– Nossa Davi, eu não sabia, você saiu mesmo? Não tem volta? - Ernesto perguntou

– Não, nem se o próprio me chamasse, aquilo não é pra mim, sabe? Senti um alívio enorme quando sai das garras do Jonas

– E já teve alguma idéia pra lançar o Júnior? - ele perguntou animado

– Não, mas você tá com cara de quem tem uma

– Posso falar? - fiz que sim com a cabeça - porque você não coloca o Júnior na Parker TV? Milhares de investidores assistem a Parker todos os dias, a Megan pode pedir pra princesa Shelda... quer dizer, pra Pamela, que apresente o projeto

– Você acha?

– Mas é claro! Vai ser uma divulgação enorme

– A gente pode colocar em um programa de tecnologia, né? - gostei da idéia

– Isso! - ele estava animado - assim vai chover gente... só de lingerie?

Ernesto parou no fim daquela frase, que não entendi direito, segui o olhar dele para ver o que tanto lhe espantava, quando vi o motivo logo levantei, tão espantado quanto ele, que percebeu primeiro.

Megan tinha chegado, ela estava descalça e sem roupas, só de lingerie! Com o cabelo preso em um coque mau feito e a maquiagem dos olhos toda borrada, com o nariz vermelho ela passou a mão no rosto, tentando limpar as lágrimas de um choro recente.

– Megan?! O que aconteu amor?!

– Davi... - ela estava com a voz fanhosa - será que eu posso passar uns dias na sua casa?

As crianças que haviam notado a presença dela e corrido ao seu encontro, paralisaram quando a viram nesse estado, pedi para que Ernesto organizasse a turminha para uma nova partida de futebol, ele entendeu o recado e levou todas para o campo.

Levei Megan a um lugar mais preservado, para que ela pudesse me contar o que diabos havia acontecido, fomos até o "forte", que é onde fica o sofá colorido e o mapa mundi na parede, feito de placas de computador antigas.

Dei á ela uma chinela e meu casaco, bem fino que estava usando por cima da blusa, mas pelo menos ela não ficava semi-nua, agradeceu e vestiu, o dia estava milagrosamente frio, não sei como ela não estava congelando em tão poucos trajes.

– Eu briguei com meu dad e sai de casa sem nada, sem bolça, sem roupa, sem cartão de crédito... - ela disse antes mesmo que eu perguntasse

– Você tá bem?

– Not really

– O motivo da briga foi tão ruim assim? Qual foi o motivo?

– Prefiro não falar - ela se sentou no sofá colorido

Eu desafiei o Jonas, esquecendo que ainda namoro a filha dele, eles moram na mesma casa, não é com freqüência mas se encontram, o motivo da briga e o pelo qual ela não quer falar é óbvio.

– Foi por minha causa, né? Claro - sentei do lado dela

– Yeah, dad me disse umas coisas horríveis que eu prefiro não repetir

– Você pode me contar Megan, eu não espero nada mais do seu pai

– Ele disse que você só se aproximou de mim por causa dele - mais uma lágrima escorreu sobre o rosto dela

– Megan, olha pra mim amor - coloquei meus dedos no queixo dela e puxei sei olhar pra o meu - eu me aproximei de você por ser quem é... e não por ele, esquece isso

– Ele disse que você quer destruir ele

– Eu não concordo com o que ele representa, ganância, mentalidade voltada pro lucro... mas eu nunca ia me aproximaria da filha dele por causa disso, eu iria querer distância, não? Acredita em mim - coloquei minha mão em sua perna, ela ignorou

– Eu acredito Davi, mas é que acreditei em todos os outros - Megan segurou minha mão

– Então olha só - coloquei meus braços em torna dela, a acolhendo, como em um ninho - você fica lá em casa esses dias e depois agente vê o que faz, ok? - beijei seu ombro - o que sua mãe falou disso tudo?

– Eu não sei, ainda não falei com ela - passei minha mão em suas costas - mom está esquecida, eles brigando... minha família está acabando Davi - Megan caiu em lágrimas, beijei sua cabeça

– Bad girl, sabe o que acho? Que essa é uma linda oportunidade pra você começar a ter uma vida independente deles, né? O primeiro passo você já deu

Megan concordou com a cabeça, em quanto secava as lágrimas com o torso da mão.

