IV 

 Recomeço

 

 

 

 

 "Amnésia?" Samantha perguntou confusa.

 

 

 "Sim." Suspirei antes de colocar as mãos em frente ao rosto, encostando-me à mesa de jantar de Emily. Estavam todos os Quileutes reunidos naquela tarde; Era incrível ver como a sala ficou silenciosa assim que dei a notícia.

 

 

 "Ela não se lembrará de ninguém.. nunca?" Foi a vez de Jullian perguntar - com seus braços cruzados e uma feição desapontada no rosto.

 

 

 "Carlisle disse que ela pode sim se lembrar." Respondi. Não havia percebido como minha voz saiu apagada. "Mas no tempo dela."

 

 

 O silêncio baixou sobre a sala novamente. Essa era a única vez que - mesmo cheia de lobisomens e suas respectivas impressões, - a sala da casa de Emily se mostrou quieta e triste.

 

 

 "Mas papai, e se ela.. não se lembrar?" Samantha perguntou com seus olhos pretos marejados. Assisti Seth caminhar até ela e abraçá-la ternamente.

 

 

 "Ela terá que começar de novo." Disse olhando para minhas mãos.

 

 

 "Talvez as crianças podem ajudá-la Jacob." Billy citou de sua cadeira, enquanto tomava uma xícara de café. "Elas tem poderes mentais não é?"

 

 

 "É pai, talvez possamos mandar imagens para ela, tentar ajudar." Jullian disse parecendo animado com a idéia.

 

 

 Eu odiava desapontar meus filhos, mas era impossível não o fazer no momento.

 

 

"Já falei com Carlisle sobre isso, ele disse que não é uma boa idéia sobrecarregar a mente dela com lembranças." Suspirei antes de continuar. "Ela vai ficar cada vez mais confusa se isso acontecer."

 

 

 "Então.. ela não pode saber que tem filhos?" Samantha perguntou indignada.

 

 

"Não por enquanto." Respondi apenas, no momento todos me olharam como se eu fosse maluco ou algo parecido - apesar de eu ser, as vezes.

 

 

 "Como assim pai?" Jullian abriu os braços, também indignado. "Ela tem que saber!"

 

 

 "Jullian, se coloque no lugar de sua mãe." Disse olhando-o seriamente. "Você acorda em uma bela manhã, com um homem que você não conhece ao seu lado, e quando vai para a cozinha tomar café, dois adolescentes com super-crescimento estão comendo panquecas em sua mesa de jantar. Acha isso justo?"

 

 

"Considerando o fato dela ser nossa mãe, sim." Ele respondeu nervoso. "Pai, você está sendo ridículo se pensa que ela pode ficar sem ver os filhos!"

 

 

 "Os filhos que ela não lembra quem são você quer dizer não é?!" Gritei, levantando-me da mesa. Sentia raiva naquele momento; Raiva por ele não entender a situação da mãe. Suspirei ao ver seu olhar triste. "Jullian.."

 

 

 "Não! Você está certo! Enganar a mamãe é a resposta! Vai em frente!" Ele gritou nervoso e assim deixou a cozinha de Emily, batendo a porta no percurso.

 

 

 Suspirei tentando acalmar meu nervosismo. Mas que droga! Aquele garoto tinha que ser tão cabeça dura quanto eu?! Malditos hormônios de lobo!

 

 

 "Desculpe por isso, Emm." Murmurei sem graça para ela - que apenas assentiu, antes de colocar à mesa outro bule de café. Sentei-me novamente na cadeira e abaixei minha cabeça, escondendo-as em meus braços.

 

 

 Logo senti duas mão quentes tocarem meu ombro por cima da camiseta. Então, levantei a cabeça para observar seus olhos me acalmarem. Minha filha tinha esse dom de sempre acalmar as pessoas - claro que não era seu poder, mas funcionava como tal.

 

 

 "Papai, eu concordo com você." Ela sorriu docemente. "Ela não pode sobrecarregar as informações, mas ela precisa saber. Não deve nos esconder assim dela."

 

 

 "Eu sei que é errado, mas é só por um tempo." Respondi. "Carlisle está apresentando as pessoas lentamente para ela. Nessie só conheceu Bella e Edward até agora."

 

 

 "Então.. enquanto isso o que vai fazer?" Ela perguntou curiosa.

