Changing of life escrita por f3lton


Capítulo 1
Everything seems different


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo vai ser meio que um prologo, explorando e explicando um pouco mais o que está na sinopse. (Não tem POV Eric nesse, porque o próximo será só dele) mas enfim, boa leitura :)



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POV Draco

Quando acontecem algumas coisas em sua vida, que deixam marcas profundas em sua alma, você nunca consegue esquecê-las. Mesmo com um ano de terapia. Nada pode apagar o que foi feito, aquelas coisas vão te atormentar pelo resto da vida.

Agora, sentado na cama do meu quarto (que em poucos minutos não seria mais meu) no Hospital St. Mungus tento não pensar no que sofri antes de vir parar nesse lugar. Mesmo com todas as sessões com psicológicos, cirurgias feitas magicamente em meu cérebro, aqui nesse hospital eu estava feliz. Estava seguro... até agora.

– Bom dia Draco – disse Cuddy, a enfermeira responsável pelo meu quarto, sorrindo enquanto entrava no momento em que o sol subia do horizonte.

Esse era o nosso ritual: todos os dias ela entrava no meu quarto, víamos o sol nascer e depois voltávamos a nossa rotina habitual.

– Hoje tenho uma boa noticia para você – disse enquanto fechava as cortinas com um aceno de sua varinha, sem tirar o sorriso do rosto – Falei com seu médico e nesse momento ele está falando com seus pais... Acreditamos que você está totalmente curado e poderá voltar para a sua casa ainda hoje!

Cuddy estava tão feliz por mim que eu resolvi fingir estar feliz também, forcei um sorriso enquanto a enfermeira, que se tornara minha amiga em tão pouco tempo, me abraçava.

Quando Cuddy saiu do quarto para ver como estavam as coisas do médico com meus pais, arregacei as mangas da longa camiseta branca que todos os pacientes do Hospital eram obrigados a usar, e encarei as marcas cicatrizadas em meu pulso e braço. Lentamente passei o dedo sobre cada uma delas. Até hoje me lembro o que estava pensando quando as fazia, eu tinha um motivo, mas nunca o revelei a ninguém. Aquelas não eram as únicas marcas que eu tinha no corpo, marcas daquele terrível dia que nunca poderão ser apagadas, marcas permanentes que sempre me lembrarão da decisão que eu tomara. Uma lagrima caiu em meu pulso, mas rapidamente limpei.

Cuddy voltou com roupas em seus braços.

– Está tudo certo Draco, aqui estão as roupas que sua mãe trouxe para você se trocar – sorrindo a enfermeira me entregou as roupas, apesar de tudo não pude resistir a sorrir-lhe de volta – estarei te esperando do lado de fora, não tenha pressa ok?

– Ok Cuddy – respondi enquanto a enfermeira fechava a porta de meu quarto.

Tirei a camiseta de manga comprida branca e a calça de moletom da mesma cor, que eram obrigatórios aos pacientes, e coloquei rapidamente os jeans escuros que minha mãe trouxera e meu suéter gola V cor vinho.

Olhei-me no espelho e tentei notar as diferenças entre o Draco do ano passado e eu, o Draco atual. O cabelo loiro continuava o mesmo, agora um pouco maior. As marcas nos pulsos e braços estavam escondidas pela manga do suéter, provavelmente fora por isso que minha mãe escolhera essa roupa, mas se esquecera de um detalhe: ainda era visível a fina marca vermelha ao redor de meu pescoço. Ignorei-a. Cedo ou tarde todos a veriam mesmo, seria impossível tentar escondê-la.

Olho para a bandeja com meu café da manha, que Cuddy deixava ao lado de minha cama quando aparecia no quarto para vermos o sol nascer todos os dias, intocada: um copo de leite desnatado, um potinho com cereais, um pão e uma colher. Desde o momento em que fui internado, nunca fiz qualquer refeição usando garfo e faca, mesmo agora que já me consideravam ‘curado’.

Olhei ao redor e percebi que, embora me sentisse mais seguro nesse quarto do que na minha casa, eu estava com saudades. Eu queria minha casa novamente, meu quarto, minha cama, minha vida. Mas a vida que eu estava acostumado a ter, essa que eu tanto queria de volta, nunca a teria de volta. Não depois de tudo o que aconteceu. Tudo o que me levou a fazer o que fiz.

– Tudo pronto Draco? – Cuddy perguntou, repentimanete abrindo a porta do meu quarto, sorrindo.

Forcei um sorriso para a enfermeira, que sorriu ainda mais (se isso for possível). Aparentemente devo ser um ótimo ator.

– Sim, estou pronto.

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POV Hermione

A luz do sol entrava pela janela e batia bem no meu rosto, o que após cinco minutos acabou me açodando.

