Mystical High School escrita por Little Kitty, Luna


Capítulo 23
Dear Future


Notas iniciais do capítulo

Então... nós percebemos que houve bastante polemica em relação a gravidez da Madd só pra deixar claro é nossa, e nossa licença poética nos permite engravidar uma vampira ( ou duas...) e além do mais nunca lemos um artigo confiável que prove que vampiras não podem ter bebes, nessa fanfic as pessoas fazem merda literalmente, as meninas menstruam e tem TPM, e ninguém se beija ao se acordar.
— Henry.

Boa Leitura!



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Athenodora

— Felly! Meu Deus ... - Corri e a abracei tão apertado quanto podia. Jeremiah havia cruzado a janela com ela nos braços e essa era uma cena que eu jamais esperava ver.

Por mais positivo e otimista que alguém pode ser no fundo as pessoas sempre esperam o pior.

Ja ouvi historias de pessoas que ficaram anos desaparecidas e depois voltavam, sem memória ou com memórias que não queriam ter.

Pela maneira como Felly estava me abraçando sua memória estava intacta, e isso deveria doer muito.

Ela estava incrivelmente arrasada. Seu cabelo cortado de maneira torta e abstrata me dava a impressão de que uma pessoa bêbada o tinha cortado... Bêbada e míope.

Suas roupas pareciam farrapos que as pessoas usam em apocalipses zumbis. Com aquela cor feia de bege sujo.

Ela estava cheirando a sangue seco e coisas podres... Mas tudo isso seria resolvido com um longo banho. O que importava de verdade é que ela estava ali. E sempre esteve...

— O que fizeram com você? - Não conseguia controlar as lagrimas meio soluçadas, nem ela. Não podia medir em palavras a minha felicidade e tenho certeza que ela não poderia medir em palavras o seu sofrimento.

Ela me contou que tudo tinha sido milimetricamente planejado por seu pai, meu tio Richard. Que ele tirava doses diárias do sangue dela, e mechas de seu cabelo para criar uma poção que o disponibilizasse ter forma dela.

Que ele queria incriminá-la pelos assassinatos e violência que foram ocorridos na guerra e antes dela.

— Você não sabe de tudo que aconteceu não é? - perguntei e ela acenou a cabeça negativamente.- Okay. Vou te contar o mais importante.

Contei pra ela sobre as mortes e principalmente a de Logan, que Merlya havia sido estuprada... Varias coisas ruins e boas que haviam acontecido.

— Minha nossa! - Ela parecia abismada. - E quanto tempo eu fiquei presa?

— Hoje fazem um ano e mais ou menos vinte e oito dias... - ela arregalou os olhos grandes e azuis.

— Eu sabia que era muito, mas não imaginava que fosse tanto tempo assim. - ela abaixou os olhos. - Acho que preciso de um banho.

Eu ri.

— E de umas longas horas no salão de beleza. - Dessa vez ela riu ao ouvir o que eu disse.

Eu a levei até o banheiro, e dei a ela toalhas limpas e algumas roupas minhas. Liguei pra minha cabeleireira, senhora Johnson que em menos de trinta minutos estava na escola.

Ela deixou Felly incrivelmente linda, mas não pude deixar de notar o quanto ela estava mais magra e abatida.

Ela sempre seria bela. É parte da sua natureza mística. Mas tinha certeza que depois de tudo pelo que passou ela tinha amadurecido demais, assim como eu, não me sentia mais uma menina de dezessete anos, me sentia uma mulher...

E isso estava me matando. Eu ansiava por umas boas horas de bate papo sobre garotos com as minhas amigas, por umas compras exageradas com o cartão platinum do meu pai. De um quilo de sorvete de baunilha com biscoitos de chocolate.

De rir, me divertir... Ser a Athen que representa os alunos como uma menina mesquinha. E não ser somente a namorada do diretor da escola.

Queria e iria viver todos os meus sonhos, agora que Felly estava de volta nós seríamos novamente as "vadias da escola".

Eu ansiava por isso. Minha alma adolescente ansiava por isso.

Não cobraria mais de mim as responsabilidades dos outros. E não admitiria que ninguém mais fizesse isso também.

Sou Athenodora Van Black e ninguém me diz o que fazer.

