Brincando com Fogo escrita por Dreamy Girl


Capítulo 10
Capitulo 10 - Final-




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Hinata estava deitada em sua cama na manhã seguinte, e pensa­mentos sobre Naruto lhe invadiam o sono. Visões do dia que pas­saram juntos lhe passavam pela mente.

Diversão ao sol.

Sim, Naruto havia cuidado daquilo. E de muito mais. Com o corpo ainda saciado depois do clímax incrível que ele lhe tinha proporcionado, Hinata reviveu cada momento do encontro sexual e do comportamento generoso de Naruto. Ela estava completa­mente, cem por cento apaixonada por ele, e havia chegado bem perto de lhe dizer isso pelo menos dez vezes no dia anterior, na piscina.

Mas Naruto jamais havia falado sobre o futuro com ela. Ele nunca dera a entender que queria a reconciliação. E controlara seu próprio desejo na tarde anterior, para manter seu acordo com ela, e continuar com sua chantagem.

Por quê? Nada havia se modificado entre eles naquelas últimas semanas?

Os comentários de Sasuke sobre Naruto magoá-la nunca esta­vam muito longe de sua cabeça. O que ele quisera dizer com aqui­lo? Ela não podia evitar pensar que Sasuke, mesmo em seu estado de embriaguez, ou talvez por causa dele, havia se preocupado em alertá-la a respeito de Naruto. E então, na piscina, quando ela havia mencionado seu plano de abrir um estúdio de dança em Somerset, a falta de reação de Naruto ferira o seu orgulho. Estava bem claro que Naruto não gostava da idéia. Na verdade, por alguns segundos, todo o seu comportamento tinha mudado.

Ela não havia pensado muito na reação dele no dia anterior, eles estavam envolvidos demais um com o outro para que ela ti­vesse pensamentos objetivos. Mas agora, na claridade da manhã, ela enfrentou os fatos.

— Ele não me quer em Tokio — Hinata resmungou, seu co­ração doendo com a percepção.

Hinata reuniu sua coragem. Em vez de deliberar sobre o assunto o dia inteiro, enlouquecendo a si mesma, ela decidiu descobrir a verdade. Ou pelo menos descobrir o que os comentários de Sasuke significavam.

Com aquela ideia na cabeça, Hinata se levantou da cama e tomou um banho. Ela secou os cabelos, colocou um vestido de verão amarelo, calçou sandálias e apanhou o telefone celular em sua bolsa para telefonar para Sasuke.

Uma hora mais tarde, ela estava frente a frente com Sasuke Uchiha, em seu escritório executivo no andar mais alto do edifício da Petrolífera Uchiha.

— Obrigada por me receber tão em cima da hora — disse Hinata, sentando-se em uma das duas cadeiras à frente da mesa dele.

— O prazer é meu — disse ele, sentado casualmente na beirada da mesa, a apenas alguns metros dela. — Você gostaria de uma xícara de café, ou mais alguma coisa? — Sasuke se inclinou por sobre a mesa, com um dedo no botão do interfone, pronto para atender a qualquer pedido dela.

— Não, obrigada, Sasuke. Ele se endireitou e sorriu.

— Tudo bem. — Seus olhos escuros estavam curiosos e ele ti­nha uma expressão sincera no rosto. — Fiquei um pouco surpreso por você ter pedido para me ver. Qual é o problema?

Hinata passou as mãos sobre as dobras do vestido, e então olhou firmemente nos olhos dele.

—É sobre Naruto.

— Tu... do bem. — Sasuke disse lentamente, parecendo um pouco confuso.

— Na outra noite, na sua casa, você me disse algo que não entendi bem.

— Eu provavelmente disse muitas coisas sem sentido naquela noite.

— Você fez questão de me levar para um canto e me alertar sobre Naruto. Você disse que ele estava determinado. E que me magoaria.

Sasuke desviou o olhar.

— Eu disse isso?

— Você não se lembra de ter me dito isso? Sasuke olhou para ela diretamente.