 

 

 "Vocês podem passar alguns dias em La Push?" Perguntei sem graça. Fico grato por ao menos minha filha me compreender. "Preciso resolver umas coisas com ela."

 

 

 "Tudo bem papai." Ela sorriu, antes de olhar para a janela com uma feição impaciente. "Eu vou conversar com Jullian."

 

 

 Ela beijou minha testa com um sorriso suave em seus lábios, antes de pedir licença educadamente e deixar a cozinha de Emily, indo em direção à meu filho.

 

 

Não demorou muito para os cochichos começarem na cozinha - o que eu não dei a mínima; Não prestava atenção mesmo. Tudo que eu pensava era em algum plano para Nessie se lembrar. Eu sabia que isso tinha que ser em seu tempo. Sabia que não deveria sobrecarregá-la de informações. Isso eu tinha certeza.

 

 

Agora, o que eu não sabia era se ela ainda tinha algum tipo de sentimento por mim - o que eu realmente esperava que ela tivesse; Não parei de amá-la por nenhum segundo desse ano agonizante.

 

 

 Abaixei a cabeça, e quando levantei-a novamente, pode ver Seth sentar-se ao meu lado e olhar para os Quileutes - que no momento encaminhavam-se até a sala de estar. Claro, a fofoca já acabou não é?

 

 

 Bufei sozinho e revirei os olhos. Lobos farsantes.

 

 

 "Amnésia huh?" Seth murmurou ao meu lado, cortando o silêncio entre nós. Não respondi, apenas assenti com a cabeça, revirando o olhar para minhas mãos nervosas sob a mesa.

 

 

 "Isso é chato, sinto muito cara." Seth me olhou piedoso antes de pousar uma mão pelo meu ombro. "O que pretende fazer agora?"

 

 

 Olhei para ele novamente, não tinha noção de minha feição no momento.

 

 

 "Vou conquistá-la Seth, vou fazê-la se apaixonar por mim de novo."

 

 

 Pude ver Seth sorrir, a feição em seu rosto era de orgulho e aceitação.

 

 

 "Que bom, tenho certeza que ela vai lembrar de você rapidinho."

 

 

 "Valeu Seth." Sorri sinceramente para ele antes de me levantar cansado. "Bom, vou pra casa agora."

 

 

 Dirigi-me até a porta, acenando para os lobos reunidos na sala de estar e saí finalmente, sentindo a brisa refrescante da tarde balançar meus cabelos bagunçados. Antes que pudesse chegar até minha moto, ouço sua voz conhecida me chamar.

 

 

 "Jake?" Virei para ver seu rosto constrangido. "Eu tava pensando.."

 

 

 Observei ele colocar uma mão na nuca, mostrando todo seu nervosismo.

 

 

 "É sobre Sammy.. eu acho que.."

 

 

 "Seth, por favor." Implorei cansado. "Depois agente conversa, eu preciso ir."

 

 

 "Mas eu queria pedir.." Ele tentou novamente. Revirei os olhos.

 

 

 Poderia parecer que eu estava querendo me livrar daquele assunto - o que eu com certeza estava. Nunca é o melhor dia do mundo quando o suposto 'amiguinho' de sua filha vem pedir permissão para namorar. Essa não era a conversa que eu queria ter no momento.

 

 

 "Até mais Seth." Afirmei enquanto sentava em minha moto e colocava meus óculos escuros. Virei meu olhar para ele novamente. "E Seth?"

 

 

 "Sim?" Ele parecia desapontado.

 

 

 "Cuide de minha filha." Sorri sinceramente para ele e recebi o mesmo sorriso de volta.

 

 

 Assim, liguei a moto e segui em direção à minha casa.

 

 

 Menti a todos quando disse que tinha algo para fazer. Na verdade eu só queria sair daquela alcatéia o mais rápido possível. Eles não sabem como é ter mais de 10 pessoas te olhando com dó - o que eu mais odiava de presenciar. Então, por isso resolvi ir para casa, para ver se encontrava alguma paz.

 

 

 Retirei o óculos antes de abrir a porta de entrada - foi então que senti aquele cheiro inconfundível vindo de algum lugar da casa. Se Nessie não estivesse no hospital, podia jurar que ele passeou pela casa hoje. Seu cheiro estava tão forte e convincente, que me fez - por reflexo - fechar os olhos e sorrir sem perceber.