Não conseguia me lembrar de nada da noite passada, e parecia que havia chumbo prendendo meus olhos, impedindo que eu abrisse-os. Depois de muito esforço, consegui abri-los e a primeira coisa que vi foi minha blusa jogada no chão.

Tudo estava meio embaçado ainda e enquanto esfregava os olhos para ajudar a visão notei pequenos detalhes do quarto onde estava: uma prateleira cheia do que aparentemente eram brinquedos; um all star velho preso em cima de uma luminária e uma cama vazia, toda arrumada, do outro lado do quarto.

Já havia ido a Toca diversas vezes e eu nunca havia estado nesse quarto antes... E Gina me mostrara todos os cômodos da casa na minha primeira visita, exceto um lugar..

Fechei os olhos novamente, com força. Não não não não, não é possível, NÃO!!! Quando abri os olhos vi um emaranhado de lençóis ao meu lado. O único sinal de vida embaixo de tudo aquilo era a pequena cabeleira ruiva que estava descoberta.

De repente as lembranças da noite passada voltaram todas de uma única vez:

Era a festa de aniversario dos gêmeos, e eu achava que nessa noite Ron finalmente iria se declarar, ele mostrara os sinais o verão todo. Eu estava animadíssima esperando, por isso sai procurando o ruivo pela festa.

E eu o achei. Enquanto enfiava a língua na boca de uma puta qualquer, que eu não consegui reconhecer devido as lagrimas que embaçavam minha visão. Lembro-me de ter saído correndo para dentro da casa antes que algum dos dois notasse minha presença.

Encontrei outro ruivo na Toca, mas esse estava sozinho e, como eu, tinha lagrimas escorrendo pelo rosto.

Fred ergueu os olhos que brilhavam devido as lagrimas

– Ah, oi Mione – ele disse baixinho, quase um sussurro enquanto fungava enxugando o rosto – Por que já entrou? Minha festa ta tão divertida, você não acha? – ele deu seu sorriso irônico e me olhou, com os olhos suplicantes.

Abri a boca pra responder, mas ele fora mais rápido

–Por que as pessoas fazem isso com a gente, Hermione? Fazem a gente se apaixonar, pegam nosso coração e depois simplesmente jogam no lixo, como se você não significasse nada? – Fred abaixou a cabeça e voltou a chorar.

Por um momento pensei que ele soubesse sobre Ron e eu, mas aquelas lagrimas não faziam sentido, a não ser que... Angelina.

Limpei o rosto e sentei-me ao seu lado, em um dos degraus da escada.

– Fred...

O ruivo levantou a cabeça e me olhou, seu rosto estava todo molhado, o que só realçava suas sardas. Ver ele desse jeito, o sempre engraçado, risonho e irônico Fred com os ombros caídos e as mãos tremendo, quebrou mais ainda o meu coração.

Ele não merecia isso.

Nenhum de nós merecia.

Não sabia o que dizer para ajuda-lo, ele era meu amigo, o Weasley que eu mais gostava depois do que vira essa noite. Então apenas coloquei meu braço ao redor de seus ombros.

Fred me puxou para si e enterrou o rosto nos meus cabelos, chorando ainda mais. Apertei-o mais enquanto as minhas lagrimas caíam. Ficamos naquela posição por um bom tempo. Os dois chorando um nos braços do outro, desiludidos, soluçando tanto que não conseguíamos falar nada. E não era preciso.

Depois de um tempo o choro acabou, mas não nos soltamos. Continuamos daquele jeito, um apoiando o outro, impedindo que os dois desmoronassem completamente.

Assustei-me quando ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar.

– Vem, tive uma ideia para nos animarmos e podermos conversar.

Peguei sua mão e levantei.

Assustei-me ainda mais quando Fred continuou segurando minha mão enquanto caminhávamos em direção a cozinha.

– Ahn, Fred? O que vamos fazer?

Vi um pequeno sozinho aparecer em seu rosto

– Relaxa, você já vai descobrir

Quando entramos na cozinha, o ruivo soltou minha mão e virou-se para a porta com a varinha na mão. Enquanto ele sussurrava algum feitiço olhei ao redor e uma coisa chamou minha atenção: em cima da mesa central havia um grande bolo de chocolate com morango. Logo percebi o que ele planejava fazer.

– Fred! Não, não não. Molly vai matar a gente! – virei-me para ver o garoto e ele sorria

– Por que, ué? A festa é minha, então o bolo é meu também e eu quero comer agora, junto com você.

– Bom, tecnicamente o bolo é do Jorge também...

– Bom, tecnicamente eu não me importo. E alias eu coloquei um feitiço aqui na cozinha, ninguém pode entrar e nem ouvir o que falarmos aqui

Mordi o lábio inferior enquanto pensava na situação, encarando o ruivo na minha frente. Ele se aproximou mais antes de falar, tão próximo que eu conseguia sentir seu halito: uma mistura de menta com suco de abobora.