– Pare de chorar, não chora por isso não - tentei fazer cócegas nela - abre um sorriso - ela o fez e eu enxuguei seu rosto

Enchi Megan de beijos, tentando amenizar a dor não acalentável, tentando tirar um pouco de todo aquele tormento que inundava seu coração, toda aquela culpa que de sua nada tinha, todo o receio de conhecer aquele que sempre lhe foi poupado, o mundo.

Eu sei a falta que Jonas sempre fez na vida da Megan, sei que ela sente mas não sabia que era de tal intensidade, o tempo leva ao costume, certo? Mas pra ela esse ditado não serviu, a ligação deles, ou melhor, dela com ele, é muito forte.

Megan o ama, não importa o que ele faça, ela sempre vai perdoar no mesmo instante, coisa que quem dera eu entendesse, como alguém te chutas e você ainda fica ali? A resposta está implícita, a falta te faz correr atrás.

Não importa se estão brigando, pelo menos ele está falando, pelo menos está presente, a única forma da Megan ter Jonas junto dela, por isso faz tanta besteira, como uma criança tentando chamar mais atenção, o triste é que a Megan nunca pode usar esse "mais".

Mas ela não precisa dele, agora tem a mim, não precisa mas ficar dependente ou se humilhar, ela já tem a força, eu vou só colocar no trilho certo, pra que ela percorra a vida com segurança e felicidade, e claro... ao meu lado.

– Não tá na hora da aula da tia Megan? - sei que ela gosta das crianças, de repente pode levar o astral

Megan sorriu pra mim.

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Pamela abriu a porta com dificuldade, por conta da bolça que estava carregando, já entrou em casa chamando pela amada madrinha, mau sabia ela o que havia acontecido em quanto estava fora.

– Dorothy! - ninguém respondeu - Madrinha?

Cansada, Pamela colocou a bolça em cima do sofá, para poder ir atrás da madrinha, coisa que nem se quer foi preciso, Dorothy já estava vindo ao seu encontro, talvez um pouco branca demais.

– Dorothy ai está você! Não imagina o que...

– Nós precisamos conversar Pam, a Megan e o Jonas tiveram uma briga antes dele ir pra Marra

– Oh no... mas eles sempre brigam mesmo, é lamentável mas sempre....

– Megan foi embora, Pamela

– What?! Pra... pra Califórnia? - ela gaguejou

– Eu não sei pra onde, mas disse que não voltaria, foi uma briga muito séria, ela deixou tudo, literalmente

– Como assim literalmente?

– Megan disse que não queria nada que Jonas tivesse dado pra ela, tirou as jóias, jogou os saltos, até a roupa! Saiu daqui só de lingerie

– Só de lingerie?! Eu vou ligar pra Megan Lily now!

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Peguei os papéis e distribui sobre o chão, assim não sujariam mais do que já estava sujo, Davi me ajudou a entregar as tintas e os pincéis pra turminha de 3 á 5 anos, em quanto Ernesto dava uma de técnico com os mais velhos do lado de fora.

Pedi que desenhassem qualquer coisa, desde que me dissessem o nome em inglês no final, a maioria escolheu alguma espécie de animal.

Davi pegou uma folha do monte e começou a desenhar sentado ao meu lado, que estava ajoelhada observando meus pequenos.

O desenho dele estava like abstrato no começo, mas logo consegui decifrar os rabiscos, era um morango com uma carinha feliz, isso desafiava todos os estudos de diversos cientistas, mas era apenas uma brincadeira.

Ele terminou e me entregou a folha ainda um pouco úmida, de autoria "Davi", ele escreveu com tinta preta na parte inferior, isso é like um presente? Peguei o pincel em um pote na minha frente e mergulhei na tinta laranja, molhando levemente no amarelo e comecei a fazer o meu desenho ao lado do dele, na mesma folha.

Com pinceladas delicadas e parando alguns instantes para recapitular em que parte estava, fiz o que veio na minha mente, ele logo decifrou e sorriu para o papel úmido.

