Latch - Perina escrita por Camila jb


Capítulo 14
Cap. 14


Notas iniciais do capítulo

Hey, mais um cap.
Eu iria postar domingo, mas postei hj e é isso. Espero que gostem



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Karina acariciou o rosto de Pedro, sentando para observa-lo melhor.

– Fala, Pedro. - sussurrou.

Ele abaixou o olhar, se obrigando a não deixa-la vê-lo sofrer. Respirou fundo, e em como todos os filmes, as memórias do seu amor, passaram pela sua cabeça.

– Há um tempo atrás eu conheci uma garota, e prontamente, me apaixonei por ela. - Karina pousou sua mão sobre a dele. - Mas o que eu não sabia era que ela fazia parte de uma gangue de drogas, e acredite quando digo que isso ainda existe.

– Pedro, você tinha que denunciar. - falou, calmamente.

– Meu amor falou mais alto, e eu me culpo até hoje por saber que poderia salvar muita gente de ir para o caminho das drogas.

Karina sabia o que ele estava sentindo, por meses se sentiu culpada pela morte de Lirio. Fez uma caricia em sua mão, em um ato para pedir que ele continuasse.

Mas ele estava estático. Seus olhos perdidos sobre o lençol emaranhado. Sua mente que só relembrava Priscila. Seu coração pedindo um novo amor, uma nova memória, mas que essa fosse boa. Talvez ele estivesse perdido, como sempre. Mas talvez ele já tenha achado seu novo amor.

– Pedro. - Karina chamou.

Seus olhos se fixaram em seus lábios quando ela falou, observando o quão lindos, apesar de serem apenas lábios como os de qualquer outra pessoa, eles eram. Sem que ele pudesse controlar aquele impulso, sua mão subiu lentamente até seus dedos conseguirem tocá-los, e assim que o fez, dedilhou-os de leve, desenhando seu formato e sentindo sua textura macia. A expressão confusa no rosto de Pedro permaneceu, refletindo o que ele sentia por dentro, e devido a isso, os lábios que ele sentia sob os nós de seus dedos deixaram de sorrir.

– Eu não queria sentir isso. – murmurou, com o olhar ainda perdido em sua boca, e começou a sentir seus olhos se encherem d’água sem que ele permitisse aquilo. – Me faz mal. - ele fechou os olhos tentando tirar seu sofrimento, mas em vão, os abriu, novamente.

– Eu sei. – Karina disse, o fazendo erguer seu olhar até encontrar o dela. – Se eu pudesse tirar seu sofrimento, eu tiraria. Me corrói por dentro te ver assim.

Sua serenidade, o deixou um pouco feliz. E saber que ela estava ali o ajudando, o fez ficar, realmente, contente. Enfim, alguém se importava com ele.

– E eu me afastei dela diversas vezes, mas sempre voltava para ela. Sempre voltava para Priscila.

Bingo. Karina, finalmente, descobrira quem era a tal Pri, e apesar de não conhecê-la, já queria mata-la por fazer Pedro infeliz.

– Ela também sempre tentara me afastar da gangue que vendia as drogas. E eu descobri porque.

– Por que? - Karina pergunta.

– Porque ela me amava, e não queria me ver ferido, e seria isso que aconteceria se ela não me afastasse. - suspirou. - Deixa eu te mostrar uma coisa.

Se levantou, indo em direção ao armário, pegando a pequena caixa que Karina achara semanas atrás.

– Aqui estão as cartas, que eu troquei com ela, na verdade estão as cartas delas.

Sentou se na cama, segurando a caixa com verdadeiro esmero. Abriu-a com dificuldade, não pela questão de estar bem fechada, mas pelo passado que o atormentava.

– Eu a abandonei. - falou, como se aquilo fosse motivo de morte.

Karina soltou um suspiro triste, e o puxou sutilmente pelos ombros até seus troncos voltassem a ficar colados. Ela o abraçou com certa força, como se aquele abraço tirasse suas angustias. E o batimento acelerado de seu coração voltou a repercutir em sua pele, enquanto uma lágrima rolava pelo rosto de Pedro e escorria até alcançar seu ombro. Não era daquele jeito que ele queria que as coisas fossem. Não era daquele jeito que ele queria se sentir.

– Você fez o que achou que tinha que fazer. Não se culpe por isso, por favor.

– Eu não consigo, Karina. Eu abandonei a pessoa que mais amava por fraqueza.

Talvez o silêncio pudesse amenizar a dor que ele não podia, a dor da verdade, corroendo-a por dentro como um veneno que a dilacerava aos poucos. Os segundos se passaram, um a um, e nenhum dos dois tinham coragem o suficiente para dizer alguma coisa, até que ela inspirou profundamente, tomando fôlego para falar.

– Eu me abandonei, abandonei o amor, e você me fez lembrar que esse sentimento ainda existe dentro de mim. Pedro, eu poderia muito bem falar pra você seguir em frente, mas não, não siga em frente. - pegou a caixa de sua mão, a colocando no chão, não que ele fosse esquecer da caixa, mas para apenas se esquecer pelo menos por um minuto do passado.

– Mas, Karina...

