11 de junho. Dez dias antes do festival de inverno.

Faltava um dia para o dia dos namorados. Essa data é muito esperada pelas meninas do meu colégio, as conversas baseavam-se em ''devo comprar uma caixa de chocolate?'' ou ''É melhor eu fazer chocolate artesanal?'', aquilo tudo já estava cansativo e o pior é que Ellie e Ivy também estavam nesse papo e vez ou outra jogavam indiretas para mim.

– O que acha de chocolate com menta? Ou chocolate com café? Pessoas mais maduras gostam de coisas mais refinadas. - Falou Ivy.
– Acho que chocolate combina com morango ou com coco. O que acha Renée?
– Qualquer um para mim está ótimo, chocolate é meu doce favorito. - Parei de falar por um momento e pensei ''Ellie está gostando de alguém?!'' - Ellie, você está gostando de alguém?
– Eh? - A menina de cabelos azulados corou violentamente.– E-Eu... sim...
– Quem seria? - Eu realmente estava curiosa.
– D-Dyl...
– Olá meninas! Estão decidindo para quem vão dar o chocolate? - Maldito Dylan, quase que ele descobre quem gosta dele.
– Tudo bem, Ellie, já entendi. - Sorri minimamente para minha amiga e voltei um olhar mortal para o ruivo toupeira.– Vaza palito de fósforo, não é assunto seu.
– Renée sempre amorosa.
– Quer que eu te expulse aqui nos chutes e pontapés?
– Tá bom, eu saio. - O idiota me deu língua.
– Eer, agora é sua vez. Você está gostando de alguém, Renée?
– Eu? - Ri com a pergunta dela.– Realmente não. Vocês devem saber já quem é, vejo vocês dando umas indiretas para mim, mas peço que isso seja um segredo. Tudo bem? - Pisquei para as duas que ficaram meio acuadas e depois afirmaram com a cabeça.
– Você vai dar chocolates para ele?
– Sim.
– Boa sorte! - Disseram as meninas.
– Igualmente!

(...)

Aqui estou na cozinha do colégio com todos os ingredientes necessários e encarando a única forma que tinha, em forma de coração.

– Recuso-me a fazer isso, que se exploda esse Peter. Não... eu vou fazer, só para demonstrar minha GRANDE AMIZADE.

Os gostos desse cara são bem peculiares, lembro-me de uma conversa que tivemos sobre o que mais gostamos e ele disse que gostava de limão, e logo em seguida respondi zombeteira ''por isso que tem essa cara azeda''.

Derreti o chocolate e fui fazer o recheio dos bombons, para não ficar tão azedo misturei o limão com mel, terminado isso era só montar e voilá! Peguei o embrulho que tinha comprado e finalizei o ''presente'', era só entregar no dia seguinte... bom, assim eu pensava.

– Quantos chocolates você recebeu? - Olhei espantada para o loiro oxigenado e o monte de pacotes ao seu lado.
– Acho que umas 14 caixas...
– Putz, você é popular.
– A maioria foi das minhas alunas do terceiro ano.
– Ah sim, as mais velhas... - Escondi a minha sacola atrás do meu corpo.
– O que é isso atrás de você?
– Isso? - Mostrei a sacola.– Lixo! - Argh, por que estou com tanta raiva?
– Você foi rejeitada? - Olhei incrédula para ele.
– Como?
– Ah, desculpa, esqueci que meninas são sensíveis para esse assunto.
– Sim, fui rejeitada...
– Hm. - Peter limitou-se apenas a isso.
– Bom, vou procurar uma lixeira. - Andei até o portão com o coração apertado, que diabos é isso? Antes de jogar a sacola na lixeira Peter veio meio ofegante e segurou minha mão.
– Quem foi o babaca que te rejeitou? - Idiota, pensei.
– Ele não me rejeitou, mas acho que esse pacote seria só mais um, tanto faz.
– Idiota. - Ele puxou a sacola da minha mão e abriu o embrulho.
– Ei, me devolva! Quem disse que é para você?
– Está escrito no bilhete grudado na alça, Peter Cromwell, creio que tenha só eu com esse nome nesse lugar.

Automaticamente algumas lágrimas desceram pelo meu rosto, que merda! Essa amizade está passando dos limites. Fechei os olhos para conter mais algumas lágrimas que vinham e senti algo na minha bochecha, abri os olhos e Peter depositou um beijo ali, estava muito próximo a minha boca. Arregalei os olhos e abri a boa em forma de ''O'', antes que eu pudesse falar ele me cortou.

– Eu esperei esse embrulho o dia todo.
– Alguém pode nos ver e pensar coisas erradas sobre nós, seu tonto! - Comecei rir entre as lágrimas, esse bastardo está quebrando minha armadura.
– Deixe que pensem. Você realmente sabe me surpreender.
– Você recebeu chocolates de muitas mulheres, por qual motivo aceitou o de uma garotinha?
– Vai saber. - Ele comeu mais alguns bombons e eu ainda peguei um.
– Bobo!