Contando Estrelas escrita por Letícia Matias
A mesa do almoço estava pronta e farta. Sente-me ao lado de meu irmão que já devorava um grande prato de arroz e tacos.
– E então, estavam fazendo uma bagunça na piscina¿ - meu irmão me perguntou baixinho para que apenas eu pudesse ouvir.
Virei-me para ele sem dizer nada e fiz cara feia.
Ele sorriu e depois voltou a engolir sua comida.
– Isso, cale-se e coma. – eu disse no mesmo tom baixo.
Peguei o prato e comecei a me servir.
Arroz, tacos e salada. Ótimo!
Meu pai colocou uma música no rádio. Ah... Uma das coisas boas em meu pai, era o grande estilo musical.
– John Mayer - Shadows Days! Que perfeito. – eu disse.
Meu pai sorriu sentando-se a mesa ao lado de minha mãe. Dei uma garfada em minha salada. Hmm. Divina!
– Ah, sente-se Johnny, sente-se! – meu pai disse.
Parei com o garfo no ar e olhei para o lado. Johnny sentara ao meu lado e me olhava.
Mordi o lábio. Ah meu Deus! Ele tinha se sentado do meu lado e estava me olhando. Nós estávamos nos encarando profundamente...
Meu pai pigarreou e eu voltei minha atenção ao meu prato. Dei uma garfada na salada e olhei para meu pai que comia e olhava para minha mãe, minha mãe olhava disfarçadamente para Johnny, e Johnny se servia da comida.
Todos comeram em perfeito silêncio e tudo o que se podia ouvir era o som das bocas mastigando.
Terminei minha refeição.
Estendi o braço para pegar a jarra de suco e no mesmo instante Johnny também o fez, colocando a mão em cima da mim. Ambos recuamos e nos olhamos. Meu corpo estava tão aceso pela eletricidade que havia percorrido da posta de meus dedos até meu último fio de cabelo.
– Ah, me desculpe. Pode pegar primeiro. – ele disse.
–Ah... Obrigada. – eu disse estendendo novamente a mão para pegar a jarra de suco.
Olhei para minha mãe que tinha um sorrisinho malicioso e maldoso no rosto. Reprimi um sorriso.
Servi-me de suco e dei a jarra para ele.
– Obrigado. – ele disse pegando e tomando cuidado para não encostar-se a mim.
Voltei à atenção ao meu prato e ao meu copo de suco e novamente o silêncio voltou.
Terminei e levantei-me.
– Me deem licença, vou colocar uma roupa.
Todos assentiram.
Dei as costas para a mesa e olhei para trás, Johnny me olhou e depois no mesmo instante, desviamos nossos olhares.
Subi para meu quarto e tranquei a porta. Oh meu Deus. O que estava acontecendo¿
Abri meu guarda roupa e peguei um vestido preto básico um pouco acima dos joelhos e vesti. Penteei meus cabelos dei umas apertadas em minhas bochechas para eu não parecer tão pálida.
Nossa, ele era tão lindo. Eu sentia minha mão tremer e todo o meu corpo.
Respirei fundo e fui até o banheiro para lavar as mãos e me acalmar.
Suspirei e abri a porta do meu quarto.
Passei pelo corredor e desci as escadas. Fui em direção à cozinha e sentei-me novamente em meu lugar.
– Ah querida, esqueci-me de lhe falar – minha mãe disse – Melanie ligou hoje e perguntou se você não gostaria de ir até a casa dela.
– Ah... Acho que não. Eu estava pensando em ir para uma balada ou algo do tipo. – eu disse.
Meu pai me olhou por um instante, mas não disse nada.
– Ah... Balada¿ Em qual balada minha filha¿
– Hoje vai ter uma no Green’s. Ouvi dizer que o Calvin Harris vai ser DJ lá por está noite. Ele e o David Guetta. Então, eu acho que vou.
– Ah, David Guetta é ótimo! – meu irmão disse. – Me leve com você.
Virei para ele com olhar de nojo.
– É um clube noturno. Só entram maiores de 16. – eu disse. – Você ainda tem 15.
Meu irmão me olhou com ódio profundo e voltou para sua comida.
– Ah, isso é uma grande coincidência, eu vou para lá hoje. – Johnny disse.
Meu coração palpitou e minha boca secou. Uma chama de felicidade começou a se acender dentro de mim aquecendo meu corpo, por dentro eu estava pulando e vibrando.
– Ah... – foi só o que consegui dizer.
– Que bom. Então acho que você pode ser um guarda-costas de Mary Anne, Johnny.
Johnny forçou uma risada e meu pai ria fazendo barulhos horríveis como um Mutley engasgado.
– Papai, ele não trabalha para ser guarda-costas. – eu disse furiosa.
Meu pai ria.
