Latch - Perina escrita por Camila jb


Capítulo 15
Cap. 15


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei pra caramba pra postar um cap novo, mas esse está enorme e digamos que vale por dois. E esse cap é muito especial porque eu fiz ele pra Yasmin que faz aniversário hoje. Então é isso. Espero que gostem.
E YASMIN, LEIA AS NOTAS FINAIS!



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– Melhor a gente se vestir. - Karina falou.

– Ainda são 17 horas. - ele fala, assim que checou seu relógio.

– Ainda!?

– Sim, mas também acho melhor. - se levantou, e pegou as roupas do chão.

Eles se vestiram, rapidamente. E ficaram sentados, observando a escuridão que já se anunciava.

– A Lua ta linda hoje. - ele comenta.

– Sim. Sabe o dia que a Lua ficou mais bonita ainda?

– Quando?

– No dia da Lua sangrenta. Duas semanas depois da morte de Lírio. Lembra?

– É claro que eu lembro.

– Você me deu um beijo.

– E você me bateu tanto que eu fiquei dolorido por uma semana.

– Ate parece. - ela riu.

Ele não falou nada, apenas a encarou. Gostava de observar o azul de seus olhos. Um sorriso se formou no rosto dela. E no dele também, o sorriso de Karina o deixava feliz.

Pedro segurou seu rosto com uma mão e fez um carinho leve em sua bochecha, ela fechou os olhos para sentir aquele contato e abriu um sorriso.

– Você é linda. - ele sussurra.

Ela abre os olhos, novamente. Mas dessa vez, o azul de seus olhos, se tornaram um cinza azulado intenso, assim como a vontade dos dois, a vontade de se amarem.

– E você é meu descabelado favorito.

Ele sorriu. Nunca imaginou ouvir uma frase daquela de Karina.

– To com fome. - ela fala.

– Eu também. Mas depois do que aconteceu, tinha que estar mesmo.

Ele riu e voltou a encarar a Lua. Já ela se deitou em seu colo, permitindo a carícia que Pedro fazia em seu cabelo.

Os dois ficaram admirando a noite por um tempo. Mas Karina logo adormeceu no colo de Pedro.

E ele ficou ali, sozinho. Sozinho não. Apenas a presença dela já era suficiente. Sorriu. Gostava daquilo. Da insegurança que ele sentia por saber que um dia teria que abandona-la. Não. Ele não queria pensar nisso agora. Pedro continuou a desfrutar das memórias boas. Pra ele, as memórias com ela eram sempre boa.

Ouviu Karina bocejar, e já soube que ela estava acordando. Ela se sentou lentamente. Parecia tentar se lembrar de onde estava.

– Que horas são? - ela pergunta.

– Nove. As horas passaram rápido. - ele fala assim que termina de verificar no relógio.

– Cadê o cara pra abrir essa porta?

– O jardineiro? - ela da de ombros. - Ele deve ter se atrasado, mas ele chega. Fica tranquila.

Karina assentiu, e fechou os olhos, sentindo o vento forte bater contra seu corpo. Gostava daquilo, era como se apenas uma ventania a livrasse da tristeza, mas ela sabia que era impossível. Apenas ter Pedro já tirava sua pouca tristeza.

O barulho da porta fez os dois olharem em direção ao homem que os encarava.

– O que fazem aqui a essa hora?

– A gente decidiu dar um passeio, mas ficamos trancados aqui. - Pedro argumentou.

O jardineiro riu, e apontou a porta que ele segurava. Eles saíram, agradecendo o homem.

Karina ri, e sua risada repercutiu pelo elevador.

– Ri mais baixo por favor. - ele fala.

– Desculpa, amor, mas não dá.

– Desculpa o quê? - ele da um sorriso bobo com a palavra que a loira falara.

– Não dá. - ela revirou os olhos. - Tá surdo, Pedro?

– Não, esquentadinha. Repete aquela palavra.

– Quê palavra? Pirou de vez?

– A palavra: amor.

– Ah eu nem reparei que falei isso.

– Não estraga o clima, Karina.

Ela riu, abrindo a porta do elevador. Pedro saiu e abriu a porta do apartamento, adentrando com Karina.

– Eu vou fazer alguma coisa pra gente comer. - ela fala, logo se dirigindo pra cozinha.