— Não... Não me lembro de lhe dizer isso.

— Mas você sabe o que isso significa, não sabe?

Sasuke se levantou, contornou a mesa e a encarou mais uma vez.

— Hinata, se eu disse algo naquela noite que a aborreceu, peço-lhe desculpas.

Hinata sacudiu a cabeça e se levantou.

— A única coisa que me aborrece é não saber o que você quis me dizer. Você sabe o que está acontecendo com Naruto. Agora, vai ou não vai me contar a verdade?

Sasuke olhou para ela por longos segundos. Ela quase podia ver o debate que se passava dentro da cabeça dele. Ele sabia de algo.

Ela lhe dirigiu um olhar penetrante, recusando-se a recuar, mesmo que isso significasse ouvir algo sobre Naruto que ela definitiva­mente não queria ouvir.

— Ele é um dos meus melhores amigos — disse Sasuke. Hinata se manteve firme, pacientemente. Ela não iria deixar Sasuke se livrar daquilo tão facilmente. E continuou a olhar para ele.

— Tudo bem. Sente-se. Provavelmente, vai ser melhor assim. Vocês dois precisam conversar sobre isso. Eu lhe direi tudo o que sei.

Hinata olhou para o relógio da mesinha de cabeceira do ho­tel. Naruto chegaria a qualquer minuto. Seria a última noite que passariam juntos, e ela planejava torná-la inesquecível.

Ela tivera de arrancar as palavras da boca de Sasuke, naquela manhã. Pobre homem. Ele havia tentado sinceramente não ma­goá-la, mas não fora preciso muitas palavras para que Hinata con­seguisse enxergar a situação de forma completa. Ela sempre fora muito boa em montar quebra-cabeças, fazer as peças se encaixa­rem. E quando juntou as peças.do que Sasuke sabia com as próprias suspeitas, ela montou o quebra-cabeça inteiro bem rápido. Sabia do plano de Naruto, e já estava cansada de jogar o joguinho dele. Já era hora de Hinata assumir o controle da situação. Naquela noi­te, ela jogaria seu próprio jogo e, infelizmente, nenhum dos dois sairia vencedor.

Furiosa com o seu futuro ex-marido, Hinata não tivera nem tem­po de sentir a tremenda mágoa que ela sabia que iria se seguir. Naquele momento, a fúria a alimentava e ela só queria dar a Naruto uma dose do próprio remédio.

— Você merece, querido.

Quando ele bateu à porta de seu quarto de hotel, Hinata assumiu o papel tanto mental quanto fisicamente. Ela vestiu seu roupão de seda e caminhou até a porta. Respirando fundo para acalmar seus nervos, ela a abriu.

— Oi. Cheguei cedo?

— Não, você chegou bem na hora.

As sobrancelhas de Naruto se uniram, numa expressão ainda mais confusa.

— Vou avisar ao motorista da limusine para esperar. O jantar é sóàs oito. Planejei uma grande noite...

Hinata tirou o roupão, deixando-o cair no chão a seus pés. Ela teve uma grande satisfação ao ver os olhos profundamente azuis de Naruto se arregalarem de admiração. Ela permitiu a ele al­guns segundos de choque, ao vê-la usando a lingerie de seda preta que desenhava cada uma de suas curvas. Rendas estrategi­camente aplicadas serviam para esconder e provocar ao mesmo tempo, expondo o corpo dela em áreas que fariam a Mulher Gato corar.

Hinata agarrou Naruto pela gravata de seda e puxou-o para dentro do quarto. Estendendo a perna por detrás dele em um movimento fluido, ela chutou a porta e o encurralou contra ela.

— Nada de encontro, nada de jantar. Jáé hora, Naruto. Para nós dois. — Ela enlaçou o pescoço dele com os braços e colou os lábios aos dele, deixando o gosto de cereja em sua boca.