– Eu sei o quão difícil é ficar preso ao passado. Mas foi o passado e as memórias, que eu tanto tentei esquecer, que me fizeram seguir em frente, e eu amo o Lírio, nunca irei esquecê-lo, mas eu descobri que eu posso e consigo me apaixonar de novo. Você também descobriu, mas não sabe disso. E o dia que você descobrir que pode amar, eu estarei aqui pra te ajudar a descobrir que isso é verdade.

Ele apenas o encarou, soltando um suspiro derrotado, e seu olhar triste sustentou o dela por alguns segundos, até que os braços dele envolveram sua cintura delicadamente. Afundou seu rosto em seu peito, sentindo as lágrimas caírem livremente por ele, e fechou fortemente os olhos, sentindo seu coração se contorcer de dor.

Não conseguiu responder nada, sentindo mais lágrimas se formarem, porém dessa vez, havia um mísero fio de alegria nelas. As palavras foram profundas, e ela reativou o um pouco do sentimento que ainda restava em sua coração. Enfim, ele sorriu, se perguntando se aquela era a Karina de meses atrás. Não. Definitivamente não. Que a advogada havia mudado era óbvio, mas o motivo daquela mudança era Pedro.

– Já falei que você é maravilhosa?

– Não. Nunca.

Riram. Assim que riso deles cessou, um sorriso permaneceu no rosto de Pedro, sem que ele se desse conta disso. Karina o me imitou involuntariamente, o fazendo alargar ainda mais seu sorriso, e logo ele já estava sorrindo abertamente, como se não houvesse motivos no mundo para derrubar uma lágrima sequer, mas aquilo foi só por um momento porque ele sabia que haviam vários motivos. Ela acariciou suas bochechas sutilmente, e logo depois aproximou seu rosto do dele, dando-lhe um leve selinho.

– Você é, e muito. - respondeu.

Ela sorriu, se aproximando dele, unindo seus lábios, cuidadosamente. Explorando sua boca, lentamente para que o beijo demorasse para se finalizar.

– K.

– Fala. - sorriu.

– Obrigado.

– Por que?

– Por me fazer acreditar que existe amor depois de uma tragédia. Obrigado por me ajudar.

– Ah Pedro, não precisa de agradecimento, até porque foi você que me ajudou a redescobrir o amor.

– Foi!?

– Sim, e digo mais, é você que está me ensinando a amar, novamente.

– Só com as palavras que você me falou, você já ta me fazendo amar.

– Quanta melação e clichê.

– Eu gosto.

– Do quê?

– Do clichê. De amar e me perder em palavras românticas.

– Que romântico. - falou com sua costumeira ironia.

Ele não reclamou, inclusive, já estava acostumado e até gostava da ironia da advogada.

– Eu sou romântico. - entrou no joguinho da advogada.

Ela riu, focando seu olhar nele. Vê-lo melhor a deixava feliz.

– Sem joguinhos e ironia. Hoje eu quero paz.

– O que fizeram com você? - falou, pasmo, mas logo riu, contagiando a esquentada. - E se a gente fosse passear, K?

– Por que parou de me chamar de esquentadinha, moleque?

– Estou tentando ser romântico. Mas não seja por isso, esquentadinha. - sorriu, levantando e puxando a loira.

– A gente pode comer primeiro? To morta de fome.

– Faminta.

– São sete da manhã. Queria o quê?

Riu. Seguiram para a cozinha, em meio a brincadeiras e risadas. Se alimentaram, se arrumando em seguida.

– E se a gente fosse pra praia?

– Pedro deu a ideia.

– Detesto praia.

– Você gostava. Mas tudo bem. Que tal o terraço?

Karina assentiu. Não demoraram para saírem do apartamento e seguirem para o terraço.

– Aqui é um lugar lindo. - Karina comentou. - Da pra ver o Rio quase inteiro.

– Por isso que te trago aqui.

Se sentaram no chão, focando um no outro. Com o polegar, ele acariciou seu rosto, se aproximando e selando seus lábios em seu nariz, para enfim, tomar sua boca. Enquanto, sua língua quente encontrava a dela em um ritmo delicioso, ele ia deleitando-se de seus lábios e de seu hálito mentolado.

Enquanto, encantavam-se um com o outro, sentiram gotas de chuvas molharem seus rostos. Em uma sintonia digna de filme de romance, eles olharam para o céu, vendo que as gotas aumentavam e engrossavam a cada minuto.

– Melhor a gente ir. - Karina fala.

– Cadê a chave?

– Ta com você.

– Eu nem toquei na chave.

– Eu acho que eu abri e deixei a chave na porta.

– Porra, Pedro. E agora?

– Agora a gente vai ter que ficar aqui até o jardineiro vir e abrir a porta do terraço.

– Que horas ele vem?

– Nove.

– Ah que bom. É daqui a pouco.

– Nove da noite.

– Que merda.

– Sempre sonhei em transar na chuva.

– Quê? - o encarou.

– E se a gente tornasse realidade. Ninguém vai nos ver mesmo.

– Pedro, não pira.