– Toma um banho primeiro, amor.

Karina sorri com o apelido, era como música para seus ouvidos, sua música favorita. Mas para fingir que não se importou, ela dá de ombros, se dirigindo para o banheiro.

Foi rápida, e não demorou para surgir na sala só de toalha.

– A água tava gelada.

– Para de ser criança, esquentadinha. - ele falou, observando a careta dela após o comentário. Viu. É uma criança mesmo.

– Tenho certeza que crianças não fazem o que eu fiz hoje. Nós fizemos.

– Não provoca, Karina.

– Você não sabe o que é provocação. - soltou um beijo no ar pra ele.

A advogada seguiu em direção a cozinha, mas ele a puxou pelo cotovelo.

– Fica aqui.

– Nós não nascemos grudados, e eu tenho que fazer a comida, lembra? Ah vai tomar um banho antes. - riu, e seguiu para a cozinha, enfim.

As pessoas descobrem que estão amando quando a risada de seu amado se transforma em uma canção, sua canção favorita. Quando as "patadas" da pessoa não interfere no seu amor por ela. Quando em seu pior estado, ela consegue ser a pessoa mais linda do Mundo.

E talvez naquele momento, Pedro descobriu que estava amando. Que ele já estava amando era claro, mas agora ele descobriu e isso é o mais importante. A amando.

Ele seguiu para o quarto, enquanto, Karina pegava uma roupa na área da lavanderia. Vestiu uma roupa provocativa, ela queria ver o descabelado babando.

Pedro tomou um banho rápido. Assim que adentrou a cozinha se deparou com Karina que estava de frente para o fogão, e de costas para ele, tinha uma colher de madeira em uma das mãos e o dedo indicador da mão esquerda na boca, provando alguma coisa. Ele logo suspirou quando desceu o olhar por seu corpo, sua roupa o fez literalmente babar, ela vestia nada mais e nada menos que um blusão e uma cueca dele. O tecido estava levemente esticado em seu corpo e a cueca completamente colada, o que fez Pedro querer morder aquela região. Passou a mão no cabelo e começou a se aproximar devagar para não chamar sua atenção. Parou atrás dela e envolveu sua cintura com os braços, colando seus corpos. Karina levou um pequeno susto, dando um leve pulinho, fazendo-o rir.

– Quer me matar? - a advogada pergunta, levando a mão ao peito.

– Só queria falar que você está uma delícia. Se eu soubesse que você ficava tão bem assim, eu trocava suas calcinhas pelas minhas cuecas.

Beijou seu ombro por cima do blusão, traçando uma trilha até chegar em seu pescoço e deu um chupão naquela região.

– Pedro. Deixa de ser safado, ou eu vou acabar queimando essa comida.

Ela dizia rindo e balançando a cabeça, enquanto, tentava se distanciar. Mas ele foi mais rápido, virando seu corpo, e selando seus lábios com maestria, deslizando sua língua por entre sua boca. Quando terminou selou mais uma vez seus lábios, sorriu e a empurrou pra longe.

– Já pode voltar pra comida.

Pedro se afastou, se dirigindo até a geladeira, mas ela o puxou de encontro a seu corpo.

– Se acha que vai me provocar e sair assim, está totalmente errado.

Ele um movimento rápido, pegou seu corpo e a colocou sobre a bancada, se posicionou entre suas pernas. A carne borbulhando na panela dentro da panela no fogão, a colher de madeira que antes em sua mão agora no chão, parecia não importa-los. Nada naquele no momento os importava.

Ele deslizou sua mão por entre seu blusão. Acariciou suas costelas, enquanto, distribuía beijos pelo pescoço, rosto e clavícula da advogada.

– A gente tinha que parar com isso. - Karina disse já sem fôlego.

– Você não quer parar com isso.

As mãos de Pedro já estavam driblando a borda da blusa da loira. Em questão de segundos, a vestimenta foi parar no chão. Karina apenas sussurrava palavras sem sentidos. Ele abriu o fecho de seu sutiã.

A campainha toca. Karina toma o maior susto de sua vida, fazendo Pedro gargalhar.

– Atende logo essa merda. - ela fala, fechando o fecho de seu sutiã e pegando sua blusa do chão.

– Que é? - ele pergunta pra mulher que o encarava na porta.

– Atrapalhei alguma coisa?

