Bianca and the Angel escrita por João Pedro


Capítulo 5
Eu vejo Gente Morta




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Pov Dallet.

Eu estou morta. Dessa vez é morta mesmo. Não sei ao certo, mas acho que alguém fez alguma coisa comigo e com a Bianca, provavelmente o meu padrinho, Hades. Ele me deu um ultimo presente. Enquanto meu corpo estava esquecido na imensa escuridão do Tártaro, no final dele quase ultrapassando e sobre os cuidados da minha pior inimiga, que antes era minha melhor amiga, eu posso ver e falar com Bianca. A pobre garota vai ter que me aguentar por um tempo, coitada dela. Isso deveria ser impossível, mas Hades é Hades.

Ele só esqueceu uma coisinha, a alma de Urano está vinculada a minha, se ele me soltou, Urano está solto também e querendo vingança. Eu tinha que falar com Bianca.

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Ela estava de boa, conversando com um centauro domesticado. Oh deusa, não deveriam existir centauros domesticados, isso acaba com o espírito livre deles. Mas aquele só podia ser Quíron, o mesmo que treinou Heracles. Não sabia que ele ainda estava vivo. Eu apareci do lado dela e fiquei observando a conversa.

— Querida, você é uma meio sangue. – disse o homem pônei. – você jamais conseguiria entrar se não tivesse sangue grego.

“ Tipo Anubis?” – eu disse baixinho, mas ninguém ouviu, só Bianca. Ela deu risinhos de leve.

O centauro pigarreou.

— Qual a graça querida?

Bianca parou de rir.

“Pergunte a ele como Anúbis entrou.” Eu disse alto o suficiente para que os dois me escutassem. Bianca não sorriu dessa vez.

— Não sei muito de mitologia, mas não creio que Anúbis seja grego.

“Essa é minha garota.” E sorri enquanto via a cara de decepção de Quíron.

— Ponto pra você. – ele sorriu. – Venha comigo, você vai ficar no chalé de Poseidon por enquanto, os outros estão lotados.

“ Ah não.” Vi como ela ficou triste. “Pede pra ele te colocar em outro.” Eu disse.

– Posso saber por quê? – ela sussurrou de modo que só eu poderia ouvir.

“Depois eu explico.” Sério que ela não se lembrava que ficou na friendzone por causa do filho de Poseidon? E além do mais, eu não poderia aparecer por lá. Desde que dei um tapa na cara do Poseidon, ele não podia quebrar o juramento pelo Estige, mas se eu o provocasse aí era exceção.

– Quíron, não quero ficar no chalé de Poseidon. Por favor, troca?

Ele abriu a boca para argumentar, mas a carinha de Bianca era irresistível, mesmo estando em outro corpo. Se eu fosse lésbica beijava ela. Esse negócio de corpos me perseguia. Serio, chegava a dar ódio toda vez que via algum infeliz passar direto por mim.

– Tudo bem. Qual você sugere? Talvez possamos descobrir de quem é filha.

“Atena”

– Atena!

– Decisão interessante. Não é uma decisão comum por aqui. Por que fez essa escolha?

Ah não, Bianca ia estragar tudo. “Não fala que eu estou aqui!” gritei. Ela tapou os ouvidos.

– O que aconteceu? – perguntou o homem cavalo.

– Nada, to bem, ou quase.

Quíron veio galopando até ela.

– O chalé de Atena, infelizmente não está disponível. Você tem duas escolhas, Hades ou Hécate então. Com qual deles se identifica mais?

“Hades” eu disse “Hades é seu pai”

– Hécate. – ela falou mais rápido. Que diabos se passavam na cabeça dela?

– Hécate então. Dean ainda está lá fora, ele te mostra o lugar.

Eu podia jurar que depois de aquilo ele disse para mim: “Cuida bem dela.”

Eu pensei que nada pudesse assustar um fantasma, mas me enganei e muito. Quíron me deu medo.

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O quarto era bonito, muito dark e gótico. Havia um forro roxo no chão parecido com agua, mas se você pisasse, poderia sentir o chão seco ali debaixo. Era incrível.

– O que há de errado com você? – perguntou Bianca assim que chegamos no tal chalé.

“ Comigo? Era para ser Atena, lá ela poderia me sentir instantaneamente, aqui vai demorar meses.”

– Porque só eu posso te ver? – ela disse me ignorando totalmente.

Dei um suspiro.

“Não se lembra de nada anjo?”

Ela balançou a cabeça negativamente. Hades só podia estar brincando, se ele fosse fazer o serviço que o fizesse direito.