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Henry

— Na realidade eu não quero mais esperar. - Eu sempre repetia essa frase quando assistia Titanic. Era lindo e intenso a jeito como Rose e Jack viviam o seu amor puro e convencional. Clichê e comovente.

— Pipoca? - Merlya estava se recuperando da guerra ainda, havia deslocado um osso do pescoço com o impacto da magia do espirito.

— Quero sim! - Ela trouxe a pipoca e sentou do meu lado na cama. - Você fica bem sexy de colete cervical. - Falei gargalhando.

— Imbecil! - Ela foi me bater mas sentiu dor e parou. - Serio que vamos ver Titanic? Que coisa mais gay.

— É um clássico! - Falei acendendo um cigarro. - Tem ideia melhor?

Lógico que ela tinha.

— Lógico que tenho! - Ela andou até a mesa da tv com dificuldade e voltou com seu celular enorme nas mãos. - Escuta isso!

Ela fuçou no aparelho e de repente  um áudio com a voz da Athen saiu pelos fones de ouvido cor de rosa dela.

"- Os corpos estão guardados em uma funerária amiga... -"

Foi uma das falas do dia das homenagens aos não sobreviventes da guerra.

— Ai que mórbido gravar isso Merlya! - Falei me arrepiando.

— Raciocina bixinha! - Ela jogou o celular na cama. - O que você acha de fazermos uma ressurreição?

 Hã?

— Hã? - ela era ridiculamente genial. - Poderíamos trazer a Louise de volta.

— Sim! Só ligo pra ela na verdade. - Ela falou colocando os longos e lisos cabelos loiros pro lado.

— Liga é? Pensei que se odiassem. - Realmente pensei que elas se odiassem. Elas não passavam de oi e tchau uma com a outra.

— Não que eu a ame. Mas sei que é importante pra você. - Ela comeu pipoca. - E na realidade eu não me importo com mais ninguém além de  você aqui. Minha irmã desaparecida também, mas de quem está aqui,você é o único pra quem eu me arrisco.

Nossa. Ouvir isso da Merlya é algo bem raro, ela era uma vaca com todo mundo, mas comigo sempre foi legal. Nós éramos amigos a mais tempo do que eu lembro, começamos a nossa amizade quando eu joguei um copo de frozen iogurte na cabeça dela. Ela havia colado um chiclete no cabelo da minha namoradinha de escola. Acho que tínhamos uns seis anos.

Ela me olhou furiosa e um monte de água suja da caixa de areia do parquinho voou na minha cara. Nós rimos muito e fizemos amizade desde então.

— A Madson te salvou do estupro. - Lembrei a ela da noite mais horrível da vida dela.

— Verdade... Madson merece minha gratidão eterna. E agora que vai ter um bebê vai precisar de ajuda. - Ela falou acendendo um cigarro de maconha.

— Desde quando você sabe algo de crianças? - Falei revirando os olhos ao sentir o cheiro da droga. - Isso vai impregnar meu quarto!

— Tenho cento e dezessete irmãos Henry, tanto no Reino de Cristal quanto no de Rubi, sei o necessário pra cuidar de um bebê elefante. - Merlya era uma sereia da alta realeza.

 O mar era dividido em cinco reinos. Cristal, Rubi, Esmeralda, Diamante e Safira. Geralmente era muito raro uma sereia ou tritão ser filho de dois governantes de reinos diferentes.

Merlya era filha da Rainha Crystal do reino de Cristal e do Rei Aramaia do Reino de Rubi.

Era uma das sete sereias puras do oceano. E a próxima sucessora do reino de Cristal.

Mas tinha uma cassetada de meio irmãos dos lados dos dois reinos.

— Verdade! - Falei rindo. - Ai Merlya isso fede! - Tossi com o cheiro doce da droga me embriagando.

— Quer provar? - Ela soltou uma baforada na minha cara. - É igual cigarro mas vai te dar uma brisa.

— Acho melhor não... - Ela sentou de frente pra mim.

— Vou te ensinar a fazer peruana. - Hã? Isso era uma posição sexual?

— Isso é uma posição sexual? - Ela gargalhou.

— Não seu besta! Olha pra mim e abre a boca. - Fiz meio receoso, ela então tragou a maconha e soltou a fumaça dentro da minha boca, eu engoli e ela me encarou bem de perto.