 

 

 Não sei o que era, mas me fazia bem.

 

 

 Chacoalhei a cabeça para tentar tirar esses pensamentos malucos de minha mente e sem mais demoras subi as escadas em direção a meu quarto - que parecia ser o lugar onde mais podia-se sentir sua fragrância inconfundível.

 

 

 Tirei minha camiseta e a joguei em qualquer lugar do quarto, em seguida caminhei até a grande cama de casal e me atirei nela, tentando cair no sono. Até que após alguns minutos de pensamentos sem importância, eu adormeci.

 

 

 

 ...

 

 

 Abri os olhos e estava caído no chão - devido ao susto que levei ao acordar. Não sei se era um sonho ou algo assim, mas um grito fino me despertou. Precisei esfregar os olhos para ver o que tinha acontecido.

 

 

 Fiquei sem palavras ao vê-la encostada à parede, com as duas mãos tapando sua boca e seus olhos chocolate arregalados para mim - como se fosse realmente uma surpresa me ver dormindo. Ah claro que era, ela perdera a memória.

 

 

 "O-O que está fazendo na minha cama?!" Ela gritou parecendo ainda ter medo.

 

 

"Ness?" Perguntei admirado; Era muito cedo para ela sair do hospital. "Uau, você parece ótima!"

 

 

 Levantei-me do chão no mesmo instante para caminhar até a sua direção. É claro que eu pretendia lhe dar um abraço, mas resolvi parar de caminhar quando lembrei o estado de minha pequena.

 

 

 Pude ver ela arregalar os olhos e passá-los timidamente por meu abdômen - a feição em seu rosto era de susto, raiva - o que a deixava cada vez mais adorável. Nessie andou de costas até encostá-las na parede, olhou para o lado e foi quando ela encontrou o abajur rústico em cima da cômoda. Assisti ela pegar o mesmo e esticá-lo acima da cabeça, como se estivesse me ameaçando.

 

 

 "Sai agora da minha casa antes que eu perca a cabeça!" Disse ela furiosa; Não pude deixar de sorrir.

 

 

 Ela realmente achava que um abajur de madeira iria me atingir? Bom, tecnicamente o abajur poderia não me atingir mas sim quem nos deu ele de presente. Se Rosalie soubesse que eu quebrei seu abajur com a cabeça, tenho certeza que não ficaria feliz.

 

 

 "Uou.. vai com calma querida." Estiquei as mãos sorrindo. "Por que você não me dá esse abajur e a gente conversa civilizadamente?"

 

 

 "Não se atreva a dar mais um passo!" Ela gritou exaltada, eu parei no mesmo instante, levantando a mão em sinal de rendição.

 

 

 "Tudo bem! Tudo bem!"

 

 

 "Ok.." Ela abaixou o abajur lentamente, mas não tirou-o de vista. "O que você faz aqui? Porque você sempre está sem camisa em todo lugar que eu te vejo?! Ah você deve ser um maluco que... entra no quarto das damas sem camisa!"

 

 

 "Uau.. que criatividade.." Sussurrei sorrindo malicioso; Pude ver ela me fuzilar com o olhar. "Tudo bem eu falo."

 

 

 Deus, o que eu estava fazendo? Não poderia dizer que somos casados. Isso seria muito rápido e inadequado pro momento. A solução então seria omitir a verdade até que ela se recupere.

 

 

 "Eu moro aqui." Confessei.

 

 

 Pude ver ela olhar para baixo confusa, antes de levantar o olhar - ainda furiosa - acompanhado do abajur. Assim, ela partiu para cima de mim com o mesmo. Só deu tempo de eu me virar de lado, recebendo as pancadas no braço.

 

 

 "Seu mentiroso!" Ela gritava enquanto me batia.

 

 

 É claro que eu não sentia muito, era como se estivessem me espancando com uma camisa de seda - sem maiores estragos. Não em mim claro, mas não posso falar nada do abajur.

 

 

 Ela só parou de me bater quando ouviu o barulho da lâmpada indo ao chão e espatifando-se em mil pedaços no piso de madeira. Nessie então olhou para o toco de madeira que restava em sua mão e o jogou em algum lugar, tapando em seguida sua boca com as mãos - parecia assustada com o que acabou de fazer.

