Beleza Morta escrita por gwenspenser


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo. :*



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4

O lugar se chamava 7th Hell, já na porta era possível ver pessoas quase fantasiadas, todas muito pálidas, vestidas de preto e algumas com olhos que pareciam brilhar na escuridão. Foi revistado por um segurança não menos estranho, que deveria ter uns dois metros de altura, entrou e foi direto para o bar, afinal era o lugar mais iluminado dali. A música parecia com um rock bem pesado, misturado a gritos de pavor e com gemidos causados por uma dor lancinante.

Era impossível negar que o ambiente o envolvia de modo surpreendente, um clima de pecado estava no ar, mulheres belas e com trajes sensuais o olhavam, quase clamando por seu corpo. Respirou, afinal tinha ido até ali com um propósito e não podia distrair-se. Pediu um drink e começou a observar as pessoas ao seu redor, de repente as imagens ficaram embaçadas, olhou para o barman e viu que ele sorria, a última coisa que viu foi uma mulher vindo em sua direção.

Miguel acordou com o despertador tocando, eram 6:30 da manhã. Ao se mexer, constatou que estava despido e com o corpo todo dolorido. Parecia que tinha bebido a noite toda e brigado, ou melhor, apanhado muito. Depois de uma ducha e de um café bem forte, as coisas começaram a fazer sentido em sua mente. Lembrou de sua ida à boate, do drink, do sorriso do barman e, principalmente, da mulher. Agora entendia parte do que tinha acontecido, tinha certeza de ter sido dopado, pela dor, também surrado. O resto talvez fosse melhor nem saber.

Foi então que o telefone tocou e do outro lado uma voz que lhe parecia conhecida, convidou-o para um encontro. Ele não sabia se ficava contente ou temeroso, mas aceitou o convite. A voz era de um daqueles estranhos do cemitério, o tal de Mestre, que certamente fora o responsável pelo que havia lhe acontecido na noite passada.

O momento esperado chegou e ele se encaminhou novamente para aquela boate. De onde não sabia nem como tinha saído outrora. Seus passos o levavam rumo ao desconhecido, ao passado de Fernanda e ao estranho elo que a unia a essas pessoas tão incomuns.

Encontrou seu anfitrião numa mesa próxima ao bar, de perto ele pareceu menos inofensivo. Até bastante carismático, senão sedutor. Diogo era seu nome, aparentava uns trinta e poucos anos, era moreno, com os cabelos, curtos e lisos. Tinha os olhos muito negros e grandes, que quase lhe hipnotizavam.

Diogo disse ser um grande amigo daquela que morrera, mas que seu nome era Gwendolyn e que ele a conhecera há uns três anos, naquele lugar:

Era uma noite chuvosa e fria, ela apareceu do nada. Demonstrava muita segurança e desenvoltura, como se já conhecesse esse lugar há muito. Sua aparência é que estava diferente, não tinha nada a ver, mas rapidamente ela mudou isso. Nós nos aproximamos quase que imediatamente, estávamos reservados um para o outro. Às vezes ela era obrigada a se afastar por causa da outra, mas logo resolveria isso. Se você se mostrar digno de confiança e for aprovado pelos meus companheiros, vai saber mais.

Diogo encerrou bruscamente sua narrativa e deixou Miguel sem ação. Disse-lhe para aproveitar a noite e fez sinal para uma mulher que os observava de longe. Ela se aproximou e sorriu para ambos, Diogo a apresentou como uma grande amiga de Gwendolyn e se afastou. Miguel pensou se ela era a mulher que vira antes de apagar na noite anterior, mas não tinha como ter certeza.

Começou a tratá-la educadamente, pois estava bastante receoso com ela e com aquele lugar. Mas para merecer a confiança de Diogo, fingiu tranqüilidade. Começaram um papo trivial sobre música e ele acabou falando sobre si mesmo e sobre Fernanda. Ardilosamente, a desconhecida conseguiu tirar de Miguel tudo sobre sua vida. E ainda iria seduzi-lo, afinal era bela, provocante e o fazia beber sem parar.

Naquela noite Miguel não voltou para casa, passou a noite com aquela mulher sedutora, que agora sabia se chamar Samantha. Quando acordou estava sozinho, levantou-se e andou pelo lugar. Um velho casarão, que tinha uma decoração antiga e mórbida, parecida com cenário de filme de terror.  Sobre um móvel empoeirado, encontrou um bilhete, no qual sua mais nova amiga convidava-o a voltar à noite, e dizia onde estava seu carro e como deveria fazer para voltar para casa.

Ele chega em casa animado e disposto, estava consciente do perigo que o rondava, mas ao mesmo tempo, estar próximo do passado de Fernanda e daquelas pessoas o excitava. Sabia que Diogo não era tão inofensivo como aparentava, e tinha certeza que Samanta era uma isca para pegá-lo, no entanto resolveu seguir em frente. O que ele não sabia é que retroceder seria impossível.

Nos dias que se seguiram, Miguel caiu numa rotina que misturava álcool, sexo e estranhas companhias que cada vez o envolviam mais. Samanta e Diogo tornaram-se seus companheiros inseparáveis de noitadas e orgias. O pouco tempo em que Miguel estava sóbrio, passava-o dormindo, refazendo-se de suas noitadas. Dormia o dia inteiro e acordava sempre às 23:00.

Uma noite Diogo o convidou para uma festa surpresa, que disse ser à fantasia. Quando Miguel chega ao endereço que lhe fora dado, vê seu anfitrião e Samantha com vestes negras amarradas com um cinto carmesim, um casal com batas brancas e faixas pretas e os demais de negro. Eles cantavam em latim e pareciam possuídos por forças sobrenaturais.

Miguel é conduzido a uma espécie de altar, quase que hipnotizado. Ele demonstra hesitação, mas Diogo lhe diz que para conhecer realmente Gwendolyn, ele terá que passar por tudo que ela passou. É o suficiente para que Miguel se entregue e penetre num submundo obscuro e tão perigoso quanto sedutor.

 


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Notas finais do capítulo

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