Fellypa

– Então Athen, o que espera desse ano? – Perguntei a ela abrindo a porta do quarto, estávamos no dormitório juntas com outras duas meninas que eu não conhecia.

– Espero me especializar mais nos meus poderes e dar uns pegas no professor de artes... – Falou gargalhando.

– Voce não presta! – Dou uma risada estranhamente alta e entro no quarto, me jogando em um puff verde agua que estava no canto. Athen passou direto e foi pro canto do quarto que lhe pertencia.

– Mas que merda é essa? – Saltei ao ouvir o grito dela, ela estava parada com as mãos na cintura olhando furiosa pra outra menina, a garota estava vestindo um jaleco branco todo sujo de tinta laranja e pintava distraída a parede do quarto, parede essa que era da Athen.

– Desculpe, a menina que estava aqui me disse que esse canto era livre! Sou a Jow! – A menina falou calmamente e sorriu.

– Bom pra você, mas é falta de educação roubar as coisas dos outros e... – Athen se contraiu ao ouvir uma outra voz, juro que pude ver os olhos dela faiscarem.

– Voce deveria usar esse seu conselho antes de roubar meu namorado! – Olhei na direção da voz que vinha da parte de cima do quarto, onde ficava a sala de cinema, da escada vi descer uma garota de cabelos loiros e roupa colada que comia um cupcake, ela sorriu maliciosa ao ver a cara de todas nós. – Surpresa!- Ela falou acenando.

– AI NÃO! – Athen falou olhando pra ela, e eu já não estava entendendo mais nada! – Voce não! – Athen berrou!

– O QUE TA ACONTECENDO?- Perdendo a paciência gritei me pondo entre as duas, a menina que pintava, a tal Jow, levantou-se parando mais perto de nós.

– Acontece querida, que essa vadia dos elementos tem o péssimo habito de sair com caras comprometidos! – A menina do cupcake falou.

– Não falei com você! – Respondi pra ela. Conhecia Athenodora bem o suficiente pra saber que ela realmente tinha esse habito, mas não deixaria aquela garota falar isso. – Athen pode me explicar?

– Não interessa .. a questão aqui é que você não pode dar meu lado do quarto pra ela Madson! – Athenodora gritou com a menina e seu cabelo começou a tremular... vai dar ruim...

– Já chega vocês duas, Athen, deixa isso, fica com meu canto ou qualquer outro a menina já pintou ali mesmo. – falo pra ela me virando pra encarar a menina, a tal Madson.- Se atacar a Athen ta me atacando, não sei de onde você saiu e não me importo, mas é bom não cruzar nosso caminho, se ela roubou seu namorado a culpa não é dela, e sim sua que não soube cuidar e dele que é canalha. Vamos! – Puxo Athen e saímos do quarto, andando rumo a biblioteca!

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Diretora K.

– Já disse a vocês que é absolutamente inaceitável transição de espíritos nas aulas de magia, já não bastam as mortes de funcionários, vamos matar alunos agora? – Não entendo realmente o que se passa na cabeça desses recém formados que mandam pra minha escola, todos sonhadores e imaturos.

– Mortes essas bem estranhas diga-se de passagem! – Jeremiah falou mexendo em seus cabelos e sorrindo com ar inocente.

– Sabe algo do qual eu não saiba Professor?- perguntei a ele, não aturava a petulância desses jovens.

– De maneira alguma diretora, nenhum de nós pode saber mais que uma mulher com sua experiência longínqua. – Ele concluiu a frase seguido de muitos risinhos, principalmente das mulheres.

– Talvez daqui a uns cinquenta anos, quando você estiver invalido e caduco, discutiremos sobre minha longevidade professor! – Após meu comentário ele se calou, pois sabia dos meus dons, mal sabia ele que daqui a cinquenta anos estará melhor do que eu. – Dou essa reunião como encerrada. – Espero todos se retirarem para... para resolver meus assuntos.

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Fellypa

– Não acredito que com tanta coisa bonita por ai, você foi roubar o namorado daquela vadia! – Falei com indiferença e ela sorriu ao ver alguns professores saindo da sala de reunião.