 

 

Olhei para a pilha de cacos posicionados ao lado de meus pés. Suspirei antes de coçar a cabeça.

 

 

 "Rosalie vai odiar isso... " Murmurei sozinho.

 

 

 "Oh Deus! Eu te machuquei?" Ela perguntou dando um passo em minha direção e levando suas mãos pequenas à meu braço acertado.

 

 

 Fechei os olhos por um instante. Era tão bom ser tocado por minha pequena novamente - mesmo que só por uns meros 2 segundos. Já era uma ótima sensação. Abri os olhos antes que ela percebesse meu estado.

 

 

 "Não se preocupe, eu estou bem." Sorri sinceramente para a mesma.

 

 

 "Mas.. deve ter doído não é?"

 

 

 "Fez cócegas." Meu sorriso agora era divertido.

 

 

 "V-Você é forte.." Ela murmurou enquanto ainda segurava meu ombro em suas mãos macias. Até que ela percebeu o que fazia e caminhou para longe de mim constrangida.

 

 

 "E quente." Completei sorrindo malicioso, ela me olhou incrédula.

 

 

 "Eu preocupada com o que eu fiz, e você fica fazendo piadas?!"

 

 

 "Desculpe Ness.. É que senti tanta falta de você." Confessei enquanto virava o olhar para o chão. "Fico feliz por ter voltado. Estou aliviado."

 

 

 Ela se calou naquele momento e virou-se para a janela segurando os braços com as mãos. Caminhei até ela e pude ver que ela observava o maravilhoso pôr-do-sol que caía atrás das montanhas. Nunca vou entender sua atitude.

 

 

 "Hey.." Sussurrei em seu ouvido.

 

 

 Nessie então virou-se para mim e com muito custo olhou em meus olhos - ela chorava naquele momento. Apenas levantei minha mão para capturar suas lágrimas antes que elas caíssem mais.

 

 

 "Por que está chorando pequena? Disse alguma coisa que não gostou?"

 

 

 Ela então abaixou os olhos novamente; Parecia triste e decepcionada.

 

 

 "Me desculpe." Ela murmurou tão baixo que alguém com ouvido humano não seria capaz de entender. Franzi o cenho confuso; Ela foi rápida ao me dar a resposta.

 

 

 "Eu não lembro de você." Ela sussurrou. "Me desculpe."

 

 

 Ela então afastou-se de mim e deixou o quarto.

 

 

 Fechei os olhos novamente e encostei a cabeça na janela. Eu não esperava que ela se lembrasse em nossa primeira conversa - claro que não - mas devo admitir que ouvir isso de seus lábios é a coisa mais horrível que poderia acontecer naquele instante.

 

 

 Mas eu tinha que ser forte.

 

 

 Ela não precisava lembrar de mim. Se eu lembrasse dela seria o suficiente para mostrar o que eu sinto e despertar novamente o que ela sente por mim.

 

 

 Caminhei até a poltrona marrom ao lado da cômoda e peguei minha camiseta vermelha - que havia jogado quando cheguei ao quarto. Coloquei-a novamente e saí do quarto à procura de minha pequena.

 

 

 Ela não estava em parte nenhuma da casa, foi então que parti para o jardim à sua procura, e a encontrei finalmente. Nessie estava sentada no balanço do jardim. Ela balançava-se lentamente apenas com os pés e suas mãos seguravam as correntes de aço.

 

 

 Sorri antes de caminhar lentamente e encostar na árvore ao seu lado. Eu pretendia falar algo, mas foi ela quem começou a conversa.

 

 

 "Fui 'conhecer' minha família hoje." Ela sussurrou, olhando fixamente para algo à sua frente. "Meus tios, tias, avó.."

 

 

 Permaneci em silêncio, ela continuou.

 

 

 "Sabe o que é olhar para todas aquelas pessoas desconhecidas, que ficam tentando me fazer lembrar delas, que imploram em silêncio por alguma memória e não ter nem idéia do nome de cada uma?" Ela olhou para mim, seu olhar era vago. "É muito frustrante.."

 

 

 "Estão exigindo muito de você não é?"

 

 

 "Eu só.. queria me lembrar." Ela sussurrou, sua voz foi se perdendo lentamente.

 

 

"Eu entendo você." Murmurei.