– Só a transa alheia. - ele murmurou, mal humorado.

– É que tinha sentido algo queimando e... Desculpa.

– Tudo bem.

Pedro fechou a porta, rapidamente. Logo foi pra cozinha, encontrando Karina jogando a carne no lixo.

– E se a gente continuasse de onde parou? - ele pergunta.

– Sem clima. - ela ri. - Vou fazer um ovo, já que a carne...

Ele concordou com a cabeça, e foi pra sala, ligando a TV.

Karina fritou os ovos rapidamente, sua paciência a impossibilitava de fazer pratos mais elaborados.

– Ta pronto. - ela fala, assim que coloca os pratos em cima da bancada.

Comeram em silêncio. Não precisavam de palavras para expor o que sentiam. E talvez o constrangimento, o impedissem de interagir

– Que tal a gente assistir um filme? - ele quebrou o silêncio.

– Não to afim. - ela falou.

– Ah Karina.

– Ah to com sono.

– Só porque eu tava pensando em fazer um brincadeirinha.

– Deixa de ser safado. E a gente já brincou o suficiente hoje. Até porque...

– Nunca vai ser o suficiente.

– Então aguente.

Pedro murmurou, mas ela soube o calar do modo mais correto, com um beijo.

– Isso não vale. - ele falou.

– Então não beijo mais.

Ele riu. Se aproximou dela, mas não beijou sua boca, dessa vez ele beijou sua clavícula, indo em direção ao seu pescoço, e selando um beijo ali.

– Isso também não vale. - a advogada falou, sem jeito.

– Não tem regras pra isso.

– Eu posso muito bem colocar.

– Não. Prefiro assim.

– Vamos pra cama.

– É!?

– Sem sacanagem, Pedro.

O advogado riu. Ela seguiu rumo ao quarto, enquanto, ele foi arrumar a bagunça que fizeram.

– Cheguei. - ele anuncia, assim que entra no quarto.

– Percebi. - ela riu, fechando o livro, sabendo que com ele ali, ela não teria paz.

Ele se deitou ao seu lado, encarando o teto.

– Sabe, Karina. Eu cheguei a uma conclusão. - ela o encarou como se pedisse para ele continuar. - Eu amo você.

– Como!? - ele bufou um pouco irritado com a atitude dela. Ou estava se fazendo de idiota, o que pra ele era comum, ou realmente estava impressionada com o que ele acabara de falar.

– Eu te amo, Karina. Eu descobri que aquele sentimento novo que a gente ainda não sabia o que era é amor. Amor, esquentadinha! Mas eu não quero fazer desse amor algo comum, esse amor é um sentimento novo. E que eu vou fazer você entender com o tempo. Eu não quero apressar nada. A gente já transou e tudo mais, mas eu quero algo novo, eu quero algo que a gente construa, não um sentimento abstrato que muitos chamam de amor. Eu quero o nosso amor. Um amor que a gente vai moldar e consertar até ficar como a gente quer. - eles ficaram em total silêncio. Isso era o que ele mais odiava nela, quando a situação apertava, ela fugia. - Karina. Fala alguma...

Ele nem teve tempo de respirar entre as palavras. Karina estava com os lábios nos seus. A língua dela pediu passagem e ele abriu lentamente a boca, permitindo que ela sentisse todo o carinho e amor que ele tinha através daquele beijo. Cada fibra de seus corpos sentia pequenos choques a medida que o beijo se intensificava. O beijo que eles nunca deram. Aquele era o beijo com amor.

– Eu não sei o que falar. - ela se afastou dele, e se sentou na cama.

– Não precisa.

Ele começou a rir, e claro que aquilo não passou despercebido pela advogada.

– O que foi?

– Estava pensando uma coisa... - Pedro falou.

– E o que é?

– Você é igual ao Sol.

– Eu!?

– Na verdade você é igual a Lua e eu igual ao Sol.

– Quer tentar explicar? Porque eu não estou entendendo nada. - ele se sentou na cama e se aproximou dela. Ficaram frente a frente e Karina deu aquele sorriso de lado que Pedro tanto gostava. - Então.

– Lembra quando eu expliquei na Lua Sangrenta a história do Sol e da Lua?

– Não. Nem prestei atenção. - ela riu, mas ele revirou os olhos.

