Bianca and the Angel escrita por João Pedro
Pov Dallet.
Eu estou morta. Dessa vez é morta mesmo. Não sei ao certo, mas acho que alguém fez alguma coisa comigo e com a Bianca, provavelmente o meu padrinho, Hades. Ele me deu um ultimo presente. Enquanto meu corpo estava esquecido na imensa escuridão do Tártaro, no final dele quase ultrapassando e sobre os cuidados da minha pior inimiga, que antes era minha melhor amiga, eu posso ver e falar com Bianca. A pobre garota vai ter que me aguentar por um tempo, coitada dela. Isso deveria ser impossível, mas Hades é Hades.
Ele só esqueceu uma coisinha, a alma de Urano está vinculada a minha, se ele me soltou, Urano está solto também e querendo vingança. Eu tinha que falar com Bianca.
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Ela estava de boa, conversando com um centauro domesticado. Oh deusa, não deveriam existir centauros domesticados, isso acaba com o espírito livre deles. Mas aquele só podia ser Quíron, o mesmo que treinou Heracles. Não sabia que ele ainda estava vivo. Eu apareci do lado dela e fiquei observando a conversa.
— Querida, você é uma meio sangue. – disse o homem pônei. – você jamais conseguiria entrar se não tivesse sangue grego.
“ Tipo Anubis?” – eu disse baixinho, mas ninguém ouviu, só Bianca. Ela deu risinhos de leve.
O centauro pigarreou.
— Qual a graça querida?
Bianca parou de rir.
“Pergunte a ele como Anúbis entrou.” Eu disse alto o suficiente para que os dois me escutassem. Bianca não sorriu dessa vez.
— Não sei muito de mitologia, mas não creio que Anúbis seja grego.
“Essa é minha garota.” E sorri enquanto via a cara de decepção de Quíron.
— Ponto pra você. – ele sorriu. – Venha comigo, você vai ficar no chalé de Poseidon por enquanto, os outros estão lotados.
“ Ah não.” Vi como ela ficou triste. “Pede pra ele te colocar em outro.” Eu disse.
– Posso saber por quê? – ela sussurrou de modo que só eu poderia ouvir.
“Depois eu explico.” Sério que ela não se lembrava que ficou na friendzone por causa do filho de Poseidon? E além do mais, eu não poderia aparecer por lá. Desde que dei um tapa na cara do Poseidon, ele não podia quebrar o juramento pelo Estige, mas se eu o provocasse aí era exceção.
– Quíron, não quero ficar no chalé de Poseidon. Por favor, troca?
Ele abriu a boca para argumentar, mas a carinha de Bianca era irresistível, mesmo estando em outro corpo. Se eu fosse lésbica beijava ela. Esse negócio de corpos me perseguia. Serio, chegava a dar ódio toda vez que via algum infeliz passar direto por mim.
– Tudo bem. Qual você sugere? Talvez possamos descobrir de quem é filha.
“Atena”
– Atena!
– Decisão interessante. Não é uma decisão comum por aqui. Por que fez essa escolha?
Ah não, Bianca ia estragar tudo. “Não fala que eu estou aqui!” gritei. Ela tapou os ouvidos.
– O que aconteceu? – perguntou o homem cavalo.
– Nada, to bem, ou quase.
Quíron veio galopando até ela.
– O chalé de Atena, infelizmente não está disponível. Você tem duas escolhas, Hades ou Hécate então. Com qual deles se identifica mais?
“Hades” eu disse “Hades é seu pai”
– Hécate. – ela falou mais rápido. Que diabos se passavam na cabeça dela?
– Hécate então. Dean ainda está lá fora, ele te mostra o lugar.
Eu podia jurar que depois de aquilo ele disse para mim: “Cuida bem dela.”
Eu pensei que nada pudesse assustar um fantasma, mas me enganei e muito. Quíron me deu medo.
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O quarto era bonito, muito dark e gótico. Havia um forro roxo no chão parecido com agua, mas se você pisasse, poderia sentir o chão seco ali debaixo. Era incrível.
– O que há de errado com você? – perguntou Bianca assim que chegamos no tal chalé.
“ Comigo? Era para ser Atena, lá ela poderia me sentir instantaneamente, aqui vai demorar meses.”
– Porque só eu posso te ver? – ela disse me ignorando totalmente.
Dei um suspiro.
“Não se lembra de nada anjo?”
Ela balançou a cabeça negativamente. Hades só podia estar brincando, se ele fosse fazer o serviço que o fizesse direito.
