Pov Max

Abri meus olhos num susto, não podia me mecher, pelo menos não minhas pernas. Ouvi um choro, o qual parecia pertencer à uma garota. E ao olhar para o lado, vejo uma, uma garota sentada com a cabeça entre os joelhos, se mexendo para frente e para trás, com os cabelos loiros sujos, e bagunçados caídos sobre as costas e rosto. Ela chorava profundamente, num sussurro. Eu quebro o silêncio com uma pergunta qualquer, porém de grande ajuda:

–Quem é você? - digo.

Então a garota para de chorar, e levanta a cabeça lentamente, me olhando nos olhos, com os seus, borrados de lágrimas e maquiagem preta. A garota passa as costas da mão suavemente nas bochechas rosadas e diz depois de um soluço:

–Sou Angel. - diz suave, numa doce e bela voz.

–Legal, eu sou o Mike. - digo sorrindo, tentando algo divertido para quebrar a melancolia. Ela sorri de volta para a minha alegria. - Sabe onde estamos? - pergunto, tentando parecer o mais calmo possível.

–Acho que... - ela começa, e uma lágrima passeia por entre seu rosto. - Que num poço...

Foi aí que me dei conta. Paredes escuras, frias e úmidas nos cercavam; e ao olhar para cima, vejo o escuro céu em contraste ao brilho da lua; por entre uma pequena abertura redonda ao longe.

Ficamos em silêncio, então eu viro a cabeça para o outro lado. E ali estava, um garoto deitado com os olhos abertos arregalados; aparentava ter dezessete anos, assim como eu. Só que, estava morto.

~*~

Pov Angel

O tal Mike e eu, ficamos em silêncio novamente, após ele ter percebido a presença do morto. Eu havia voltado a debruçar minha cabeça entre os joelhos, mais percebo que Mike me observa, talvez quisesse saber de algumas coisa; mais antes que perguntasse, eu disse levantando o rosto, porém ainda o mantendo apoiado:

–Esse é Luke, Luke Carter. - digo olhando agora para o morto.

–Você o conhece? Ou melhor, conhecia? - ele pergunta interessado.

–Não. - agora levanto o tronco, e digo após uma passada de mão em meus cabelos rebeldes. - Apenas vasculhei os docs dele, estão no bolço de trás, dentro de uma carteira surrada.

–O que mais tem lá dentro? - continua curioso.

–De verdade? - ele assenta. - Não quis ver... Só sei que ele tem dezoito anos, e uma namorada chamada Sarah.

–Tinha não é? - ele me olha sarcástico.

–Exato! - não queria brigar com ele, pelo menos não agora.

Nós dois então ficamos ali, encarando o tal Luke, que agora não passava de um corpo em decomposição.