Olá, Diário, eu não te conheço e nem me conheço, mas ainda sim, tenho que escrever em você. Isso pode se tornar cansativo com o tempo, mas não tenho outra opção.

Antes de tudo, não quero te chamar sempre de “diário”, isso me faria sentir como se eu estivesse falando sozinha, então irei te chamar de “Dário”. Meu nome é Harley Winter e tenho 17 anos, estatura média, cabelos pretos e lisos, franja de lado, olhos azuis e não tenho a mínima ideia do que aconteceu neste ano. Ao que parece toda a minha memoria desse ano foi “sugada” para algum buraco negro do qual eu tenho que ir resgatar. Haha! Também não escrevo em você por vontade própria, sou praticamente “obrigada” por minha atual psicóloga chamada Sansa.

Sansa parece ser uma boa pessoa, mas ela tem algo de ameaçador em seus olhares quando parece ser contrariada. Isso lembra a mim mesma.

Vamos direto ao assunto, quero ir tomar um banho e sei que depois ficaria com preguiça de escrever. Eu estudo (estudava, visto que a escola foi fechada) em Hawkins, uma escola particular tradicional. Iria me formar neste ano se nada do que irei contar não tivesse acontecido. Os jornais e a policia dizem que os surtos de assassinatos de adolescentes que estudavam lá foram os primeiros indícios de um assassino em serie, algum tipo de doente com raiva ou algo assim dos estudantes. Então, no mês passado aconteceu seu ultimo ato de terror, ele assassinou mais de 30 alunos em uma noite dentro da escola. Pode parecer estranho que os alunos estivesse lá de noite, mas é natural, visto que, nesse tipo de escola particular, e sendo muito concorrido para se entrar em uma universidade, os alunos faziam plantões para estudarem de noite na escola. Assim, um dia desses, onde eu e meus amigos estávamos lá, aconteceu essa tragédia. Na verdade, é um mistério para mim. Como não consigo me lembrar de nada, acho que alguma hora vou dormir e acordar que meus amigos vão estar aqui, normalmente, como sempre faziam. Ainda não acredito que se foram.

De algum modo, eu sobrevivi, quase intacta, apenas com uma queda da escada da escola que me levou ao coma por quase um mês e a perda de memoria. A policia então quer que eu me lembre o mais rápido possível do que aconteceu naquela noite, mas tudo me parece como uma nuvem escura que me impede de penetrar nela. Quanto mais eu tento me lembrar, mais dores na cabeça eu sinto, por isto a psicóloga quer que eu lembre aos poucos.

Na verdade, às vezes eu tenho sonhos...sonhos onde eu vejo sangue, pedaços de carne humana, gritos e pessoas sorrindo...