Seus lábios tocaram os seus. A chuva já os encharcava. Karina não se conteve ao seus desejos, e em poucos minutos, suas roupas molhadas foram parar em qualquer lugar.

O toque de Pedro era macio e ao mesmo tempo indelicado, era desesperado e ao mesmo tempo calmo. Suas mãos foram parar no cabelo de Karina. A advogada estava, inteiramente, domada pelas mãos frias e delicadas do descabelado. A voz rouca de Pedro a cada comando, fazia Karina ronronar. Era como se o corpo da loira não o obedecesse mais a aquele encontro de desejo, e acima de tudo, a aquela redescoberta de um sentimento que eles esqueceram com as desilusões.

O calor irradiado pelo toque de Pedro agia como uma onda no corpo de Karina, era como um tsunami, a cada toque uma explosão de desejo e paixão. As mãos dele puxaram o corpo dela de encontro ao seu com sutilidade, mas ao mesmo tempo com leve violência, ou apenas rapidez para cessar seu desejo. Aquele hora a chuva não os importava. A boca dele desceu para os seus seios, os sugando. Já Karina deixava rastros de unha pelos braços e costas de Pedro. Seus corpos já estavam, inteiramente, colados.

Ele beijava cada centímetro de seu corpo, enquanto, ela se contorcia. Karina inclinou seu corpo para trás sem desunir seus lábios, fazendo as costas de Pedro tocarem o chão. Deitou sobre seu corpo, afastou suas pernas e ficou no meio delas.

– Acho que foi uma ótima ideia, Pedro. - grudou seus lábios em seu ouvido, sentido cada poro de seu corpo se arrepiar.

– Karina, não me provoca. - a loira riu, e Pedro se sentiu mais enfeitiçado com apenas uma risada.

Estavam próximos, centímetros separavam suas intimidades, mas logo seus sexos se encontraram. Quando ele entrou nela, ela simplesmente se contraiu. Ele fez movimentos de vai e vem, enquanto, suas mãos deslizavam pelas costas da esquentada. Seus corpos se sacudiam em um orgasmo profundo, aumentavam os movimentos dos quadris, assim, que seus gritos de prazer aumentavam, também. Naquele momento ele tinha tudo dela, sua paixão, e inclusive, seu auto controle. Karina estava contraída, seus dedos marcavam o ombro dele.

Até que tudo parou, uma paz os acertou. E em uma sintonia perfeita, chegaram ao orgasmos juntos, e gozaram.

Mas não estavam saciados. Trocaram de posição, e se beijaram, enquanto, tentavam obter o fôlego. Arfavam juntos, seus corações inquietos, enfim, conseguindo se apaixonar de novo. Até amar. Palpitavam na mesma sintonia. E muitas vezes se olhavam assustados pela tamanha intensidade.

O corpo de Karina foi tocado, novamente, pelas mãos ligeiras, que passeavam pelo seu corpo. Ele afastou suas coxas, fazendo-a se inclinar. A ponta de seu dedo tocou seu clitóris e ela sussurrou pedindo mais. Os gemidos e sussurros de Karina se intensificaram ao senti-lo a penetrar com mais força, e ela o recebeu com toda intensidade. E, de variação em variação, fizeram tudo que a imaginação os permitia.

E por fim, ela o puxou pelo glúteo, se encaixando, e gozaram um para o outro.

– Ah, Pedro. - suspirou, e se deitou no chão, com a cabeça em seu peito.

– Isso foi a melhor coisa que já fiz.

– Concordo.

Ele fechou seus olhos com força, tentando evitar que as lágrimas neles caíssem, mas foi em vão. Virou seu rosto, sem querer para que Karina não percebesse sua recaída, porém assim que o fez, sua mão envolveu a dele. Ele se manteve imóvel, sentindo-a apertar de leve seus dedos entre os seus.

– Eu não gosto de te ver chorando. – ela murmurou, com a voz baixa e compreensiva. – Mas acho que pra quem guarda tantas preocupações só pra si… Faz bem desmoronar de vez em quando.

Fungou baixo, sentindo seu choro se intensificar com suas palavras, e fitou suas mãos unidas por alguns segundos, sem saber como encará-la. Karina acariciou as costas de sua mão com seu polegar, suspirando baixo e fitando vagamente algum ponto. Ele sabia que ela também havia sido duramente afetada por varias acontecimentos. Ergueu seus olhos até ela, se sentindo a pior pessoa do mundo por ser egoísta a ponto de esquecer que ele não era o único sofredor da historia.

– Me desculpa. - ele falou.

Ela pareceu entender o que ele havia dito, muitas vezes havia sido egoísta. Mas talvez esse pensamente que a fez mudar. Karina se aproximou dele, afagando seu cabelo, e fazendo uma delicada caricia em seu rosto. Sorriu e selou seus lábios nos seus.

– Eu sei o que você sente. Mas por favor, me deixe te ajudar.

– Eu já estou deixando. Já deixei faz tempo.

A água os molhava, calando sentimentos e angustias e reacendendo as chamas do amor. E naquele momento descobriram que eram um só. Juntos. Unidos. Simétricos.

Apaixonados.


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Notas finais do capítulo

Então, agradei?