Lá e Cá escrita por brassclaw


Capítulo 5
Termos


Notas iniciais do capítulo

Faz tempo, né?



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"O que, exatamente, você quis dizer com 'A arte de desaparecer no ar'?" Perguntou Coven, arrumando a capa sobre os ombros, encarando o pergaminho enquanto, sabia, que Amis se revirava na cadeira, assim como muitos outros membros do Conselho.

Era julgado pela sua ação tão natural com a moça, como se ela fosse como qualquer outro caso em aberto. Mas era assim que tentava pensar, não queria dar crédito a Amis com sua obsessão esquisita.

"Um estudo que ando me dedicando." Respondeu Rowena, inspirando fundo em seguida.

"Sobre...?" Perguntou o mais velho depois de perceber que ela não ia continuar a explicação.

"Exatamente o que o título no seu pergaminho diz. Tenho uma forma de fazer coisas desaparecerem." Falou a moça, ajeitando a postura e tirando a mão de dentro da capa. Apontou para o tinteiro sobre a mesa do bruxo e acenou, o tinteiro desaparecendo dali.

Um coro surpreso se levantou ao fundo e Rowena não conteve seu sorriso de lado. Muitos olhavam em volta, como se procurassem o tinteiro. Talvez a magia da bruxa fosse mais rápida, como de muitos bruxos que prometiam que desapareciam com as coisas no ar. Mas apenas as moviam muito rápido ou, havia a possibilidade de eles tornarem o objeto invisível, mas Coven já havia passado a mão no local que o objeto estava e se garantiu que não era isso.

"Ele não está aqui. " Disse Rowena, erguendo um pouco a voz, para passar sobre os murmúrios. "Posso fazê-lo aparecer aqui." Ergueu a mão, com a mão espalmada para o teto, até que o tinteiro apareceu ali. "Mas podia fazê-lo aparecer em qualquer lugar desta sala."

A simplicidade da voz, a calma, a tranquilidade de Rowena surpreendia cada vez mais Salazar. Sabia que ela era assim normalmente, mas outar coisa era estar no meio do Conselho. Enfrentando a pior raça de bruxos. O silêncio caiu sobre o salão, agora todos com olhos arregalados.

"O que você aprontou, bruxinha?" Perguntou Coven, rindo alto, assustando todos que permaneciam tensos. "Como conseguiu tal façanha?"

"Com muito estudo, lhe garanto isso." Disse Rowena, sorrindo mais largo e fazendo com que o tinteiro flutuasse de volta para seu devido lugar. Enquanto isso, todos estavam silenciosos. Alguns com cara de desgosto, outros curiosos, já Amis tinha olhos gordos e brilhantes. "Descobri que há uma segunda realidade, composta apenas de ar e magia. Podemos nos transportar para ela e voltar. Esconder coisas lá e trazer de volta-"

"Como diabos você chega lá?" Perguntou um dos velhos, a interrompendo.

"Com licença?" Pediu depois de alguns segundos de silêncio, encarando o mais velho no fundo dos olhos, o deixando desconfortável em segundos. "Como ia dizendo... Elaborei um feitiço que ajuda um item ir e voltar de lá, é complicado e exige treino porque é um tanto perigoso. Alguns itens iam e voltavam sem algumas partes. Por essa razão eu não estou completamente confiante de enviar pessoas."

"Você já foi para lá?" Perguntou Amis, finalmente saindo do seu estado de... Como poderia chamar aquilo? Os olhos dele estavam arregalados e a boca aberta em choque, mas não... Tão surpreso, muito mais ambicioso.

"Obviamente." Respondeu a bruxa, procurando o dono da voz e se surpreendendo em ver que era seu tio. "Mas uma coisa é eu, quem está pesquisando, ir. Outra é eu mandar algum de vocês. Mas se insistirem, eu não ligo também. Bem acho que tem algumas pessoas que precisam ver que o mundo não é só essa sala." O tom da bruxa foi um tanto ácido, mas ninguém pareceu julgar ela pelo tom, apenas sentiram medo.

"Sinto que a senhorita não veio aqui apenas exibir essa sua descoberta." Disse Coven depois de um minuto de silêncio, procurando segurar o sorriso.

"Não, senhor." Rowena inspirou profundamente antes de falar.

"Então, diga."

"Eu quero liberdade." Falou calma, encarando o fundo dos olhos do mais velho. Quando ouviu o inicio da discussão do público, cortou-os e continuou. "Eu não quero que meu tio tenha minha guarda. Assim eu terei que me casar e ter uma vida que não me ajudará a completar meus estudos. Nunca terminarei essa pesquisa e nem todas as outras que poderia fazer. Tantas coisas que poderia trazer para o nosso mundo, tornando nossas vidas diferentes..."

"Ceder-lhe liberdade me traria o que?" Interrompeu Coven.