– Ah, por mim tudo bem levar você Srta. Anne. – Johnny disse.
Virei-me para ele tentando esconder minha raiva e chateação com meu pai.
– Obrigada, mas acho que não preciso de ninguém na minha aba.
– Ah, o sorvete! Ótimo! – minha mãe disse interrompendo o silêncio. – O seu preferido Mary, de limão com calda verde.
Eu ainda olhava para Johnny.
– Não obrigada, perdi a fome. – eu disse e levantei-me retirando-me da cozinha.
Fui em direção à piscina e sentei-me colocando os pés na água.
Eu estava totalmente estressada com aquilo, eu estava irritada com o meu pai. Ás vezes eu o odiava por algumas coisas e minha mãe sempre querendo que eu me segurasse e fizesse ficar tudo bem.
Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás deixando o Sol penetrar em meus poros. Algo tampou o Sol que aquecia minha pele, abri meus olhos e Johnny me olhava.
– O que foi¿ - perguntei mal humorada.
Ele sentou-se ao meu lado e virou-se para me olhar.
Aqueles olhos divinos, e aquela boca...
– Eu fiz algo de errado¿
– Não, não fez. Me desculpe, ok¿ Só estou estressada com o meu pai. Ele acha que eu preciso de guarda-costas e isso é apenas desculpa para que eu fique em casa.
– Eu não me importaria de ser seu guarda-costas.
Sorri jogando os cabelos para trás de uma forma que parecesse sexy.
– Claro que não. – fechei meus olhos novamente e deitei-me no chão permanecendo com os pés na água.
– Então, me conte, onde você fará a faculdade ano que vem¿
– Nova York. É o que eu pretendo. – disse ainda de olhos fechados.
– Ah, meio longe daqui não é¿
Ri alto.
– Quanto mais longe daqui melhor. Eu não suporto esse lugar.
Ouvi ele dar uma risada abafada.
– Que rebeldia... Você mora em Beverly Hills e odeia este lugar¿
– Eu sei que é irônico, mas eu peguei certo nojo daqui. Eu quero morar sozinha, em Nova York, poder sair à noite e ir ao Central Park correr, ir ao Starbucks mais próximo do apartamento... Isso seria perfeito. É o que eu quero. Sem contar as paisagens... Deve ser maravilhoso tirar fotos de Nova York.
– Eu tenho várias fotos que tirei de Nova York.
Abri meus olhos e me sentei bruscamente.
– Jura¿ Você poderia me mostrar.
Ele sorriu lindamente e assentiu.
– Sim, quando eu não estiver trabalhando... Acho que vai ser meio difícil, mas darei um jeito.
Olhei para ele e levantei-me. Ele não tirou os olhos de mim.
– Essa é a vida que você escolheu para você. Está trabalhando na empresa de meu pai. Você não vai aguentar por muito tempo.
Ele deu de ombros.
– Boa sorte. – eu disse e virei-me para ir para dentro da casa.
Ouvi um assovio e virei-me.
– Você vai ao Green’s mesmo hoje à noite¿
Dei de ombros e sorri.
– Sim, mas sem guarda-costas.
Ele sorriu, sorri de volta e continuei a andar.
Eu estava enrolada na toalha com o cabelo já pronto, perfeitamente enrolado no babyliss e agora eu lutava para encontrar uma roupa para ir ao Green’s.
Meu guarda-roupa estava aberto e eu tinha roupas por toda a cama. Eu sabia que eu estava preocupada com roupa só por achar que existia uma possibilidade de Johnny aparecer por lá.
Optei por um vestido vermelho com bolinhas brancas e uma Melissa Kali de veludo, vermelha. E no cabelo, coloquei um arquinho com um laço vermelho com bolinhas brancas para combinar com o vestido.
Dei uma olhadela no espelho. Eu estava maravilhosa com aquele batom vermelho. Estava pronta.
Coloquei minhas roupas de volta ao guarda-roupa e peguei minha bolsa preta Louis Vuitton.
Fechei a porta do meu quarto e desci as escadas. Quando apareci na sala, todos que estavam na sala, meu pai, minha mãe e meu irmão pararam para me olhar.
– Querida, você está maravilhosa! Você vai ao Green’s¿
– Sim. – respondi.
– Ah, que merda eu ter 15 anos. – Michael disse praguejando.
Dei um sorriso debochado.
Meu pai continuava a me olhar.
– Bem, divirta-se.
– Obrigada, - eu disse e andei em direção à porta.
– Espere! – meu pai disse. – Como você vai¿
– Vou de táxi. É rápido, uns 20 minutos de táxi até lá.
Ele fez uma cara feia, porém não disse nada e assentiu.
Fechei a porta atrás de mim e sorri.
Sem hora para voltar.
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