–Por que veio pra cá? - pergunta Mônica

–Acho que a resposta é meio óbvia. - responde Monique

–Eu quero dizer, por que você veio pra esta época? Por que não veio quando o Cebola terminou o namoro?

–A máquina do tempo estava com defeito e acabou me trazendo para o momento em que você dispensou o Cebola e decidiu ficar com o DC. Então tive que me adaptar a essa época a tempo de impedir a prek que o Cebola está destinado.

–Ele não está destinado a isso.

–Agora está. Antes, ele estava destinado a ter vida alegre e feliz ao lado do amor de sua vida, mas esse amor quis trocar um clichê por outro, e acabou criando um novo pra humanidade.

–Eu não troquei um clichê por outro.

–Trocou sim, você está vivendo uma dessas histórias românticas "água-com-açúcar" que todos os alunos do Limoeiro não aguentam, sem falar dos Outros Alunos que se mandaram pra Nova Esperança, algumas cidades nos EUA, ou pro Japão mesmo. Mas não viemos falar disso. Tem tido pesadelos?

–Como vo... - então Mônica percebeu que se completasse a frase seria bem idiota, então ela só disse - Sim.

–Você faz alguma ideia do porquê?

–Alguma antiga inimiga quer se vingar de mim?

–Acho que o único jeito de saber é indo pra sua mente.

–Como assim?

Então Monique foi até uma bagunça no canto da sala do Licurgo e ficou (não propositalmente) jogando coisas na Mônica enquanto procurava um treco misterioso.

–Saco de papel com um L esquisito gravado em cima, cópia do caderno do riso, cabeça do professor Lindolfo, gibi do Chico Bento, pôster do namoro da Mônica e do Cebola, foto da Stefane, fantoche do Dr. Bikkuri, cards dos monstros do Id, achei! O controle remoto pra viajar dentro da mente!

–Conheço esse card. - diz Mônica segurando o card de Akanin.

–Segure minha mão. Pode levar esse card, porque você vai precisar.

Então Monique apertou o botão do controle e as duas são teleportadas para um lugar escuro escuro que Mônica logo reconheceu.

–Estamos na minha mente.

–Crie algumas portas.

–Como é?

–Crie algumas portas.

–E como é que eu faço isso?

–Estamos na sua mente, você pode fazer qualquer coisa.

–E por que eu tenho que criar portas?

–Essas portas deverão nos levar a qualquer lugar da sua mente. Suas lembranças, seus sonhos, suas ambições, seus segredos, suas fantasias, seu lado sombrio, e a fonte dos seus pesadelos.

–Como sabe tanto desses negócios mentais?

–Você não é minha única antepassada.

–Pelo que sei vou ter esses pesadelos até sua bisavó nascer.

–Todos os anos, na mesma época. Você só descobriu a causa desses pesadelos depois do seu divórcio, que nem foi de verdade porque você e o DC nunca se casaram.

–Sempre sonhei que teria um casamento do século.

–Quem não sonha? Agora, as portas, por favor.

E então do nada, várias portas apareceram.

–O que faço agora?

–Abre uma, que depois vamos ver.

E então, ao abrirem a 1ª porta, elas viram um lugar sombrio em que todos os meninos estão com os dois olhos roxos inchados sendo obrigados a costurar coelhos de pelúcia e a desenhar imagens impecáveis da Mônica, e qualquer um que exagerasse os dentes, levava raio(da boca ou dos olhos!?) do monstro sentado num trono enorme gritando o tempo todo:

–EU MANDO EM TODOS!!! NINGUÉM MANDA EM MIM!!!

Então, enquanto Mônica ficou chocada pelo mundo existe dentro dela, Monique apenas disse:

–Então, esse é o pequeno Akanin.

Mônica percebeu que conhecia esse nome, Akanin, no momento em Monique disse. Ou seja, meio segundo antes do monstro (que não era nenhum pouco pequeno) ir pra cima delas e gritar:

–EU NÃO SOU PEQUENO!!!!!!

–É sim, Akanim, basta ela querer. - diz Monique apontando pra Mônica

–M-m-mas como eu faço isso?

–Você já fez! É que o Licurgo apagou sua memória! É só usar o card!

Então Mônica pegou o card, e no instante em que este ficou absorvendo Akanim, Mônica se lembrou de toda a aventura que teve com os Monstros do Id, e principalmente, a conversa que teve com o Cebola.