"Aí que minha troca entra. Me deixe livre, ter vida que eu quero ter, viver onde eu quiser viver... E, em troca, a cada estação me apresento durante um dia para vocês com novas descobertas."

Novamente o silêncio surpreendeu Salazar que, pela primeira vez, estava mais surpreso que todos.

"Ou...?" Coven perguntou, se aconchegando em sua cadeira.

"Eu não aceitarei a tutoria de meu tio, irei sumir assim como fiz com seu tinteiro e dessa vez não vou mais aparecer." Novamente, aquela simplicidade. "E nem dividirei meu conhecimento."

Depois de outro minuto (se bem que parecia bem mais que um minuto) de silêncio, com todos prendendo a respiração, Coven disse: "Troca aceita."

"O que?" Amis praticamente gritou.

"Lord Ravenclaw, eu insisto que você se cale ou eu terei que forçá-lo a sair dessa sala." Disse Coven, revirando os olhos antes de olhar para Rowena de novo. "Mas tem algo, senhorita... Acho que você deveria se casar. Não acha? Não traria uma imagem positiva você se manter solteira. Além de que um marido poderia lhe proteger também, não só lhe atrapalhar. Pode lhe proteger de reis trouxas, da Igreja... De várias coisas até."

Rowena não respondeu, apenas ficou distante, pensando, encarando o nada atrás do mais velho. Se casar não era uma imagem que lhe agradava ainda. "Se eu tiver a liberdade de escolher o tempo que achar que estou pronta..."

"Poderá escolher o marido também." E todos os mais velhos se assustaram. "Ninguém pode escolher para você, afinal. Podemos lhe indicar vários, mas poderá escolher."

Salazar só conseguia pensar que sua amiga tinha muita sorte as vezes.

"Eu protesto!" Gritou Amis por entre os cochichos de todos.

"Lord Ravenclaw, só lhe dou mais uma chance porque a pessoa no centro dessa salão tem o seu nome e não quero humilhá-la." Agora a voz de Coven estava fria e irritada. "O que acha dos termos, Rowena Ravenclaw?"

"Aceito-os." Respondeu a bruxa, não controlando o sorriso.

"Mais tarde me reunirei com você para tratar os termos e assinar para guardar a troca. Finalmente, encerro a sessão de hoje." Disse, batendo seu martelo e levantando-se.

Todos fizeram o mesmo, em um silêncio esquisito. Rowena colocou seu capuz e virou-se para sair do salão como se realmente tivesse usado aquela porta para entrar.

+++

"Você tem classe." Disse Salazar, parando ao lado da moça e observando o céu, assim como ela.

"Minha entrada foi boa?" Perguntou Rowena, sorrindo de lado.

"Nunca vi outra melhor." Disse o jovem, sorrindo largo. "Feliz?"

"Mais do que jamais imaginei. Parece que o ar tem mais sabor agora." E era verdade, era como tirar um grande peso de suas costas.

"Coven gosta de você... Bem, pelo menos parece que ele gosta da sua rebeldia." Salazar falou, virando-se para encarar a moça de frente.

"Talvez ele tivesse tido uma juventude frustrada." Falou a bruxa, encolhendo os ombros. "Ou tenha a ambição do meu tio."

"Acho que ninguém tem a ambição do seu tio." O outro retrucou.

"Acho que conheço alguém que tem." A moça voltou-se para ele, encarando-o nos olhos. "Não está aqui para me elogiar, Salazar."

O bruxo inspirou fundo, encarando o chão. "Eu queria te dizer que está completamente errada... Pelo menos em parte está errada." Ele riu, erguendo os olhos e a encarando. "Queria saber se vai reconsiderar minha oferta." Perguntou, erguendo a mão para segurar a dela que fugiu de inicio.

"Que oferta?" A bruxa franziu o cenho e afastou-se um passo.

"A que eu poderia lhe proteger. Pelo menos agora você pode escolher." Salazar deu um passo na direção dela e ergueu a mão de novo para segurar a dela, dessa vez segurando e firme.


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Notas finais do capítulo

ok, não me matem! Eu não gostei tanto desse capítulo, me sinto meio enferrujada escrevendo ele. Mas eu sei que se eu não postasse hoje, eu não postaria de novo. E talvez assim eu desencadeio de uma vez para escrever.
Enfim, acho que só tenho uma coisa pra dizer: A história de casamento da Rowena
É, eu viajei, me critiquem. Na real, a ideia de Coven não era algo sobrenatural para a época, o fato de que um marido iria ajudar muito ela. Mas sei que a liberdade que ele concede para ela parece grande demais e isso vai ser totalmente explicado mais para frente mas prefiro não dar muito spoiler.
Ah, e porque tão pouco? Literalmente falando, isso é uma minuscula parte do que Rowena vai passar. Queria expressar isso em um capítulo. Até pensei em colocar umas 3 cenas de outro capítulo aqui mas... Realmente, não seria a mesma coisa.



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