– Por favor, a gente precisa disso.

Lembrei-me de Ron com aquela vadia, foi o suficiente para me fazer assentir. Fred deu um fraco sorriso e fez aparecer duas colheres, duas taças e uma garrafa de vinho ao lado do bolo.

– Vinho e bolo, melhor combinação – ele disse enquanto andava para a mesa.

Sentei-me a sua frente, com o bolo entre nós e enquanto Fred servia o vinho nas taças, eu pensava se devia contar tudo para ele. Levantei os olhos e ele olhava para mim com um sorriso no olhar.

– O que foi? – perguntei na defensiva

– É a terceira vez que eu falo, Mione: pode pegar o primeiro pedaço – ele riu enquanto eu corava – Merlim, parece que você tava em outro mundo

– Eu tava só pensando, você sabe..

Fred ficou serio, o sorriso desaparecendo do seu rosto repentinamente, seus olhos ficando tristes de novo, como quando eu o encontrei.

– Então, não vai me contar o que aconteceu? – ele perguntou, com os olhos fixos em mim, depois de comer um pouco do bolo.

Olhei para o ruivo enquanto pegava mais bolo, ele também estava sofrendo, provavelmente por razões parecidas... Então contei. Falei sobre como eu descobri que amava seu irmão no quarto ano em Hogwarts, sobre os sinais que Ron demonstrara nesse verão e, por fim, sobre aquela puta que ele tava agarrando há pouco tempo.

Enquanto eu falava mais lagrimas caiam e Fred ouviu tudo em silêncio, atento mas sem parar de comer. Quando acabei abaixei a cabeça para que ele não visse mais lagrimas surgindo em meu rosto. Menos de um minuto depois senti seus braços ao redor do meu corpo, me levantando da cadeira e me dando apoio pois minhas pernas tremiam: estava sem força até para ficar de pé sozinha.

– Ei – ele sussurrou em meu ouvido – Meu irmão é um babaca, se você quiser eu coloco uns vomitarrouros no leite dele amanha de manha

Dei um pequeno riso

– Vomitarrouros?

– É, um novo produto das Genialidades Weasley, toda vez que a pessoa tenta falar ela acaba vomitando por... é... tempo indeterminado. Ainda ta em fase de testes

Ri mais alto enquanto ele me soltava, certificando-se que eu conseguia me manter em pé

– Acho uma ótima ideia

Ele sorriu para mim e voltou ao seu lugar, bebendo mais um pouco de seu vinho e servindo mais a mim. Foi quando percebi que eu tomara toda minha taça enquanto conversávamos.

– Mas e você? Porque estava daquele jeito na escada, o que aconteceu?

Vi ele abaixando a cabeça enquanto bebia mais um pouco daquele vinho

– E que.. a Angelina.. – ele suspirou e me olhou, seus olhos já estavam cheios de lagrimas novamente – ela me disse hoje que... que descobriu ter escolhido o gêmeo errado. E agora ela ta la fora quase arrancando a roupa do Jorge na frente de todo mundo.

Não esperava por isso. Achei que ela tinha apenas terminado o namoro, mas ficar com o irmão dele? Que tipo de pessoa faria isso?

Olhei de novo para Fred e ele estava com a cabeça abaixada, com o rosto todo molhado. Foi a minha vez de levantar e ir abraça-lo. Fred abraçou-me pela cintura e chorou um pouco em meu ombro, enquanto eu acariciava seus cabelos. Sem acabar o abraço ele limpou o resto e se afastou apenas o suficiente para ver o meu rosto.

– Realmente meu irmão é um idiota por fazer isso, você não merece.

– Angelina também é, e... – não consegui acabar a frase, os lábios do ruivo colados contra os meus não deixaram.

No começo não correspondi, mas também não o afastei. Quando ele me segurou pela cintura, não deixando nenhum espaço entre nós, joguei meus braços em seu pescoço e prendi meus dedos em seu cabelo e beijei-o de volta.

E agora aqui estava eu, em seu quarto, apenas de sutiã e com muita dor de cabeça devido ao vinho da noite passada.

– Bom dia, raio de sol – Fred disse, se livrando dos lençóis.

Percebi que estava completamente nu. Seus cabelos levemente bagunçados e sua cara de sono, quase sem abrir os olhos e com um sorriso nos lábios me fez perceber também que ele era bonito. Muito bonito.

Ia falar-lhe alguma coisa, não sei bem o que, quando o grito de Molly invadiu o quarto.

– FRED WEASLEY VENHA AQUI EMBAIXO AGORA MESMO!

Trocamos um olhar preocupado, mas o sorriso não saiu do rosto do ruivo nem por um momento.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Posso continuar??



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