Hinata se afastou e olhou para ele. Completamente confuso, Naruto olhou ao seu redor. Duas dúzias de castiçais de velas iluminavam o quarto e perfumavam o ar com um cheiro doce de baunilha. Pétalas de rosas decoravam a cama de casal, e os lençóis se encontravam virados de forma provocante. Morangos cobertos de chocolate e uma garrafa de champanhe, gelando em um balde de prata, estavam em uma bandeja sobre a mesa junto à janela.

— Hinata, o que significa tudo isso?

— Você fala demais, querido. — Ela afrouxou a gravata dele, retirando-a pela cabeça. — A hora de conversar já passou. Faça amor comigo. É isso que nós dois queremos.

Ela não iria se negar aquela noite. Desde que mantivesse o con­trole, tudo ficaria bem. Ela desabotoou a camisa dele e correu as mãos por seu peito firme e perfeito.

— Vamos, querido. Pensei que você iria ficar tão excitado com isso tudo tanto quanto eu. — Hinata mordiscou o lábio inferior dele, e traçou o contorno de sua boca com a língua.

Naruto gemeu e escorregou a língua para dentro da boca de Hinata, levando-a em unia jornada erótica e selvagem com apenas um beijo ardente.

— Hmm, Naruto. Mal posso esperar para ter você dentro de mim.

— Droga, Hinata. Continue a falar desse jeito e nós não vamos conseguir chegar à cama.

— E desde quando nós precisamos de uma cama? — Hinata mordiscou os lábios dele novamente.

Naruto respirou fundo e arrancou a camisa. Imediatamente, ela o tocou mais uma vez, correndo as mãos por sua pele e pressio­nando a língua contra seus mamilos duros.

— Estou mais velho agora. Gosto de certo conforto.

— Oh, mas que pena. Eu queria dançar para você.

— Dançar para mim?

Hinata assentiu inocentemente.

— O que você quer que eu faça?

— Deite-se na cama e assista.

Naruto respirou fundo, precisando de oxigênio.

— Tudo bem. — Ele a colocou no chão.

Hinata conectou seu iPod às caixas de som na mesa de cabeceira e apertou o botão play, escolhendo uma música específica. Quando ela se virou, Naruto estava banhado em luz de velas, deitado de costas em sua cama, com a cabeça apoiada no travesseiro.

— Vocêé uma linda mulher, Hinata Uzumaki.

Ela fechou os olhos e deixou que a música a envolvesse. En­tão, começou a se mover, girando o corpo, balançando os quadris sensualmente. Tudo o que ela trazia em si, tudo o que sentia por Naruto, o amor que nunca declarara, Hinata expressava em sua dan­ça. Ela decidiu dar aquele presente a Naruto, aquela exposição do mais íntimo de seu ser, para que ele se lembrasse daquele tempo com ela, e soubesse que nenhuma outra mulher poderia lhe dar o que ela lhe dera.

Hinata não tinha uma célula vingativa no corpo, mas se sentia compelida a fazer aquilo. Por causa de seu próprio senso de jus­tiça. Ele a magoara além do possível, e ela esperava que aquele presente fosse sua perdição.

Quando a música terminou, Hinata abriu os olhos completamen­te, encarando Naruto. A expressão maravilhada no rosto dele quase destruiu sua determinação.

— Hinata... — Ele não conseguiu encontrar as palavras, e Hinata soube naquele momento que o que ele sentia era honesto e ver­dadeiro.

Ela sorriu, e por alguns segundos esqueceu-se da traição dele.

— Ainda não acabei. — Ela escolheu uma música diferente. Era suave e sensual, e a letra falava sobre suspeitas. Ela se moveu lentamente, sensualmente, despindo a lingerie de forma provocante. Hinata jogou a peça para longe, e ficou de pé na frente de Naruto, nua.

—Toque-me, Naruto. Quero me lembrar das suas mãos em mim.

— Hinata — disse,Naruto, sua voz pouco mais do que um sussurro.