Merlya era linda e despertava muitas coisas em mim. Me arrepiava encarar seus lindos olhos verdes.

— Mais! - Falei baixo, me sentia um pouco zonzo mas a sensação era a mesma de correr em sonhos, quando você alcança uma velocidade alta parece voar.

Ela novamente tragou o cigarro e soltou a fumaça ilícita na minha boca.

Foi então que nos beijamos pela primeira vez. E que beijo cheio de coisas foi aquele.

Minha mão escorregou para dentro da blusa fina de linho dela. E a dela estava pousada sobre o volume em minhas calças, eu deitei na cama e ela subiu sobre mim.

Segurei em sua bunda com ambas as mãos e a beijava loucamente.

E foi nessa hora que Lirio entrou no quarto.

— Atrapalho? - Nós saltamos ao ouvirmos sua voz. No entanto Merlya me segurou na cama, me mantendo deitado.

— Por que você não vem brincar com a gente? - então ela tirou meu membro de dentro das calças e o colocou na boca, eu olhei pra ela e estava muito excitado para pedir que parasse.

Olhei pra Lirio implorando com os olhos pra que ele viesse saciar meus desejos.

Ele entendeu o recado e com uma expressão que se confundia entre desejo e culpa fechou a porta e andou até nós.

Logo nós três transávamos como nunca antes eu havia feito. E por incrível que pareça não me sentia culpado.

Me sentia livre... Livre pra amar quem eu quisesse... E quantas pessoas eu quisesse...

Sabia dentro de mim que dali em diante nos tornaríamos inseparáveis... E que tínhamos amor o suficiente em nossos corações para dividirmos entre nós.

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Lotus

— Sim senhora, esse exemplar é um dos mais completos do nosso acervo.- Eu estava incrivelmente apaixonada pelo meu cargo de bibliotecária voluntária.

As coisas que eu mais amava estavam ao meu redor. Os livros.

A simpática senhora Sophia, uma das orientadoras educacionais estava me auxiliando e me pondo a par de todas as estantes e os temas catalogados no lugar.

— Magia dos elementos são as três prateleiras da esquerda, Estudo vampírico as quatro prateleiras dos fundos, magia negra e sobre-humana as cinco prateleiras da frente. - Ela apontava tudo como se tivesse gravado na memória. - E temos a prateleira mais importante.

Ela andou pelos corredores de enormes prateleiras e chegamos ao fundo da grande sala. O lugar havia sido decorado por mim e modéstia parte estava bem menos sombrio do que antes.

Eu havia feito lindos arranjos de flores de Lotus e Lírios, havia colocado varias luzes novas nos castiçais antigos e candelabros das entradas, também havia mandado emoldurar e colocar nas paredes aa fotos dos nossos colegas mortos na guerra.

Isso poderia ser assustador mas na realidade havia tornado a biblioteca um lugar de mais prestígio.

Quando alguém sentia falta de um dos nossos heróis simplesmente ia até la e acendia uma vela sob o enorme quadro de seu ente querido.

No lugar aonde havíamos chegado estava um lindo armário de madeira rústica. Ele parecia bem antigo pois sua maçaneta estava muito escura, apesar de bem conservado a aparência dele era nitidamente de algo velho. Lindo mas velho.

— Nesse armário estão os livros mais importantes do acervo Lótus. - Senhorita Sophia falou colocando a mão enrugada pela idade no móvel cor de café.

— E que livros são esses? - Com certeza não eram livros de receita. Ou seriam ?

— São livros que contam as raízes da nossa história, a história da Mystical e todas as suas misteriosas e fascinantes lacunas. - Ela olhou pro móvel com carinho e orgulho. - Guardei isso anos e anos e agora é sua vez.

Ela mexeu em sua bolsa estilo carteira e tirou um cordão de couro marrom, nele estava pendurada uma enorme chave dourada, preta de tempo.

— Essa é a chave do armário Lótus, cuide dela como se fosse sua filha. É uma guardiã agora. - Ela deu uma risada suave. Deveriam ter milhares de livros ali dentro cheios de coisas secretas, pois parecia bem seria e severa a proteção sobre aquele móvel.