Desenhei uma laranja fazendo careta, também quis desafiar as leis da lógica, e para completar, escrevi ao lado da assinatura dele, "& Megan".

– É por isso que o morango tá sorrindo? Por causa da careta?

– Yeah

Davi colocou a mão a trás da minha orelha, com os dedos parcialmente em minha nuca, foi chegando perto e me roubou um beijo, o qual retribuí, tirando seu status de "roubado", já que a vítima concordou inteiramente com o crime e não quis prestar queixa na delegacia.

– Tia Megan - Samuel me chamou

– Oi meu amor - sai do beijo bruscamente, Davi ficou com uma cara de chateado engraçada

– Porque não fazemos um clado bem grande? Todo mundo pode colocar a mão de tinta

Samuel havia dado uma idéia, até Davi se espantou, ele está se abrindo cada vez mais e isso é incrível, não tem como não atender a esse pedido, principalmente quando ele foi feito em uma voizinha so cute.

– Ótima idéia Samuel! Você me ajuda?

Ele fez que sim com a cabeça.

Davi, Samuel and I, pegamos uma cartolina grande na cor de madeira e colocamos na parede, escrevemos "Kids of Plugar" na mesma, distribuímos várias tintas em pequenas tampas e chamamos todos, que já estavam nos observando curiosos.

A turminha adorou a idéia, claro que a sujeira foi grande, mas os risos foram maiores ainda, Davi me ajudou a colocar a mão dos menores na tinta, em quanto os maiores já deixavam sua marca sozinhos.

Um quadro tão simples, feito em uma cartolina velha e frágil, que apenas representa a suposta idéia de estar envolvida de "assinaturas", a suposta idéia de que fazer parte daquilo que o título anunciava, é importante, e agora que faço parte posso dizer com todos as letras, que realmente é.

Resolvi deixar minha marca também, levantei um pouco a manga do casaco do Davi e mergulhei a mão na tinta rosa, deixei minha marca em dos espaços vazios.

Davi fez o mesmo, escolheu a tinta azul e depositou sua marca ao lado da minha, o beijei novamente com cuidado para não suja-lo de tinta, ele retribuiu com vários pequenos beijos, acabou me fazendo rir.

Se fosse em outra época, até mesmo em outro quântico, eu estaria em alguma festa bebendo tanto que nem saberia mais meu próprio nome, achando que a bebida levaria minha tristeza embora, but not, its just a ilusion, porque no outro dia eu estaria triste novamente.

Mas isso não aconteceu dessa vez, eu estou com Davi e me divertindo bastante com todas as kids, a dor ainda está presente mas não tão intensa como ficava todas as vezes que isso já aconteceu, Davi consegue mascarar minha dor, this is amazing.

How say my grandma... se um homem consegue te hipnotizar apenas com o olhar, ele foi feito para amar, e é o que está acontecendo no momento, os olhos castanhos estavam mergulhados nos meus, me prendendo de tal forma que esqueci tudo em volta.

– Megan? Vamos lavar as mãos dessa turminha?

– What? Oh yeah! - meu MarraPhone começou a tocar - Vamos lá pessoal, todo mundo com o tio Davi!

– Só eu?

Balancei o celular e ele entendeu o recado, tive que deixa-lo sozinho com a turminha, a Plugar estava muito movimentada, por ser sábado as crianças estavam por todos os lados.

Tive que correr para atender do lado de fora, antes que a pessoa do outro lado da linha desistisse.

Hello?! Megan Lily?

– Hi mom...

O que deu em você para sair só de lingerie sweet?

– O que deu em mim?! O que deu em Jonas Marra você deveria se perguntar!

Hey, hey! Você está com raiva de seu daddy e não me mim, remenber?

– I'm sorry mom, mas é que dad... ele passou por todos os limites, como dizem aqui em Brazil, ele pegou like pesado

Oh yeah, seu daddy anda muito estressado ultimamente - ela fez uma pausa, quase pensei que a ligação houvesse caído - mommy pode ir te visitar?