– Bem... Quando o Sol e a Lua se encontraram pela primeira vez, eles apaixonaram-se perdidamente e a partir daí começaram a viver um grande amor. Acontece que o mundo ainda não existia e no dia em que Deus resolveu criá-lo, deu-lhes o toque final: o brilho! Ficou também decidido que o Sol iluminaria o dia e que a Lua iluminaria a noite, sendo assim, seriam obrigados a viverem separados para sempre. Abateu-se sobre eles uma grande tristeza quando tomaram conhecimento de que nunca mais se encontrariam. - Karina prestava atenção em cada palavra, e fazia questão de mostrar que adorava a história. - A Lua foi ficando cada vez mais amargurada, mesmo com o brilho que Deus lhe havia dado, tornando-se cada vez mais solitária. O Sol, por sua vez havia ganho um titulo de nobreza, o de "Astro-Rei", mas isso também não o fez feliz. Deus então chamou-os e explicou-lhes: "Vocês não devem ficar tristes, porque agora ambos possuem um brilho próprio. Você Lua, iluminará as noites frias e quentes, encantará os namorados, e será diversas vezes motivo de poesias. Quanto a você Sol, sustentará o título de Astro-Rei porque será o mais importante dos astros, iluminando a terra durante o dia e fornecendo calor para o ser humano. E a tua simples presença fará as pessoas mais felizes".

– Que coisa triste. Mas é lindo. - ela comentou.

– Deixa eu terminar, esquentadinha.

– Nossa. - ela cruzou os braços, o fazendo rir.

– A Lua entristeceu-se muito com o seu terrível destino e chorou dias a fio... Já o Sol ao vê-la sofrer tanto decidiu que não poderia deixar-se abater, pois teria que dar forças a Lua, e ajudá-la a aceitar o que havia sido decidido por Deus. No entanto a preocupação do Sol era tão grande que este resolveu fazer um pedido a Deus: " Senhor, ajude a Lua por favor. Ela é mais frágil do que eu, não suportará a solidão..." E Deus na sua imensa bondade resolveu criar as estrelas para fazerem companhia a Lua. A Lua sempre que está muito triste recorre as estrelas que tudo fazem para a consolar, mas quase nunca conseguem. Hoje Sol e Lua vivem assim... separados, o Sol finge que é feliz, a Lua não consegue esconder a sua tristeza. O Sol ainda arde de paixão pela Lua e ela ainda vive na escuridão da saudade. Dizem que a ordem de Deus era que a Lua deveria ser sempre cheia e luminosa, mas ela não consegue isso... Porque ela e mulher, e uma mulher tem fases. Quando feliz consegue ser cheia, mas quando infeliz é minguante e quanto minguante nem sequer é possível ver o seu brilho. Sol e Lua seguem o seu destino, ele solitário mas forte, ela acompanhada pelas estrelas mas fraca.

– Calma ai, Pedro. Isso ta me lembrando...

– Humanos tentam a todo instante conquistá-la, como se fosse possível. Vez ou outra alguns deles vão até ela e voltam sempre sozinhos, nenhum jamais conseguiu trazê-la até a Terra, tampouco, conquistá-la por mais que achem que sim. Acontece que Deus decidiu que nenhum amor neste mundo seria de todo impossível. Nem mesmo o da Lua e o do Sol... E foi então que Ele criou o eclipse. Hoje em dia o Sol e a Lua vivem da espera desse instante, desses raros momentos que lhes foram concedidos e que custam tanto a acontecer. Quando alguém, a partir de agora, olhar para o céu e vir que o Sol encobriu a Lua é porque ele se deitou sobre ela e começaram a se amar e é esse ato de amor que se deu o nome de eclipse.

– Caramba. Que história magnífica, Pedro.

– Essa é mais ou menos nossa história.

– Não. Digo, em partes ate porque a gente se odiou muito pra se amar. - riu. - Mas sobre a solidão, sim, mas em partes também. Mas você me ajudou assim como o Sol ajudou a Lua, e isso foi um ato lindo. E assim como nós, eles tentaram reconstruir o amor.

– Mas Deus tem um plano a mais pra gente.

– Você acha?

– Tenho certeza. Você minha Lua segue o teu caminho, encantando com seu brilho, com seu jeito triste de ser feliz. E eu seu Sol, sigo meu caminho, iluminando, aquecendo por onde ando.

