O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 32
A conversa




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Pov Belle

Subimos as escadarias, e cada vez mais eu me impressiono com este lugar. Os corredores daqui são amplos, com decorações claras e quadros lindos nas paredes. Alguns de belas criaturas da floresta, outros de bravos cavaleiros, artistas, músicos, seres do mar, da terra, do ar, do fogo, animais e até algumas lindas plantas figuram as molduras mágicas que enfeitam as paredes. O teto é circular, o que passa uma impressão boa de maior grandiosidade.

Armaduras brilhantes batem continência para Sophie e Nico, e ela sempre respondia, comprimentando-os gentilmente. Chegamos a outra escadaria de mármore, que ameaçou mudar de andar, mas Nico sussurrou algo, e ela retornou ao local de origem.

Eu acho que teria preferido continuar naquele corredor, se eu não tivesse posto os olhos no corredor do terceiro andar. Aquele lugar é pura ostentação!!!! Todos os móveis, quadros e até mesmo as paredes do corredor são revestidos com uma camada dourada e muito brilhante. O mármore do chão reflete o brilho das paredes, dando a impressão de que entramos em um grande castelo de ouro maciço, eu me sinto no céu!!!!!!!! Nem o mais rico e luxuoso cassino de Vegas tem paredes de ouro! Esse lugar é puro luxo!

– Sempre odiei esse corredor... - Nico reclamou - Dá muita dor de cabeça...

– Pelo ouro ou pelas suspensões que você recebe toda vez que vem aqui? - Sophie ironizou, fazendo ele rir.

De repente, paramos na frente de um enorme quadro. A moldura dele era dourada também, mas a pessoa retratada era um pouco destoante com o resto da decoração. Era um homem, idoso, de cabelos negros e corpo bem magrinho, daqueles que parecem que vão quebrar como palito de dente. Tinha um nariz comprido e curvo, um bigode cheio e grisalho, igual a seu cabelo, embora o topo de sua cabeça fosse careca. Tinha também um monóculo, e parecia estar sempre muito ocupado.

– Bon après-midi! - Sophie se anunciou, assustando-o.

– Oh, mademoiselle Sullen! - ele parou, olhando-a - O que a traz ao meu quadro? Eu creio que a redação da Revista Sonorus esteja esperando a sua matéria da semana!

– Oh non, mecié, hoje eu vim para falar com a Diretora Maxime. - ela se desculpou - Poderia me dizer se ela está aí?

– Terá que ver por si mesma, mademoiselle! - ele piscou seus enormes olhos - Mas primeiro, precisa passar por muá! Já sabe as regras! Precisa me ensinar algo que eu non saiba!

– Pour sûr! - Sophie exclamou - Esta temporada eu descobri que o feitiço para objetos inanimados pode ser usado em construções!

– Aham.. - ele limpou a garganta - Nunca ouvi nada parecido com isso... Terá que me explicar como isso funciona depois! Oh sim, Mecié Bonbourne também!

– Muá?! Só pode estar brincando! - Nico reclamou.

– Loi à une, loi pour tous! - ele retrucou, traduzindo em seguida - Lei pra um, lei pra todos!

– Hum... - Nico pensou - A editora de O Pasquim estuda em Hogwarts! Se chama Luna Lovegood!

– O nome eu já sabia, mas vou contar, apenas desta vez! - ele disse, abrindo a porta - Mas da próxima vez, é melhor ter algo útil para mim, mecié!

Eles passaram pela porta. Eu tentei passar, mas o quadro se fechou antes que eu pudesse.

– Milady, se me permite, acaso está perdida? - ele olhou para mim.

– Eu... estou com eles dois, obrigada! - eu caminhei na direção do quadro.

– Mas não pode passar. - ele parou, grandioso - Não sem me dizer algo que eu não saiba!

– Olha, eu preciso mesmo passar! - eu insisti, sem paciência.

– Lamento, mademoiselle, mas ninguém pode passar. - ele desapareceu - Bon après-midi!

– Não, espera! - eu gritei, batendo no quadro.

– Milady, não bata! Esse tecido é muito frágil! - ele reclamou - Afaste-se daí!

