Nagisa no Taiyō escrita por Virgo no Aries


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi feita para o Evento de aniversário do Nagisa (01/08) realizado pelo grupo Free!- FoR thE tEam no facebook. O título da fic está em japonês e significa: 'O sol em Nagisa' ou 'O sol na praia', visto que a palavra Nagisa em japonês significa praia, costa.Espero que gostem ♥ Boa leitura! ^^



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Naquela tarde morna as horas transcorriam sem pressa. Os ponteiros do relógio se moviam, vagarosamente, como o andar de uma tartaruga. Infelizmente, alguns alunos não pareciam adotar esse ritmo tranquilo. Vez por outra era possível ver as pernas de um ou outro colega impaciente agitar-se por debaixo das carteiras. Quando o sinal do intervalo tocou foi com alívio e pressa que os alunos se retiraram de sala. Quem queria comprar algo no refeitório da escola devia correr. Os melhores quitutes acabavam rápido, assim, poucos deles permaneceram em sala de aula.

Poucos dias depois do semestre começar, dois alunos foram transferidos para a Escola Iwatobi. Eles eram descendentes japoneses nascidos no Brasil que vinham morar na terra nipônica. Ambos eram irmãos e não pareciam ter dificuldades com a língua, apesar de apresentarem um sotaque diferente. E, sem dúvida, eram muito amistosos. Sorrisos abertos e abraços espontâneos eram gestos comuns para eles e inusitados para os habitantes da Terra do Sol Nascente.

Os dedos ajeitaram, discretamente, os óculos na ponte do nariz. Rei não conseguia deixar de sentir um misto de estranhamento e curiosidade incontidos com os novatos que agora faziam parte da mesma classe que ele. Esse sentimento parecia muito semelhante ao que havia experimentado certa vez...

– Está interessado neles? – Nagisa inclinou a cabeça para o lado e colocou as mãos atrás do corpo. Os olhos rosé, piscando em expectativa com a resposta.

– Eh??!! Q-que tipo de pergunta é essa?! Não sei do que está falando, N-Nagisa-kun. – Rei desviou o olhar meio constrangido. Quando foi que ele tinha se aproximado tão perto de si? O sagitariano não tinha se tocado que estava encarando os novatos.

– Huuum... – o loirinho afastou o rosto do outro e pareceu ponderar sobre algo por um segundo. - Rei-chan, se quer falar com eles eu posso te apresentar. – o leonino respondeu sem pestanejar. Tinha sido um dos primeiros a falar com os novatos e sabia que Rei, apesar de saber se expressar muito bem, podia ser bem tímido ( e, excessivamente, formal) com desconhecidos.

– Iie (1)! Não é necessário. Posso falar com eles em outra oportunidade. A propósito, Nagisa-kun – o maior falou, apressadamente, tentando desviar o assunto. – Já fez sua redação?

– Redação? – Nagisa cruzou os braços e fechou os olhos , franzindo o cenho. - ... AH!!!!!!!!!!! A REDAÇÃO, REI-CHAN!! O que eu faço? Eu esqueci!!! –Nagisa levou as mãos ás melenas loiras, aflito, fazendo alguns alunos da sala se voltarem em sua direção e rirem da reação dramática dele.

Rei suspirou. Ás vezes Nagi-chan podia ser tão esquecido... Eh? Nagi-chan? Rei balançou a cabeça sem entender o motivo de ter pensando nesse nome.

– Nagisa-kun – isso. Agora o nome dele estava correto. – Precisa escolher um tema pra sua redação. Mas lembre-se que deve estar relacionado ao Brasil. Essa foi a única exigência do sensei. Acho que essa tarefa foi passada para conhecermos um pouco mais sobre a cultura do país onde os novatos viviam. Assim eles não se sentiriam tão deslocados. – murmurou pra si mesmo.

– Eu sei... – o loirinho fez bico e voltou a se sentar na cadeira atrás de Rei. Ele não tinha a menor ideia do que escrever nessa redação – Mas o que japoneses e brasileiros têm em comum?

– Bom, a imigração japonesa teve início, oficialmente, em 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru aportou no Brasil, trazendo 781 lavradores para as fazendas do interior do estado de São Paulo. Lá eles trabalhavam, principalmente, em cafezais. Você poderia dizer que o trabalho laboral nas lavouras, ainda que na produção de culturas diversas da do Japão, é um tópico importante e que impulsionou o desenvolvimento econômico dos dois países.

