Red Eyes escrita por Lamartine


Capítulo 26
Capítulo 27.


Notas iniciais do capítulo

Essa nota é extremamente agridoce para mim, primeiramente eu quero agradecer a uma amiga muito especial, que esteve comigo desde o início dessa história, acompanhando todo o processo, Manu (leiam suas histórias no perfil dela aqui no Nyah) meus mais sinceros agradecimentos, sem seu incentivo talvez não teríamos essa história!
Quero agradecer à todos vocês, meus leitores incríveis, tem sido um prazer imenso escrever para vocês, compartilhar seu entusiasmo durante todos esses anos, as cobranças eram maravilhosas haha, agradeço de coração à todos que gostaram dessa história e que viram nela algo que vale a pena, esse fandom foi incrível, espero escrever para vocês novamente.
Por favor, aproveitem o capítulo longo, e não se preocupem com as lágrimas dessa escritora haha, fiquem bem, se cuidem, amo todos vocês!



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Passaram-se horas e mais horas desde a entrada de Vladimir e Stefan na sala onde eu ainda me encontrava com Lady Athenodora, agora sentada no chão, ao meu lado. Após nossa conversa anterior, havia uma certa animosidade entre nós, um senso de empatia que eu considerava como sendo mútuo, nós duas estávamos passando por uma situação delicada e para bem ou mal, só tínhamos uma a outra e concordamos que iríamos passar por isso juntas.

"Quanto tempo pretendem nos manter nessa sala miserável?" – Sua voz enraivecida quebrou o transe em que eu estava e eu a olhei antes de observar a porta. Já não havia luminosidade que indicasse que era dia.

"Já é noite" – Suspirei.

"Meu palpite é que se ainda estamos inteiras e nossos corpos não estão sendo consumidos pelas chamas, podemos estar aqui como iscas" – Ela rosnou um pouco.

"Atrair os Volturi para cá acabaria em destruição. Os romenos parecem não ter aprendido da primeira vez, ainda usam a força contra dons, não vi nenhum vampiro talentoso, nem mesmo quando nos capturaram no castelo, apenas cópias de Félix" – Eu analisei e ela quase sorriu.

"Nunca pensei que diria isso e se você disser uma palavra sobre isso, irei negar descaradamente, mas prefiro Félix" – Ela sorriu e suspirou dramaticamente, não pude evitar o sorriso divertido que cruzou meus lábios.

"De fato" – Concordei e depois fiquei um pouco mais séria, algo estava me incomodando, esfreguei novamente o ponto onde meu coração morto estava.

"É o vínculo, eu também sinto, um dia você será capaz até de entender melhor as emoções do seu companheiro através disso, bom, tanto quanto se pode entender dos sentimentos confusos de Aro" – Ela brincou um pouco e depois ficou séria de novo – "Caius deve estar furioso, geralmente é o mais focado, ele tem facilidade em elaborar estratégias de guerra, assustadoramente certo nesse quesito, espero que as emoções não o derrubem" – Ela fechou os olhos e eu não pude deixar de esfregar a região um pouco mais. Aro era o mais instável dos três, extremamente inteligente, mas extremamente perigoso também, com certeza seu exterior estava relaxado, mas seu interior estava em chamas, ele estaria tão furioso quanto Caius, talvez até mais visto que tudo ocorreu debaixo do seu nariz, mas ele manteria as aparências, eu sabia que sim, mesmo que ele estivesse tão desesperado quanto eu, de repente me peguei lamentando por quem cruzasse seu caminho no momento. Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, algo no outro lado das portas me chamou à atenção, ouvi mais atentamente, passos.

"Há alguém se aproximando" – Falei para Athenodora e nos levantamos rapidamente, Dessa vez me coloquei em frente à ela.

Os passos se aproximavam com certa hesitação, duas vezes deixei de os ouvir, depois voltaram a fazer seu característico barulho. Finalmente nós iríamos conhecer a pessoa que estava traindo a todos nós.
A pesada porta se abriu assim que os passos ficaram mais rápidos, antes mesmo que eu pudesse ver algo que indicasse uma possível saída no corredor, um cheiro suave e adocicado me acertou em cheio, por puro instinto eu rosnei olhando a pessoa que se apresentou. As portas se fecharam.

"Você" – Minha voz soava estranha aos meus ouvidos, continha raiva, incredulidade e mágoa.

"Jane, Lady Athenodora" – A voz de Amber por si só poderia ter sido capaz de provocar vômito se eu ainda fosse humana.

"Não fale com ela, você não tem o direito de dirigir a palavra a nenhuma de nós, você é asquerosa" – Lady Athenodora falou, sua voz carregada de desprezo observei quando Amber se encolheu.

"Eu sei o que pensam de mim, mas eu garanto que não é tão simples" – Sua voz parecia urgente e derrotada ao mesmo tempo.

"Como você pôde sequer cogitar a ideia de fazer isso? Quando Demetri me disse que tinha certeza que a pessoa que encobria os rastros estava em Volterra, eu não quis acreditar, não depois do que você me disse, eu acreditei em você, me forcei a acreditar mesmo quando meus instintos me diziam que havia algo errado, todos nós demos a você nossa confiança" – A cada palavra que eu dizia, uma nova onda de sentimentos me tomava e por fim tudo o que era ouvido nelas era a raiva e a mágoa. – "Era você, não era? O tempo todo você os ajudou"

"Jane, não..." – Ela começou, mas eu a interrompi, senti meus olhos escurecerem enquanto me aproximava dela um pouco, continuando a proteger Athenodora atrás de mim que parecia pronta para destruir Amber.

"Responda!" – Eu rosnei e ela me olhou derrotada.

"Sim" – Meus olhos se fecharam por alguns segundos em que eu lembrava do rosto de mestre Marcus, pela primeira vez de fato, parecendo quase vivo novamente.

"Como pôde fazer isso com ele?" – Eu a olhei acusadora e vi quando ela ficou tensa, seus olhos ficaram desfocados, seus ombros pareciam ter ganhado uma tonelada a mais.

"Não o traga para essa conversa. Eu fiz o que eu tinha que fazer, eu fiz o que era preciso" – Sua voz estava trêmula e ela me olhou quase como se quisesse que eu entendesse.

"Você fez o que você quis, o que você julgou correto, sua lealdade nunca esteve conosco, isso inclui ele" – Eu a olhei com desprezo.

"Eu tentei! Eu tentei protegê-lo, mas eu não posso, eu não posso virar as costas para os Romenos, você não entende, eu não posso" – Ela disse em quase desespero, isso me fez parar por alguns segundos e avaliar.

"Por que seus laços de criador te incitam a estar aqui?" – Eu perguntei desdenhando.

"Porque eles me aprisionaram aqui, sou tão prisioneira quanto vocês duas, talvez mais, eu não posso arriscar, eu farei o que for necessário, mesmo que isso me destrua no processo" – Com isso ela se virou e saiu da sala tão rapidamente quanto entrou.

"Maldita traidora" – Athenodora rosnou e eu me virei para ela.

"Eu espero que eles descubram, ela vai destruir todos eles" – Eu falei e esfreguei novamente meu peito, sentindo uma pequena dor.

"Eles irão" – Dessa vez Athenodora me consolou tocando em meus braços, eu olhei em seus olhos vermelhos incertos, e ambas fingimos acreditar nessas palavras.