– Tá! - eu me afastei, furiosa - Quer que eu diga algo que você não sabe?

– Essa é a regra! - ele respondeu.

– IzaBelle! - eu cruzei os braços.

– E o que seria isso? - ele perguntou.

– Meu primeiro nome! - eu arqueei a sombracelha - Acabo de lhe dizer algo que você não sabia! Me deixe entrar!

– Mas... mas...

Eu empurrei o quadro, que se abriu. Enquanto aquele velhinho esbravejava, eu entrei na sala. Era um lugar realmente muito pouco sério para uma sala dos professores. À exceção de umas poucas estantes de livros e uma mesa de reuniões, tudo nesse ambiente é voltado para o lazer despreocupado dos mestres. Existe uma mesa onde eles jogam cartas, um jukebox mágico, o "canto do lanchinho", e até uma lista negra de alunos pregada na parede, onde figuram gerações de estudantes subversivos que conquistaram o desagrado dos professores. Na grande mesa de reuniões, haviam muitas cadeiras diferentes, mas a mais inusitada era uma poltrona amarela de oncinha, que eu acho que vou encomendar lá pra casa.

Nico e Sophie estavam sentados em cadeiras, tomando chá. Na cadeira da cabeceira, havia a mulher mais diferente que eu já vi na vida: ela era bem alta, tinha os cabelos chocolate cortados Chanel com franja, tinha um nariz pontudo e curvo, e o rosto de uma mulher de cinquenta anos. Seus grandes olhos negros eram profundos, e ela tinha em suas elegantes roupas, um cachecol de plumas negras.

– Enton, como foi o baile? - ela perguntou, tinha o sotaque bem carregado.

– Bem... - Sophie olhou para Nico maliciosamente - Digamos que alguém ainda me deve uma dança...

– Nicola também me deve, mas eu non vou cobrar agora. - ela comentou - Temos assuntos mais importantes para tratar.

– Você deve uma dança pra diretora?! - Sophie sussurrou, socando o ombro de Nico.

A mulher se levantou, fazendo-me notar o quando ela era realmente grande. Eu diria até que ela é mais alta que hagrid, mas apenas um meio metro, mais ou menos. Ela pegou um artefato de uma das prateleiras de livros. Era um espelho brilhante, de prata, encrustado com cristais. Ele era todo ornamentado, mas ainda assim, o que mais chamava a atenção era o vidro em si, que brilhava como um redemoinho, em múltiplas cores.

– Você tem feito tudo como eu pedi? - ela falou, sua voz agora estava forte e inundava toda a sala - Eu vejo aqui a sua angústia e medo. Tamém vejo... Potter?...

– Non sei mais o que fazer, o que pensar... - Sophie sussurrou - Parece que, a cada dia que passa... a cada momento mais que eu passo lá... Mais Harry... o Potter, parece não querer se afastar... Eu nem sei mais se eu quero me afastar dele...

Eu podia ver o rosto dela corar singelamente.

– Por favor, Madame Maxime! Me tire de lá! - Sophie implorou - Eu lhe imploro! Não quero me envolver nisso! Me tire de lá! Me deixe voltar!

– Nicola... - ela falou - Você tem sido muito duro com ela... A Sophie que eu conheço já teria sucumbido. E não estaria culpada por isso.

– Não quero que ela faça mais isso. - Nico disse, decidido - Isso vai acabar muito mal.

– O fim é inevitável para todos. Não deveria tentar impedi-la. - a mulher retrucou - Para que não interfira mais, só voltará a vê-la quando as férias recomeçarem.

– Non! - Sophie brigou - Non o afaste de mim! Ele é meu primo!

– Ele está te confundindo. Non pode se comprometer assim, Sophie. Muitas coisas important eston em jogo. - madame Maxime olhava para o espelho.

– Eu... - Nico se levantou - vou esperar... lá fora.

Sophie segurou-lhe a mão, gentilmente. Nico a puxou para um abraço, que foi rapidamente correspondido. E soltando-se dela, ele saiu da sala.

– O que deve ser feito agora? - Sophie perguntou, pesarosa.