Ele se ajoelhou à frente dela e a ajudou a subir na cama. De joelhos também, eles ficaram frente a frente. Naruto a beijou, e encostou os dedos nos lábios dela. Ele deslizou a mão pelo pes­coço de Hinata, e a beijou ali, e então desceu ainda mais. Toman­do os seios dela nas mãos, ele os acariciou, fazendo com que os nervos de Hinata ficassem à flor da pele. Ela fechou os olhos e se agarrou a ele, deliciando-se com a sensação das mãos dele a acariciando. Ele correu os dedos pelo corpo dela, provocando-a, tentando-a, e então acariciou gentilmente a área entre as pernas de Hinata, tocando-a apenas o suficiente para fazer sua cabeça girar.

Em seguida, ele tocou as coxas dela, até onde conseguia al­cançar, e segurou-lhe as pernas, deslizando as mãos na pele da esposa. Ela se arrepiou em expectativa, e quando ele finalmente tocou os músculos firmes de seu traseiro, Hinata soltou um ge­mido de prazer. Naruto segurou-lhe a cabeça então, seu controle já levado ao limite. Ele esmagou os lábios dela com os seus, repetidamente.

— Você está me matando devagar, querida.

O coração de Hinata quase parou. Ela precisava de Naruto. Pre­cisava construir aquela lembrança, antes de se despedir dele para sempre. Tomando as rédeas da situação, ela empurrou-lhe o peito, fazendo-o cair sobre a cama. Ele obedeceu espontaneamente, com um grande sorriso no rosto.

Ela abriu o cinto dele e o soltou dos passadores. Em seguida, removeu as meias e os sapatos de Naruto, atirando-os para o lado antes de tirar sua calça. Ele estava nu à sua frente agora, sua po­derosa virilidade, uma tentação por si só. Hinata o tocou, fechando a mão em torno da rigidez lisa como seda. Ela o acariciou várias vezes, fazendo com que ele gemesse no fundo da garganta.

— Querida?

— Sei o que estou fazendo, Naruto.

— Ah... Não duvido, mas...

Hinata substituiu suas mãos por sua boca, silenciando qualquer observação que ele tencionasse fazer. Ele ficou deitado em silên­cio, enquanto ela fazia amor com ele. A tensão cresceu rapida­mente, dali em diante. A respiração de ambos estava acelerada, e eles se moviam com um desejo que só podia ser satisfeito de uma maneira. O calor ardente e a umidade colavam seus corpos. Hinata queria aquilo. Sonhara com aquilo. E não se negaria nada, agora.

Ela se ergueu sobre o marido, montando sobre suas pernas, e olhou no fundo dos olhos dele. Naruto parecia compreender a necessidade dela. Ele a segurou pelos quadris e ela desceu o cor­po, tomando-o dentro de si. As sensações percorreram todo o seu sistema nervoso, uma mistura de prazer e desejo, necessidade e querer, satisfação e saciedade. Hinata deu um grito, e Naruto gemeu como se sentisse dor. Ela retribuiu o olhar dele, unida a ele agora, sentindo-se completa. Lembranças vivas de sexo alucinante e um amor dolorido passavam pelas mentes de ambos.

— Oh, sim, Hinata.

— Eu sei, querido. — Ela se moveu com mais determinação, e ele soltou um grunhido de satisfação.

Ela se ergueu e desceu novamente, tomando-o ainda mais pro­fundamente. Sua pele se arrepiou. Seu corpo ficou tenso sobre o dele, e seus mamilos endureceram, tornando-se pequenos picos.

Eles olharam um para o outro por entre a luz de velas e péta­las de rosas. Mas nada daquilo importava. A simples união deles já era suficiente para garantir imagens eróticas e uma atmosfera romântica. Era tudo o que ambos precisavam. Guiada por Naruto, Hinata se moveu sobre ele, tomando-o cada vez mais rápido e pro­fundamente, até que seu corpo ficou rígido com a tensão do clí­max. Correntes elétricas sacudiam suas terminações nervosas, e ela se ergueu novamente.

— Deixe acontecer, querida — Naruto sussurrou, com a voz entrecortada.

