Oliver examinava o corte em seu abdômen, não era tão ruim...foi superficial. Estava mesmo preocupado com Felicity, ela não acordava.

Estavam na cabana de caça, como ela ainda não tinha acordado ele tinha resolvido esperar ela acordar para ver o que iria fazer.

Ele estava com raiva, Slade tinha fugido...mas sua preocupação principal era Felicity, então depois ele daria um jeito nele.

Ele tinha saído para buscar água e quando voltou percebeu que ela estava acordando. Deixou a água de lado e foi para seu lado.

– Ei...como você se sente? – ele a ajudou a levantar-se

– Estou bem...e você? Ele te machucou?

– Não foi nada...vamos dar uma olhada nesse machucado na sua cabeça.

Com carinho ele passou a mão na cabeça e no rosto...e de repente ele olhou para ela, seus rostos estavam próximos e sentiu uma vontade imensa de beijá-la....mas ela estava machucada e ele tinha que ter cuidado.

– Acho que vai ficar inchado, você está sentindo alguma tontura ou a visão embaçada?

– Não...só um pouco de dor de cabeça.

– Você precisa descansar, vou pegar água para você.

– Quanto tempo eu fiquei desacordada?

– Umas duas horas.

– Eu perdi a noção do tempo...já estava quase em casa quando ele nos atacou. Você encontrou o cocheiro?

– Não, acredito que o seu mordomo tenha enviado alguém para procurá-lo.

Ela tentou levantar e precisou se segurar, Oliver correu para o seu lado:

– Venha, sente aqui. – Ele lhe entregou a água – já volto, vou buscar o cavalo. Vamos ficar aqui essa noite.

Ela o olhou. Eles iriam ficar ali? Os dois? Sozinhos? Mesmo ainda magoada, ela tinha que confessar que seus sentimentos não haviam mudado e era muito perigoso para o seu coração ficar no mesmo lugar, sozinha, com ele.

– È mesmo necessário?

– Sim, não vou arriscar sair com você nesse estado...

– Mas eu estou bem...

– Você acabou de sentir uma tontura, pode ter machucado mais a cabeça do que parece. Vamos dormir aqui e pela manhã voltamos para sua casa.

Como ela ainda estava com expressão de dúvida no olhar ele voltou para seu lado, se abaixou e pegou em suas mãos.

– Felicity, olha pra mim. – seu tom era carinhoso e preocupado – Eu sei que fui um idiota, que te decepcionei...mas nada nesse momento é mais importante para mim do que você – ele fez um carinho bem leve no seu rosto e continuou – se você puder me dar a chance de me explicar talvez você me entenda e me perdoe...

Ela o olhou nos olhos e viu sinceridade:

– Certo, eu vou te dar a chance de explicar porque você sumiu e porque depois foi fazer uma cena debaixo da minha janela – e sem conseguir segurar lhe deu um sorriso que aqueceu seu coração.

Ele beijou sua mão e pediu:

– Há quanto tempo você não come?

O estomago dela se manifestou instantaneamente:

– Nem sei...

– Certo, espere eu trazer o cavalo para dentro. Trouxe algumas provisões de emergência, acredito que sirva até amanhã.

Quando ele saiu, ela arriscou se levantar de novo, e devagar conseguiu sem sentir tontura novamente.

Olhou ao redor e o lugar era decente, só não muito usado. Num canto tinha uma cama, com lençóis poeirentos, mas que se fossem sacudidos poderiam ser usados.

Enquanto andava pelo lugar ela pensou em tudo o que tinha acontecido, não era burra. Depois de Slade a ter usado para vingar-se de Oliver ela podia muito bem associar isso ao afastamento dele. Do jeito que ele era, provavelmente se afastou para mantê-la longe do perigo. Ela não sabia se ficava furiosa ou lisonjeada.

Bom, ela não daria muito opção para ele, nunca foi de ficar esperando as coisas caírem do céu. Viveu a maior parte da vida sozinha, com exceção do tempo que vivia com Sarah. Mas a maioria das decisões na sua vida ela tinha tomado ela mesma. E agora não seria diferente.

Ela o amava, só precisava mostrar a ele que ela estaria, e ele também, se os dois estivessem juntos. Não podia ser insegura e correr o risco de perdê-lo...muito menos para a sem sal da Laurel Gordon. Riu sozinha e nesse momento ele entrou. Deixou o cavalo perto da porta, não podiam se dar ao luxo de algum espertinho roubar o cavalo.

Das bolsas na lateral da cela ele tirou um embrulho, uma garrafa de vinho e uma toalha.

Ele levantou a mesa, colocou a toalha e Felicity começou a abrir o pacote.

– Isso é divino! Pão de milho da Sra. Pekins!!

– Sim, ela se dedicou. – rindo ele abriu a garrafa de vinho - não temos copo, teremos que nos virar e beber na garrafa mesmo.

– Não tem problema, com a fome e com a sede que estou isso é melhor que qualquer banquete!

Comeram em silencio e beberam pouco. Os olhares nunca ficavam muito tempo longe um do outro.

– Oliver?

– Sim?

– Porque você sumiu?