– Pedro...

– Mas unidos. Seguimos esse caminho unidos. Misturando a tristeza com a felicidade, um sentimento novo com um já conhecido, nos misturando.

Ela selou seus lábios nos dele e encostou suas testas, ela sentiu seu corpo queimar e pegar fogo, estava sentindo tantas emoções ao mesmo tempo. Ela abriu os olhos e ele encarou aquele tom de azul gritante. A abraçou e afundou seu rosto na curva de seu pescoço, dando um beijo naquela região.

– Eu te amo, Pedro. Desculpa por demorar a perceber. Só isso que você falou já me faz perceber que fui tola em negar que aquele sentimento desconhecido é amor.

– Eu te desculpo.

– Até o próximo eclipse? - ela riu.

– O Sol e a Lua não podem quebrar regras, mas a gente sim.

Única coisa que não deveriam era fugir desse sentimento. Fugir disso era como tentar apagar fogo com gasolina.

– K.

– Fala.

– Eu te amo.

– Você já falou isso. - ela riu.

– Eu nunca vou cansar de falar.

– Obrigada.

– Você já falou isso.

– Eu sei, mas nunca vou conseguir expressar o quão você me faz bem mesmo quando me irrita e eu quero te matar. - ela riu, mas era notável a emoção em seus olhos. - Obrigada por me ensinar a amar de novo. Obrigada por tudo, por ser meu refúgio. Por não me abandonar mesmo eu não merecendo seu conforto. E me desculpa por ser tão difícil.

– Você é uma pamonha, isso sim. - ela deu um leve tapa no braço dele. - Mas eu te desculpo porque é desse jeito que eu comecei a te amar. E o normal seria te pedir pra não mudar, mas mude e com essas mudanças, você me muda. Mas a única coisa que nunca vai mudar é esse sentimento. O nosso sentimento. O nosso amor!

– Eu te amo. Promete nunca me deixar? Não suportaria outra perda.

– Karina.

– Por favor.

Ele assentiu, atordoado. Não queria mentir pra ela, tampouco, queria falar que aquilo iria acontecer uma hora, ainda mais: ele não queria estragar a declaração. Mas o que ele menos queria era vê-la triste.

– Amanhã você não vai esquecer tudo isso? - ela o encarou.

– Eu nunca vou esquecer.

– Nunca é uma palavra muito forte.

– Não pro nosso sentimento. Nunca pro nosso sentimento.

– Às vezes eu lembro dos dias difíceis que eu já passei e me dá tanta vontade de chorar... - ela o tirou daqueles malditos pensamentos.

– Ei, todos temos dias difíceis, mas você tem a mim pra te fazer rir de novo. Nunca se esqueça que eu te amo, esquentadinha.

– Mas isso não vai ser pra sempre.

– Enquanto durar, eu nunca vou te deixar sofrer de novo. - Karina sorriu e fechou os olhos, enfim se rendendo ao cansaço.

– Pedro.

– Você não vai dormir, não?

– Minha ultima pergunta.

– Fala.

– Você acha que sabe o que é amor?

– Você ainda tem duvidas?

– Só responde. Por favor. Eu preciso ouvir da sua boca.

– Eu sempre neguei a todo custo que sentia algo por você, na verdade, eu só te detestava ou achava que detestava, mas esse sentimento foi o inicio de tudo. – ela fechou os olhos e pousou sua mão sobre a dele, fazendo uma leve caricia. – E eu sempre te admirei Karina, se hoje eu me tornei o que eu sou, foi... Espelhado em você.

– Pedro. Como assim?

– Eu sempre te achei digna de tudo, e sempre admirei a sua coragem. Quando aconteceu aquilo com o Lírio, eu achei que você fosse desistir, mas não, você lutou e olha onde você ta agora. Você conseguiu, Karina, e eu sempre achei isso um incentivo pra eu fazer o mesmo, e ultrapassar as barreiras de uma tragédia. Ainda quando eu namorava com a Priscila, eu via você lutando pra seguir em frente, e eu te imitei, esquentadinha, eu tentei lutar, e assim como você: eu consegui. E se você acha que foi só isso, esta enganada. A sua destreza, essa aptidão, a sua capacidade, e só sua de por mais que tudo te faça ter vontade de desistir, você vai e consegue, provando mais uma vez que você é essa esquentadinha forte e cada vez mais determinada, provando que é a minha esquentadinha. E foi essa admiração que me fez crer que você não era só uma garota bruta, mas sim uma mulher com força de vontade.