– Falando em coisa bonita. – Ela me cutucou ao ver Jeremiah. – Cuida só isso. – Do nada ela se jogou no chão de uma maneira tão dramática que chegou a me dar pena. Ela gritava de tal maneira que juro que sentia dor.

– Meu deus o que aconteceu? – Grito apavorada o que chama a atenção de alguns professores e faz Jeremiah correr em nossa direção.

– Voce está bem? – Jeremiah perguntou já apegando no colo.

– Não, acho que torci o tornozelo. – Athen disse com uma voz chorosa, e percebi que era uma farsa. Antes dele a levar em direção a enfermaria ela piscou e bati palmas silenciosamente.

Depois disso, sigo meu caminho para a biblioteca.

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Jeremiah

Ao deixa-la com a enfermeira, sentei e esperei para saber o que houve com a aluna.

– Professor você pode entrar agora. – Sra. Montez disse ao sair quadrando um papel no bolso e sorrindo.

Ao entrar no ambiente vejo a menina sobre uma maca com a perna para cima, ela estava com uma cara de dor e pálida e sorria fraco.

– Obrigada professor...? – Perguntou.

– Jeremiah. – Falo serio. – Você quer que chame alguém para ficar com você?

– Bom se está ocupado eu posso ficar aqui sozinha, não me importo. – Sorriu tristemente.

– Vou buscar sua amiga. – Disse saindo em direção ao corredor.

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Fellypa

A luz na biblioteca era fraca para conseguir procurar livros nas prateleiras, desde a morte do bibliotecário ninguém se aventurava por aqui, na maioria porque antes de sua morte ele estava fora de si. Me lembro da ultima vez que conversei com ele.

Ele me falava sobre vultos e perseguições e se eu acreditava que poderia ter alguém o perseguindo. Lembro-me que a ultima coisa que ele me disse é que eu não derramasse meu sangue, pois era um caminho sem volta, eu apenas acenei e sai correndo. Três dias após descobri que ele havia morrido. A diretora nos garantiu que deu todo o conforto a família, mas em momento algum vimos resquício algum do corpo.

Um arrepio percorreu minhas costas, e voltando a mim puxei um livro da prateleira. Olhando de relance para o fim do corredor juro que vi uma silhueta, mas ela se moveu mais rápido do que meus olhos puderam identificar. O livro que tinha pego falava sobre magia especialmente sobre a magia com agua. Decidi então voltar para o meu quarto, pois já havia passado por emoções demais aquele dia.

Ao cruzar a porta acabei pechando em alguém deixando o livro cair, ao olhar para a pessoa entendi que as emoções daquele dia estavam apenas começando.

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Athenodora

– Consegui encontrar sua amiga no seu quarto. – Jeremiah falou cruzando a porta da enfermaria, fingir um machucado e subornar uma enfermeira era bem mais difícil do que realmente se machucar, que tedio!

– AH! Achei que Fellypa estava na biblioteca e... – Minha voz sumiu quando Madson cruzou atrás dele com um pirulito na boca e um sorriso malicioso.

– AINN COITADINHA! – Ela berrou e correu pro meu lado, sentando-se. Vadia!

– Bem, eu vou indo meninas, e Athenodora, espero que melhore! – Jeremiah se afastou e sumiu de nossas vistas.

– Parece que a cadelinha quebrou a pata!- Madson falou rindo!

– Vou quebrar é essa sua cara de vaca se não sair daqui!- falo arrancando o gesso e o jogando longe.

– Estava fingindo? Claro queria pegar o professorzinho gostoso!- ela falou alto como se fosse uma descoberta surpreendente. – Bem típico de meninas da sua laia!

– Saiba você que só não quebro essa sua carinha enjoada porque estou indisposta e não sou obrigada a nada, vou sair daqui por que não tenho mais tempo a perder com você, passar bem... – Saio rápido pra não ser pega de surpresa e esbarrar em Jeremiah, mas ela falou alto o suficiente de maneira que eu pudesse ouvir!

– Espero que ele não descubra a vaca que você é!

De todas as possíveis respostas que podia dar a ela escolhi a mais esperta, o silencio. Realmente não estava disposta pra uma briga. Não ali, não agora.

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