                               ***
Tudo parecia estranhamente calmo depois da revelação de Amber como sendo a pessoa que encobria os rastros dos vampiros, haviam muitas perguntas a serem respondidas, embora eu estivesse furiosa com a traição dela, não pude deixar de pensar no que ela havia dito mais cedo 'sou tão prisioneira quanto vocês duas' o que ela queria dizer com aquilo?

"Eu escutei passos" – Athenodora sussurrou ao meu lado e fiquei alerta, provavelmente já era madrugada, o ar parecia mais frio.

"Eu assumo daqui, sou a guarda hoje" – Ouvi uma voz suave dizer, era quase relaxante, e logo depois passos do que imaginei ser o vampiro que estava de guarda antes. Me levantei e fiquei atenta quando escutei a porta abrir. 
Ela era bonita, de fato, sua pele era pálida, os olhos vermelhos e brilhantes provavelmente recém nascida e imaginei que se ficasse ao meu lado, teríamos praticamente o mesmo tamanho, seu cabelo era mais curto, caindo em seus ombros graciosamente em um castanho claro bonito, ela tinha um pequeno sorriso no rosto que praticamente fazia você ser obrigado a retribuir, mas eu não o fiz.

"O que você quer?" – Eu perguntei apática.

"Me desculpem, eu não quero fazer nenhum mal a vocês, eu sou Sophia" – Ela concedeu as informações calmamente, eu ainda tinha desconfiança então não me deixei relaxar, ela notou e suspirou – "Vocês são Athenodora e Jane? Do clã Volturi?"

"Como se não soubesse" – Athenodora a cortou e ela mordeu o lábio inferior antes de assentir.

"Sim, é verdade, vocês são famosas aqui, mas nunca as tinha visto pessoalmente" – Ela disse.

"Então, o que quer?" – Eu voltei a perguntar impaciente.

"Eu preciso que me contem algo" – Antes que ela pudesse falar mais alguma coisa eu a cortei.

"Terá que me destruir, não vou dar nenhuma informação sobre os Volturi"

"Eu não desejo fazer mal a vocês, nem passar informações a eles eu juro, eu preciso de informações, mas por uma causa pessoal" – Levantei uma sobrancelha para isso e ela prosseguiu – "minha irmã, Amber, eu preciso saber mais sobre ela e sua relação com os Volturi"

Dizer que eu estava chocada era eufemismo, então era ela que tinha o perfume adocicado que senti da primeira vez, ela esteve aqui antes, rapidamente quando fomos jogadas nessa sala, por isso a familiaridade, parecia com Amber.

"A relação dela conosco é a de uma traidora que se infiltrou entre nós com o intuito de nos destruir" – Eu disse.

"Eu sei que pode ser assim que tudo parece, mas não é, se ela traiu vocês, foi porque foi forçada, não porque quis" – Sophia disse com sinceridade e se aproximou um pouco mais, eu quase rosnei, se não fosse por suas mãos levantadas em sinal claro de rendição.

"O laço de criador é tão forte assim para ela?" – Athenodora perguntou levantando uma sobrancelha.

"Ela foi forçada através do medo, não lealdade. Ela estava e continua fazendo isso para proteger alguém" – Sua voz era calma.

"Vladimir ou Stefan?" – Perguntei curiosa.

"Eu" – Ela disse e eu franzi o cenho, olhei para Athenodora que me deu um olhar parecido.

"Você? Por que você precisaria de proteção e o que isso tem a ver conosco?" – Ela perguntou confusa.

"O que sabem sobre a vida de Amber?" – Ela perguntou curiosa.

"Recém nascida encontrada por Santiago e Afton, trazida a nós confusa e perdida, teria sido morta imediatamente se não tivesse despertado de maneira surreal a atenção de um dos mestres que até aquele momento nunca expressou nenhum interesse em nada" – Resumi e ela pareceu pensar um pouco.

"Esse seria Marcus?" – Ela perguntou e eu assenti, ela então prosseguiu – "Nós estávamos de férias com nossos pais na Itália, tínhamos planejado um mês de viagens pelo país, nós nascemos na Alemanha, mas nos mudamos muito durante nosso tempo como humana devido ao trabalho dos nossos pais, um dia fomos visitar alguma das cidades que planejamos, não lembro o nome, mas lembro de passarmos o dia visitando locais, até perdemos noção da hora, já era tarde quando íamos voltar, mas algo aconteceu" – Os seus olhos ficaram desfocados enquanto ela provavelmente revia a cena mentalmente – "Lembro de passarmos por uma rua que não tinha tanta iluminação, era um atalho ou algo assim, lembro de dois homens vestidos de preto, e lembro dos gritos dos meus pais quando foram mortos. Amber tentou me puxar para longe, para corrermos, mas eles eram mais rápidos, lembro de sermos mordidas, dos nossos gritos em conjunto e depois só havia dor" – Ela fez uma careta. Nesse ponto eu já estava intrigada com a história, e Lady Athenodora parecia ter se acalmado e sua curiosidade tirou o melhor dela enquanto escutava atentamente o que Sophia dizia. – "Quando eu acordei, já estava aqui, Amber também, ela acordou primeiro, Vladimir e Stefan haviam nos transformado, eles nos explicaram o que éramos agora e que tínhamos que fazer o que ele mandava, Amber se recusou, eu também, eles nos separaram, ameaçaram me destruir se Amber recusasse fazer o que eles mandavam, ela aceitou. Durante 1 semana fomos treinadas e descobriram nossos dons" – A olhei perguntando silenciosamente quais eram e ela sorriu – "Amber, como sabem, pode cobrir qualquer rastro de qualquer vampiro, o cheiro não pode mais ser detectado, ela só precisa pensar em quem quer que seja e a pessoa se torna praticamente invisível" – Eu balancei a cabeça incrédula.

"E qual seria o seu?" – Perguntei levantando uma sobrancelha.

"Similar. Faço o mesmo que ela, mas com laços, eu posso deixar seus laços... apagados, ninguém os veria se eu os protegesse, não saberiam identificar, ninguém saberia de onde você vem, nem a quem é relacionada, é uma habilidade útil para os Romenos já que pelo que sei, Marcus pode ver os laços e uma tal Chelsea pode manipula-los, sem laços, sem manipulação" – Ela concluiu e eu assenti.

"Isso explica porque Mestre Marcus não conseguiu identificar os laços da sua irmã, você a está cobrindo" – Eu disse incrédula.

"Facilitando a entrada" – Athenodora completou.

"Eu precisava protegê-la, se os laços dela comigo fossem vistos, então tudo o que ela fazia era em vão, todo o risco que tomava não valia a pena. Ela foi ordenada a se infiltrar dentro dos Volturi, a descobrir fraquezas, a procurar alguma chave que pudesse ser usada para destruir os líderes e consequentemente o resto do clã, assim os Romenos teriam sua vingança pelo que houve há tantos milênios" – Ela informou.

"Ela contou aos Romenos sobre Aro e eu, por isso estou aqui, não é? Vocês querem destruí-lo, saberiam que ele viria até aqui, que Caius e Marcus também" – Eu rosnei um pouco e Athenodora ficou tensa.

"Há um plano para destruí-los" – Ela sussurrou.

