharia, mas ela estava feliz. Dava pra ouvir no tom da sua voz, e sentir por trás de suas palavras. Alguma coisa havia acontecido, mas pelo o que eu a conheço, eu sabia que ela estaria lá na hora marcada no dia seguinte.

– Como assim?

– Ela estava feliz demais. Era como um surto de felicidade. Já vivenciei casos assim. Onde as pessoas transparecem estar muito felizes, quando na verdade perderam o controle das emoções por excesso de nervosismo. Logo, no dia seguinte, depois de uma boa noite de descanso, ela iria aparecer por lá. E não me avisaria. Ela fugiria sozinha, mas eu estaria a sua espera.

– E isso aconteceu?

– Bem, ela apareceu... Mas não da forma que eu esperava.

Comecei a perder o controle novamente sobre minhas emoções. Um choro agonizante e soluçante me consumia de todas as formas.

– Diga.

– Eu não quero falar sobre isso – olhei para meu advogado, como numa ultimam esperança de não reviver aqueles momentos ou ser condenado por eles.

– Dr. Hopper, omissões também são considerada como mentiras para a justiça. E em seu papel, acho que não está entre as alternativas.

– Tudo bem. – respirei – ela estava com um casaco de capuz vermelho. EU o reconhecia porque ela ia para a escola todos os dias com ela. Ela corria pela floresta, dentre as árvores, até a entrada da casa. Ela estava tão feliz. Ela cantarolava. E sua voz era tão linda. Era como se eu estivesse vivenciando um de mais sonhos mais envolventes e lindos. Mas então... – abaixei a cabeça e cerrei os punhos – Então aquele pivete apareceu.

– Que pivete?

– Samuel Castro. Ele estava com ela. É um dos alunos da escola, por isso o conheço. Passava muito pela minha sala no primeiro ano.

– E qual o problema nisso?

– O problema é que ele estava com ela. COM ELA! – me exaltei, sem perceber – E eles estavam tão felizinhos. Tão bobos. Se soubessem o quão ridículo estavam juntos. Trocando aqueles beijos, que eu nunca tive a chance de dar...

– Manere o tom.

– Manerar o tom? ELE ESTAVA COM ELA. E eu o vi, cheirando seu pescoço, tirando sua roupa. Eu a vi me traindo, apesar de não termos nada sério. Eu a vi a caminho de se entregar para um garoto, enquanto eu estava a esperando, por tanto tempo. Quem me garante que eles não estavam juntos há mais tempo? Tudo o que eu sei é que não me contive.

Todos na sala me encaravam. Eles sabiam o que eu ia dizer em seguida. Ou ao menos imaginavam. O olhar de surpresa e desapontamento marcava presença até no rosto de meu advogado. Eu estava perdido.

– Eu... Quer saber, pra que negar? Ela não está mais aqui mesmo. Minha vida já acabou, então não tenho nada a esconder – sorri, de raiva. O que não é exatamente sorrir pra mim: mostrei os dentes como forma de intimidação. Eu falava sério. Eu ia contar tudo dessa vez, e não tinha nada a temer.

– Dr. Hopper... ?

– A verdade é que eu invadi a casa. Eu não sou nenhum Voyeur pra ficar lá, admirando, enquanto ele fazia o que eu tanto queria. O que eu tanto precisava. Ele não iria tomar o meu lugar. Então eu fiz o que tinha que fazer, de um jeito ou de outro. Tinha que ver a cara dela quando me viu nocauteado o garoto no chão. Tão magricelo. Acredita que ele ainda tentou lutar comigo? Chegou a me arranhar com aquelas unhas pontudas que ele afiava – mostrei a cicatriz em meu braço – Mas nada que ele fizesse seria suficiente.

O olhar do senhor Armstrong naquele instante era tão intenso, que eu sabia que ele iria bater na minha cara. Ele sentia nojo por mim. Desprezo. E eu adorava isso. Pude vê-lo enlouquecendo por dentro, tanto quanto eu. Talvez aquele fosse um ótimo caso para ele encerrar a carreira, assim como encerrou minha vida. Mas ele se controlou. E estalou os dedos para alguém atrás de mim, provavelmente o jovem Tony, para que trouxesse os policiais. Sei disso porque no instante seguinte eles estavam na sala, me vigiando.