– Me dói dizer que você terá que... retornar para aquele lugar. Mas esté é o único jeito. Muita coisa ainda está em jogo, cherrie, - ela se aproximou de Sophie, e acariciou-lhe o rosto carinhosamente - por enquanto, vai ter que voltar.

– Mas e o Harry? - ela perguntou timidamente.

– Ele ainda não pode saber. Mas outros devem. - Maxime respondeu - E, cherrie, porque tenta se afastar dele? E vi no espelho que ele quer ficar com você.

– PORQUE ISSO NÃO PARECE CERTO! - Sophie se afastou dela - MEUS PAIS MORRERAM POR CAUSA DOS MALDITOS POTTERS! SE NÃO FOSSE POR ELES, EU TERIA A MINHA MÃE! Eu teria o meu pai... Eu... teria uma vida...

– Oh, cherrie... - ela respondeu - Um dia, você vai saber a verdade... Non seja ton dura...

– Se serei dura ou non, eu apenas saberei. Esse espelho non pode mostrar tudo. - Sophie se fechou, rude.

– Bom... nesse caso... - Maxime se afastou dela - Continue com minhas ordens. E Sophie... ele non pode saber ainda.

Sophie suspirou, tentando se controlar. Maxime a abraçou, como alguém que acolhe uma criança em seus braços. E não digo isso apenas pela diferença de altura.

– Mas, o que é isto...? - Maxime se afastou. Ela segurou algo em suas mãos, que parecia estar conectado a Sophie de algum modo. - Prata.

– Foi presente. - Sophie olhou, com certa ternura - Do Harry. Achei melhor ficar com isso.

– Trés bién. - Maxime sorriu - Agora retorne. Tem muito o que pensar.

Sophie soltou-se dela, saindo da sala. Maxime olhou na minha direção por instantes, mas estranhamente, pareceu não me ver. Quando saí, encontrei Sophie abraçada a Nico, e chorava copiosamente.

– Eu sabia que um dia a gente ia se separar... - Sophie soluçou- Só nunca imaginei que seria justo agora...

– Hey, mademoiselle! - Nico ergueu o rosto dela, de modo que ela pudesse olhá-lo - Ninguém pode nos separar! Eu sempre vou ser seu primo! E além disso, agora eu sei onde fica essa tal Hogwarts. Não é a BeauxBatons, mas eu adoraria retornar lá.

– Mesmo? - Sophie sorriu.

– Claro! - ele correspondeu - Ouvi dizer que a Floresta é terminantemente proibida lá. E o melhor: dizem ter lobisomens, centauros e uma colônia inteira de aranhas gigantes! Acha que eu perderia isso?! Quer dizer, em nome do jornal, é claro.

– Sei, o jornal... - Sophie riu, abraçando-o - Ah! Como eu vou sentir sua falta, meu maluco!

– Eu vou escrever, prometo. - ele acariciou os cabelos dela.

– Como da outra vez? Eu te mandei uma carta, mas a única vez que você me mandou alguma coisa pelo Jean Piérre, foi o bilhetinho do baile! - Sophie retrucou, fazendo ele rir.

– Nico não é muito de compromisso. - ele respondeu.

– Verdade. - Sophie sorriu mais uma vez - Vou indo. Au revoir!

E dito isso, ela desaparatou, deixando Nico ali. Eu ainda fiquei mais um pouco, assistindo ele desabar a cada segundo mais que ele notava que ela não retornaria. E isso me corroeu um pouco também.

Ao retornar, não vi Sophie de imediato. Mas vi os estragos.

– Cadê o Nico, Belle? - Eric perguntou.

– Voltou pra escola dele. - eu sussurrei. E senti Eric me abraçar.

– Meu feitiço de proteção funcionou? - ele perguntou.

– Foi você?! - eu olhei para ele.

– Claro que sim! Não podia me arriscar a deixar que te vissem! - ele sorriu.

– Meu anjo da guarda! - eu o abracei.

– O anjo da guarda do anjo da guarda! - ele me fez sorrir.


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Notas finais do capítulo

Terminou tão triste...



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