Ela desceu o corpo novamente, com força, enquanto faíscas elétricas a atravessavam. Ela continuou a se mover, o corpo tenso, os nervos sensíveis. Seu clímax explodiu rápido, e a sacudiu até o fundo de seu ser. Ela se perdeu na sensação por um momento, an­tes de Naruto puxá-la para si, apertando-a contra seu corpo quente.

— Isso foi incrível — disse ele, beijando-a.

— Agora é a sua vez — disse Hinata, beijando-o ferozmente.

— Oh, sim.

Naruto a rolou e deitou-a de costas, beijando-a suavemente no rosto, no queixo e no pescoço. Ele lhe acariciou os seios, dedican­do muita atenção a cada bico enrijecido com a língua. Com sua excitação ainda insatisfeita, ele sentiu Hinata se movendo sob ele.

— Depressa, querido, preciso de você dentro de mim mais uma vez.

— Só estou me certificando de que você está pronta.

— Estou sempre pronta.

Naruto beijou-a uma última vez antes de abrir as pernas dela e penetrá-la, com um movimento profundo.

— Amo isso em você.

Hinata se sentia como se tivesse voltado para casa. Estar com Naruto, fazer amor, trocar intimidades, tudo lhe parecia tão certo. Havia tantas coisas que Naruto dissera que amava a seu respeito... E ainda assim, ele não a amava. A tristeza encheu o coração dela novamente, sabendo que aquilo era apenas um joguinho de vin­gança. Só que naquela noite, quem ditava as regras era ela. Logo, tudo estaria acabado.

Hinata afastou aqueles pensamentos e se concentrou no prazer que Naruto estava lhe dando. Ela jurou que o faria se lembrar da­quela noite, e nada a impediria. Naruto manteve movimentos lentos, profundos, por tempo suficiente para levar Hinata à beira do orgasmo mais uma vez. Ele se movia dentro dela como se estivesse registrando o momento na memória, cada gesto poderoso de seu corpo deliberado e controlado.

— Hinata, senti sua falta.

Ela tentou bloquear aquilo de sua mente. Recusava-se a acre­ditar nele, e decidiu considerar aquelas palavras como loucuras de um homem excitado. Em vez das declarações dele, ela resolveu se concentrar nas maravilhosas explosões que sacudiam seu corpo.

Quando Naruto arqueou as costas, seu rosto entregue ao clímax, Hinata se ergueu, aquelas pequenas explosões esperando, crescen­do. Naruto murmurou o nome dela, com um último movimento dentro de seu corpo, e Hinata deixou-se levar. O orgasmo sacudiu a ambos, e o prazer completo e agonizante de seus corpos os uniu como se fossem um só.

Naruto descansou o corpo sobre o de Hinata gentilmente, tomando-a em seus braços. Ele a beijou apaixonadamente, murmurando:

— Sabia que seria assim.

Hinata sorriu tristemente. A verdade era a verdade.

— Eu também.

Hinata acordou em uma cama vazia. O quarto estava banhado pela luz das velas, é ela apertou os olhos, concentrando-se e sentan­do-se na cama, Naruto estava de pé do outro lado do quarto, de cal­ça, mas descalço, servindo duas taças de champanhe para os dois.

— Dormiu bem? — ele perguntou, voltando-se para ela.

— Hmm...

Eles haviam exaurido um ao outro, fazendo amor de novo, ba­tizando vários cantos do quarto, em posições sentadas e em pé. Depois, ambos caíram em um sono profundo, ainda que curto.

— Está na hora do champanhe, querida.

Hinata olhou para o relógio digital na mesinha de cabeceira, e depois se levantou, vestindo o roupão. Ela apertou o cinto com um puxão e se aproximou dele.

— Para brindar ao nosso divórcio?

Naruto franziu o rosto visivelmente. Hinata reuniu sua fúria.

— Ou talvez você queira roubar mais dez ou vinte minutos da minha alma?

— Hinata, o que há de errado? — Ele tentou entregar a taça para ela, mas ela se recusou a aceitá-la.