– Of course, eu estou aqui com o Davi, na Plugar

Ok, eu já estou indo, I love you

– Me too

Encerrei a chamada e Davi desceu os pequenos degraus ao meu encontro, depositando um delicado beijo em minha testa, sorri para ele e retribui com outro em seus lábios.

– Era sua mãe? - ele perguntou colocando meu cabelo detrás da minha orelha

– Yeah... ela tá preocupada

– Não era pra menos, né fujona?

Nós dois rimos e ele me abraçou.

– Vêem amor, vamos entrar - ele convidou

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Jonas trabalhava concentrado em seu computador, a televisão presa na parede com o volume quase inaudível, servia apenas como enfeite, pois o magnata da tecnologia não tira os olhos da tela do seu MarraBook.

Olhava alguns gráficos, escrevia algumas coisas no "bloco de notas", fazia alguns cálculos, tudo tão calmo que o silêncio chegava a ser barulhento.

De repente ele sentiu a necessidade de aumentar o volume da televisão, procurou sobre a mesa o controle até encontrar, algo na programação deve ter lhe chamado a atenção.

Colocou a tv o mais alto possível em um curto período, estava muito atencioso no que se passava, Murphy teve o azar de entrar no escritório do patão justo nesse instante, foi mandado "calar a boca", e o volume foi aumentado novamente.

Era algum tipo de reportagem, um programa inteiro dedicado as fofocas dos famosos, estavam falando sobre Megan, ela havia sido vista e fotografada apenas com a blusa do Davi na Plugar, localizada na Gambiarra.

Após o término da reportagem, que durou pouco mais de três minutos, Jonas desligou a televisão e voltou para o seu amado computador, voltou para seus cálculos, seus gráficos, sua vida de trabalho.

– Boss? O senhor está bem?

– Por que pergunta?

– O senhor nunca foi de assistir programas de fofoca

– Era sobre a Megan

– O look dos jovens está cada vez mais inovador, não acha?

– É que a gente teve uma briga pela manhã, e você sabe como a Megan gosta de fazer escândalo, não foi culpa minha

– Conheço Megan Lily como a palma da minha mão boss, desde que não alcançava sequer meu joelho eu já trabalhava pra Marra

– Se você a conhece tanto Murphy, me diga... acha que ela está bem?

– Boss, para Megan Lily renunciar todas as suas roupas, jóias e os cartões de crédito, o menino é realmente importante pra ela, você não acha?

Jonas não respondeu o indiano, ficou apenas contemplando o vazio, submerso em seus próprios pensamentos, cheios de "porquês".

– Acho que o senhor, como dizem aqui no Brasil, entrou nessa onda de disputa com seu ex-sucessor e acabou esquecendo que... Megan Lily tem sentimentos

Murphy deixou alguns papéis sobre a mesa e se retirou do escritório, deixou Jonas pensativo com tudo o que tinha dito, desde a maiúscula até o ponto final, ele foi se tocando, aos poucos, que Megan Lily... ainda era sua filha, e que precisa de um pouco mais de atenção.

Jonas passou as mãos no rosto e as levou até o cabelo, balançou a cabeça e bebeu um pouco de água, como se quisesse esquecer todos os pensamentos que o rodeavam.

Depois desse pequeno ritual, que acontecia com uma certa frequência, tomou o tempo em olhar os papéis tragos por Murphy, dentre tantos um em especial, chamou sua atenção, era uma carta, endereçada á Jonas Marra e sem remetente.

Jonas abriu com a maior calma possível, tirou a folha preta de dentro do envelope branco e começou a ler, aliás não tinha muito para ler, pois não havia palavra alguma, e sim uma pequena peça, semelhante á um pendrive, presa com duas tiras de fita adesiva.

O magnata descolou a peça com cuidado, para não danifica-la, a mesma era tão pequena que não chegava sequer a final de seu polegar. Na peça havia um pequeno botão, e como todo nerd é curioso por natureza, este foi precionado sem se pensar duas vezes.

Um feixe de luz saiu da parte frontal da peça em direção ao teto do escritório, escreveu ali bem nitidamente, uma mensagem direta e ameaçadora, mas sem autoria alguma.