"Sim, mas não assim, os Romenos se resumem a Vladimir e Stefan, eles precisavam de mais, então transformaram mais gente, em diversos lugares para não levantarem suspeitas, quando foram à América, se encontraram com uma... Victoria, ela estava buscando vingança contra uma humana, não sei a história, mas Vladimir e Stefan se prontificaram em ajudar se ela depois se unisse à causa deles com os recém nascidos que havia criado. A última atualização que ouvi sobre isso foi que ela estava destruída e os Volturi haviam limpado tudo, um clã na América protegia a humana e destruiu os recém nascidos que ela criou" – Com isso eu fiquei tensa, então era por isso que a garota... Bree disse aquilo, eles serviriam outros planos após matar a humana de Edward.

"O que quer dizer com 'não assim'?" – Perguntei. Se não éramos iscas, o que estávamos realmente fazendo ali?

"Eles querem destruir os Volturi em seu lugar, em Volterra, eles acreditam que se os líderes estiverem focados em salvar vocês duas, tentarão vir atrás de vocês, provavelmente já encontraram uma rota usando o vampiro rastreador, eles não estarão prontos para um ataque dentro do castelo" – Ela explicou quase se desculpando.

"Eles irão nos expor! Não podem fazer isso! Se trouxerem uma batalha para dentro dos muros de Volterra, todos saberão da nossa existência" – Eu ofeguei.

"Eles não têm respeito às regras que os Volturi criaram, acham desnecessário o fato de vivermos entre as sombras, por eles, estaríamos expostos há séculos" – Athenodora me disse e eu olhei incrédula para ela que assentiu, ela também achava absurdamente louco o pensamento deles.

"Eu temo por minha irmã, eu estou cobrindo seus laços, mas eu sei que... algo mudou, antes ela não hesitaria em fazer o que fosse para garantir nossa segurança, mas desde que entrou naquele castelo... Ela mudou, e desde então, tenho que cobrir mais laços, eu não os identifico como Marcus, mas eu sei que a fidelidade dela realmente não pertence aos Romenos, é sua obrigação, não o que ela quer, ela quer estar lá, lutar por vocês e não contra vocês, proteger o líder" – Ela suspirou e eu olhei para Athenodora.

"Marcus, ela está apaixonada por Marcus" – Seu rosto se encheu de descrença, mas ela assentiu enquanto processava as novas informações.

"Eu não quero ter que existir com isso. Eu não quero que ela destrua um futuro por causa de mim, por causa do que a obrigam a fazer, ela merece mais, eu não gosto de ser assim, eu disse a ela, eu não estou feliz sendo assim, mas ela se recusa a ceder, então eu estou aqui porque preciso que me digam, o que Amber seria para os Volturi se não tivesse à serviço dos Romenos?" – Ela me encarou enquanto esperava desesperadamente por uma resposta.

Eu suspirei e me permiti analisar.

"Eu a vejo como uma amiga, tenho um instinto de proteção sobre ela, simpatizo com ela, talvez um pouco mais agora, eu tenho certeza que se eu estivesse nessa posição, não haveria nada que eu não faria por Alec" – Suspirei e continuei – "Não há como ter certeza, mas com tudo o que vi e presenciei, há uma grande possibilidade de mestre Marcus a reconhecer como sua companheira um dia" – Admiti e vi o sorriso de Sophia se alargar e um leve assobio vindo de Athenodora.

"Mas Didyme..." – Sua voz falhou um pouco ao falar da sua 'irmã' há muito perdida.

"A aura da senhora Didyme trazia felicidade a Marcus, e ele a amava incondicionalmente, mas talvez... apenas talvez, não havia laço de companheiro, apenas o laço de duas pessoas que se amavam muito, ele poderia estar devastado por não a ter com ele, de não ter sua felicidade, mas quem sabe Amber seja sua segunda chance" – Eu suspirei e ela pareceu contemplar isso antes de se afastar um pouco de nós para pensar. Era difícil para ela, mas eu sei que ela entenderia.

"E então, agora que você nos contou tudo, o que faremos? Não podemos permitir que sejamos expostos dessa forma" – Eu falei com Sophia.

"Isso deixe comigo... Eu agradeço pelas informações Jane, nunca me esquecerei disso, por favor, não nutra ressentimentos contra minha irmã, ela precisará de você e dos outros, se algo acontecer, por favor, a proteja, ela foi tão vítima das circunstâncias quanto você" – Ela pediu, praticamente implorou enquanto me olhava nos olhos.

"Eu farei isso, se ela realmente mudar de lado, eu farei" – Eu me comprometi e vi quando Athenodora me olhou em concordância. Sophia relaxou visivelmente e sorriu calma.

"Obrigada" – Ela se virou para sair.

"E quanto a você?" – Não pude deixar de perguntar, o que aconteceria com ela? O que ela iria fazer?

"Eu irei estar feliz, não tenha nenhuma dúvida" – Ela sorriu e seus olhos se encheram de vida enquanto ela saia da sala e deixava a porta fechar suavemente atrás dela. Não houve barulho de tranca.

                                 ***
E então, na terceira noite, tudo mudou. 
Pelo que vi da luminosidade por baixo da porta, acabava de escurecer, Athenodora agora massageava o peito com uma careta, eu sufocava minha própria aflição. De repente escutamos o barulho alto do que imaginei ser uma porta abrindo, passos frenéticos foram ouvidos no corredor e de repente o sussurro de vozes ao longe.

"Há algo acontecendo" – Eu informei Athenodora e ela levantou indo em direção a porta, fui com ela ouvindo mais atentamente.

"Sophia deixou a porta aberta" – Ela sussurrou para mim e abriu um pouco, agora já ouvíamos melhor o que era dito. O corredor onde a sala em que estávamos aprisionadas se localizava estava deserto, o guarda provavelmente tendo ido para o local onde as vozes estavam discutindo, nos inclinamos um pouco mais e começamos a ouvir.

"O que você fez?!" – O sotaque grosso de Vladimir parecia ainda mais carregado com toda a raiva contida.

"Eles perceberam! Eu não sei como, após o desaparecimento de Athenodora e Jane, eles ficaram furiosos, eles estavam assassinos, a guarda foi ativada para buscar nas proximidades qualquer rastro de vocês ou qualquer um desconhecido, eu cobri todos, eu vim aqui enquanto eles procuravam, eu disse a você que seria arriscado fazer algo agora, você não escutou, você não entende, eles não são nada como imaginamos, perigoso é um eufemismo" – A voz de Amber estava trêmula, eu quase sorri com a imagem de Vladimir tremendo, com certeza ele subestimou os Volturi novamente.

"Como eles descobriram você?" – Stefan perguntou com urgência.

"Eu não tenho certeza, mas Aro me tocou, por 1 segundo exato, então eu corri" – Ela disse e eu ouvi o nervosismo em sua voz. Ela não parecia estar contando tudo, parecia aterrorizada, mas mantinha a voz o mais firme que podia na situação, o medo que ela sentia por sua irmã era algo que eu entendia.

"Como você foi estúpida o bastante para deixar que ele a tocasse?! Um toque é tudo o que ele precisa" – O barulho que se seguiu era como pedra chocando-se com pedra e olhei para Athenodora em descrença.

"Ele bateu nela?" – Essa talvez podia ser uma das maiores humilhações, ser atingida no rosto.

"Escórias" – Ela rosnou em protesto.

