Um mundo sem você escrita por Silent Leaf


Capítulo 4
Você lembra, Eric?


Notas iniciais do capítulo

Olá e desculpa pela demora para postar, pessoal!
Tô sem internet em casa e por isso ficou difícil conseguir postar.
Escrevi esse capítulo no trabalho porque é o único lugar que tenho internet :x
Espero que gostem!



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“Preto para caçar durante a noite. Para morte e luto a cor é o branco.” Uma voz? “Dourado para uma noiva em seu vestido de casamento. E vermelho para invocar um feitiço.” Alguém recitando uma poesia. “Seda branca quando nossos corpos queimam. Bandeira azul quando os perdidos retornam.” Eu reconhecia aquela voz. “Chama para o nascimento de um Nephilim. E para lavar nossos pecados.”

–- Eric?!

Eu praticamente pulei daquela cama improvisada na frente da lareira e com isso acabei acordando a Tsuki. Era a voz do Eric, eu tinha certeza! Ele estava citando algum livro como sempre fazia. Olhei para os lados e dentro daquela sala não consegui o achar. “Cinza para o conhecimento incalculável.”

–- Eric?

Ainda desengonçado pela química entre a surpresa e o sono, sai buscando equilíbrio nos objetos próximos. Abri a porta para a cozinha e não encontrei ninguém. Voltei e encarei a Tsuki me olhando curiosa. Levei minhas mãos aos meus olhos, tentando me deixar um pouco mais acordado e fui em direção ao pequeno corredor que levava ao escritório e o quarto. “Ossos para aqueles que não envelhecem.”

–- Cadê você, cara?!

Abri a porta do escritório e não havia ninguém. Chequei o banheiro e nada. Finalmente fitei a maçaneta do quarto. Ele só podia estar ali. Tsuki se aproximou de mim até parar do meu lado, como me pedindo para abrir a porta. “Luzes douradas na marcha da vitória.”. Levei a mão à frente com um sorriso no rosto. Realmente, agora eu percebia, o som vinha de dentro do quarto. Quando foi que aquele desgraçado entrou? E nem para me acordar? Ri com meus próprios pensamentos e abri a porta. Ele não estava lá. Meu sorriso murchou. Entrei no banheiro do quarto sem esperanças e não me surpreendi por ele não estar lá também. “Verde irá reparar nossos corações partidos.” De onde vinha aquela voz? Tsuki latiu, como se me chamasse de volta ao quarto. Obedeci. Olhei para ela, confuso e sinceramente triste. “Prata para as torres demoníacas.”.

– O que foi, Tsuki?

Perguntei um pouco sem paciência para brincadeiras, mas ela não olhava para mim. Em cima da mesa de cabeceira, um pequeno rádio. Não me surpreendi por estar funcionando, afinal, trabalhava com baterias. Apenas me perguntava quem o colocou ali. A quem pertencia. A voz, parecida com a do Eric, saia daquele equipamento de bolso. “E bronze para invocar poderes perversos”. Não sabia o que sentir ou pensar. Estava em um conflito de sentimentos, um nó na minha mente. Fiquei parado por alguns segundos. Toda aquela esperança que eu tinha de encontrar o Eric escorria, saindo do meu corpo.

– Esse foi o livro que você me deu, Kas. “Cidade do Fogo Celestial” da série “Os Instrumentos Mortais”. – Aquela voz no rádio havia me chamado! Ainda por cima, usando meu apelido! Seria mesmo o Eric do outro lado? – Você lembra o quanto eu queria esse livro?

–- Eric! – Eu gritei enquanto pegava o rádio na mão. – Eu lembro, Eric! É claro que eu lembro!

Tinha me jogado na cama, com lágrimas nos olhos. Era a voz dele! Sabia que ele não podia me escutar do outro lado daquele aparelho, mas isso pouco importava. Estava emocionado de saber que ele estava em algum lugar, bem. Vivo. Sorri entre minhas lágrimas. Eu tinha que achar ele. Estaria ele na casa dele? Levantei, decidido. Passaria lá primeiro antes de procurar a Lia. Como estaria ela? Fazia um tempo que seu rosto não ocupava a minha cabeça com suas memórias.

Determinado a visitar a casa do meu grande amigo, em uma tentativa de encontrá-lo, comecei a preparar uma mala. Coloquei apenas o básico para os próximos dias. Algumas roupas próprias para aguentar o frio, um punhado de comidas engarrafadas e a maioria do equipamento que funcionava à bateria que podia carregar e me poderia ser útil. Entre esses, a minha lanterna e o rádio que encontrei me pareciam os mais necessários. O rádio tinha ficado mudo desde a hora que o agarrei, mas eu não soltaria ele por nada desse mundo. Era a minha conexão com o Eric e embora eu não pudesse responder, apenas escutar, já era uma companhia e tanto. Ele e a Tsuki. Sentia como se uma parte do Eric e da Thaís estivesse comigo ali nesse momento tão solitário. Olhei para Tsuki sorrindo que, ao botar a língua para fora, me fez entender que estava sorrindo para mim também.

Ao abrir a porta de entrada da casa, lembrei da neve da noite anterior. O chão estava todo branco e fofo. Olhei para o céu, claro e vazio, como o mundo no qual acordei. O sol brilhante enganava o corpo, mas não seria possível passar mais do que alguns minutos sem casaco fora de casa. Senti um pouco de pena da Tsuki no primeiro momento, mas ao ver aquela coisa peluda se jogar de cara no primeiro monte de neve que apareceu na sua frente, a preocupação foi embora. Gargalhei sozinho. Tomei um susto com uma voz que surgiu como um fantasma nas minhas costas. Era o rádio em meu bolso traseiro. Eric. Começou a contar mais um trecho de um de seus livros. Abri um sorriso de orelha à orelha. Eu nunca gostei tanto de escutar as suas histórias. Me senti animado, mas com o espírito calmo. Dei meus primeiros passos para fora de casa, pouco me preocupando se a porta ficaria aberta ou fechada. Era o começo do meu segundo dia naquele mundo abandonado. O dia em que com toda a certeza encontraria alguém. Fosse essa pessoa um amigo, minha namorada ou um desconhecido. Eu não acreditava mais na ideia de que estava sozinho. O mundo era grande demais para que eu fosse o único. Definitivamente, havia alguém mais.

Com aquele mesmo sorriso no rosto segui em direção à casa de Eric. O endereço não era longe de onde eu morava, mas cada passo que dava aumentava a ansiedade e o nervosismo. Por mais que estivesse animado e otimista, qualquer resistência contra o terrível vírus dos “e se”s era inútil. E se ele não estivesse lá? E se eu nunca mais o encontrasse? E se eu nunca mais encontrasse ninguém? Em nenhum lugar. Nunca. Olhei para a Tsuki com uma expressão triste. Ela me fitou, talvez entendendo como eu me sentia. Será que ela tinha aquele medo de estar só? Será que só a minha companhia seria o suficiente? Ela correu na minha frente e se atirou no próximo monte de neve, rolando naquela branquidão. Eu não pude resistir e comecei a rir novamente. Não importava o momento ou a incerteza que me consumia, ela conseguia me fazer rir sempre.


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Notas finais do capítulo

Lembrem que eu escrevi isso no trabalho, haha!
Peguem leve na crítica por isso :P
Até a próxima e tenham um ótimo dia!!



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