Baile de Boas vindas aos Heróis de Guerra – Almack´s

O Almack´s era o templo da sociedade londrina, quem ali era aceito poderia ser considerado importante.

Seus amplos salões decorados com luxo e riqueza abrigavam a alta classe da sociedade, com seus melhores trajes, sorrisos e filhas em idade de casar.

Felicitcy achava tudo aquilo uma hipocrisia, já havia passado por isso e agora já era considerada velha demais para um bom casamento. Ela riu sozinha.

Não que se importasse com isso. Tinha uma vida boa, a herança dos pais a mantinham no luxo e tranquilidade. Tinha uma pequena propriedade no campo.

Quando estava em Londres ficava com Sarah, as duas eram muito próximas e ela adorava ficar lá. Sarah e seus pais eram seus únicos parentes vivos e durante a guerra uma foi à fortaleza da outra.

Estava num canto do salão, ao lado da tia e de umas amigas quando o viu entrar.

Seu coração disparou, ela sentiu o corpo reagir a sua presença. Deu um passo para trás, não queria ser vista, queria observá-lo com calma, lembrar de cada detalhe.

Meu Deus! Ele estava ainda mais bonito, mas homem.

Sua postura indicava disciplina e atenção. Mas havia mais algo que mudara algo que ela não conseguiu perceber...

Oliver entrou no salão e observou a multidão. Muitos conhecidos e outros não...

Procurou por ele, pelo culpado por seus pesadelos....e por ela, a mulher que o salvava deles.

Ele e Diggle chamavam a atenção por onde passavam.

As fofoqueiras do salão já destilavam o veneno. Diggle era filho bastardo de um conde, mas eu pai o assumiu como herdeiro e o tratou como legítimo. E ninguém questionava o Conde de Rutterford.

Eles deram uma volta pelo salão, cumprimentaram oficiais e companheiros de batalhas.

Já estavam há algum tempo no baile e tinham parado para conversar com alguns amigos quando ele a viu...e paralisou.

Felicity estava mais linda do que se lembrava. Sua beleza havia amadurecido, seus olhos ainda tinham o brilho que havia sido sua salvação no meio da desolação da guerra.

Seu vestido era branco com detalhes em esmeralda. O busto recortado realçava seus seios e apesar do estilo romântico do traje, ele emanava a sensualidade da mulher que o usava.

Ela tinha um xale meio caído sobre os ombros e sorria de algo que falavam.

De repente ela o viu, seus olhares se cruzaram e as lembranças de 10 anos atrás voltaram.

Sem pensar Oliver pediu licença aos amigos e foi em sua direção. Diggle o seguiu.

Cumprimentou os presentes, apresentou o amigo e não tirava os olhos dela.

Não tinha tido a sorte de vê-la na casa do Ray quando foi lá mais cedo, o que o deixou frustrado.

O baile estava no seu auge, as pessoas estavam alegres e dançavam, conversavam...

Por conveniência ele não poderia satisfazer sua vontade de tirá-la dali e tê-la só para si.

Ela havia povoado seus pensamentos por 10 anos e agora estava ali na sua frente.

– Srta. Smoack! Boa noite!

– Sr. Queen. Como está? – ela estendeu a mão e ele repetiu o gesto de anos atrás, beijando-a com ternura e saudade.

Inconscientemente ela suspirou baixinho e o olhou. Ele sorriu e nesse momento ela percebeu o que mais havia mudado nele. O brilho do seu olhar dera lugar a tristeza e a dor. Não era perceptível, mas estava ali...havia nele agora um lado sombrio.

– Estou bem! Que bom encontrá-la depois de tantos anos. A Srta, ficou mais bela com o passar do tempo!

Corando ela responde:

– Galanteador como sempre, Mister Queen!

Conversaram mais um pouco com todos, Sarah e Ray se juntaram a eles e a conversa ficou animada.

Ainda rindo do que falavam ele a olhou. Ela bebericava uma taça de champanhe. Ele olhou seus lábios rosados se abrirem para beber o liquido borbulhante, seu corpo reagiu a ela...

– Srta. Felicity, a Srta, me daria o prazer dessa dança?

Sorrindo ela aceitou.

Ele sabia que os dois iriam ser alvo dos comentários e especulações do salão.

Quando chegaram a pista ele a puxou para seus braços. Ele sabia que não era correto puxá-la para tão perto dele, deveria manter distancia, ela era solteira e ele sabia também que quem iria sofrer com as fofocas seria ela, se afastou um pouco a contragosto. A dança era mais lenta e eles puderam conversar.

– Sinto muito pelo Thommy – ela falou.

– Obrigado... – ela viu o olhar triste dele.

– Foi muito ruim, não foi? Posso ver nos seus olhos.

– Foi sim, terrível...

– Desculpe tocar nesse assunto, é doloroso, não queria vê-lo triste.

– Não tem problema.

– Você mudou...

– Você também – ele quase lhe disse que a única coisa que não havia mudado na sua vida era ela, mas se conteve. – Não se casou?

– Não, durante a guerra não era o melhor momento. Tudo estava muito confuso. Eu ainda estava sentida pelo Barry...as coisas não estavam como deveriam ser. Ainda penso nisso, mas tem que ser algo mais real do que foi meu noivado com o Barry...sabe?

Ela nem sabia por que tinha dito tudo aquilo.

– Sei, algo que de sentido, que seja certo...

– E você?

– Não havia tempo para isso...

A dança terminou e ele a guiou para a lateral do salão, onde ficava o varandão.

Ali encostaram-se ao balcão e ficaram observando a noite.

Falaram sobre suas vidas até ali, ela lhe contou sobre seus pais, ele falou sobre a doença do seu. Conversam sobre os amigos em comum...a conversa fluía de uma maneira que nenhum dos dois sabia explicar. Era fácil falar, sobre tudo.

– Acho que devemos voltar, Sr. Queen.

Ele sorriu e acentiu.

– Mas antes posso te pedir algo?

– Sim.

– Me chame de Oliver...pelo menos quando estivermos sozinhos.

Ela sorriu tímida.

– Pode ser...Oliver..

– E posso te chamar de Felicity?

Ela adorou o som de seu nome nos lábios dele.

– Sim.

Ele sorriu, fazia muito isso na presença dela, pegou sua mão pousou no seu braço e a conduziu de volta ao salão.

Eles viram um Diggle apressado se aproximar.

– Oliver! Preciso te falar algo – ele sussurou algo no ouvido do amigo. Sua expressão endureceu e ele se dirigiu a ela.

– Felicity, infelizmente devo me retirar. Tem um assunto que exige minha presença. Foi um prazer reencontrá-la, espero que possamos conversar de novo.

– O prazer foi meu!

Ele a deixou em companhia de Sarah e dessa vez ao beijar sua mão ele lhe fez um pequeno carinho, o que a deixou extasiada e desconsertada!

Sorrindo ela o viu se afastar apressado.

– Parece que você e o Oliver tinham muito que conversar!

Felicity se virou e viu o sorriso malicioso da prima. Ela sorriu e olhou a multidão, mas não o viu mais.