"Tirem-na da minha frente, ela já não nos serve, a traidora" – A risada de Stefan foi alta enquanto Vladimir continuava – "Como deve ser angustiante saber que de um jeito ou de outro, você não sairá viva dessa história, será um prazer vê-la ser queimada por eles, eles terminarão sua existência, e eu... Eu te darei uma punição à altura, querida Amber" – Ouvimos um grito, provavelmente de Amber e uma série de rosnados agunstiados, meu coração morto doeu por ela.

"Soltem-na! Vocês prometeram, vocês prometeram que ela estaria segura, eu fiz tudo o que me disseram para fazer, por favor, Sophia!" – Os gritos de Amber ficaram mais próximos, mais desesperados, rapidamente puxei Athenodora para trás de mim e a afastei da porta que foi aberta apenas dois segundos mais tarde. Amber era puxada pelos braços pelo vampiro corpulento que havia me pego, os olhos dela estavam frenéticos, cheios de veneno, era como ver um animal assustado enquanto era levado à força para o abate.

"Sophia!" – Ela gritou antes do vampiro que a continha a jogasse no chão com força, e saísse da sala, me peguei rosnando para ele.

"Ei, ei, calma, você não vai fazer nada útil se continuar agindo dessa forma estúpida" – A voz de Athenodora me fez virar para observar. Amber estava tentando levantar, talvez para tentar destruir a porta, o que seria inútil visto que por trás dela existiam vários vampiros prontos para intervir numa fuga. Ela estava positivamente assassina, mas havia fragilidade em seus olhos, o veneno se acumulava, lágrimas que nunca iriam deslizar pelas bochechas pálidas e nunca iriam aliviar o tormento de se sentir impotente para proteger alguém que ela amava.

"Amber, você precisa se acalmar, nós iremos encontrar um caminho para ajudar sua irmã e sair daqui, mas preciso que você se acalme" – Me ajoelhei em frente à ela, Athenodora segurava delicadamente os braços dela, fazendo ela se inclinar um pouco contra seu próprio corpo, um gesto calmamente e acolhedor.

"Como você sabe sobre ela?" – Ela me olhou frenética, mas parecia que nossas palavras haviam surtido efeito já que ela parou de tentar se esquivar de Athenodora e agora estava parada um pouco inclinada contra ela.

"Ela veio aqui, de madrugada, nos contou sobre o que houve com vocês, sobre a transformação de vocês e sobre como você a estava protegendo" – Athenodora explicou e eu assenti.

"Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, Amber você deveria ter me contado, os Volturi teriam feito algo" – Eu disse.

"Ou teriam simplesmente atacado e destruído à todos, inclusive a ela e a mim" – Ela rosnou um pouco e eu balancei a cabeça.

"Não se você tivesse nos contado, se você não confia na nossa palavra, confie na ambição de Aro, ele não teria deixado o dom de vocês duas serem destruídos se houvesse possibilidade de estarem nos Volturi" – Athenodora explicou e eu concordei ignorando a dor que sentia apenas de ouvir seu nome, não era o momento de me concentrar nisso, eu não podia pensar nele, embora cada parte de mim gritasse por isso.

"Eu preciso salvá-la, por favor" – Ela nos implorou, pelo quê ela também não sabia, ela estava desesperada.

"Nós iremos ajudar, eu prometo, mas precisamos primeiro que nos conte o que aconteceu, precisamos estar preparadas e criar um plano que possa ter a mínima probabilidade de dar certo" – Eu pedi. Amber tomou algumas profundas respirações, fechando os olhos, eu via sua luta para se controlar, para não pensar em sua irmã que agora estava na mira dos Romenos.

"Quando você veio até mim nos jardins, eu havia acabado de falar com um dos recrutas dos Romenos, ele tinha me informado que hoje eles iriam entrar no castelo para buscar vocês duas, eu não queria ter deixado acontecer, mas eles tinham Sophia, eu não podia errar, meus erros como viram, são refletidos nela" – Ela confessou trêmula e eu assenti a incentivando – "Eu peguei as capas, entreguei a eles, cobri os rastros, ouvi que Sulpicia iria acompanhar Athenodora para a biblioteca apenas com Renata que não tem muitas habilidades ofensivas, eu sabia que se algo acontecesse com Athenodora, você iria tentar protegê-la sem hesitação, você protege os Volturi" – Ela disse agora mais calma, me olhando com desculpas.

"Esse era o plano então? Nos capturar?" –  Tentei entender. Era por isso que eles sempre me observavam?

"Sim e não, antes disso, há alguns meses, quando eu era recém chegada aos Volturi, dois vampiros foram mandados por Vladimir para... matar Marcus" – Ela sussurrou o nome dele com pesar – "Eu havia sido informada disso, de que eu deveria facilitar as coisas, talvez atraí-lo para os jardins ou algum lugar fora do castelo, eles sabiam que eu estava sob a proteção dele, não seria difícil, mas... Eu não pude, eu não pude deixar isso acontecer, eu não podia existir com o fardo de ter ajudado na sua destruição, eu estava em conflito, por um lado minha irmã sofreria se eu falhasse, por outro, Marcus também" – Ela fechou os olhos e eu me encolhi um pouco, escolher entre Alec e Aro... quão impossível seria.

"Então os dois vampiros que se alimentaram em Volterra e que foram levados até nós..." – Comecei.

"Eram treinados com o objetivo de destruir Marcus, sem ele haveria uma perda grande nos Volturi, Aro e Caius ficariam furiosos, os Romenos esperavam que eles tentassem encontrá-los, eu não podia deixar que destruíssem Marcus, então eu parei de cobrir os rastros e eles foram encontrados" – Ela explicou.

"A morte de Marcus seria devastadora para os Volturi, uma perda enorme na coleção de Aro e pessoalmente ele ficaria sentido, Caius ficaria consternado, ele também sentiria a morte de Marcus, ele buscaria destruir os Romenos, mas eles nunca perderiam a cabeça ao ponto de sair sem nenhum norte rumo à destruição, eles não são amadores, eles estão no poder por um motivo, não haveria histeria, e eles teriam destruído Vladimir e Stefan" – Athenodora disse e eu concordei prontamente.

"É um absurdo pensar que eles simplesmente iriam sair por aí destruindo tudo, seria uma clara amostra de falta de controle que é algo que não temos, eles também não ficariam devastados dentro dos muros de Volterra, eles seriam implacáveis, mas demsontrando controle, são a lei" –   Eu completei.

"Sim, eu sei, mas antes não tinha nenhuma familiaridade com seu modo de agir, Vladimir e Stefan os subestimam" – Ela suspirou – "Sophia estava cuidando dos meus laços, para que Chelsea não pudesse os manipular, nem Marcus ou Aro os ver, a medida que eu continuava lá, meus laços cresceram segundo ela, eu... mudei" – Ela olhou entre Athenodora e eu – "Hoje houve uma reunião com a guarda e os mestres, Aro, Caius e Marcus traçaram um plano, eu não sei os detalhes, mas quando eu soube que estavam aqui, eu quis dar uma dica, eu não pude fazer muito, mas deixei que o rastro de um dos vampiros que invadiram o castelo fosse descoberto, Demetri o detectou, deixei que ele encontrasse o caminho até vocês, ele esteve na floresta próxima que rodeia o local, eu protegi ele, sem que ele soubesse, por isso os Romenos não os sentiram" – Ela continuou sua explicação.