– Ohhhh!! Rei-chan, você sabe tudo isso?! Foi isso que você escreveu na sua redação? – Nagisa disse admirado, abrindo um sorriso enorme. Não podia esperar menos do sagitariano que sempre era tão dedicado em tudo que fazia.

– Claro que sim! – Rei respondeu de forma quase presunçosa - Eu aprendi toda a teoria sobre a história da imigração japonesa no Brasil. Er... Mas não quero falar sobre isso na minha redação. Se você quiser pode usar essa ideia na sua redação e desenvolvê-la. – o rapaz de olhos violeta deu um sorriso amarelo.

– Eh?! Hontou-ni (2)?? Arigatou(3), Rei-chan!!! – Nagisa se levantou, abraçou o outro sem reservas e aproveitou para beijar-lhe a bochecha com carinho. – Demo... O que você vai escrever então? – disse com as mãos segurando a camisa do mais alto.

Rei desviou o olhar, tentando esconde o rosto em chamas. – Onde foi que você aprendeu isso? Por que me beijou?! – disse com a voz arrastada e falando baixo pra ninguém escutar. – Eu irei pensar nisso não se preocupe. – o rapaz de olhos violeta estava mais do que atordoado com o gesto do outro.

– Se você diz... Ah! Foi os novatos que me ensinaram.

– EHHHHHH???? – Rei lutava para não engasgar com essa resposta. O que diabos eles estavam ensinando para o meu Nagisa?! Espera, desde quando ele era seu?

– Eles disseram que é comum beijar no rosto pra cumprimentar quem você gosta ou acaba de conhecer. É comum por lá demonstrar esse tipo de afeto. – disse Nagisa que abriu um sorriso puro com a carinha mais inocente do mundo tal qual um anjo desce dos céus para abençoar a Terra.

A sobrancelha tremia involuntariamente. Rei fez uma notação mental de não deixar mais Nagisa se aproximar mais dos novatos sozinho. O intervalo da aula terminou e todos voltaram para a sala. Rei não pode deixar de lançar olhares para os novatos que pareciam guardar algum segredo pois frequentemente se olhavam de forma... De forma...

Era normal irmãos se olharem daquele jeito?

A aula terminou quando Rei menos esperou. O dia seguinte seria sábado e se tudo desse certo, ele poderia ficar em casa e revisar a matéria para os exames que se aproximavam, bem como fazer a redação que o professor havia pedido para a próxima semana.

– Rei-chan! Vamos para a praia amanhã?! – e lá vinha Nagisa, novamente, tentar convencê-lo a fazer seus gostos. Mas não! Não dessa vez! Rei tinha que se concentrar em suas coisas e Nagisa tinha que fazer logo sua redação ou não entregaria a tempo no prazo estabelecido pelo sensei. Sabia que se dependesse do loirinho, ele deixaria para fazer de última hora. E não seria a primeira vez.

– Rei-chan!! Quer comer um picolé? Eu compro para você ou podemos dividir o meu. – Nagisa sorriu e estendeu o braço, mostrando o picolé de morango que tinha comprado caso o sagitariano quisesse um pedaço.

MAS O QUE RAIOS ESTOU FAZENDO NA PRAIA?!

Essa foi a única coisa que passou na mente de Rei, quando o sábado chegou e percebeu que tinha feito os gostos de Nagisa. De novo. Não conseguiu dizer “não” a ele. Rei não conseguia fazer isso, especialmente, quando ele dava aquele olhar, insistentemente, suplicante de quem vai chorar e ser abandonado num navio em pleno naufrágio. Sim, o olhar de Nagisa tinha poder. O poder de convencer Rei a fazer qualquer coisa que ele quisesse!

Rei amaldiçoou sua própria sorte. Tinha ido à praia, porém faria ( e terminaria) sua redação ali mesmo!

– Outra hora, Nagisa-kun. Deixe-me terminar a minha redação primeiro, sim?

– Mas...

– Se me der apenas uma hora pra terminar isso eu compro aquele quitute que você tanto gosta no refeitório da nossa escola. Qual era o nome mesmo? – fez uma cara de quem se esforça sinceramente para relembrar algo muito importante.

– O pão cremoso Iwatobi?! (5)- os olhos rosé brilharam de emoção.

Rei balançou a cabeça em concordância e viu Nagisa se afastar saltitante dali e brincar perto da água do mar. Vez por outra o loirinho se abaixava sobre os calcanhares na areia fofa e pegava conchinhas, guardando-as no bolso e acenava de longe para Rei. Ele mal podia esperar para perturbar o sagitariano com seu jeito irreverente de sempre.

