Contando Estrelas escrita por Letícia Matias


Capítulo 4
Capítulo 3




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A mesa do almoço estava pronta e farta. Sente-me ao lado de meu irmão que já devorava um grande prato de arroz e tacos.

– E então, estavam fazendo uma bagunça na piscina¿ - meu irmão me perguntou baixinho para que apenas eu pudesse ouvir.

Virei-me para ele sem dizer nada e fiz cara feia.

Ele sorriu e depois voltou a engolir sua comida.

– Isso, cale-se e coma. – eu disse no mesmo tom baixo.

Peguei o prato e comecei a me servir.

Arroz, tacos e salada. Ótimo!

Meu pai colocou uma música no rádio. Ah... Uma das coisas boas em meu pai, era o grande estilo musical.

John Mayer - Shadows Days! Que perfeito. – eu disse.

Meu pai sorriu sentando-se a mesa ao lado de minha mãe. Dei uma garfada em minha salada. Hmm. Divina!

– Ah, sente-se Johnny, sente-se! – meu pai disse.

Parei com o garfo no ar e olhei para o lado. Johnny sentara ao meu lado e me olhava.

Mordi o lábio. Ah meu Deus! Ele tinha se sentado do meu lado e estava me olhando. Nós estávamos nos encarando profundamente...

Meu pai pigarreou e eu voltei minha atenção ao meu prato. Dei uma garfada na salada e olhei para meu pai que comia e olhava para minha mãe, minha mãe olhava disfarçadamente para Johnny, e Johnny se servia da comida.

Todos comeram em perfeito silêncio e tudo o que se podia ouvir era o som das bocas mastigando.

Terminei minha refeição.

Estendi o braço para pegar a jarra de suco e no mesmo instante Johnny também o fez, colocando a mão em cima da mim. Ambos recuamos e nos olhamos. Meu corpo estava tão aceso pela eletricidade que havia percorrido da posta de meus dedos até meu último fio de cabelo.

– Ah, me desculpe. Pode pegar primeiro. – ele disse.

–Ah... Obrigada. – eu disse estendendo novamente a mão para pegar a jarra de suco.

Olhei para minha mãe que tinha um sorrisinho malicioso e maldoso no rosto. Reprimi um sorriso.

Servi-me de suco e dei a jarra para ele.

– Obrigado. – ele disse pegando e tomando cuidado para não encostar-se a mim.

Voltei à atenção ao meu prato e ao meu copo de suco e novamente o silêncio voltou.

Terminei e levantei-me.

– Me deem licença, vou colocar uma roupa.

Todos assentiram.

Dei as costas para a mesa e olhei para trás, Johnny me olhou e depois no mesmo instante, desviamos nossos olhares.

Subi para meu quarto e tranquei a porta. Oh meu Deus. O que estava acontecendo¿

Abri meu guarda roupa e peguei um vestido preto básico um pouco acima dos joelhos e vesti. Penteei meus cabelos dei umas apertadas em minhas bochechas para eu não parecer tão pálida.

Nossa, ele era tão lindo. Eu sentia minha mão tremer e todo o meu corpo.

Respirei fundo e fui até o banheiro para lavar as mãos e me acalmar.

Suspirei e abri a porta do meu quarto.

Passei pelo corredor e desci as escadas. Fui em direção à cozinha e sentei-me novamente em meu lugar.

– Ah querida, esqueci-me de lhe falar – minha mãe disse – Melanie ligou hoje e perguntou se você não gostaria de ir até a casa dela.

– Ah... Acho que não. Eu estava pensando em ir para uma balada ou algo do tipo. – eu disse.

Meu pai me olhou por um instante, mas não disse nada.

– Ah... Balada¿ Em qual balada minha filha¿

– Hoje vai ter uma no Green’s. Ouvi dizer que o Calvin Harris vai ser DJ lá por está noite. Ele e o David Guetta. Então, eu acho que vou.

– Ah, David Guetta é ótimo! – meu irmão disse. – Me leve com você.

Virei para ele com olhar de nojo.

– É um clube noturno. Só entram maiores de 16. – eu disse. – Você ainda tem 15.

Meu irmão me olhou com ódio profundo e voltou para sua comida.

– Ah, isso é uma grande coincidência, eu vou para lá hoje. – Johnny disse.

Meu coração palpitou e minha boca secou. Uma chama de felicidade começou a se acender dentro de mim aquecendo meu corpo, por dentro eu estava pulando e vibrando.

– Ah... – foi só o que consegui dizer.

– Que bom. Então acho que você pode ser um guarda-costas de Mary Anne, Johnny.

Johnny forçou uma risada e meu pai ria fazendo barulhos horríveis como um Mutley engasgado.

– Papai, ele não trabalha para ser guarda-costas. – eu disse furiosa.