"Mas ele não notou que estava sendo encoberto?" – Perguntei confusa – "digo, ele sabia que se chegasse muito próximo, haveria risco, mas ele não foi detectado"

"Esse foi um dos pontos que ele levou em conta, ele disse a Aro que havia chegado próximo ao local e que por um deslize, um dos recrutas estava chegando no local, ele disse que pela distância, deveria ter sido pego, mas invés disso, o vampiro nem ao menos hesitou em seguir em frente" – Ela suspirou – "depois disso todos ficaram um pouco confusos, mas não os mestres, tudo aconteceu muito rápido depois, eu apenas lembro de Marcus me olhando espantado, ele parecia encantado, depois... com desprezo e... ao mesmo tempo ele estava quase alegre, Aro notou e tocou nele, eu lembro dele dizer algo sobre finalmente os laços da traição estarem visíveis, eu congelei, Sophia não estava mais me protegendo, eu entrei em pânico, eu apenas pensei que ela estava... morta, ela nunca me deixou sem proteção antes, Aro aproveitou esse momento para agarrar minha mão, ele sabia de tudo, eu sei disso, foi apenas um segundo antes que eu corresse e cobrisse meus rastros para fugir da guarda, mas eu lembro que nos olhos dele estava o reconhecimento, ele sabia de tudo. Vim direto para cá depois disso e o resto, bem, vocês já sabem" – Ela terminou e seus ombros pareciam mais leves, ela até se inclinou mais para Athenodora, dessa vez não havia nenhum resquício de luta em seus olhos brilhantes.

Fiquei em silêncio por um longo tempo, absorvendo todas as novas informações, se Aro leu seus pensamentos, saberia onde estamos, ele com certeza viria até aqui, por um lado fiquei aliviada, mas por outro só me senti mais aflita, eu temia por sua segurança.

"Sulpicia, ela está bem?" – Athenodora enfim perguntou.

"Ela está arrasada, ela se sentiu culpada por deixar a senhora só, Caius a culpou um pouco, mas Aro foi mais racional, ele entendeu, ele está... Jane eu nunca o vi assim, nem mesmo quando estávamos passando pelas turbulências na América e os recém nascidos, ele parecia destruído, mas isso só o deixa mais perigoso, a preocupação com você o tornou assassino, mais o que o normal, eu descobri o porquê dele ser tão temido, o controle que ele mantém, a calma, nada disso é real, eu vi nos olhos dele" – Ela disse quase assustada – "O seu desaparecimento está deixando Caius instável, ele vai destruir tudo, Aro precisa praticamente segura-lo para que ele não venha aqui" – Ela disse para Athenodora que assentiu.

"Precisamos fazer alguma coisa, precisamos ajudar sua irmã" – Athenodora disse e eu assenti olhando para Amber.

"Nós iremos fazer de tudo para ajudá-la" – Eu a olhei e ela assentiu relaxando.

"Obrigada" – Seu pedido foi repleto de sinceridade e gratidão, eu sabia que ela estava agradecendo não só pela ajuda, mas pelo perdão que foi concedido a ela.

                                   ***
Não havia se passado nem duas horas quando ouvimos o alvoroço. Eu levantei rapidamente e elas também, fui até a porta e abri um pouco olhando  corredor, novamente estava deserto.

"É nossa hora, precisamos sair daqui" – Eu disse e elas concordaram.

"Eu sei onde fica a saída, mas precisamos encontrar Sophia, eu não posso sair sem ela" – Amber sussurrou.

"Nós não a deixaremos para trás, eu não posso usar meu poder em várias pessoas ao mesmo tempo, preciso me concentrar em uma, como estão as habilidades de batalha de vocês?" – Eu perguntei olhando para elas.

"Quão difícil vai ser arrancar algumas cabeças com você os mantendo de joelhos?" – Athenodora disse em seu humor usual, eu sorri um pouco.

"Vamos" – Amber disse e saímos da sala.

Ela passou na frente, liderando o caminho, parecia concentrada e notei que estava usando seu poder em nós, disfarçando nossos cheiros.

"Os Volturi estão chegando" – Ela sussurrou quando passamos por uma parede praticamente destruída, estávamos em algum castelo antigo, que um dia havia sido inteiro. A floresta densa e longa que cercava o local estava escura, uma leve neblina não permitia muita visibilidade, mas para os olhos de um vampiro, era detectável ao longe algo que se movia dentre a escuridão. Meu coração morto quase começou a bater novamente. Ele está vindo.

"Precisamos encontrar Sophia e sair daqui, se chegarmos até eles, os Romenos não poderão mais fazer nada" – Eu disse a Amber e ela assentiu indo para os corredores, Athenodora parecia em transe, segurando a mão contra  peito e olhando pela janela.

"Vamos Athena, temos que sair daqui" –  Falei segurando sua mão para que ela me seguisse, ela me encarou automaticamente e eu congelei percebendo o que tinha dito – "Eu sinto muitíssimo senhora, não era minha intenção ser desrespeitosa, eu apenas não pensei, por favor, me perdoe" – Entrei um pouco em pânico, mas sua mão apenas apertou a minha.

"Jane, não entre em pânico, estamos nessa juntas agora, você é uma igual" – Ela disse em seu tom mais relaxado e eu sorri para ela.

"Vamos" – Eu puxei sua mão um pouco para ela começar a se mover, ela massageou o peito por um segundo e depois me seguiu.

Encontramos Amber a dois corredores de distância, ela estava apontando para uma porta em silêncio, a olhei confusa e depois entendi que lá dentro estava Sophia, mas não sozinha. Eu me preparei para usar meu poder. Athenodora ficou ao meu lado pronta para interferir se necessário, Amber levantou três dedos e baixou até chegar ao último, quando o último dedo foi baixado, ela abriu a porta rapidamente. Lá dentro estava Sophia em pé praticamente colada à parede, outros dois vampiros estavam a encarando, de guarda, eu nem ao menos precisei pensar antes de fazer o maior dos dois cair ajoelhado gritando, Athenodora foi rápido correndo até ele e arrancando sua cabeça em um barulho alto. Olhei para Amber que estava agora lutando com o outro e a ajudei também, quando o vampiro rosnou de dor, Amber prontamente o destruiu.

"Nada mal" – Sophia elogiou e eu não pude deixar de sorri para ela.

"Precisamos correr, eles podem ter sido alertados pelos gritos" – Athenodora disse e nós fomos para fora, já estávamos alcançando a saída quando os vampiros nos cercaram e Vladimir veio até nós.

"Nos poupou o trabalho de recolhermos vocês, venham minhas queridas, seus amantes vieram por vocês" – Ele sorriu malicioso e eu rosnei, quando estava a ponto de fazê-lo se contorcer no chão uma venda foi colocada nos meus olhos – "poupe sua visão, pequena bruxa, em breve ela será agraciada com a visão do seu querido Aro em chamas" – O rosnado que eu soltei chegou a me assustar também.

"Venham" – Stefan falou e fui rudemente empurrada para a frente, senti dois pares de mãos segurarem os meus me guiando suavemente entre os vampiros e para fora.

"Cuidado, não queremos que você tropece e nos faça cair, apenas os Romenos estarão no chão hoje" – A voz de Athenodora falou à minha direita e Amber riu um pouco à minha esquerda.

"Sim, senhora" – Tentei brincar um pouco, mas de repente o clima se tornou mais denso, mais sombrio até, eu senti o vento bater em meu rosto, as mãos delas apertaram as minhas, o silêncio caiu sobre o lugar, os Volturi chegaram.