“ Deixe me te ajudar.” Eu esperava que o exercício de transferência de meu professor de magia estivesse certos. Coloquei o dedo na testa dela e comecei a preparar o portal na minha mente. Era meio doloroso e difícil imaginar todo o caminho pelos meus neurotansmissores da minha mente para meu dedo, mas era rápido.
Eu consegui fazer e uma dor atingiu a nós duas. Eu só havia feito aquilo involuntariamente uma vez, odiei.
Eu podia ouvir o grito de Bianca ecoando pela sala. Nem imaginava o que se passava pela mente dela e torcia para que não passasse alguma informação da minha vida para ela, seria meio perturbador. Quando eu senti toda a energia sair do meu corpo e já não conseguia mais gritar, quebrei o contato e caí de costas no chão. Quando me levantei, vi Bianca ali sentada na cama, no mesmo lugar de antes, mas fitando o cetro que ficava pendurado na outra parede do quarto.
“ Cara, eu odeio quando isso acontece. Você está bem?” perguntei me sentando ao lado dela. Na verdade eu não estava sentada, era tipo uma ilusão, eu flutuava acima da cama e dava a impressão de que eu estava sentada.
– Dallet... – ela sussurrou. – Meu Zeus, me diga que não andei usando drogas.
Eu sorri.
“ Por mais que pareça, não. Você só entrou no corpo de uma adolescente morta e vive aí agora.”
Bianca olhou se num espelho acima da cômoda.
– Por que não escolhi alguém um pouco mais... bonita?
Dei um sorriso.
“ Eu me lembro de como você era, posso te ajudar com isso.”
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Palmas para mim, Bianca estava mais parecida com ela mesma do que antes.
– Eu te amo Dallet! – ela disse dando um giro, fazendo sua saia preta e rodada girar junto. Ela estava no mesmo estilo que eu usava antes de ir para minha outra escola.
– Promete que vai me apresentar esse tal de Aktra?
Okay, eu sabia que isso era possível, mas não deixava de ser chocante.
“ O quanto da minha vida você viu?” perguntei me sentando na cama.
– É difícil de dizer, do jeito que sua mente é embaralhada, vou ter que ficar vasculhando por horas.
“ Qual a ultima coisa de que se lembra?”
Ela demorou um pouco para responder.
– De um barulho insuportavelmente alto seguido por um borrão.
“ Você recebeu minha vida inteira. Meu Zeus, promete que não vai enlouquecer.”
– Tá legal, eu prometo. Voltando ao Aktra, ele beija bem?
Dei um sorriso.
“ Querida, você vai descobrir em breve.”
Ela sorriu. Ouvimos um rangido na porta e um cara, que devia ser Dean entrou. Notei como Bianca corou ao olhá-lo.
“ Você é meio tímida não?” eu provoquei.
– Um pouco. – ela respondeu e se virou para Dean. – Olá senhor, se esqueceu de mim?
Ele virou o rosto para nossa direção.
– Não te reconheço, mas sua voz é familiar.
“Agora não é tímida mais. Coisa estranha.”
– É culpa sua. – ela sorriu. – meu anjo da guarda.
Ela agora sabia que era uma semideusa, deveria saber que isso não existia, mas eu gostei do apelido.
– Prazer, Bianca.
“Satisfação. Prazer só na cama.” Eu disse fazendo ela rir.
– Quantas vezes já sentiu prazer. – corei. Um ponto para ela.
– Eu? – disse Drew corado também.
– Não não. – ela disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. – estou falando com minha amiga morta.
– O que? – ele não parecia assustado. – você não era tão estranha antes de se “transformar”.
Bianca colocou o dedo na boca, do mesmo jeito que eu fazia quando queria provocar os meninos. Meu deus, eu estou criando uma deusa!
– Gostou da transformação?
Quando ele não respondeu, nós duas sorrimos.
– Dallet, que tal provar a ele que você está aqui?
“Tanto faz.” Dei de ombros e flutuei para trás dele, passando a mão de leve pela espinha dele, fazendo o gemer.
– Faça ela parar. Eu acredito em você.
– Dallet, não estupra ele.
– Ela está me estuprando?
“Eu não estou estuprando ninguém!”
– Não mais.
– Eu tenho medo de fantasmas. – ele disse brincando.
“Mas é só o que tem nesse chalé.” Brinquei olhando o quarto vazio e fazendo Bianca sorrir.
– Qual a graça? – ele perguntou.
– Nada. Quíron pediu para me mostrar o lugar
“Essa é a minha garota.” Pisquei. Ela piscou de volta e saiu com o Dean. Às vezes até deusas merecem descansar, anjos também.
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