"Seu império vai cair, Jonas Marra"

Jonas ficou alguns minutos analisando a mensagem, quem poderia ter lhe mandado isso? Ele tinha algum inimigo? Perguntas sem respostas foram isoladas, Jonas guardou a peça na gaveta mais próxima, sem dar muita atenção, acreditando ter sido apenas uma brincadeira de mau gosto.

Quando pegou o envelope para joga-lo no lixo, percebeu que havia mais alguma coisa lá dentro, uma foto, na qual estavam Pamela, Megan e Jonas, mas este havia sido cortado brutalmente, junto com parte do braço e do vestido de Megan que estava nos braços do pai.

Pamela estava por completo, o rosto jovem de uns vinte e seis ou vinte e sete anos, e o sorriso cativante de Megan aos seus sete ou oito anos.

Aquela foto mexeu mais ainda com a cabeça de Jonas, como alguém teria conseguido aquela foto? Que ocupava a prateleira de seu escritório pessoal em sua casa? Porque o cortaram da foto? Porque quiseram destruir uma lembrança de família?

Jonas já estava começando a sentir uma forte dor de cabeça, guardou e a foto no bolço e juntamente com o envelope, se levantou para tomar um pouco de ar puro lá fora, não queria acreditar que aquilo havia sido feito por Megan, mas era exatamente pra isso que seus pensamentos o levavam, claro, sempre com um pouco de dúvida.

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– Mom! Just second, ok? - gritei para mommy - porque vocês não vão brincar com o Linus? Ele tá lá fora esperando com a bola

As kids gritaram como em um solo e correram para o campinho, ajudei mommy a subir os degraus com minha mala.

Puxei mom para o sofá mais próximo, peguei um pouco de água pra ela, estava like morta de sede, esta até com um pouco de saudade, mesmo não tendo se passado nem sequer um dia.

– Well, trouxe roupas, sapatos, maquiagem... o básico

– Ok thanks, eu estava like pelada literalmente

– Como você está sweet? - mom passou a mão no meu cabelo

– Estou muito magoado com dad, ele me disse coisas terríveis, dessa vezes ele pegou, como dizem aqui, pesado

– Seu pai tem tido atitudes muito estranhas ultimamente

– Você acha que a saúde dele pode estar piorando mom?

– I don't know... espero que não - mom balançou a cabeça em negação - e Davi? Como está o romance?

– Oh mom, está like maravilhoso! Um paraíso...

– Megan, cuidado, vá devagar para você não se machucar, ok?

Fiz que sim com a cabeça.

– Oh sweet, você não vai mas voltar pra casa?

– No mom, eu não moro mas com dad, nunca mais

– Ok...

Mom me chamou para um abraço, encostamos a cabeça uma na da outra, enquanto ela entrelaçava os dedos na manga da camisa de Davi.

Thanks God eu tenho ela, se não quem teria trago minhas roupas? Mom não merece nem um pouco tudo o que dad está fazendo com ela.

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– É sério Dani, eu preciso ir, o desfile é amanhã, lembra?

– Por favor fica Baylee, quero só te mostrar uma coisa, depois você vai

Baylee acabou rendendo aos encantos de Danilo, desligou o carro e seguiu de mãos dadas com o amado, mesmo já com a lua pendurada no céu, ela queria ver o que de tão importante, ele queria lhe mostrar.

Os dois subiram as escadas do prédio juntos, já que a interminável manutenção do elevador ainda não estava pronta, o andar do Danilo foi saltado, a porta "25" foi deixada para trás, claro que Baylee achou estranho, mas preferiu não dizer nada.

Depois de subirem certa de oito lances de escada, Danilo finamente decretou que haviam chegado ao seu destino, Baylee estava exausta, não era para menos com saltos enormes.

– Chegamos

Danilo abriu, com um pouco de força, uma enorme porta de ferro, quase que enferrujada por completo, "TÉRREO" estava escrito em vermelho na mesma. Danilo puxou Baylee pelo braço.

