Lá e Cá escrita por brassclaw


Capítulo 2
Recomeçando


Notas iniciais do capítulo

Ok, acho que tem umas coisas que esqueci de falar antes mas não sei se são necessárias agora... De qualquer forma. Eu tenho um modo um tanto... Diferente para contar essa história então... Eu peço um pouco de paciência (?), tudo vai ser bem explicado com o decorrer dos capítulos. E... Desculpa a demora D:



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12 anos depois

“Eu tenho certeza que eu vi ela aqui.” Resmungou o homem enquanto andava batendo o pé pela trilha. “Ela tinha cabelos longos e negros, vestia algum tipo de vestido muito longo. Era baixinha e branca demais.”

“Nunca vimos uma mulher desse tipo por aqui. Não se parece com nossas mulheres. Você viu uma assombração, isso sim.” Murmurou o outro, agarrando sua lança com força, um pouco assustado.

Kalahn acreditava firmemente que qualquer coisa vista naquela floresta, não era coisa boa. Não era coisa real. Não era qualquer coisa. Mas Drasher queria porque queria ir ver o que tinha visto.

“Só me falta ser um espirito da floresta.” Resmungou Kalahn, dando um pulo ao ouvir um estalo de galho em algum lugar a sua esquerda.

“Pare com isso. Minha mulher tem mais coragem que você.” Reclamou o outro, olhando para todos os lados com olhos atentos. “E não é um espirito dessa floresta. Os espíritos daqui são altos e completamente negros, parecem mulheres esbeltas e nuas. Não... Brancas demais e de vestido.” Franziu o nariz no final e riu, ouvindo o companheiro rindo ao seu lado.

“Você fica observando os espíritos da floresta, Drasher? Deixe sua mulher saber!” Brincou, dando um soco no braço do amigo.

“Não fico mais... Mas já fiquei.” Um sorriso brincalhão não saia dos lábios do homem enquanto este parava e olhava para cima antes de fazer um gesto para dentro das arvores e então para frente. “Acho que vi algo ali. Vamos lá.” Murmurou, andando mais um pouco antes de afundar-se para dentro da floresta e abaixar-se ali, sumindo atrás das folhas.

***

Rowena deixou o ar sair de seu peito devagar quando as vozes se afastaram. Não entendia bem o que eles falavam, mas sabia que falavam dela. Eles falavam na língua local que ela ainda não entendia, mas um dia iria entender. Só precisava sair dali inteira.

Começou a descer de galho em galho na árvore em que estava. No final, pulou da árvore para a trilha e respirou mais aliviada. Pelo menos tinha sorte de ter escapado deles. Mas ainda precisava encontrar o que o livro de sua mãe dizia que era a ‘magia branca’.

Mas para onde iria? Seguia a trilha até aquela comunidade da qual fugia ou se afundava mais na floresta?

“Aha!” Uma voz masculina exclamou atrás dela.

Rowena deu um pulo e quando virou-se, dois homens bem mais altos que ela, morenos e com lanças apontadas para ela, sorriam. Na realidade, um sorria, o outro parecia surpreso demais e um tanto hesitante. Aos poucos a bruxa levantou ambas mãos em sinal de rendição. O jeito seria voltar para a comunidade.

***

Depois de ter sido empurrada até a comunidade a força por dois homens enormes, andar até o que seria o templo ou casa principal da sociedade sendo seguida por todos que viam o que estava acontecendo e ainda olhada com desprezo por vários homens e mulheres (só crianças que tinham um olhar mais curioso sobre ela. Alguns jovens ainda tinham esse olhar também, outros já a desprezavam)... Ouvia o sermão de um líder que parecia assustado com ela.

O homem não era tão alto quanto aqueles que a escoltavam, mas tinha cabelos grisalhos e olhos bondosos. Mas sua face naquele momento era de terror, a testa estava franzida... Parecia estar com dó e medo dela ao mesmo tempo? Rowena não entendia o que estava acontecendo, pessoas ao redor deles gritavam coisas e outros sussurravam a sua volta enquanto os homens a forçavam abaixar a cabeça para não olhar ninguém.

Precisava de qualquer coisa para se comunicar com eles. Seria a primeira vez e torcia para que desse certo. Um feitiço que estava no diário de sua mãe, o feitiço parecia habilitar o seu feiticeiro a entender a outra língua e tudo o que saísse de seus lábios estaria na língua que estava sendo ouvida. O problema é que não podia gesticular o feitiço já que seus braços estavam sendo segurados pelos homens.

Mordeu um pouco o lábio inferior e fechou os olhos com força, falando o feitiço mentalmente e sentindo a sua magia agitar-se em seu corpo antes do choque parecer se espalhar a sua volta. As mãos dos homens que lhe seguravam pareceram se surpreender já que quase a soltaram mas logo a apertaram com mais força.

Claro que não se importou com aquilo, já estava ocupada demais enquanto entendia tudo a sua volta, finalmente.