Ela se recusaria a aceitar qualquer coisa de Naruto, pelo resto da vida.

Hinata caminhou até a mesinha de cabeceira e abriu a gaveta.

— Acho que já cumpri todos os termos da sua chantagem, Naruto. — Ela retirou os papéis do divórcio de uma pasta. — Agora, está na hora de você assinar na linha pontilhada.

Um tique nervoso fazia o queixo de Naruto tremer. Ele a obser­vou cuidadosamente, e colocou as taças de champanhe na mesa.

— Jáé quase meia-noite. Minhas duas semanas acabaram. Hinata revirou os olhos dramaticamente.

— Graças a Deus.

O rosto de Naruto ficou vermelho. Ele caminhou até ela e agar­rou seus braços.

— Que diabo possuiu você?

— Além de você?

Naruto recuou como se tivesse levado um tapa.

— Quero o divórcio, Naruto. Fiz por merecer. — Ela se recusa­va a chorar, a deixar Naruto ver sua vitória.

Ele quisera magoá-la, e conseguira. Ela havia mordido a isca, com anzol e tudo, e se apaixonara novamente por ele, mas não lhe daria a satisfação de saber que havia vencido seu joguinho.

— Não acredito em você.

— Por quê? Por que você não acredita em mim? Porque joguei o seu jogo, e deixei que você me manipulasse o tempo todo que estive aqui? Achou que eu iria me apaixonar loucamente por você de novo? Assine os papéis e saia, Naruto.

— Você está zangada, Hinata. Raios, também fiquei, quando me deixou. Não conseguia acreditar que tivesse abandonado o nosso casamento. Foi tão fácil assim? Você simplesmente foi embora e começou uma vida nova em Konoha.

— Não se trata disso, Naruto. De jeito nenhum. Pensei que você tivesse mudado, mas você provou que não mudou. Ainda tem sede de sangue, ainda quer vencer a todo custo, não importa quem ma­goe. Você tinha de ter sua vingança, não é? Tinha de me destruir. Você tinha de...

— Quem foi que lhe disse isso?

— Não tente negar. Sei que é verdade. Naruto respirou fundo e sacudiu a cabeça.

— Que droga, Hinata! Que inferno!

Hinata bebeu toda a taça de champanhe, e então virou as costas para ele de uma vez por todas. Seu coração doía só de olhar para ele, pensando na paixão que tinham acabado de compartilhar. Ele não tinha, se desculpado nenhuma vez. Em nenhum momento ha­via demonstrado algum sinal de esperança. Em nenhum momento lhe confessara querer a reconciliação.

— Assine os papéis, Naruto. E saia daqui.

— Tudo bem!

Então Hinata desmoronou. As lágrimas escorreram por seu rosto e ela soluçou, estremecendo violentamente. Ela se sentia como se tivesse sido partida ao meio. Sua cabeça doía e seu coração caiu num profundo poço de desespero.

Seu casamento estava terminado. Ela caminhou até a cama e se deitou, tremendo e se apoiando na cabeceira. Olhando para a mesinha para ver a prova assinada dos votos rompidos, ela piscou, confusa.

— O quê? — Prendendo o fôlego, ela se levantou e examinou a mesinha com mais cuidado.

Com um puxão forte, ela abriu a gaveta e um milhão de pen­samentos lhe invadiu a cabeça. Os papéis do divórcio haviam sumido.

Naruto bateu a porta da cobertura com força e jogou seu paletó para longe. Dez buquês de flores espalhados pela sala perfuma­vam o ar docemente. Velas haviam sido colocadas em todos os cantos do apartamento, esperando para serem acesas. Sobremesas deliciosas, colocadas na mesa de jantar, adicionavam um ar ro­mântico ao cômodo enquanto o champanhe gelava em um armário de vinhos. A cena de sedução que ele planejara parecia zombar dele, com uma claridade doentia. Hinata o havia derrotado em seu próprio jogo. E ainda assim, ele atingira seus objetivos, e se odia­va por isso. Tudo o que eles haviam construído nas duas últimas semanas fora apagado em apenas alguns minutos, naquela noite. Naruto pensara que sabia o que queria. Aparentemente, ele estivera errado. Tendo perdido a noção do tempo, ele apanhou o celular e telefonou para Gaara, acordando-o.