– Eu sempre venho aqui... Baylee você tá bem? Não foram tantas escadas assim - Danilo ajudou Baylee a ficar em pé

– No, é porque eu me canso rápido, but I'm ok

– Bem, eu sempre venho aqui pra ficar olhando o céu - ele falava enquanto puxava Baylee pelo braço - se você ignorar as circunstâncias.... parece até que tá dentro dele

Danilo sentou em uma das duas almofadas colocadas no chão previamente, sinalizando para que Baylee sentasse na outra, ao seu lado, usando o alicerce como apoio para as costas, os dois passaram a contemplar o céu.

– Nem sempre eu entendo o que você fala, mas quando eu entendo, são coisas tão lindas, eu nunca parei pra olhar o céu, you know? E é realmente lindo

– As pessoas não param pra muitas coisas, a menos que sejam grandes ou importantes, aí elas fazem questão, mas sabe de uma? São as pequenas coisas que fazem nossos dias mais perfeitos

– Isso foi lindo

– Eu sou lindo - Baylee e Danilo riram

– Quem diria, não é? Eu vim pro Brasil a trabalho, a minha vida é assim, indo de um lugar pro outro, o tempo todo, quem diria que conheceria alguém tão legal como você

Danilo sorriu para Baylee e beijou sua mão, que estava repolsada em sua perna, estendida no chão áspero.

– Você também é muito legal- Baylee sorriu - mas pensei que você e a Megan não desgrudavam nem por um segundo, da forma que vocês se relacionam, parecem grandes amigas

– A Megan é minha prima, temos muitas coisas em comum, o mesmo sangue... - Danilo riu - o pai biológico dela morreu antes mesmo que ela nascesse, e a minha mãe morreu no dia em que nasci, literalmente deu a vida por mim

– Sabe que a vezes eu até esqueço que a Megan não é filha do Jonas? - Danilo mudou de assunto - ela parece tão filha dele, chega a ser considerado impossível ela não ser uma Marra, ela incorpora o sobrenome em todos os sentidos

– Mas ela é, Megan foi registrada como filha do meu tio no dia em que nasceu, mas o pai dela biológico sempre vai ser Jerrome, mas é que "biológico" já nem tem mais verdade pra ela, tá mais pro que não é, em quanto "daddy" é like blood, sangue, é a mais pura verdade

– É uma pena que o tio Jonas não enxergue isso, né?

– Yeah...

– Olha! Ali parece o litoral, consegue ver o mar e o sol?

Danilo mudou o assunto literalmente, os dois juntos começaram a montar imagens básicas com as estrelas do céu, tão apaixonados quanto a lua e o sol, a diferença é que esse dois não se desgrudam força maior alguma, o amor jovem chega até a ter um cheiro próprio, cheiro de paixão, cheiro de felicidade.

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– Você fica no sofá essa noite amigão?

– Comparado ao quarto nos fundos de um bar que eu tava? Isso aqui é digno de rei!

– É assim que eu gosto!

Ernesto e Davi se abraçaram, desejamos boa noite a ele e fomos em direção ao quarto, ops! Garagem do Davi, mas a tia dele, a Rita, nos parou no meio do caminho.

– Megan eu preparei tudo pra você lá no quarto Davi, viu? Não é nada comparado lá a mansão dos Marra mas da pra você dormir bem

– It's ok Rita, só em você deixar eu dormir na sua casa já é incrível

– Que nada flor, você é como da família, espero que goste

Nos despedimos e finalmente conseguimos chegar ao quarto do Davi sem mais interrupções, ele foi logo ligando as suas luzes, acho que ele nunca ouviu falar em lamp, lâmpada.

– Acho que vou deixar você morar aqui por um bom tempo, olha só como a tia Rita deixou meu quarto arrumado, tem até cheiro de rosa

Davi segurou na minha cintura e foi me empurrando para trás, até cairmos no seu sofá/cama, e eme ficar em cima de mim, direito a risadas concedidos.

– Eu te amo, sabia?

– I love you too, Davi

Davi começou a beijar meu pescoço por alguns segundos, depois ergueu os braços lado a lado do qual ele beijava e passou a mão no meu cabelo, sussurrou algo como "linda" e permitiu que eu arrumasse minhas coisas em uma parte do seu guarda-roupa, em quanto ele ia pegar um pouco de água na cozinha.