Pedro não chorou, aquele papel foi dela. As lagrimas desciam por sua bochecha, e ela não precisava de mais nada para saber que ela o amava também, mas ele fez questão de secar suas lagrimas e faze-la abrir os olhos para encara-lo, e prosseguiu:

– E nessa aposta, foi que você me provou mais e mais que sempre mereceu o que conseguiu. E acredite quando eu digo que eu sempre te amei, mas era um amor tão novo e tão inesperado que nem eu entendia, e se um dia eu achei que te odiava, eu fui um tolo. Eu sempre fiz questão de repetir essa frase pra mim mesmo, mas hoje eu faço questão de fazer você ouvi-la: “Eu sou feliz, e essa felicidade sempre teve um motivo, esquentadinha, e esse motivo sempre foi você. As brigas, as discussões, e muitas vezes os beijos que antes não significavam nada, hoje me fazem cada vez mais feliz. Karina, você é o motivo da minha felicidade.” E se antes eu tinha duvida de que o que eu sentia era amor, hoje eu afirmo cada dia mais que não é só amor, mas sim, admiração, carinho e paixão.

– Eu te amo. Muito.

– Eu ainda não terminei.

– Quer me fazer chorar mais? Esqueceu que sou a esquentadinha?

– Nunca, até porque você é minha esquentadinha. Mas a ultima coisa: por mais que não pareça, você é meu refugio, meu ponto de paz que me acalma, mesmo nas diversas discussões. Sempre você que me leva pra um mundo novo e com tudo que eu sempre quis e só consegui com você: um mundo com amor.

– Explica.

– Eu sempre fui muito confuso, e a primeira pessoa que conseguiu me acalmar foi a Pri, foi sempre ela a minha fuga, a minha fuga estratégica, a pessoa que me levava pra um mundo calmo. Mas assim que ela se foi, eu fiquei cada vez mais confuso, e se antes eu precisava de alguém que apagasse as minha chamas, naquele momento eu precisava de alguém que com carinho e um olhar amoroso me trouxesse a uma realidade nova, uma realidade que eu sempre precisei. Um alguém que me amasse e que fosse basicamente o meu ponto de paz, o meu refugio, a minha salvação. E com você, eu consegui fugir das ruindades, foi você que me trouxe essa nova realidade. Você é esse alguém que me salva desse incêndio particular, e me liberta. Você fez algo que ninguém nunca soube fazer direito: cuidou de mim.

Ela tinha seus olhos focados em seu rosto. Pegou sua mão e a apertou, sorrindo assim que ele a encarou, e ela selou seus lábios sem sua boca.

– Então, Karina. Obrigada você por ser meu refugio. – ela sorriu, e as lagrimas caíram por seu rosto.

Karina se deitou, e ele também.

Mas isso não será eterno, e só Pedro sabe o peso de abandoná-la, novamente.

Então, até que ponto o dinheiro pode te trazer felicidade? Até que ponto trocar sua vida por uma rotina mais tranquila traz felicidades? Até que ponto ele iria ser feliz sem ela?

"Eu não posso abandonar ela", pensou, mas até que ponto isso é verdade?


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Notas finais do capítulo

Yasmiiin, enfim seu dia chegou e com ele vieram mil pensamentos em como ia escrever um texto te desejendo parabéns, mas eu não queria um texto com: "Saúde, felicidades e tudo de bom", eu queria um texto mais complexo, e com complexo, eu não digo um texto cheio de palavras complicadas, mas um texto em que eu pudesse explicar essa nossa amizade. Então eu decidi a começar a falar como te conheci, e isso é meio óbvio, foi pela fic, e se tem uma coisa que eu queria com Latch não eram apenas leitores, mas sim amigos, e você se tornou o que eu queria, uma amiga.
E essa nossa amizade foi bem rápida. Nunca imaginei que a primeira pessoa a dar opiniões do que pôr na fic, fosse se tornar uma pessoa importante pra mim.
Então, abusada, eu só queria que você soubesse que eu te adoro e quero ter você sempre me zoando.
PARABÉNS, MALUCA