"Olhe o que temos aqui, uma multidão para testemunhar a queda dos poderosos" – Vladimir disse 'poderosos' com zombaria, imaginei que toda a guarda estaria aqui junto aos mestres.

"Não acredito que sua queda possa ser descrita como a dos poderosos, meu caro" – A voz de Aro estava calma, como se ele não se importasse nenhum pouco, mas se escutasse atentamente, ouviria o aviso em sua voz o perigo por trás das palavras cuidadosamente escolhidas, a raiva disfarçada. Sua voz me fez querer sair dali e ir até ele, tive que usar toda a força de vontade dentro de mim para me impedir de simplesmente correr em direção a ele. Senti Athenodora apertar um pouco mais minha mão e imaginei que ela estava pensando o mesmo. Amber estava tensa, sei que se pudesse, ela também estaria indo ao encontro de Marcus agora. – "Você tem entre os seus, alguns que são nossos, queremos de volta" – Ele continuou.

"Oh sim" – Stefan riu e provavelmente acenou para nós já que no segundo seguinte senti Athenodora e Amber serem forçadas a soltarem minhas mãos enquanto eram puxadas, alguém apertou meu braço direito e me puxou rudemente para a frente, soltei um assobio baixo com isso. – "A esposa, a bruxa e a traidora, sim, todas aqui" – Sua voz era carregada de diversão. Ouvi os rosnados da guarda, haviam uns mais profundos, mais perigosos, não precisei pensar muito para saber de quem eram.

"Embora eu acredite que a bruxa é a que mais interessa no momento, não é, Aro?"  – Vladimir estava gostando muito do pequeno drama, o vampiro que me segurava me empurrou para frente e quem imagino ser Vladimir segurou meu braço direito e arrancou a venda dos meus olhos me deixando finalmente observar a cena.

A guarda estava alinhada atrás de Aro, Caius e Marcus que estavam poucos centímetros à frente, Demetri, Alec e Felix estavam ao lado protegendo-os, Lady Sulpicia estava atrás de Demetri, seus dedos pareciam segurar a capa dele enquanto Afton observava atentamente, pronto para protegê-la se fosse preciso com Demetri.

Olhei para Aro, seus olhos automaticamente se conectaram com os meus, o vermelho deles suavizou ao me observar, eles quase pediam desculpas, eu mais uma vez precisei de tudo em mim para não usar meu poder em Vladimir e correr para ele, assegurar que estava tudo bem, mas eu não podia arriscar, Athenodora, Amber e Sophia precisavam de mim, elas iriam sofrer as consequências de quaisquer atos ofensivos que eu concretizasse. Eu o olhei nos olhos, e sorri suavemente. 'Eu estou bem' – Murmurei devagar, ele pareceu entender, seus punhos se apertaram, seus olhos escureceram e ele olhou para Vladimir assassino. Ele sorriu.

"Oh sim, ela é um dos nossos bens mais preciosos, mas assim é Athenodora, Amber e sua querida irmã Sophia, queremos as 4" – Ele disse em seu tom calmo.

"A traidora e sua irmã? Oh sim, ela mudou de lado no último momento, se quer um conselho, não deveria ter nenhuma consideração por ela, muda de lado muito fácil, você não irá querer ter uma... coisa dessas com você" – Stefan sorriu ao lado de Amber e vi quando ele puxou Sophia dela.

"Sophia! Deixe-a em paz" – Amber tentou se libertar do aperto do vampiro corpulento, mas ele era mais forte, Stefan sorriu ainda mais agora segurando Sophia. Marcus rosnou, verdadeiramente quando ouviu Amber, era estranho o ver tão... vivo, ele, como os outros, estavam ali para lutar, ele queria Amber em segurança e Sophia.

"Não pense que esquecemos sua traição" – Vladimir me soltou e foi até ela, eu observei enquanto ele segurava seu rosto delicado em uma das mãos e apertava com força suficiente para causar algumas rachaduras, eu assobiei para isso e Marcus rosnou ao longe.

"Então me destrua, Sophia não tem nada a ver com isso" – Ela conseguiu dizer e eu admirei sua força.

"Ela não protegeu seus laços, ela deixou que tudo fosse comprometido, é claro que eu vou destruir você, veja" – Ele a soltou e a empurrou para que estivesse de frente à Sophia, os Volturi se prepararam para intervir, pelo canto dos olhos vi Chelsea se preparar para romper laços, mas ainda precisávamos esperar, eles não nos arriscariam, eles precisavam manter a calma.

"Não, não, solte-a, Sophia, Sophia corra" –  Amber começou a falar frenética, voltei meus olhos para elas bem a tempo de ver um vampiro forte puxar Sophia, ela olhou para Amber, um sorriso calmo nos lábios, ela não iria correr. 'Seja feliz' – Escutei seu suave sussurro e então com um rosnado outro vampiro arrancou sua cabeça enquanto Vladimir incendiava seu corpo.

O grito de Amber foi a coisa mais triste que já ouvi em toda minha existência, era desesperador, se houvesse sangue nas minhas veias, estariam congelados pelo puro terror contido nele. Depois disso, tudo era um borrão, Amber puxou seus braços do aperto do vampiro que a segurava com força e atacou Vladimir que revidou, automaticamente me virei para Athenodora e a puxei para longe, ouvi os rosnados da guarda e vi Aro dando sua permissão, em poucos segundos, a guarda estava ao nosso redor, haviam gritos, rosnados, assobios, sons de vampiros sendo destruídos, era um caos.

Um vampiro segurou meu braço, mas Athenodora rosnou e o atacou, a ajudei rapidamente e quando conseguimos destruir o vampiro, fomos cercadas por Demetri e Sulpicia.

"Thena" – Lady Sulpicia puxou Athenodora para seus braços e a abraçou com força, mas não por muito tempo, havia uma guerra acontecendo.

"Jane você está bem?"  – Sulpicia perguntou rapidamente, eu assenti um pouco perturbada com a situação ao redor. – "Ótimo, precisamos ir para o outro lado" – Ela disse e vi Afton e Santiago virem para perto de nós nos cercando enquanto afastavam os recrutas que vinham para nós, não pude ver ninguém em específico para atingir. Athenodora segurou minha mão direita e me puxou, em pouco tempo com a ajuda deles, estávamos do outro lado da batalha, boa parte da guarda continuava lá, não pensei duas vezes antes de correr e me juntar a Aro,  o abraçando com força, segurando seu corpo junto ao meu, seus braços me apertaram mais, seu cheiro me cercando, mesmo no meio da guerra, com seu cheiro ao meu redor, eu não tinha medo.

"Eu senti sua falta" – Dessa vez foi a voz dele que escutei, fechei os olhos com força.

"E eu a sua" – Suspirei trêmula, mas depois me afastei alarmada.

"Amber, ela continua no meio" – Me virei para a batalha.

Tudo era confuso, haviam muitos recrutas, a guarda estava combatendo bem, mas os outros também, vi Amber no meio da batalha, mas não estava só, haviam cerca de 6 membros da guarda com ela, incluindo Félix, eles estavam lutando com alguns recrutas, Vladimir e Stefan pareciam fazer seu caminho para ela e para nós também, eles tinham objetivos, pessoas a quem atacar, mais à direita pude ver alguns recrutas que paravam subitamente de lutar e eram rapidamente destruídos, um feito de Chelsea que estava parada ao lado de Caius e Athenodora. Alec veio para o meu lado e apertou minha mão em cumprimento silencioso, eu queria me virar e falar com ele, mas não podíamos, não agora, assenti para ele e ele rapidamente começou a usar seu poder, a névoa saindo de suas mãos.