— Pode deixar senhorita Sophia. - Sorri pra ela e pendurei a chave no pescoço, a colocando pra dentro da blusa. - E onde começo a organização?

Ela me encarou e riu.

— Sua assistente vai chegar daqui a pouco. - Essa era nova, uma assistente. - Ela é nova e mostrou muito interesse em organizar a biblioteca com você.

— Nossa será incrível! - a não ser que seja uma vaca daquelas que fazem serviços voluntários pra aumentarem as notas baixíssimas.

— Bem se me der licença, tenho algumas papeladas que não se assinarão sozinhas. - Ela me abraçou com seus finos braços e andou para porta afora.

Eu esperei que ela saísse e coloquei uma música em meus fones de ouvido, subi em uma daquelas escadas de biblioteca que tem rodinhas e sai pelo corredor dos livros de magia.

Dei um pulo derrubando todos os livros da prateleira B quando senti o toque de uma mão em minha panturrilha.

Cai junto com os livros e a prateleira só não caiu pois a menina a segurou com as duas mãos.

— Eu... Eu sinto muito... -  a menina baixa e bonita falou me ajudando a levantar. - Eu te chamei mas você não me ouviu... Ai te toquei e...

— Tudo bem! De verdade... - E era sério, não havia me machucado. Na verdade tinha sido bem engraçado. - Então você é a Cassidy?

— Sim! Cassidy Van... - Ela parou olhou pra cima e respondeu rápido. - Cassidy Van Persie...

— Tem certeza? Não me parece muito certa de ter esse nome. - Ela hesitou ao ouvir minha pergunta mas logo mudou o rumo da conversa. - E você deve ser a Lótus Echevery...

— Sou eu mesma. Bem vamos começar nosso trabalho arrumando essa bagunça aqui. - Ri e ela riu também. - Você se parece tanto com uma amiga minha.

— Sério? - Ela gelou. - Como ela se chama?

— Athenodora... - Falei e ela continuou catando os livros do chão. - Athenodora Van Black.

Ela simplesmente emitiu um som de concordância e seguiu fazendo o seu trabalho. Caminhamos pela biblioteca com alguns livros nos braços e chegamos na ala das fotografias. La estavam os quadros dos nossos amigos mortos.

Passamos por la mas antes que cruzássemos o final do corredor ouvi um grande barulho.

Olhando pra trás vi que ela havia deixado todos os livros que carregava caírem no chão .

E que estava usando as mãos que os carregavam para tapar a boca. Seus olhos marejados me deixaram bem assustada.

O que ela tinha visto de tão assustador pra ter aquela reação?

— Meu Deus Cassidy o que foi? - Perguntei e depois de largar os livros que eu carrega sobre uma mesa perto, corri até ela.

— Ele... Quem é ele? - Ela falou apontando pra um dos quadros na parede.

O quadro que adornava uma linda e sorridente foto de Logan.

— Oh... ele é o Logan, ele morreu na guerra. - Eu baixei os olhos. - Ele estava se casando quando arrancaram o coração dele.

— Casando? - ela me encarou com olhos arregalados. - Com quem?

— Comigo. - Nem havia percebido a presença silenciosa de Madson. - E ele me deixou um presente. - Ela passou as mãos na sua barriga seca.

— Não brinca! - Eu a abracei. - Isso é maravilhoso.

— Eu sei... - ela retribuiu depois passou por mim e acendeu uma vela abaixo do quadro de Logan, ajoelhando-se ela fez o sinal da cruz.

— Vamos te deixar a vontade. - olhei pra Cassidy e saímos. - Você o conhecia? - Perguntei pra ela quando ja estávamos longe.

— Não... É só que... - Ela pausou. - Ele era tão jovem né?

— Sim... A maioria dos assassinados na guerra eram jovens como nós. Lamentável. - Eu a olhei e ela parecia bem nervosa. - Ta na hora do nosso café, você vem?

— Sim... Só vou fazer uma ligação. - Ela apontou pro telefone da biblioteca. - Te encontro na cantina.

Entendi que ela queria ficar sozinha e sai.

Ela tinha um ar de mistério que poderia intrigar qualquer pessoa. Eu odiava me meter na vida das pessoas mas isso estava me deixando perturbada.

Ela havia me mentido o seu nome, havia dito que não conhecia Logan mas parecia nítido eles terem uma proximidade mesmo que nunca tenha visto ela antes.

