Dreams escrita por GotzeTiago


Capítulo 4
O resultado indefinido




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Vejo que a Pamela olha para mim muito atentamente. Não consigo distinguir o olhar dela. Parece assustada, incrédula, feliz, não sei. Espero ela falar.

—Bem James - começa Pamela incisivamente - o teu teste é uma novidade. Algo, que eu, pelo menos, nunca ouvi falar. Espero que tu te lembres que o teste não quer dizer nada. Só serve de apoio à tua decisão. Mas lamento informar-te, mas, o teu teste não te vai ajudar em nada. Estatisticamente, tiveste 25% em cada uma das habilidades. 

Olho para ela incrédulo. Ainda não me consigo acreditar. Isto muda tudo, mas tudo, aquilo em que sempre acreditei. Como nenhuma das habilidades se evidenciou? Como posso fazer a minha escolha agora?  Eu esperava que este teste, sinceramente, me ajudasse a escolher. Sinto-me perdido. 

—Não posso acreditar! - grito, furioso - Como quer que agora faça a escolha, se nem o magnifico teste o mostrou? Diga-me. - Expludo de raiva - Por favor, diga-me. - digo já com as lágrimas a escorrer-me pela face.

 

—James! - a voz da Pamela é forte e firme. - Este teste não mostra nada. Tu sempre soubeste no fundo do teu coração qual ia ser a tua escolha. Mesmo que tu neste momento não consigas decidir, um dia, vais entender estas minhas palavras. Decide bem amanhã na cerimónia. Não te esqueças que vai mudar a tua vida. Para o bem e para o mal. Já falei demais. Preciso que saias daqui agora. Um dia, tenho a certeza, voltaremos a encontrar-nos.

—Mas... - digo eu antes da Pamela me interromper.

—Sem "mas" James. Precisas de sair agora. - Diz a Pamela mais agressivamente desta vez.

—Certo. Até uma próxima então Pamela. - digo eu, tristemente.

—Até uma próxima James. - diz Pamela, com um sorriso rasgado.

Saio da sala e saio do edíficio rapidamente. Como é que esta escola, que sempre me mostrou seguro por não existirem diferenças aqui dentro, vai-me dar a maior indecisão da minha vida? O que é que eu vou fazer amanhã? O que é que eu vou decidir?

Decido apanhar o autocarro e ir para casa. Sei que posso ir para casa tranquilamente, sem perguntas, visto que a minha mãe está no treino e só chega a casa ao final da tarde.

Chego a casa de rastos. Sem saber o que pensar. Como é que o dia em que as minhas indecisões deviam ficar esclarecidas, se torna, no maior pesadelo da minha vida? Como posso tomar uma decisão tão importante se nem o teste o decidiu?

Começo a ponderar então. O que é que me leva a escolher cada uma das habilidades? Os ágeis seriam a escolha mais óbvia. E escolhendo esta habilidade, poderia ficar na comunidade com a minha mãe. É, sem dúvida, a opção mais segura. No entanto, eu não sou assim tão ágil. Mexo-me bem, mas não sou magnifico. Nunca poderia ter uma profissão de topo. No máximo, seria um professor de Educação Física. Depois os protetores. São eles que protegem a cidade de todo o mal que possa acontecer (não que aconteça grande coisa de mal nesta civilização). São os polícias, seguranças, advogados e juízes da cidade. Na verdade, esta habilidade fascina-me. Ter o poder de proteger a vida de alguém. Depois temos os Observadores. Eles auxiliam todas as comunidades visualmente, ou seja, todo o sistema de segurança visual, vulgo câmaras, foram criadas e são geridas por eles. Todo o sistema de transportes é gerido por eles também. Por eles "verem mais além", auxiliam todas as comunidades em decisões mais difíceis. Por fim, mas não menos importantes, temos os inteligentes. São, sem sombra de dúvida, uma comunidade interessantíssima com uma habilidade fantástica. Tal como o nome indica, eles são realmente interessantes. Passam a vida a estudar. Eles são os professores, cientistas, criadores de grande parte dos sistemas que são usados na cidade. 

Penso que a única habilidade que não me fascina realmente, são os observadores. Mas ainda assim tenho de decidir entre três, o que não torna a minha decisão mais fácil.

A minha mãe chega a casa. E não sei que mentira vou inventar desta vez.

—James, cheguei! - Diz Louise.

Desço as escadas para ir ter com ela. Vou a tremer. Sei que vou mentir mais uma vez à minha mãe.

—Olá Louise! Como correu o treino? - Digo, apreensivo, mas mostrando muita naturalidade.

—Correu bem. E o teste como correu? Já sabes que habilidade escolher? - pergunta Louise com um sorriso no rosto.

E com isto sei que ela sabe de tudo. Que o meu cérebro está um nó gigante. Que eu não faço ideia que habilidade escolher. Ainda assim, minto novamente.

—Correu bem. Ajudou imenso na minha decisão.- digo, tentando parecer o mais natural possível. 

—James! - começa Louise - Espero que saibas que te amo muito. Mais do que podes imaginar. Mesmo que pareça que não, tens a resposta no fundo do teu coração. Pode não parecer neste momento, e eu sei que não parece, mas está lá, e escolhas o que escolheres, quero que tenhas a certeza que vais escolher corretamente. 

Começo a chorar descontroladamente. Estas palavras tocaram-me mais do que deviam e neste momento mostro ao mundo as minhas fragilidades todas.

—Louise! Espero que saibas que seja qual for a minha decisão, que nunca te deixarei de amar. Que vais ser eternamente a minha mãe. Que nunca te vou esquecer, muito menos abandonar. Amo-te mais do que consigo aguentar. - digo enquanto as lágrimas me caem pelos olhos.

—Vai para o teu quarto descansar. E limpa essas lágrimas James. Tens um sorriso tão bonito. E não tens de ficar assim. Confia em mim. Tudo vai ficar bem. Eu levo-te o jantar quando estiver pronto. Hoje, excepcionalmente, jantas no quarto. - diz Louise tentando-me animar.

Não digo uma palavra. Não consigo. Obedientemente subo as escadas e entro no meu quarto. Deito-me na cama e adormeço com um único pensamento depois desta conversa com a Louise. Eu não vou escolher os Ágeis como minha habilidade.


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