– Tem certeza que não quer comer?

– No, ainda estou cheia do bolo que o Colho trouxe pra gente

– É Caolho

– Whearever!

Me libertando, Davi saiu de cima de mim e foi na direção da cozinha, fechando a porta assim que passou, abri a mala e comecei a arrumar minhas roupas no pequeno armário, junto com as maquiagens, os produtos de beleza foram no banheiro apertado, acho que Davi não se importa se eu jogar esse xampu anticaspa fora, né?

No fundo da mala, quase esquecido entre tantas roupas, visto apenas porque estas já haviam sido retiradas e claro que com um pouco de sorte, pois eu já ia fechar a mala, um porta retrato me encarava.

Companheiro de tanto tempo, mom não podia deixar de coloca-lo junto com as minhas coisas, algo que de tanto significa pra ela mas que pra mim, só significa algo, pois fica ali, me encarando.

Coloquei-o na mesinha ao lado do sofá de Davi, mas como tem colchão para fingir que é uma cama, posso chamar facilmente de criado-mudo, não havia nada ali mesmo. Davi finalmente chegou.

– O trânsito daqui até a cozinha estava engarrafado?

Davi riu.

– Você tem idéia do quanto o Ernesto ronca? Eu fiz os três vídeos - ele disse rindo

Colocou seu copo no criado-mudo e se deitou por cima de mim sem o menor cuidado, pois quase ia arrancando as minhas pulseiras do meu pulso.

– Cuidado Davi!

– Machucou?

– No, é que você quase as quebrou - balancei o pulso para verificar seu perfeito funcionamento

– Desculpa - ele fez carinha de dog molhado - mas você não vai mesmo me dizer porque nunca tira elas?

– É... é porque eu gosto, acho elas legais, eu vou tomar banho, ok?

Joguei Davi para o outro lado, levantei e fui o mais rápido possível até o banheiro, só queria entrar lá e fechar a porta, respirar o ar de um pouco mais de privacidade.

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Pamela contava os minutos impacientemente sentada na cama, não que já fosse tão tarde, e sim pelo fato de que queria urgentemente falar com o marido, que quase não o viu nessas últimas semanas.

Jonas entrou calmo no quarto, fechando a porta quase sem nenhum ruído, achando que a esposa já havia entrado no reino dos sonhos, ledo engano, pois com olhos bem abertos, era o soberano, quem ela observava.

– Você achava realmente que eu estava dormindo, Jonas?

– Sim, é o que as pessoas fazem durante a noite

– Não acha que precisamos conversar, sobre tudo isso?

– Pam... - Jonas sentou ao lado da esposa - eu sei que tenho passado muito tempo fora de casa, mas a Marra tem puxado muito de mim, é só isso, te prometo que depois que a poeira baixar a gente tira umas férias, que tal?

– Você tem certeza que é só isso Jonas?

– Tenho Pam...

– Não minta pra mim - Pamela segurou o queixo do marido, fazendo seus olhos penetrarem em seu olhar - por favor não minta

– E eu não estou, é só isso, te prometo

Calmamente, quase como que uma espécie de sedução, Jonas foi deitando, com a mão, Pamela nos travesseiros, ele foi acompanhando seus movimentos em quanto tirava os sapatos para subir os pés na cama, eles definitivamente estavam começando alguma coisa entre todos aqueles beijos, bem, Jonas havia começado alguma coisa e Pamela caiu em seus encantos.

– E Megan? - Pamela interrompeu os beijos

– Ela fez uma escolha, uma hora ou outra os filhos precisam viver suas próprias vidas Pam, precisamos aceitar

Ludibriando Pamela com seus beijos, Jonas fez com que ela esquecesse de qualquer coisa, fez com que sua mente trabalhasse única e exclusivamente em torno daquele momento.

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À água gelada provocou pequenos arrepios pelo meu corpo, nada que alguns segundos não fizesse com que eu me acostumasse com a temperatura ligeiramente diferente do que estou habituada.