Rei deixou um sorriso sincero escapar dos lábios ao observar Nagisa. O loirinho combinava com a praia. E ele não tinha ideia do que deveria escrever. Na verdade queria inovar a sua escrita. Achava que deveria expor mais suas próprias ideias em seus textos. É. A convivência com Nagisa estava revelando um lado seu que não conhecia.

Nagisa trazia em si uma sensação que poucas vezes havia sentido antes.

A sensação de ser apenas...

Free!

O coração do rapaz de óculos vermelhos se aqueceu ao pensar assim. Nagisa e praia. Não era por acaso que ambos tinham o mesmo significado. As melenas loiras do leonino pareciam o sol que acariciavam, gentilmente, o mar, aquecendo-o. Era isso! Já sabia o que iria escrever em sua redação! E ali, silenciosamente, deixou pela primeira vez seu coração responder naquela redação o que japoneses e brasileiros tinham em comum, enquanto a brisa marítima trazia o som do mar e as risadas de Nagisa aos seus ouvidos.

“O mar uniu duas terras distantes.

Uma se chamava Terra do Sol Nascente. A outra chamada Brasil escondia-se no poente.

Com suor e perseverança os povos de ambos se dedicaram à terra para construir um futuro. Os obstáculos, entretanto, não sobrepujaram os sonhos. Eles apenas adormeceram nas profundezas do oceano como uma realidade cheia de desejos.

Bastava olhar para o Sol que se erguia no horizonte das praias para encontrar a si mesmo, revigorando-se com o seu calor a certeza de que sempre haveria um novo amanhã.

Um amanhã que tinha o mesmo Sol que os abençoava, iluminando-os com a...

Esperança.”

– Acho que isso ficou poético demais. Nem parece que foi escrito por mim, né? – Rei murmurou para si mesmo. Aquela redação não tinha lógica nenhuma.

– Eu acho que ficou... Lindo! – disse Nagisa atrás do sagitariano com o rosto próximo do ombro do outro.

– N-nagi-chan?! – o mais alto quase mordeu a língua numa autocensura ao perceber o que o outro estava ali tão perto si.

Nagisa corou ao escutar seu nome ser chamado com tanta intimidade. Somente ele fazia isso com Rei. O leonino nunca pensou que apreciaria tanto ouví-lo chamar seu nome dessa forma tão... Carinhosa.

– Então, parece que a praia te inspirou a fazer sua redação, né? – Nagisa não conseguia esconder sua felicidade após ter lido aquelas palavras, ou melhor, o que tinha lido nas entrelinhas delas. Atreveu-se a retirar com delicadeza os óculos do rosto do sagitariano.

Rei estava estupefato, corado, embaraçado e...

E...

– H-hai(4). – Rei viu-se concordando com o outro que o observava sentado a poucos milímetros de cócoras com as mãos ao redor das pernas. Nagisa era a praia. A sua praia. E nela podia ser Free! A brisa soprou suave, fazendo os fios loiros tocarem o rosto do sagitariano, cujo coração batia descompassado. Atrás do leonino o sol se punha aos poucos, pintando o céu numa aquarela de tons vermelhos e laranjas.

“Um amanhã que tinha o mesmo Sol que os abençoava, iluminando-os com a... Esperança”.

A frase novamente foi repetida no íntimo de Rei e ele se deixou abençoar...

Pelos lábios de Nagisa.

Num beijo molhado que carregava o encontro da terra e do mar.

Rei decidiu que não se importava em morrer nos braços dessa praia.

O sol que existia em Nagisa era onde queria estar.

Nagisa era a praia.

E esse agora seu lar.


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Notas finais do capítulo

Glóssário da fic:
1. Iie - não
2.Houtou-ni - Verdade?
3. Arigatou- obrigado
4. Hai - Sim
5. Pão cremoso Iwatobi - refere-se ao pão que o Nagisa adora comer na lanchonete da escola no episódio 4 de Free!Eternal Summer ^^
Espero que tenham gostado da fic! Adoraria saber as opiniões de vcs ♥ Se você gostou dessa fic, veja aa outras que fiz de Free! E se não gostou.. leia as outras tb! Vai que estão melhores do que essa XDTenha outras duas fics (até o momento) de Free!:

1 Pergunte à água

2 Amor de Primavera (continuação de Pergunte à água)

Críticas construtivas e elogios sempre são bem-vindos! ^^
Até a próxima! ;)
Virgo no Áries