 

 

 "Não, você não entende!" Ela gritou levantando-se do balanço para ficar de frente para mim. "Eu sei que Charlie é meu avô, que está casado com Sue que é mãe de Seth e Leah - a qual nunca nos demos bem.."

 

 

 "Você se lembra?" Perguntei interrompendo-a e desencostando-me da árvore para caminhar em sua direção.

 

 

 "Não! É tudo parte da reabilitação!" Ela disse irritada. "Eu tenho uma lista de fatos, que eu não posso nem lembrar sozinha sem a ajuda de uma maldita folha de papel!"

 

 

 Nessie tirou um papel de seu bolso e jogou-o em minha direção antes de passar as mãos pelo cabelo, e caminhar para ficar de costas para mim. Peguei a folha antes que caísse ao chão e a abri, lendo as inscrições que tinham na mesma, feitas com uma letra perfeita.

 

 

 No papel dizia:

 

 

 

Rosalie - Tia, loira e bonita, considerada segunda mãe, extremamente irritada e sarcástica

 

 Alice - Tia, morena e baixinha, maníaca por roupas e moda

 

 Esme - Avó, cabelos castanhos e ondulados, muito doce e carinhosa - faz uma ótima torta de chocolate

 

 Carlisle - Avô, marido de Esme, loiro e elegante, o médico que me tratou, conselheiro, justiceiro e muito confiável

 

 Jasper - Tio, loiro, marido de Alice, ótimo conselheiro e amigo

 

 Emmett - Tio, moreno, forte e alto, marido de Rosalie, muito divertido e competitivo, adora partidas de videogame e assistir a canais infantis

 

 

 

 Estranhei a lista não dizer nada sobre serem vampiros. Talvez Edward não queria que ela soubesse no momento. Também percebi que na lista não dizia nada sobre mim. Presumo que Rosalie deve ter lhe dado as dicas.

 

 

 Dobrei o papel novamente e caminhei até ela. Eu não conseguia dizer nada que a aconselhasse nesse momento. Não tinha noção do quanto ela estava sofrendo com toda essa situação.

 

 

 "Pode me falar.." Ela começou. Ainda estava de costas e abraçava os braços com as mãos novamente. ".. O que você era para mim?"

 

 

 Então ela virou seu corpo, olhando finalmente em meus olhos.

 

 

 "Eu sou.." Olhei para a aliança de ouro em minha mão rapidamente para que ela não percebesse - estava pensando no que falar em seguida -, e então coloquei minha mão no bolso do shorts, escondendo o anel. "Seu melhor amigo."

 

 

 Não estava mentindo ao dizer isso, apenas não contei toda a verdade. Ela não deveria ter tanta informação em um dia só; Além disso, eu não queria que ela ficasse comigo porque alguém disse que éramos casados e que era como devia ser; e sim porque ela me amasse, com a mesma intensidade que costumávamos ter.

 

 

 Ela sorriu forçadamente.

 

 

 "Me desculpe.. por te chamar de maluco tarado.." Ela começou. "E por.. quebrar um abajur em seu ombro.."

 

 

 "E me acordar aos gritos.." Completei, sorrindo divertido.

 

 

 "Só.. me dê um tempo para lembrar.." Ela secou as lágrimas de suas bochechas.

 

 

"Não quero que se lembre de mim." Disse sorrindo. Ela me fitou com um olhar confuso; Me apressei em explicar. "Não vou exigir nada de você, não quero que perca seu tempo tentando se lembrar de mim, eu sei que deve ser muito difícil e cansativo pra você."

 

 

 "Mas.." Ela tentou, eu a interrompi.

 

 

 "O que me diz de.. um recomeço?" Perguntei sorrindo de canto. 

 

 

 "Recomeço?" Ela perguntou confusa. Eu ainda sorria quando estiquei minha mão até ela.

 

 

 "Oi, eu sou Jacob."

 

 

 Ela então hesitou alguns intantes - como se estivesse pensando no que eu estava fazendo - antes de esticar a sua própria e apertar minha mão em um cumprimento amigável.

 

 

 "Renesmee."

 

 

Pude ver então - com satisfação -, o primeiro sorriso sincero nascer em seus lábios róseos. O sorriso que eu rezava todos os dias para ver finalmente acalmava meu espírito, assim como seus olhos chocolate me fitando como antes, como tudo deve ser.

 

 

 

 XxXxXxX