“ Deixe me te ajudar.” Eu esperava que o exercício de transferência de meu professor de magia estivesse certos. Coloquei o dedo na testa dela e comecei a preparar o portal na minha mente. Era meio doloroso e difícil imaginar todo o caminho pelos meus neurotansmissores da minha mente para meu dedo, mas era rápido.

Eu consegui fazer e uma dor atingiu a nós duas. Eu só havia feito aquilo involuntariamente uma vez, odiei.

Eu podia ouvir o grito de Bianca ecoando pela sala. Nem imaginava o que se passava pela mente dela e torcia para que não passasse alguma informação da minha vida para ela, seria meio perturbador. Quando eu senti toda a energia sair do meu corpo e já não conseguia mais gritar, quebrei o contato e caí de costas no chão. Quando me levantei, vi Bianca ali sentada na cama, no mesmo lugar de antes, mas fitando o cetro que ficava pendurado na outra parede do quarto.

“ Cara, eu odeio quando isso acontece. Você está bem?” perguntei me sentando ao lado dela. Na verdade eu não estava sentada, era tipo uma ilusão, eu flutuava acima da cama e dava a impressão de que eu estava sentada.

– Dallet... – ela sussurrou. – Meu Zeus, me diga que não andei usando drogas.

Eu sorri.

“ Por mais que pareça, não. Você só entrou no corpo de uma adolescente morta e vive aí agora.”

Bianca olhou se num espelho acima da cômoda.

– Por que não escolhi alguém um pouco mais... bonita?

Dei um sorriso.

“ Eu me lembro de como você era, posso te ajudar com isso.”

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Palmas para mim, Bianca estava mais parecida com ela mesma do que antes.

– Eu te amo Dallet! – ela disse dando um giro, fazendo sua saia preta e rodada girar junto. Ela estava no mesmo estilo que eu usava antes de ir para minha outra escola.

– Promete que vai me apresentar esse tal de Aktra?

Okay, eu sabia que isso era possível, mas não deixava de ser chocante.

“ O quanto da minha vida você viu?” perguntei me sentando na cama.

– É difícil de dizer, do jeito que sua mente é embaralhada, vou ter que ficar vasculhando por horas.

“ Qual a ultima coisa de que se lembra?”

Ela demorou um pouco para responder.

– De um barulho insuportavelmente alto seguido por um borrão.

“ Você recebeu minha vida inteira. Meu Zeus, promete que não vai enlouquecer.”

– Tá legal, eu prometo. Voltando ao Aktra, ele beija bem?

Dei um sorriso.

“ Querida, você vai descobrir em breve.”

Ela sorriu. Ouvimos um rangido na porta e um cara, que devia ser Dean entrou. Notei como Bianca corou ao olhá-lo.

“ Você é meio tímida não?” eu provoquei.

– Um pouco. – ela respondeu e se virou para Dean. – Olá senhor, se esqueceu de mim?

Ele virou o rosto para nossa direção.

– Não te reconheço, mas sua voz é familiar.

“Agora não é tímida mais. Coisa estranha.”

– É culpa sua. – ela sorriu. – meu anjo da guarda.

Ela agora sabia que era uma semideusa, deveria saber que isso não existia, mas eu gostei do apelido.

– Prazer, Bianca.

“Satisfação. Prazer só na cama.” Eu disse fazendo ela rir.

– Quantas vezes já sentiu prazer. – corei. Um ponto para ela.

– Eu? – disse Drew corado também.

– Não não. – ela disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. – estou falando com minha amiga morta.

– O que? – ele não parecia assustado. – você não era tão estranha antes de se “transformar”.

Bianca colocou o dedo na boca, do mesmo jeito que eu fazia quando queria provocar os meninos. Meu deus, eu estou criando uma deusa!

– Gostou da transformação?

Quando ele não respondeu, nós duas sorrimos.

– Dallet, que tal provar a ele que você está aqui?

“Tanto faz.” Dei de ombros e flutuei para trás dele, passando a mão de leve pela espinha dele, fazendo o gemer.

– Faça ela parar. Eu acredito em você.

– Dallet, não estupra ele.

– Ela está me estuprando?

“Eu não estou estuprando ninguém!”

– Não mais.

– Eu tenho medo de fantasmas. – ele disse brincando.

“Mas é só o que tem nesse chalé.” Brinquei olhando o quarto vazio e fazendo Bianca sorrir.

– Qual a graça? – ele perguntou.

– Nada. Quíron pediu para me mostrar o lugar

“Essa é a minha garota.” Pisquei. Ela piscou de volta e saiu com o Dean. Às vezes até deusas merecem descansar, anjos também.


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