Um banho rápido para uma noite não tão quente, escovei os dentes e abri a porta calmamente, ainda enrolada no roupão, me sentei ao lado de Davi na poltrona, colocando a mão em seu ombro, ele levantou ignorando o ato e se afastando de mim, foi aí que percebi o que Davi tinha na mão, o porta-retrato que de idiota que dou coloquei em livre alcance.

– Davi me devolve

– Não! Não antes de você me contar a verdade, eu não sou bobo Megan, você tá me escondendo alguma coisa, só não sei o que, a menina nessa foto é a mesma que eu vi no quadro do escritório do Jonas, lá na Califórnia! O meu relacionamento com a Manu acabou por uma mentira, por favor Megan não deixa isso acontecer com o nosso também

– Davi... eu não posso

– Então eu vou embora - Davi foi na direção da porta, precisava fazer alguma coisa

– É dificil pra mim te contar Davi, e se eu menti é porque eu não tava preparada pra falar

– E agora você tá?

– Se for pra você não sair por essa porta... eu tô sim, vem, me da a foto

Davi se sentou ao meu lado na poltrona e me entregou o porta retrato, o observei por alguns segundos até começar a falar.

– A que tá rindo, da esquerda, sou eu

– Isso eu já tinha percebido

– E a da direita... o nome dela é Lírio, Lírio... Sophie Parker Marra

Davi ficou espantando, se virou para mim com os olhos arregalados, mas eu já havia começado, tinha que terminar logo com isso.

– Nós nascemos no dia dezesseis de outubro de 1995, e exatamente no dia dezesseis de outro de 1999... ela se foi embora, um acidente de carro

– Megan... desculpa amor, eu não sabia

– Como saberia? Tinha pouco mais que a minha idade na época - fiz uma pausa - dad fez de tudo pra abafar o caso, mas quando se é meio público, ser Jonas Marra não é nada

– Então as pulseiras... não é Megan Lily, né ?

– No, é Lírio, era o nome dela, quando mom namorava com Jerrome, ele sempre dizia que quando tivessem uma filha, queria que se chamasse Lírio, bonito mas diferente... é que sempre quando ele ia surfar, na divisa da areia, ficava cheio de lírios, fizesse chuva ou sou, eles sempre estavam lá, por isso ele escolheu o nome, porque queria uma filha com a beleza e força do mesmo, "Sophie" mom colocou a parte

– Megan... se não se sentir bem não precisava me falar, ok?

– Não tem problema Davi, a única coisa que me lembra da Lírio é esse quadro, as pulseiras e meus sonhos, é claro, se não fosse isso, ela não existiria na minha mente

– Tinha quatro anos, não era tão pequena assim, não lembra dela?

– Não é que eu não lembre, é que nem sequer me deram oportunidade pra isso - ele não estava entendendo - mom disse que na época eu fiquei muito mau, Brian achou que uma reprogramação me ajudaria a esquecer a dor, mas eu era muito pequena, acabei esquecendo bem mais que a dor

– Ele apagou a Lírio da sua cabeça?!

– Não totalmente, só as lembranças continuas, eu não consigo ver como ela era assim, como nessa foto, só parcialmente e apenas durante os meus sonhos, e só um momento ou dois, todas as lembranças, feições, brincadeiras... Brian apagou tudo, aí ele colocou mais uma regra no seu livro, de que o mistério de nada é perante a dor

– Ele foi se tocar disso um pouco tarde, quer dizer que você só tem uma lembrança ou duas? E só nos seus sonhos?

– Yeah... as vezes até agradeço ele por isso, não sei se é bom ficar sofrendo, já basta o que paço nos meus sonhos, se é que posso chamar de sonhos

– São tão ruins assim?

– A única lembrança que eu tenho nitidamente, com todos os detalhes, é o dia do acidente, as outras só vejo o rosto dela parcialmente - fiz outra pausa - Brian levantou até uma hipótese, se eu abaixasse o porta-retrato e tirasse a pulseira, talvez eu consiga apagar a Lily por completo

– Não te faz nem, porque não fazemos isso? Se a gente não conseguir ao menos tentou... topa?

– Yeah...

– Tem que me dizer que promete

– I promise