Ela era misteriosa e eu era curiosa...

Estava realmente determinada a descobrir os segredos de Cassidy. Sejam eles quais forem.

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Sebastian

— Sebs! Psiuuuu... - Se Henry conseguia ser discreto? Não... Se isso era engraçado? Demais.

Ele estava me chamando da porta da minha aula de defesa pessoal. Os alunos estavam em uma sequência de socos alternados e eu estava parado os observando até Henry me fazer rir e todos me olharem com cara de ponto de interrogação.

— Continuem fazendo a sequência repetidamente que vou fazer umas coisas.. Volto em cinco minutos. - Todos concordaram e eu sai da sala. - Oi Henry. Posso te ajudar?

— Não! Mas eu posso te ajudar. - Hã? As vezes ele não fazia sentido. E isso nele me lembrava muito a Louise.

— Como assim? - Ele havia me pego da mão e me levado para o fim do corredor.

— Qual meu poder Sebastian? - ele perguntou colocando as mãos na cintura.

— Você controla o espírito Henry. Ta com amnésia? - Ele gargalhou escandalosamente.

— Se estivesse me apaixonaria por você. Louise te achava uma delícia nesses abrigos de luta. - Ele me deu uma olhada indiscreta. - Está carregando algo dentro das calças?

Isso me deixou envergonhado, e piorou quando ele riu.

— Escuta vai direto ao ponto. - Eu podia sentir minhas bochechas queimando e ele estava com as dele vermelhas de tanto que ria.

— O que você acha de eu trazer o espirito da Lou de volta? - ele jogou isso na minha cara como se fosse algo natural a se perguntar.

— Mas pra isso precisaríamos do corpo dela. - Falei o óbvio.

— E é ai que eu entro! - Merlya saiu de trás de uma coluna com os braços cruzados e um colete cervical cor de cereja no pescoço. - Ja te falaram que essa calça marca seu penis?

— Da pra vocês pararem? - Falei e eles riram mais. - Como você pode conseguir o corpo da Lou?

— Sou sereia, seu lerdo... Entro la e convenço os caras da funerária a me liberarem o corpo... Depois através da persuasão eu os faço esquecerem que estivemos la. - Era um plano inteligente. Louco mas estávamos em tempos loucos...

Tempos loucos exigem atitudes loucas.

— Eu topo! - Estava me sentindo tão imaturo que músicas de criança pareciam tocar ao meu redor. - Quando?

— Hoje... A noite... - Henry falou enfiando o braço no de Merlya. - E é um segredo... Não quero uma fila de gente na minha porta implorando por ressurreições de pessoas e animais.

Eles saíram e eu fiquei parado. Estava voltando pra sala de aula quando ouvi uma voz feminina chamar meu nome.

— Pois não? - Falei olhando pra trás, das sombras do corredor saiu uma linda garota, ela tinha traços belíssimos e latinos, longos e ondulados cabelos negros, uma pele cor de café com leite e vestia uma roupa de academia tão colada que parecia erótica. - Posso te ajudar? - Evitei olhar pra ela , tudo que eu menos queria era fama de professor tarado.

— Ah... Pode! - Ela riu e se aproximou. - Me matriculei pra suas aulas, preciso aprender a me defender... - Ela colocou a mão no meu ombro. - Nunca se sabe quando podemos atacar, ou sermos atacadas... - Ela prendeu os longos cabelos em um rabo de cavalo alto.

— Tem razão. - Falei e não pude conter uma olhada gulosa em seu belo decote. - Sou Sebastian!

— Eu sei... Te chamei, lembra?- ela riu e estendeu a mão com as unhas pintadas de branco. - Sou Jasmine...

— Prazer Jasmine. Você pode entrar,  vai iniciar com os novatos do primeiro ano e qualquer coisa me avise que te auxilio! - falei apontando pra porta da aula.

— Aviso sim! Tenho certeza de que precisarei de uma assistência especial. - Ela passou por mim e entrou na sala.

— Nem ouse Sebastian... Nem ouse... - Entrei logo atrás e continuei minha aula.

Passei aquela manhã toda sendo secado pelos olhos castanhos de Jasmine, ela nem disfarçava as olhadas pro meio das minhas pernas e as mordidas indiscretas nos lábios.