“Ela é o espirito ruim que está rondando nossa plantação!” Gritava um homem para o ancião que não tirava os olhos dela.

“Está vendo como é branca? É o espirito ruim, é sim! Devíamos matá-la!” Falou a mulher logo ao lado do homem que falara primeiro.

Um homem abaixou sua cabeça de novo e Rowena bufou baixo.

“Ela me parece irritada... Por ter sido pega! Ouça eles, senhor!” Disse algum homem por ali.

“Ela me parece irritada por ser mantida presa e rendida mesmo não tendo nada para usar contra nós.” Uma voz rouca surgiu pela primeira vez.

Um certo silêncio passou por todo o local e ficou por um bom tempo até que seus braços foram soltos e ela terminou de cair no chão, sentindo os músculos um pouco incomodados com o fato de ficarem naquela posição ruim por muito tempo. Inspirou fundo mas manteve-se naquela posição até que sentiu uma mão em seus cabelos. Deu um pulo, se encolhendo ao toque. Quando ergueu os olhos, o homem mais velho estava perto de si, a sombra de um sorriso passava em seu rosto.

“É só uma jovem assustada.” Disse ele, acenando com uma mão para algo atrás dela e quando olhou para trás encontrou os homens com as lanças apontadas para ela. Após hesitarem um pouco, voltaram a abaixar as lanças.

“Não sou só uma jovem assustada, senhor.” Disse devagar, mas logo depois já havia vaias para todos os lados. “Mas não sou o que eles dizem que sou também.” Disse um pouco mais alto para ele conseguir ouvir o que dizia por sobre as vaias, enquanto apontavam para as pessoas em volta.

As vaias continuaram por um tempo, o ancião não parecia interessado em mandar eles ficarem quietos. Mas não demorou muito para que elas morressem sozinhas, as pessoas parecendo um tanto envergonhadas e Rowena não sabia o que era.

“O que você é então?” Perguntou o mais velho, tombando a cabeça para o lado enquanto a olhava cuidadosamente.

“Posso... Ser o que vocês precisam.” Disse, sem pensar direito.

O silêncio que já era pesado, ficou ainda mais. Podia sentir as pessoas a sua volta parecer se afastar. Todos, menos o ancião na sua frente.

“Precisamos de comida.” Disse ele ainda mais devagar. “Água não tem sido suficiente para as plantações.”

Aquela era uma seca estranha, mas duvidava que não desse um jeito naquilo. Era sua chance de sair viva dali... E, talvez, com o que precisava encontrar.

“Eu posso ajudar.”

***

Foram dois dias extremamente cansativos. Dois dias procurando uma forma de fertilizar o solo da sociedade que a manteve como estranha até que o primeiro fruto amadureceu de verdade. Ninguém se assustou por ter sido apenas dois dias para que o primeiro fruto surgisse, todos estavam famintos demais. Depois daquilo ela foi recebida como irmã, mesmo sendo branca demais e baixinha demais. De qualquer forma, estava satisfeita. Salvou uma sociedade da fome e saiu com algo... Muito próximo do que queria.

Ravenclaw se jogou no chão assim que aparatou na sua nova casa, a montanha da águia. No cume da montanha tinha o ninho de uma águia. Conheceu aquele lugar quando era criança, enquanto procurava uma estrela. Quando sua vida virou do avesso, aquele foi o último lugar que podia chamar de lar. Era só uma caverna no alto de uma montanha. Não tinha qualquer charme, qualquer conforto... Mas ela era uma bruxa, sabia criar o seu conforto. Estava mais cansada do que sua mente conseguia entender por cansaço, mas não teve tempo nem para respirar mais calmamente. Warlock surgiu no seu campo de visão. Estava agitado e irritado, relinchava e balançava a crina enquanto apontava com a cabeça a entrada da caverna.

A bruxa bufou, girando os olhos enquanto puxava uma adaga da sua bolsa e ficava em pé de novo, as pernas quase cedendo. Caminhou devagar para dentro da caverna, sendo seguida por seu cavalo que bufava baixinho, vendo a fogueira que deixou acesa, ainda queimava. No canto mais escuro havia alguém, sabia apenas por ver um brilho estranho de olhos ali, mesmo que não pudesse ver olhos ali ou uma pessoa completa. Era um brilho verde de magia. Conhecia bem aquilo.

“Mas que diabos, Salazar.” Reclamou a bruxa, ainda apontando a adaga para o homem. Estava explicado a irritação do animal.

“Pensou que ia se livrar tão fácil de mim?”


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Notas finais do capítulo

Não me matem. Todos calmos. Pelo amor dos deuses...
Eu sei, foi um super salto no tempo. Mas sabe as notas iniciais? Paciência. Eu não vou deixar nada para trás. Prometo. Esse capítulo não tem muito do que adicionar, basicamente. A história começa de verdade aqui. Então... Vejo vocês no próximo o/



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