Meu pai ria.

– Ah, por mim tudo bem levar você Srta. Anne. – Johnny disse.

Virei-me para ele tentando esconder minha raiva e chateação com meu pai.

– Obrigada, mas acho que não preciso de ninguém na minha aba.

– Ah, o sorvete! Ótimo! – minha mãe disse interrompendo o silêncio. – O seu preferido Mary, de limão com calda verde.

Eu ainda olhava para Johnny.

– Não obrigada, perdi a fome. – eu disse e levantei-me retirando-me da cozinha.

Fui em direção à piscina e sentei-me colocando os pés na água.

Eu estava totalmente estressada com aquilo, eu estava irritada com o meu pai. Ás vezes eu o odiava por algumas coisas e minha mãe sempre querendo que eu me segurasse e fizesse ficar tudo bem.

Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás deixando o Sol penetrar em meus poros. Algo tampou o Sol que aquecia minha pele, abri meus olhos e Johnny me olhava.

– O que foi¿ - perguntei mal humorada.

Ele sentou-se ao meu lado e virou-se para me olhar.

Aqueles olhos divinos, e aquela boca...

– Eu fiz algo de errado¿

– Não, não fez. Me desculpe, ok¿ Só estou estressada com o meu pai. Ele acha que eu preciso de guarda-costas e isso é apenas desculpa para que eu fique em casa.

– Eu não me importaria de ser seu guarda-costas.

Sorri jogando os cabelos para trás de uma forma que parecesse sexy.

– Claro que não. – fechei meus olhos novamente e deitei-me no chão permanecendo com os pés na água.

– Então, me conte, onde você fará a faculdade ano que vem¿

– Nova York. É o que eu pretendo. – disse ainda de olhos fechados.

– Ah, meio longe daqui não é¿

Ri alto.

– Quanto mais longe daqui melhor. Eu não suporto esse lugar.

Ouvi ele dar uma risada abafada.

– Que rebeldia... Você mora em Beverly Hills e odeia este lugar¿

– Eu sei que é irônico, mas eu peguei certo nojo daqui. Eu quero morar sozinha, em Nova York, poder sair à noite e ir ao Central Park correr, ir ao Starbucks mais próximo do apartamento... Isso seria perfeito. É o que eu quero. Sem contar as paisagens... Deve ser maravilhoso tirar fotos de Nova York.

– Eu tenho várias fotos que tirei de Nova York.

Abri meus olhos e me sentei bruscamente.

– Jura¿ Você poderia me mostrar.

Ele sorriu lindamente e assentiu.

– Sim, quando eu não estiver trabalhando... Acho que vai ser meio difícil, mas darei um jeito.

Olhei para ele e levantei-me. Ele não tirou os olhos de mim.

– Essa é a vida que você escolheu para você. Está trabalhando na empresa de meu pai. Você não vai aguentar por muito tempo.

Ele deu de ombros.

– Boa sorte. – eu disse e virei-me para ir para dentro da casa.

Ouvi um assovio e virei-me.

– Você vai ao Green’s mesmo hoje à noite¿

Dei de ombros e sorri.

– Sim, mas sem guarda-costas.

Ele sorriu, sorri de volta e continuei a andar.

Eu estava enrolada na toalha com o cabelo já pronto, perfeitamente enrolado no babyliss e agora eu lutava para encontrar uma roupa para ir ao Green’s.

Meu guarda-roupa estava aberto e eu tinha roupas por toda a cama. Eu sabia que eu estava preocupada com roupa só por achar que existia uma possibilidade de Johnny aparecer por lá.

Optei por um vestido vermelho com bolinhas brancas e uma Melissa Kali de veludo, vermelha. E no cabelo, coloquei um arquinho com um laço vermelho com bolinhas brancas para combinar com o vestido.

Dei uma olhadela no espelho. Eu estava maravilhosa com aquele batom vermelho. Estava pronta.

Coloquei minhas roupas de volta ao guarda-roupa e peguei minha bolsa preta Louis Vuitton.

Fechei a porta do meu quarto e desci as escadas. Quando apareci na sala, todos que estavam na sala, meu pai, minha mãe e meu irmão pararam para me olhar.

– Querida, você está maravilhosa! Você vai ao Green’s¿

– Sim. – respondi.

– Ah, que merda eu ter 15 anos. – Michael disse praguejando.

Dei um sorriso debochado.

Meu pai continuava a me olhar.

– Bem, divirta-se.

– Obrigada, - eu disse e andei em direção à porta.

– Espere! – meu pai disse. – Como você vai¿

– Vou de táxi. É rápido, uns 20 minutos de táxi até lá.

Ele fez uma cara feia, porém não disse nada e assentiu.

Fechei a porta atrás de mim e sorri.

Sem hora para voltar.


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