Nunca mais usaria aquela calça... E se tudo desse certo logo Lou estaria lá pra por aquela garota no seu devido lugar.

Ja que eu não era capaz de fazer isso...

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Alex

— Meu deus você esta linda! - Falei pra Fellypa depois que a cabeleireira acabou o cabelo dela.

A mulher era mesmo boa e Felly parecia uma Barbiezinha, ela havia  repicado o cabelo de Felly o deixando acima dos ombros, uma franja lateral foi cortada e ficou bem sexy.

— Muito obrigada... - Ela apontou pra mim cerrando os olhos.

— Alex... - Falei rindo e ela sorriu pra mim. - Ouvi falar tanto de você...

— Eu nunca ouvi falar de você mas vamos ter chance de nos conhecermos agora! - Ela falou rindo. - Ai que saudade disso tudo.

— Imagino que tenha sido uma barra pra você! - Ela concordou com meu comentário sacudindo a cabeça positivamente.

— Foi mas quero seguir em frente... - Ela disse se olhando no espelho. Ela era linda... Uma rainha... Parecia saída de um catálogo da Chanel.

— Eai Felly? Gostou? - Athen entrou no quarto. Outra que parecia ter saído de uma passarela, sempre bem vestida e maquiada.

— Amei! Nem parece que eu estava igual a uma mendiga a uns minutos atrás. - Elas riram, e eu ri também.

— Olhaaaaaaaa elaaaaaaa... - Madson e Jow entraram gritando no quarto. Felly correu e as abraçou.

— Eai piranhas? Que saudades... - Elas sentaram-se e Athen trouxe biscoitos e sorvetes pra nós.

— Eu to gravida! - Madson falou e Felly começou a gritar, Athen também pareceu chocada.

— MENTIRAAAA! - elas falaram juntas e riram.

— Logan deve estar tão feliz. - Felly falou pegando um biscoito.

Todas as risadas cessaram e ela olhou ao redor.

— Vocês terminaram? Ai eu lamento Madd... - Ela disse e Madd sorriu fraco.

— Ele morreu Felly! - Felly engasgou um pouco com a bolacha ao ouvir aquilo. - Luciel o matou...

— Luciel o que? - Felly gritou.- Como? Porque?

— Evan também morreu! - Jow falou chorando, nesse momento a cachorrinha que ele havia dado a ela entrou correndo e pulou em seu colo. - Ele também me deixou uma bebê.

Nós sorrimos ao ver a carinha fofa de Amora.

— Ai meninas sem baixo astral, depois falamos sobre os problemas. - Athen se jogou no colo de Felly e beijou a testa dela.

— Quem quer brigadeiro? - Henry entrou na casa e quase enfartou ao olhar Fellypa. - Meu Deus! - Ele berrou fino tapando a boca. - Merlya!- Ele chamou.

— Merlya? - Felly falou confusa e também quase morreu quando a irmã cruzou a porta do quarto.

— Felly! - Ela correu e abraçou a irmã. - É você ou o Richard?

Todas rimos, e em menos de quinze minutos todas as meninas estavam no quarto também.

Lótus havia se sentado ao lado de Felly e elas conversavam sobre o Luciel baixinho. Merlya estava com Athen e Henry na cozinha, Madd e Jow estavam ao meu lado brincando com Amora, tudo estava tão feliz que só faltavam unicórnios e arco-íris ao nosso redor.

Depois de um tempão comendo besteiras e falando besteiras maiores ainda o grupo foi começando a se dispersar.

— Nós ja vamos né Merlya? - Henry falou e Merlya levantou-se com dificuldade por causa do colete.

— A que pena... Fiquem mais! - Felly falou agarrando a irmã. - Fica...

— Amanhã a gente conversa mais, é que nós realmente temos compromisso agora. - Merlya falou a abraçando.

— Compromisso juntos? Lirio vai ficar com ciúmes! - Lotus falou rindo.

— Ah queridinha.., pode ter certeza que ciúmes disso ele não vai sentir! - Henry falou e os dois saíram de braços depois de se despedirem.

Ficamos mais algumas horinhas brincando de Páscoa e comendo chocolate pra danar até cada uma ir pra uma cama dormir.