— Ei, cara, você sabe que horas são?

— Desculpe-me. Ouça, preciso saber se você falou com a Hinata hoje.

— Não, não falei com ela. As suas duas semanas já não aca­baram?

— Há exatamente uma hora, sim. Meu tempo acabou. Preciso correr.

Em seguida, ele discou o número de Sasuke.

— Você viu a Hinata hoje?

— Sim, Hinata foi me ver hoje. Ela sabia que havia algo errado com você, e me pediu para ser honesto com ela.

— O que você disse a ela?

— Não tive de lhe dizer muita coisa. Ela é uma mulher inteli­gente. Percebeu o que você estava fazendo. Você deveria ter visto a expressão no rosto dela.

— Furiosa, imagino.

— Não, isso teria sido mais fácil de encarar. Ela ficou com­pletamente devastada. Hinata parecia derrotada e ferida. Ela está apaixonada por você.

Naruto fechou os olhos com força. Ele vira a devastação no rosto dela naquela noite, e a ouvira em sua voz trêmula. Queria ir até ela e contar-lhe verdades que acabara de perceber, mas ela estava zangada e magoada demais. Ela não o ouviria. Não acredi­taria nele. Naruto precisava pensar bem, e compreender algumas coisas.

— Estraguei tudo com ela. E não venha me dizer "eu avisei".

— Você assinou os papéis do divórcio?

— Não. Foi a primeira vez na minha vida que voltei atrás em um acordo. Mas não consegui assiná-los. Eu os trouxe comigo.

— Você a ama, Dobe?

— Sim, percebi isso esta noite. Nunca deixei de amá-la. Mas dizer isso a ela não teria significado nada para Hinata. Não depois do inferno pelo que a fiz passar.

— E agora?

— Agora, vou ter de chantageá-la mais uma vez, para forçá-la a me ouvir.

— Oh, amigo. Boa sorte.

* * *

Os papéis do divórcio estão assinados. Você só precisa vir até aqui e buscá-los.

Hinata estava fervendo de raiva, enquanto dirigia o carro aluga­do até o endereço que Naruto lhe dera. Ele lhe telefonara naquela manhã e lhe oferecera um serviço de limusine para buscá-la, mas ela havia recusado. Ela não queria ter mais nada a ver com Naruto Novak, sua limusine ou sua vida.

— Por que tudo com vocêé tão difícil, Naruto? Não podia simplesmente ter assinado os papéis na noite passada? Não, você sempre tem de fazer tudo segundo os seus termos. Sempre tem de estar no controle. — Hinata praguejou enquanto acelerava o carro, conferindo o endereço que Naruto lhe dera.

Ela só tinha tempo para apanhar os papéis e chegar ao aeropor­to. Seu voo decolava em duas horas.

Estacionou e checou novamente o endereço. Ela estava no lu­gar certo. Saindo do carro, respirou fundo e se dirigiu a um edifí­cio ainda em construção.

Era um espaço amplo e vazio, com pó de madeira no chão, cujas janelas ainda iriam ser instaladas. Naruto saiu das sombras para encará-la. Ele parecia tão mal quanto ela se sentia; seus olhos estavam vermelhos e seu rosto tinha um ar atormentado. Vestindo as mesmas roupas da noite anterior, ele tinha um ar desgrenhado.

— Oi, Hinata.

— Você trouxe os papéis?

Ele fez que sim e apontou para um banquinho no canto do sa­lão. Ela olhou para o local que ele indicava, e reconheceu as pági­nas sobre as toras de madeira.

— Estão assinados.

— Obrigada.

— Espere!

— Não há nada mais a dizer, Naruto.

Ele lhe dirigiu um olhar sincero.