"Não Alec, ainda não, essa batalha é nossa agora" – Ouvi Aro rosnar, me virei para ele de olhos arregalados.

"Não, você não pode, fique aqui, vocês nunca lutam" – Falei olhando para os três.

"Não quando a batalha não é importante, eles tocaram em pessoas que não deveriam ter tocado" – Caius rosnou segurando Athenodora que me dava um olhar de puro terror com a perspectiva deles irem até lá.

"Não vou deixar que ela lute sozinha" – Marcus disse olhando para Amber, em um segundo, ele se foi.

Eu olhei para Aro segurando seus braços, Renata tremia atrás dele segurando sua capa em pura aflição.

"Você não pode" – Eu sussurrei com medo.

"Vladirmir e Stefan serão destruídos por nossas mãos" – Ele me olhou com olhos quase negros e sua voz ficou mais sombria.

"Me deixe ajudar então" – Eu pedi.

"De maneira alguma, você ficará aqui, com Alec, Renata, Athena, Demetri e Sulpicia, não interfiram, seu poder é muito útil à distância, se lhe afligir demais, use ele" – Ele disse e todos concordaram, exceto Athenodora e eu.

"Aro" – Eu sussurrei implorando, mas então ele se foi, Caius o seguindo logo atrás, tentei segui-lo junto com Athena apenas para sermos barradas por Alec, Demetri e Sulpicia.

"É o melhor, eles sabem o que estão fazendo, use seu poder para ajudar à distância, se algo der errado, Alec derrubará todos, mas essa é a vingança deles, eles querem isso" – Sulpicia disse e eu a encarei por algum tempo até concordar, ela relaxou sua postura e ficou ao meu lado, senti sua mão na minha em um gesto de conforto. – "Está tudo bem, vocês duas estão bem" – Ela sussurrou pousando a outra mão na cintura de Athenodora, sua irmã.

Eu voltei meus olhos para a batalha, vagamente consciente das mãos de Renata segurando os mantos de Athena e eu enquanto Alec nos colocava entre ele e Demetri que por sua vez ficou protetoramente observando qualquer ameaça à Sulpicia.

Aro e Caius já haviam destruído vários recrutas e à medida que se aproximavam de Vladimir e Stefan, sua luta ficava mais forte, Amber estava ao lado de Marcus, pareciam estar indo bem, até que algo aconteceu, de repente vi um dos guardas atacarem Amber, Marcus foi rápido em agir, mas o guarda parecia querer destruí-lo.

"O que está acontecendo?" – Eu olhei para Chelsea.

"Alguém está... controlando o guarda" – Ela falou confusa.

"Mude os laços dele" – Athenodora ordenou.

"Ele é fiel senhora, mas não responde" –  Ela falou um pouco em pânico.

"Há alguém controlando eles?" – Eu perguntei incrédula.

"Influenciando" – Sulpicia disse olhando ao redor – "Aro buscava essa habilidade, um vampiro que pudesse influenciar ações, como um controlador mental mais sutil, ele só confunde sua mente por alguns minutos dando a ilusão de que você quer fazer aquilo" – Ela terminou.

"Amber" – Eu gritei, ela automaticamente me olhou – "há um influente aqui" – Eu disse e ela virou olhando para o castelo, Vladimir e Stefan riram, Amber parecia ter visto algo pois falou algo para Marcus e ambos entraram nas ruínas do castelo. Olhei para Aro em pânico vendo três vampiros irem para cima dele, Caius se juntou a ele e estavam tendo controle, até que Félix se aproximou e parecia pronto para a luta, por um minuto, achei que ele iria ajudar Caius e Aro, mas ele partiu para atacar Aro, três recrutas ajudaram Félix.

"Precisamos ajudar" – Athenodora disse dando um passo a frente, Renata segurando sua capa, Demetri a parou.

"É arriscado senhora" – Ele olhou de novo para a batalha, e eu vi quando um dos vampiros iria derrubar Aro, rosnei e então o vampiro se retraiu com a dor, Aro me olhou rapidamente sorrindo um pouco e com um puxão forte decapitou o vampiro. Afton acendeu uma fogueira com os corpos dos vampiros, Aro jogou a cabeça do vampiro lá, mas quando se virou um dos vampiros o derrubou, Félix se aproximou o fazendo se ajoelhar, tudo parecia ter acontecido em câmera lenta, os joelhos de Aro cederam, os meus também quase em sincronia, senti o chão bater neles, mas não conseguia tirar os olhos da cena, eu usei meu poder em um dos vampiros que o segurava, Caius o lançou longe, mas haviam mais dois recrutas que chegaram para ajudar, Caius lutou com Félix, mas estavam em desvantagem, eu olhei para Aro, eu queria me mover, ir até ele, gritar, mas meu corpo não respondia, tudo o que eu via era ele de joelhos no chão, meus olhos encheram de veneno.

"Por favor, não" – Eu sussurrei para ele, vagamente tive consciência de Sulpicia se ajoelhando ao meu lado, chamando meu nome, de repente um rosnado dentre os tantos se destacou quando Amber caiu de uma das torres, ela olhou para cima, Félix, parecia sair do transe, se afastando de Caius, um segundo depois arrancou o vampiro que segurava Aro o lançando nas chamas, Félix se voltou para Aro que se recuperou rapidamente e já havia destruído os outros dois que o haviam segurado. Meu olhos focaram novamente.

"Jane! Jane está tudo bem" – Sulpicia falou ao meu lado, ela estava me apoiando, segurando meu corpo, me levantei depois de ver que Aro estava bem. Amber já havia se recuperado.

"Eles não vão conseguir, há muitos lá dentro" – Alec disse olhando para a torre. – "O influente está lá dentro, acho que mestre Marcus conseguiu tirar sua concentração, eles precisam de ajuda.

A guarda estava destruindo os recrutas finalmente, já não haviam muitos, Vladimir e Stefan devem ter notado porque já não lutavam com tanta convicção, mas sim por desespero, sabiam que era o fim.

"Eles precisam de ajuda" – Sulpicia disse e olhou para Demetri que sorriu para ela e veio para o seu lado segurando sua mão na dele. – Alec, a guarda está separada, use seu poder, vamos ajudar Marcus, Jane, continue aqui, não importa o que aconteça, você também Athena, fiquem seguras" – Ela de repente nos abraçou, fiquei tensa por um momento, mas depois levantei meu braço segurando sua cintura, senti Athenodora fazendo o mesmo.

"Vamos lá Janie, não me olhe como se nunca mais fosse me ver, eu não posso deixar você desamparada, o que seria de você?" – Demetri falou quase sério e eu consegui rir um pouco.

