Emma voltou para casa pensando no beijo. Ela e Hook haviam, finalmente, se acertado. Sentia que poderia ser sua chance de amar novamente, confiar e abrir seu coração para um novo amor.

Andava pela rua escura tão perdida em seus pensamentos que não notou uma sombra que a observava de longe. Caminhava com um sorriso bobo quando de repente, sua expressão mudou, ao lembrar de Regina e a grande besteira que fizera. A culpa tomou seu ser fazendo-a se sentir cada vez mais angustiada. Não sabia o que poderia fazer para consertar o problema. Marian, a esposa de Robin havia "retornado dos mortos" e Regina havia ficado sem seu verdadeiro amor, novamente.

Ao chegar em casa, não conseguiu se concentrar em nada, apenas se deixou cair na cama enquanto buscava uma saída, até que mergulhou em um profundo sono, exausta com tudo que acabara de acontecer.

***

A loira dormia tranquilamente quando teve o sono interrompido por batidas à porta.

A campainha soou uma, duas, três vezes, até que ela finalmente conseguiu abrir os olhos imaginando quem seria àquela hora da noite. Arrastou-se lentamente em direção à porta e abriu-a. Não havia ninguém ali, então voltou para cama sem pensar duas vezes.

"Devo estar sonhando."

Assim que fechou os olhos ouviu as batidas novamente. Emma abriu-os, novamente, furiosa indo em direção à porta. Dessa vez, quando a abriu, se deparou com uma garota de vestido azul e cabelos ruivos, presos por um laço da mesma cor, que entrou e correu em direção à janela para abri-la.

– Bom dia princesa! Já está tarde e sua mãe está a sua espera no salão principal. – disse a garota enquanto começava a arrumar a cama.

– O... O quê?

A cabeça de Emma girava e ela achou que ia desmaiar. Olhou ao seu redor e percebeu que estava em um quarto completamente diferente, parecia realmente o quarto de uma princesa. Tapetes coloridos com desenhos ornamentais enfeitavam o chão ao redor da cama gigantesca, onde estava deitada. Uma cortina de renda azul cobria a imensa janela, que se estendia do teto ao chão. À sua esquerda ficava um espelho vertical de moldura dourada e ao lado uma pequena penteadeira com diversos tipos de frascos, caixinhas de porcelana, escovas e pentes. Ela levantou e andou até o espelho, constatando que era a mesma de antes, só que suas roupas eram diferentes. Até o pequeno colar, que usava todos os dias, havia sumido.

Em poucos minutos a garota terminou de arrumar o quarto e, então, mostrou à Emma o vestido que sua mãe havia pedido que ela provasse para o baile que aconteceria naquela noite. O vestido era lindo e com ajuda da ruiva, Emma resolveu provar.

"É apenas um sonho." Repetia em sua mente. Nada daquilo fazia sentido, só podia ser um sonho.

A empregada ajudou Emma a colocar o vestido, o que foi uma tarefa não muito fácil, devido ao espartilho extremamente apertado, e quando terminaram, começou a fazer um penteado. Emma se olhou no espelho, admirando a plebeia que se tornara uma princesa. O vestido caiu muito bem nela, o tecido branco realçava sua pele clara e seu cabelo refletia os detalhes prateados do decote, fazendo-o brilhar ainda mais. Algumas plumas pendiam de seu ombro esquerdo, eram delicadas e ao mesmo tempo rebeldes. A ruiva fez uma espécie de coque com algumas tranças finas e o prendeu com uma pequena coroa.

– Você está linda Emma! – disse enquanto admirava seu trabalho bem feito. Normalmente a princesa não deixava que ela fizesse penteados ou ao menos a ajudasse a vestir as roupas, por isso estava muito empolgada.

– Obrigada. – murmurou timidamente em resposta.

As duas saíram pela porta e começaram a andar pelo longo corredor, fazendo o barulho dos passos ecoarem ruidosamente. Emma tentava acompanhar a ruiva que andava rapidamente, mas o sapato apertado não estava ajudando. Logo a perdeu de vista, não conseguiu correr com todo aquele tecido atrapalhando e mal conseguia respirar com o espartilho apertando sua cintura. A garota parou um pouco para tomar fôlego quando sentiu algo agarrá-la pelas costas. Emma soltou-se daquele abraço apertado dando uma cabeçada para trás, desnorteando seu opressor.

A garota estava assustada. Apesar de suas habilidades mal conseguia se mover e duvidava que alguém a ouviria se gritasse, isso se tivesse fôlego, claro. Ela se virou para descobrir quem a atacara, movendo-se com dificuldade, e quando viu quem era quase tropeçou em seus próprios pés. O homem a segurou prontamente enquanto usava seu sorriso mais sedutor.

– Hook? – exclamou indignada.

– Nossa, amor, quando ficou tão agressiva? Teve aulas de luta com seu pai, Encantado? – debochou e deu uma piscadinha. Ela o empurrou se recompondo e admirou o pirata. No rosto estampava o sorriso malandro usual enquanto massageava o queixo extremamente avermelhado pelo golpe de Emma.

– O que faz aqui? – ela estava desnorteada. Sua mente parecia estar embaralhada com todas essas informações novas que recebia a cada segundo.

– Estava passando por perto e decidi fazer uma visita, amor. – disse agarrando a loira que não teve tempo de reagir. Aquele perfume a desnorteava, ela se rendeu a ele e o beijou.

Logo após ele se despediu, dizendo que voltaria mais tarde.
Emma lembrou o quanto Hook ficara com ciúme do seu "eu do passado" e imaginou se ele também teria ciúmes do seu "eu do sonho". Imaginado a situação não conteve uma risada. Hook a fazia se sentir como uma adolescente apaixonada. Ela sorriu sacudindo a cabeça e continuou andando pelo corredor, observando a enorme quantidade de portas ao seu redor.