— Que tal "Eu amo você. Nunca deixei de amar você, Hinata. Mas não tinha percebido isso, até a noite passada. Fui um tolo, e peço perdão cem vezes por tê-la magoado tanto"?

— Como posso acreditar em você? Como posso confiar? Você planejou me magoar deliberadamente. E conseguiu.

— Não vou tentar justificar as minhas ações. Eu estava errado, no passado e agora. Estive mentindo para mim mesmo, todos es­tes anos. Deixei que meu orgulho e meu ego ficassem no caminho. Nós deveríamos ter conversado sobre isso, anos atrás.

— Admito que provavelmente não deveria ter fugido como fiz. Mas estava muito abalada. Não sabia como me aproximar de você

— confessou Hinata, finalmente reconhecendo sua parte de culpa no rompimento. — E quando você não foi atrás de mim, pensei que não se importasse mais.

— Hinata, eu deveria ter ido atrás de você. Deus sabe, eu a ama­va muito. Tudo o que fiz foi por você... Sou louco por você.

Hinata deixou escapar um sorriso, e Naruto sorriu também.

— Amo você, Hinata. E vou passar o resto da minha vida pro­vando isso.

— Nós estamos oficialmente divorciados, agora. A não ser que tenha mentido para mim, e não tenha assinado aqueles papéis.

— Eu os assinei, para provar o quanto a amo. Se você real­mente quiser me deixar, e abandonar Tokio, pode apanhá-los e ir. Mas... se existir uma chance para nós, quero oferecê-la a você.

— Ele fez um gesto com o braço, abarcando todo o salão. — Este lugar pode ser o seu estúdio de dança, Hinata. Você pode abrir o Dancing Lights bem aqui, em Tokio. Vou construir uma casa para você, e vamos enchê-la de filhos. Quero tudo isso com você. E vou provar, todos os dias e todas as noites, o quanto você sig­nifica para mim.

O coração de Hinata se apertou. Ela podia imaginar um estúdio novo ali. O lugar era perfeito. E o que era mais importante, podia imaginar-se construindo um lar com Naruto... começando de novo. E filhos. Oh, Deus, ele estava lhe oferecendo o sol, a lua e as es­trelas. Ela queria confiar nele, acreditar nele.

— Eu amo você, Hinata. Você me ama?

— Sim, é claro que amo você. Nunca deixei de amá-lo. Naruto tomou a mão dela e a apertou gentilmente.

— Então nos dê uma segunda chance, querida.

Hinata sorriu. Ela viu a verdade nos olhos dele, e a confiança que tinha nele foi restaurada. Ela se aproximou do banquinho de madeira e olhou para os papéis do divórcio, assinados.

— Depende de você, Hinata.

Naruto estava lhe dando uma saída. Ele havia abdicado do con­trole e deixado a decisão unicamente nas mãos dela. Ele a deixa­ria ir, se fosse aquilo o que ela queria. Mas ele a amava. E ela o amava, também.

Ela apanhou os papéis do divórcio.

— Realmente não tenho escolha. — Ela os rasgou no meio, deixando os pedaços caírem ao chão. — Amo você demais.

Naruto caminhou até ela e a tomou nos braços. Sua força e seu amor a envolveram, e ela soube que tinha tomado a decisão certa. Eles começaram a se mover juntos.

— Hmm, estou ouvindo música — disse Hinata, com um sorriso satisfeito, enquanto uma canção doce e alegre tocava em sua cabeça.

— Eu ouço música toda vez que abraço você. — Naruto apertou os braços em torno dela, e eles se moveram lentamente, para a frente e para trás. Posso sentir o amor, querida.

Lembrando-se da noite de seu casamento, e da música de Elton John que havia se tomado a marca registrada deles, Hinata beijou-o suavemente nos lábios.

— Eu também.

— Só me prometa uma coisa, querida.

— Qualquer coisa.

— Você vai dançar para mim todas as noites.

— Sim, eu prometo. E eles continuaram a se mover sob o ritmo do amor que soava em seus corações.


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