"flashback on"

–...você quis mesmo beijar todas as meninas do Limoeiro?

–Não vou mentir pra você, Mô! Uma parte minha quis isso, sim! Mas é uma parte pequena! A outra parte...aquela que quer estar com você...essa parte é muito maior!

"flashback off"

Mônica percebeu que só ficava vendo essa pequena parte do Cebola, e ficava ignorando o resto, e as lembranças desse resto a atormentavam nos pesadelos.

–Eu não quero mais ver isso! - diz Mônica ficando com raiva e chorando - O DC não está comigo porque acha que ninguém quis! O Cebola não vai criar robôs-zumbis ou sei-lá-o-quê por eu não ter ficado com ele! EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ!

–E você vai fazer o quê? Me bater? - provoca Monique

Então Mônica vai pra cima dela, mas esta acaba desviando, e Mônica derruba uma outra porta.

–Que lugar é este?

Então Monique entra e se afasta dela até uma certa distância, então se abaixa pra pegar alguma coisa no que Mônica não conseguiu ver.

–Consegue ver isso? - diz Monique se aproximando dela com a mão livre fechada como se estivesse segurando alguma coisa.

–Você tá querendo me dar um soco?

E no segundo seguinte, Mônica ficou no chão com dor de cabeça. Monique não a socou. Nem deu uma bengalada.

–ME DIZ, POR QUE O DO CONTRA? - gritou Monique andando em volta dela.

–Ele nunca me provocou.

POF!!

–NUNCA TE PROVOCOU?! VOCÊ NÃO É IDIOTA MÔNICA! OS ÚNICOS QUE ACHAM QUE ISSO É MOTIVO DE SOBRA PRA ELE FICAR COM VOCÊ SÃO ALGUNS OUTROS ALUNOS IRRITANTES QUE ESTÃO AQUI PORQUE GANHARAM A GRANDE APOSTA!

–O que é isso que você me acertou?

–Não estou surpresa que não reconheça este velho coelho encardido. - diz Monique calma - Na verdade, eu já esperava isso! Me diz, quem é que mais te importunava? E o ele mais gostava de fazer?

–Cebola. Ele me xingava de baixinha, dentuça, gorducha, fazia caricaturas minhas nos muros, e principalmente, roubava e dava nós nas orelhas do... - e então, Mônica finalmente viu o que Monique estava segurando - Sansão!

–Sabe, segundo dados históricos, este coelhinho desapareceu um mês e meio antes do que deveria ser o aniversário de 1 ano do seu namoro com o Cebola.

–Espera! - diz Mônica se levantando - Eu e o DC começamos a namorar a um mês e meio, então você quer dizer que...

–Amanhã deveria ser seu aniversário de namoro com o Cebola, também é o dia em que ele partirá para o Vale do Silício e começar tudo aquilo. Este coelho, não é apenas um bicho de pelúcia encardido. É um símbolo do amor de vocês. Ele te importunava pra chamar sua atenção, nunca reparou que ele era o que mais te irritava? Ele te amava, ainda te ama, até abriu mão de dominar o mundo pra que você vivesse, porque ele não aguentaria viver num mundo sem você. Ele sempre te irritou, você sabe disso, mas ele sempre compensava. Você só ficou com o DC porque estava com raiva do Cebola, e a Magali piorou tudo com aquele plano. Escute, você não precisa fazer isso, sou só um pedaço de um futuro que pode ou não acontecer. Eu posso conhecer um cara legal, ter filhos, e posso treinar estes pra impedir o futuro apocalíptico. Por isso, vou deixar você se decidir sozinha, sem nenhuma pressão, nem nada. Você não terá pesadelos esta noite, então poderá tomar uma boa decisão amanhã até as 10:30 da manhã, que é quando o avião do Cebola decola.

Então as duas já estavam de volta a sala do Licurgo. Então Monique disse:

–Agora dê o fora daqui que eu tenho que ligar pra Cascuda pra explicar que o futuro que ela viu pode não acontecer.

–Não acontece?

–Acontece sim, mas um ano depois do ocorrido, os Outros Alunos, já chamados de Outras Pessoas, acabam fazendo uma festa que não se via desde que foi anunciado o seu namoro com o Cebola, como a Denise disse, a história ainda não acabou.

Então Mônica foi pra casa se preparando para o grande dia que seria amanhã.