"Como eu poderia viver?" – Eu brinquei e Sulpicia e eu rimos, segundos depois, eles partiram de mãos dadas. Alec entrou em ação e pude ver a névoa rastejando de encontro aos outros, Aro notou e se afastou com Caius sorrindo, Vladimir e Stefan também, a névoa fez os últimos vampiros caírem no chão, a guarda ficou longe, todos ao lado de Aro e Caius, se prepararam, quando Alec retirou a névoa, a guarda arrastou os vampiros para o fogo, eu sorri quando vi Vladimir e Stefan sozinhos no meio de todos os corpos queimando, senti o prazer da vitória, mas antes que eu tivesse a honra de usar meu poder neles, um rosnado alto foi ouvido, olhamos para a torre onde possivelmente estavam Marcus, Amber, Demetri e Sulpicia, um vampiro atravessou a parede de pedra, caindo em uma das fogueiras, isso nos permitiu ver o que acontecia lá dentro. Amber estava sendo contida por dois vampiros fortes, os mesmos que me tiraram do castelo com Athenodora, Marcus estava lutando com outros três, Demetri e Sulpcia lutavam com um vampiro alto e forte, tão forte quanto Félix, reconheci como sendo Afton, de repente eu já não conseguia vê-lo, ele estava usando seu poder para atacar Sulpicia e Demetri, eu tentei usar meu poder, mas não o via, usei então no vampiro que atacava Amber, ela conseguiu se soltar e ajudar Marcus, eles lançaram os vampiros para baixo, quando se viraram, lá estava o influente, ele era jovem, mas estava sendo protegido por Afton, Demetri e Sulpicia pareciam ter uma conversa mental, ela sorriu para ele, ele para ela, apertaram as mãos, a felicidade em seus olhos, eles se amavam tanto, eu franzi o cenho, me virei para o influente e usei meu poder nele, parecia resistir, mas sei que o afetou, o suficiente para fazer ele perder a concentração por alguns segundos, tentei segurar por mais tempo, mas algo atrapalhava, ele atrapalhava, ele parecia confundir meus pensamentos, como se eu não quisesse mais atacar, eu balancei a cabeça em confusão, me desconcentrando, ele sorriu ao longe, Vladimir e Stefan também, de repente ouve um rosnado, Sulpicia e Demetri se chocaram contra o vampiro e eu assisti em horror enquanto todos eles caiam na fogueira.

"SULPICIA" – Athenodora gritou horrorizada ao meu lado, meus olhos estavam arregalados.

"Não, não, não" – Eu sussurrei freneticamente enquanto segurava Athenodora que gritava como se estivesse com dor, olhei para os outros. Todos estavam chocados, Alec estava devastado, Aro parecia que tinha levado o maior dos choques, Caius rosnava, Amber tinha horror em seus olhos, as mãos na boca, veneno enchia seus olhos, Marcus a segurava. Eu sentia tanto ódio, que quando olhei para Vladirmir e Stefan só pude ver manchas vermelhas, meu poder deve ter ido com muita força porque Vladimir gritava à plenos pulmões, Stefan parecia horrorizado, pronto para correr, Aro não permitiu, em um rosnado ele o puxou pela cabeça e mordeu sua garganta, no próximo segundo, ele estava no fogo, soltei Vladimir do meu poder, e vi quando Caius pisou em seu peito o afundando mais no chão, Aro arrancou sua cabeça com ódio puro descrito em seus olhos negros, Athenodora estava nos meus braços, ainda soluçando sem lágrimas, me ajoelhei no chão com ela, tudo havia acabado, absolutamente tudo.

As chamas dançavam, e nelas o amor de dois companheiros findava. Eu de fato não sabia como viveria.

                                ***
                    2 semanas depois

Haviam se passado duas semanas desde a batalha com os Romenos, dizer que estávamos bem seria um pouco arriscado, o luto por Lady Sulpicia e Demetri ainda era pesado sobre nossos ombros, a imagem dos dois caindo nas chamas ficaria para sempre gravada em minha cabeça, naquela noite Amber perdeu sua irmã, eu perdi dois grandes amigos, duas pessoas improváveis, que se amavam incondicionalmente, o que alivia o fardo, é saber que estavam juntos, que estavam felizes, nos últimos momentos, eu vi o amor entre eles, o sorriso. Eu sorri um pouco ao lembrar das aventuras com Demetri, eu sentiria sua falta pelo resto da minha existência. 
Saí do meu transe e abri a porta que parei em frente, entrei na sala apenas para parar e observar a cena à minha frente. 
Aro estava em frente à janela entreaberta, o vento frio chicoteando seu rosto suavemente, seus olhos estavam desfocados, observando algo ao longe, eu sorri um pouco, sua presença sempre me acalmava.

"Há algo interessante lá fora, meu querido?" – Eu sorri com o dejá vú.

"Não tanto quanto aqui" – Ele me olhou com intensidade, eu sorri ainda mais e me aproximei dele.

"No que está pensando?" – Perguntei curiosa.

"Em tudo. Desde o começo, até agora" – Ele respondeu misterioso. Cheguei ao seu lado e levantei a mão para tocar em seu braço coberto pelo terno.

"Você se arrepende?" – Perguntei, minha voz apenas um sussurro.

"Eu não poderia estar menos arrependido se quisesse" – Ele me disse com tanta certeza que eu estremeci, olhando seus olhos vermelhos leitosos. – " Eu lamento o fim de Sulpicia, lamento que ela não esteja aqui, mas não lamento estar com você, ter escolhido finalmente ceder a você foi a decisão mais certa que tomei em toda minha existência" – Ele sussurrou levantando uma das mãos e tocando meu rosto. Meus olhos fecharam imediatamente, deixei que ele visse meus pensamentos, tudo o que ele queria ver desde o começo, tudo o que eu não dizia em palavras. Abri os olhos quando ele passou a acariciar minha bochecha com o polegar, havia tanta vulnerabilidade nele nesse momento, me aproximei mais e pressionei meus lábios contra os dele. 
Seus lábios eram suaves contra os meus, calmos, e deixei que ele aprofundasse o beijo quando ele pediu permissão com a língua. Não pude deixar de suspirar um pouco e apertar seu corpo mais ao meu. 
Poucos minutos depois nos afastamos, seus olhos antes vermelhos agora estavam escuros, imaginei que os meus também.

"Eu amo você, Aro" – Falei com toda a sinceridade que eu podia produzir em palavras. – "Eu nunca me cansarei de dizer isso, nunca hesitarei sobre isso, eu nunca desistirei disso" – Eu afirmei olhando seu belo rosto, eu nunca me cansarei de olhar para ele.

"E eu amo você Jane, verdadeiramente, nunca deixarei que você duvide disso" – Ele sussurrou para mim e eu senti como se fosse explodir, meu sorriso deve ter sido enorme porque ele sorriu de volta com intensidade, eu finalmente tinha tudo o que eu quis. Amber e Marcus estavam juntos, felizes, Alec finalmente criou coragem para contar a Renata sobre seus sentimentos, nunca vi meu irmão tão feliz antes, até Caius parecia mais leve ultimamente depois do que passamos, Athenodora, agora Athena para mim, se tornou uma das pessoas mais próximas a mim desde que foi libertada da torre e da influência de Corin, assim como Amber. Eu estava nos braços do homem que eu amava e que me amava de volta, ainda sendo uma guarda e ainda o amando com cada pedaço do meu ser.

"Caius realmente está mais leve" – Ele refletiu e eu ri o beijando novamente, ele sorriu me beijando de volta com intensidade.

Dizer que estávamos bem seria um pouco arriscado, mas que estávamos felizes, seria apenas verdade.

"Seja qual for a matéria de que nossas almas sejam feitas, a minha e a dele são iguais" 
— O Morro dos ventos uivantes (Emily Brontë).

                                Fim. 

 


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