Athen ficou no quarto com a gente aquela noite e Jeremiah ficaria de castigo sozinho.

Deitamos e todas dormiram...

Todas menos eu... Eu estava irritadiça, parecia que alguém me observava. Era meio bizarro lidar com meus poderes do espirito mas eu teria de conviver com essas situações de desconforto até o dia da minha morte.

Olhei pra janela e vi um espectro, meio sem forma e translúcido. Ele flutuava a luz da lua, como se estivesse dentro d'água.

Eu levantei e andei até a janela, quando eu a abri um vento frio adentrou pelo quarto e com ele o espirito daquele menino adentrou também.

— Quem é você? - Falei olhando pra ele. - Eu posso te ver...

— Eu... Não sei quem eu sou... - Ele disse se afastando. - Só me pediram pra te dar um recado.

— Que recado? - Perguntei meio receosa. Quem mandaria o espirito de um garotinho me mandar um recado? Existe Whatszapp hoje em dia pra isso.

— Muitas pessoas vão voltar, algumas da morte, outras da própria vida... Pessoas que vocês pensam que estão mortas e na verdade estão escondidas, pessoas que vocês pensam que se,escondem e na verdade estão sempre perto. - Ele falou e cada palavra penetrou minha pele como uma agulha.

— E quem mandou esse recado? - eu tinha medo de ouvir a resposta... Ele parecia aterrorizado, tanto quanto eu estava.

— Aquele que sabe de todas as coisas. - Ele disse voando sobre mim.

— Deus? - Ele sorriu.

— Não! - Ele foi pra janela e atravessou-a.- Lúcifer!

— O demônio? - perguntei mas ele se jogou de costas da janela. Corri até ela e tudo ficou em câmera lenta.

Não tinha mais som ambiente a única coisa fazendo barulho era a minha reparação...

O menino caia devagar e seus lábios se mexeram liberando a palavra.      "Acorde".

Palavra essa que Athen estava berrando enquanto me sacudia no quarto.

— Alex? Alex você está bem? - Eu estava completamente suada e confusa, todas as meninas que estavam ali ficaram ao meu redor e me encaravam com expressões que variavam de susto a tédio.

Olhei pra janela da qual eu tinha visto o menino entrar e sair. Ela estava fechada.

Lúcifer tinha se comunicado comigo. Isso era forte...

Só não sabia dizer se isso era bom.

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Merlya

— Você dirige incrivelmente mal! Na volta eu dirijo. - falei pra Henry que me mostrou o dedo e quase bateu em uma placa de pare.

— Acho que vamos precisar ressuscitar mais de uma pessoa se você continuar dirigindo assim. - Sebastian riu e Henry revirou os olhos.

— Falta quanto pra chegarmos? - Henry perguntou e eu olhei no GPS do celular.

— Dobre na rodovia Banks e duas quadras depois contorne pela Sidney com Milenoe... - Eu falei e ele seguiu as coordenadas.

— Que horas são agora? - Sebastian perguntou.

— Meia noite e vinte e cinco... - Falei olhando o visor do meu celular.

— Chegamos. - Henry falou e começamos a estacionar. Ele fez uma baliza tão horrorosa que furou os dois pneus traseiros ao mesmo tempo.

— Quem te deu a carteira de motorista Henry? - Sebastian perguntou saindo do carro.

— Não disse que tinha carteira. - Henry falou nos encarando. Ele era doido.

— Funerária Falls Break. Nome legal! - Sebastian falou sorrindo.

— Vamos ser rápidos, eu vou na frente, passo pelos guardas e ando até a sala dos fundos, vou tirar o corpo dela e encontro vocês na parte de trás. - Falei e eles concordaram.

— Quanto tempo? - Henry perguntou aquecendo as mãos.

— No máximo cinco minutos. - Garanti. E isso era certo. Os guardas não resistiriam ao charme de uma sereia.

Os meninos saíram juntos pela lateral do grande prédio da funerária. Eu entrei pela frente. Vi de cara dois guardas, um de cada lado das imensas portas de vidro do lugar.

— Hey vocês! - eles me olharam ja colocando as mãos em seus cassetetes e armas. - Vocês vão me deixar entrar e quando eu passar quero que vocês atirem um na cabeça do outro okay?

