Cadri escrita por LF


Capítulo 3
2. A despedida




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–Bailey, você falou muito bem lá dentro com os prisioneiros. E finalmente conseguimos nossa liberdade! Espero nunca mais pisar naquele Cativeiro.

–Obrigada Joe... Nunca seremos pegos. Vamos para bem bem beeeeem longe daqui lembra?

Exatamente no segundo quando pisamos para fora do Cativeiro (ou Quartel, como quiserem chamar) ouviram-se gritos, berros, choros e finalmente risadas de felicidade, risadas de libertação, risadas praticamente sufocadas, que há muito tempo quiseram se manifestar mas não conseguiam... soaria falso demais.

–Então, pra onde vamos?

–---

Ao som de capítulos de Orange Is The New Black, partimos para De Cadri, com toda a roupa que conseguimos arranjar de nossas casas. Nos encontramos às 16 horas na frente do extinto Shopping 301. Antes, passamos nas nossas casas para pegar uma mala e dentro dela colocar todos os pertences úteis (roupas, jóias, dinheiro, documento, eletrônicos, fotos de família) e deixamos as cartas de despedida.

Apesar de tudo, não podemos sair, fugir, sem dar uma mínima explicação para nossos pais. Também sentimos a falta deles. Porém nenhum amor de mãe é tão grande para manter em sua própria casa uma procurada pelo governo (ainda mais a mais perigosa de todas). É loucura, nem eu faria isso. O pior que não é culpa deles, é culpa do governo. Sempre é culpa do governo.

Quando acontece alguma fuga de várias pessoas, ou pior: de prisioneiros de qualquer Quartel, os Vigilantes reviram casa por casa, cada apartamento, cada prédio, cada beco da cidade inteira até acharem ou acabar o prazo de 2 anos de procura. Se ao passar de 2 anos e não nos esncontrarem, somos considerados abandonados, e não mais fugitivos.

Ou seja: se alguém que trabalha para o governo me achar no meio da rua, não podem me prender. Somos considerados livres. É por isso que quando alguém foge, evita ao máximo aparecer nas ruas e em lufarem de grande movimento, porque a polícia pode estar camuflada em qualquer lugar.

É como se fosse escrito nas estrelinhas: "Parabéns! Vocês nos venceram. Como somos bons demais para sermos humilhados e admitir tamanha vergonha, melhor que paremos onde está! Tenha uma boa vida!"

Mas é claro que eles não falam isso. Essa é a nossa teoria, que muitos concordaram já... E que eu julgo ser a correta.

Não sei a dos outros, mas a minha carta foi deixada com muito aperto no coração. Deixar a família não é nada fácil! Por sorte, nossos pais e familiares não estavam em casa quando fomos pegar os pertences e deixar a carta, escritas já antes da fuga. Todas as famílias, por mais clichê que isso seja deixam a chave debaixo do tapete de "Bem Vindos!".

Escrevi, na semana anterior, tudo o que queria dizer à eles, selando a carta com um adesivo.

Quando entrei na casa, me deparei com quase tudo no devido lugar onde tinha deixado na última vez. Quando ainda podia chamar essa casa de "minha". Ao entrar pela porta da frente, se vê um quadro pintado por um artista de rua, quase que um mendigo, mas muito bem humorado e bastante sentimental. Ele sempre me remetia àquelas pessoas sem muitas chances na vida, mas que realmente não ligavam para tal fato. Porque estava bem do jeito que estava.

Deixei a carta com muita hesitação, mas consegui... depois de chorar rios de lágrimas... Saí pela mesma porta pela qual entrei, fechei a casa com a chave de metal, deixei "escondida" debaixo do tapete e fui embora.

"Pai e mãe,
Infelizmente não poderei viver com vocês. Há muitos problemas nessa história que eu não gostaria de estar vivendo, mas não é possível reverter o que já foi.
Fato é que fugi do Cativeiro com os meus amigos e vou embora para longe. Infelizmente (de novo) não posso te falar quem são eles e nem para onde vou. Só posso te adiantar que estou muito longe e não adianta me procurar, nem perguntar por mim, você não vai me achar de jeito nenhum.
Não faço isso porque quero, mas porque preciso.
Com a minha fuga, sei que aqui a polícia me acharia e vocês nunca ficariam me mantendo aqui. Seriam cúmplices. Seria burrice.
Quero que saibam que tudo isso é temporário e eu volto daqui a dois anos, quando o prazo acabar. Peço que me aguardem e acreditem que estou bem. Prometo.
Tenho com quem ficar, aonde morar, dinheiro de sobra e companhia para me livrar da solidão.
Sinto a falta de vocês a todo o instante. Agradeço imensamente tudo o que vocês fizeram por mim até agora... e JURO que voltarei. Já prometi, não? Fique atenta ao telefone...
Beijos, BabyBailey.
–Bay, está pronta? Estamos aqui te esperando -Caleb me ligou quando já estava saindo do taxi.