– Você nocauteou o Samuel? E o que você fez com a menina?

– Você já tem a resposta, oras. Eu apenas fiz o que sempre quis fazer. Eu tomei o que era meu, aos meus braços. E a levei ao paraíso. Eu fiz amor.

Não sei por que os policiais ainda não haviam me prendido.

– Então, você nocauteou um menor de idade e estuprou outra menor. Agressão, estupro e transgressão. Você vai morrer na cadeia, Dr. Hopper. Bem, nem posso mais te chamar de Doutor, não é verdade? Por que o senhor não é nada além de lixo.

– O que o senhor disse? Dr. William! – Olhei para meu advogado.

Finalmente cheguei ao ponto fraco do Sr. Armstrong. E sua loucura começava a extravasar, a ponto de me causar danos morais. Aparentemente, ele também não sairia ileso daquela sala, e nada mais poderia me causar tanto prazer. E a cena foi tão caótica que os policiais ainda não tinham me prendido. Ninguém sabia o que fazer.

– Apenas me diga seu infeliz, o que aconteceu depois daquilo?

– Não é um tanto óbvio? Eu a matei.

– O quê? – ninguém acreditara no que ouvia.

Sentia um cheiro horrível. Virei-me para ir embora para minha nova casa, a cadeia, e pude ver Tony com uma grande caixa na mão.

– Bem, não a matei depois. Eu a matei durante. Eu literalmente a levei para o paraíso, se é que me entende? – gargalhei. Que delícia. – Depois eu vi o que tinha feito e fiquei nervoso. Liguei para minha ex e disse o que tinha acontecido. Ela disse para eu não sair de lá, e bla bla bla, que ela já estava vindo, tudo uma mentira. Nunca apareceu. Ou melhor, apareceu muito depois, se livrou do corpo e me largou lá. Eu sei que foi ela. Eu cheguei a dormir naquela casa a sua espera, e acordei no meio da madrugada. Sem corpo, sem nada. Acho bom vocês a prenderem também, estão me ouvindo? – gargalhei novamente, dessa vez encarando o senhor Armstrong, que estava vermelho de raiva.

– Levem-no daqui. Não aguento olhar a cara desse infeliz nem mais um segundo. E descubram aonde é o local, essa casa, cabana, não sei, no meio da floresta. Ele sabe o endereço, e partes da vítima que não foram encontradas devem estar lá. – parou – Tony, que cheiro horroroso é esse?

– Senhor – passou ao meu lado, enquanto eu era algemado – esse pacote chegou para o senhor agora há pouco. Não tem data nem remetente. E não foi entregue pelos correios, porque não tem carimbo nem selo. Como não sabia o que fazer, trouxe-o para o senhor.

– Vamos, dê-me isso. Preciso saber logo o que tem esse cheiro tão ruim, apesar de que nada é capaz de piorar o meu dia, depois dessa ceninha desse monstro.

– Acalme-se senhor, olha a conduta. Ele pode denunciá-lo por...

– Cala a boca Tony, pelo amor de Deus! – o cortou ferozmente.

Enquanto eu relutava pelo aperto que as algemas me causaram eu resolvi me saciar com um ultimo desejo. Eu ia morrer na cadeia, tinha certeza, mas eu precisava saber o que tinha naquela caixa. Apenas precisava.

Mas não precisava.

Eu não conseguia falar.

Eu não conseguia respirar.

Eu não conseguia nem ao menos piscar meus olhos.

Eu não conseguia ouvir nada ao redor.

Eu não conseguia não tremer, não fazer uma cara de raiva e pavor. Eu não conseguia não chorar como se meu mundo tivesse acabado.

Tudo a minha volta borra, escurece, mas antes de fechar meus olhos involuntariamente e sofrer o que os outros chamam de ‘desmaio’, eu pude sintonizar, por alguns instantes, o que era aquilo. O que estava dentro daquela caixa.

Clara.

Era a cabeça de Clara que estava dentro da caixa.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando? Comentem, gritem, rabisquem na minha parede: apenas seja sincero, que críticas são sempre bem vindas:)



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