Eles responderam um "Sim" em uníssono e abriram espaço pra que eu passasse.

Pouco depois de cruzar as portas ouvi os barulhos dos tiros.

— Obedientes! - ri e segui em frente.

O lugar era calmo como eu esperava, nada de guardas la dentro nem de câmeras.

Afinal pra que câmeras em uma funerária?

Passei pela recepção vazia e pelos lindos e decorados corredores do lugar.

Não demorou muito pra que eu chegasse diante de uma porta com a placa identificando o necrotério.

— Bingo! - entrei e comecei a procurar as fichas de corpos, as gavetas e tudo mais. O barulho dos meus saltos ecoava pelo lugar.- Aqui! Louise D. Cross, gaveta treze, fila dois..

Andei apressadamente para a fila de gavetas que a ficha indicava.

Ao abrir a enorme e cromada gaveta vi o corpo ainda intacto de Louise.

— Belos peitos! - Falei e toquei neles que estavam frios como pedras. - Vamos la pra fora querida!

Eu poderia ter saído com ela nos braços e feito aquela cara de heroína de prédio em chamas mas estava com preguiça e indisposta sujar meu casaco Valentino com gosma de defunto.

Eu enrolei minhas mãos em seus cabelos cor de mel e a arrastei de la pra fora.

Não demorou muito até que Henry e Sebastian corressem pra pegá-la.

— O que foram aqueles tiros? - Henry perguntou me examinando. - Você está bem?

— Ótima! - Eu falei rindo.- Os guardas que perderam a cabeça sabe?

Ele ficou meio abismado com a minha frieza. Mas eu não ia arriscar ser reconhecida por aqueles caras e acabar em cana. Nunca fiquei bem de laranja.

— E agora Henry o que fazemos? - Sebastian estava com Lou no colo e havia a enrolado em seu casaco.

— Ela não sente frio babaca, está morta! - falei e ele fez uma carranca pra mim.

— Coloque ela sobre aquele pano. - Henry havia esticado um pano roxo no chão e prendido suas extremidades com tijolos.

Sebastian a colocou sobre a "cama" e ficamos olhando enquanto Henry se ajoelhava ao lado dela.

— É melhor se afastarem. Nao quero mais ninguém com um osso quebrado. - ele disse e nós nos afastamos alguns metros.

Henry tirou um livro minúsculo do bolso. Ele abriu o pequeno livro e o colocou no chão, o vento não deixava as páginas pararem então ele o apoiou com uma das mãos.

— Okay! La vai! - Henry falou e fechou os olhos, quando abriu novamente eles estavam completamente brancos.

Ele começou a falar um monte de palavras em uma língua que eu não conhecia, e pela expressão do seu rosto Sebastian conhecia menos ainda.

Um forte vento começou a soprar ao nosso redor, e neblina começou a se erguer do chão úmido.

Henry começou então a flutuar mas se mantinha intacto em sua "oração" ou sei la o que era aquilo.

O corpo de Louise começou a flutuar também, ele estava acinzentado e completamente mole.

Henry agora gritava as palavras, o vento estava mais forte e ele rodeava o corpo dela no ar. A cena era bonita e sombria.

Muito de repente após repetir mais uma vez as palavras Henry caiu no chão desacordado e o corpo de Louise caiu novamente sobre o pano roxo, inerte.

— Henry? Henry! - Corri até ele e verifiquei sua respiração, estava fraca, mas ainda existia. Sangue escorria de suas narinas e um liquido preto saia de sua boca.

— Temos que levar ele pro carro. - Sebastian falou assustado.

— E Louise? - Perguntei, Sebastian sacudiu a cabeça negativamente. Não tínhamos,tempo de colocá-la na gaveta novamente.

— Pegue ele, não tenho forças... - Ele me obedeceu, peguei o livro de Henry enquanto Sebastian o erguia no colo.

Estávamos virando a esquina do prédio quando ouvimos aquela voz.

— Vão me deixar aqui? - Congelamos.

Louise estava de pé, bem atrás de nós. Ela carregava um sorriso doce nos lábios e uma expressão confusa e alegre.

Henry tinha conseguido salvar a vida dela. Agora dependia de nós salvarmos a vida dele.


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Notas finais do capítulo

Vadias boas são vadias mortas.