Nem precisei responder, já os avistei próximo de mim.

–Demorou, hein? Aconteceu alguma coisa? -pareceu preocupado demais.

–Ah Caleb... não queria aparecer na frente de vocês chorando. Demorou um tempo pra eu me acalmar.

–Calma, linda. -linda? oi? -você precisa se acalmar. E outra: A gente pode manter contato com eles lembra? Temos celular com números anônimos e imunes ao rastreamento da polícia. Agora vamos para o carro, eu vou atrás com você.

Caleb dando em cima de mim? De novo? Eu sempre soube que ele sempre quis algo a mais mas ele tinha parado com os apelidos...

A viagem se seguiu com séries americanas famosas, como Prision Break, Orange Is Teh New Black, CSI NY...

Acabei adormecendo rápido demais, estava muito cansada. Quando a gente sonha, não dá pra saber mais a noção do tempo e espaço, nem por quanto tempo vai sonhar, mas...

Tive um sonho estranhíssimo sobre eu e Caleb juntos. Estávamos juntos na praia e... casados?! Enfim... fato e que lá estávamos muito felizes e eu realmente sentia falta disso. De ter alguém, de gostar de alguém de verdade.

O Caleb? Não sei se poderia acontecer e dar certo mas acho que ele já deu sinais demais de que quer ficar comigo. Aliás é melhor eu agir agora do que deixar pra depois. O Joe e a Louise já estão quase oficializando e quando acontece, não quero ficar com climão entre eu e Caleb.

Quer saber? Vou acordar!

–BAILEY!? Está tudo bem??

–Caleb, eu... -até ia dizer alguma coisa, mas mais para quebrar o silêncio. Estranho, acordei com tanta vontade de ficar com ele mas não sabia o que fazer!

–Sério, o que houve? Você teve um pesadelo? Quer água?

–Não. Na verdade tive um sonho... muito bom do que qualquer outro já existente...

E o beijei. Assim, meio que do nada. E é óbvio que ele retribuiu.

–Eu tô cansada de ficar sofrendo. Eu sou uma só e isso é muito pouco pra enfrentar o mundo que a gente vive. Preciso de você. Desculpe demorar tanto tempo pra perceber.

A gente ainda estava muito perto um do outro.

–Você... você sabe que eu sempre te quis. Você sabe o que eu sinto por você. Eu nunca escondi nada porque achava que um dia... valeria à pena.

–Fez bem...♥

–AAAAAAAAAAAAH! Não acredito! Finalmente, hein Caleb? Tava achando que esse dia nunca chegaria!

–Eu também Louise. :) -Para ele, parecia um alívio dizer isso, como se ele demorasse muito para dizer essas palavras, que por hora, parecia que nunca chegaria. Agora, ele sabia que era elas eram verdadeiras.

Ficamos de mãos dadas o resto da viagem inteira. A mão dele estava suada, a minha também e parecia que por alguns instantes eu nem sabia mais qual mão era a minha, por estarmos tão juntos.

Até que ele me mostrou a foto que ele tinha tirado hoje mesmo. Era da carta que ele tinha deixado para os pais dele. Gelei:

"Pais,
Vocês, sem dúvida foram imprescindíveis na minha vida. Tenho uma má notícia pra dar pra vocês...mas acho que entenderão: vou fugir com alguns amigos para...algum lugar. Porém prometo volta quando o prazo policial acabar.
Aliás, estou correndo atrás dos meus sonhos, mãe. Como você me falou. Estou correndo atrás da menina dos meus sonhos, aquela que eu te escrevia do Cativeiro.
Espero algum dia poder consegui-la. Porque realmente e definitivamente u sou apaixonado por ela, e não é de hoje.
Sentirei falta de vocês, dessa vida que eu tinha e que só poderei voltar a tê-la daqui a dois longos anos.
Beijos e abraços,
Caleb

–Caleb, você escreva pra mim?

–Quase todos os dias.

–Bailey, eu... realmente acredito que se não fosse por essas cartas, eu te amaria bem menos.

–Então que bom que elas existiram.

–---


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Notas finais do capítulo

Gostou do capítulo? O que poderia ser melhor? O que mais gostou? O que está achando da história? Comente! A sua opinião é importantíssima pra mim! Com certeza levarei em consideração.



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