Herói Grego escrita por LadyCandy, Juuh Cupcake


Capítulo 3
Chegamos




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“ -O.k. então- dando um suspiro e se levantando- Ao Acampamento Meio-Sangue aqui vamos nós!- levantando um braço para o ar com a mão em punho enquanto a outra segurava em sua cintura, e assim ela marcou o começo da minha nova vida de semideusa, ridículo- Pessoal- Ela de repente volta para a porta onde nós a esperávamos- Pessoal, onde fica a rodoviária mesmo?”

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Compramos nossas passagens com o dinheiro que nós havíamos levado, esperávamos o ônibus que chegaria em cerca de cinco minutos. Todos em um silencio mortal enquanto comíamos nosso lanche que acabamos comprando por conta da fome enorme com a qual estávamos, durante a tarde inteira só nos alimentamos de ambrosia, que apenas fora para curar nossos ferimentos.

Três minutos. Minha comida já acabou então fico mexericando as coisas da minha mochila. Pego o meu antigo urso, o qual o tempo transformou em um monte de farrapos manchados de coisas que nem sei nomear e estofamento brancos. Sem nem mesmo tira-lo de minha mochila, fico acariciando-o. Minha mãe havia me dado isso a muitos anos, tenho ele desde que me entendo por gente, então desde que sou pequena associo este ursinho a minha mãe. Pensar nele, é que nem pensar nela. Por mais sujo, nojento talvez e velho seja este urso, ele é um dos meus bens mais preciosos. Miles olha para dentro da minha mochila e seus olhos encontram meu ursinho, fecho-a o mais rapidamente possível e apenas fico fuzilando-o com o olhar.

Havia colocado minha espada em um descanso que percorria as minhas costas, parece que ela não se transformava em algo mais conservador que nem a lança do Miles, o que era horrivelmente desconfortável. Eu ainda não entendi muito bem a relação que os “mortais” tem conosco, a espada tem atraído muitos olhares desde que saímos da casa de Miles, será que eles veem a mesma coisa que nós? Acho que não, se eles tivessem mesmo visto isso, já teriam me parado na entrada, uma menina com cara de maluca igual a minha carregando uma mortal espada de bronze de verdade? Com toda a certeza já teriam me parado, pergunto isso a Miles.

–Isso se chama Névoa. Ela é uma força sobrenatural que distorce a visão dos mortais em relação ao nosso mundo e o transforma em algo que eles possam compreender. Claro, alguns mortais podem ver através da Névoa, nossos pais e mãe em maioria podem. Em alguns casos a Névoa pode manipular nossas mentes também. Muitos monstros se disfarçam usando ela, criam ilusões que não existem em nossas cabeças. Tome cuidado com ela, muitas vezes é pior do que muitos monstros.

O.k. então... Onde eu fui me meter meu Deus?

O ônibus finalmente chega, embarcamos nele, com todo o cuidado olhamos em volta para ver se tem algo suspeito. Não vemos nada, então continuamos e nos sentamos em nossos lugares. Estou cansada, luto para manter meus olhos abertos, foi um dia cansativo, tanto fisicamente quanto psicologicamente. E não sou apenas eu, Eleonor parece fazer um grande esforço para permanecer acordada. O único que parece bem descansado é Miles, claro, aposto que enquanto eu e Eleonor estávamos lutando ele estava dormindo. Explicaria muito bem o fato de termos encontrado ele em uma calça de pijamas de macaquinhos. Então falo para Eleonor descansar, ela não aceita de primeira, se acontecer alguma coisa ela queria estar acordada, mas não adianta nada estar em estado desses enquanto luta. Enfim, relutante ela aceita.

–Você também deveria descansar. Deve estar bem mais cansada do que Eleonor. Descanse um pouco, eu tomo guarda.- Miles tentou, mas não conseguiu. Não tenho tanta confiança em Miles, mas sei que ele nunca me faria nada de mau, mas eu confio mais em mim mesma. Eu tenho esse problema às vezes, tudo pelo qual estou envolvida tem que estar sobre o meu controle, sou assim desde sempre, nos trabalhos escolares, sou em quem comandava, times, missões suicidas, etc. O perfeito sou eu quem faço. Não da forma perfeccionista, não sou assim. Mas sou muito mandona. Então claro recuso o convicto de Miles.

–Agradeço mais não.

–Você é uma meio-sangue, não um robô. Acha mesmo que não estou qualificado para vigiar o ônibus? Eu prometo, você será a primeira que eu irei acordar caso aconteça alguma coisa.

Mesmo sendo tão mandona, resisto ao convite dele, que aliás é muito tentador. Meus olhos estão se fechando automaticamente, mas forço-os a ficarem abertos. Miles percebe as minhas tentativas de ficar acordada e então faz cara feia.

–Então faremos o seguinte: turnos o.k.?-ele faz uma pausa-Eu posso ficar com o primeiro, eu te acordo na próxima parada, que tal?

Este plano é melhor que o anterior, bem melhor. Posso descansar e ainda ficar de olho nos acontecimentos. Fico me mexendo até achar uma posição confortável no meu assento, e assim que acho fecho os olhos e caio instantaneamente no sono.

Na verdade eu preferiria ficar acordada, meus sonhos não foram nada tranquilos. Pesadelos horríveis e indecifráveis, terríveis sonhos psicodélicos com deuses gregos me queimando com raios, me afogando em águas negras, me dando como comida a vários monstros diferentes. E eles não assumiam formas concretas, diferentes formas assustadoras, e assim que eu começava a decifrá-las ela mudavam para outro sonho torturante.

Acordo assustada, suando frio sem saber onde estou, então começo a me lembrar. Ainda assim não me acalmo. Meus pesadelos me deixaram alerta, presto atenção ao corredor cada passo me assusta, aos poucos vou voltando ao normal, mas só depois de um bom tempo começo a relaxar.

Fico olhando pela janela, pensando no nada, observando como o meu reflexo no vidro se enquadra na paisagem lá fora. De vez em quando eu me olhava pelo reflexo, e outra estava prestando atenção as formas verdes lá fora, altas árvores com troncos enormes, folhas verdes, um grande campo florestado que se estendia por hectares de distancia, algumas partes desflorestadas eram usadas para agricultura outras para pasto, e depois em seguidas mais árvores e plantas.

A estrada seguia, de vez em quando eu via um animal cruzar a pista, um veado, um coelho, um esquilo. Voltava logo em seguida a olhar pela janela e via o meu reflexo. Grandes olhos azuis me encaravam, ela é bem parecida comigo. O mesmo rosto anguloso, que seguia um queixo fino, o longo nariz afinado, uma boca bem delineada, e bochechas ainda de criança. Mas não sou eu, ela parece mais velha, mais adulta, tinha os olhos cansados. Não reconheço mais esse reflexo, mesmo tendo hoje mesmo de manhã o encontrado. Estou de alguma forma ou de outra, bem diferente. Normalmente as pessoas se chocam quando digo a minha idade, parece que eu aparento ter bem menos. Parece que ainda sou uma criancinha, sim meu rosto mudou bastante desde que entrei na adolescência, e meu corpo também, criou forma, curvas surgiram onde antigamente eu nem sonhava ter, meus seios cresceram bastante. Eu sou uma jovem, mas se me comparar com várias outras garotas na qual eu convivia na escola, estou bem menos desenvolvida e também não sou muito alta. Meus estilo também não ajuda, meus cabelos pretos e finos que sempre corto repicado e de forma desigual, mas isso não importa pois sempre acabo o prendendo; não uso maquiagem, nunca gostei disso, você se transforma em uma pessoa que não é; minhas roupas, velhas e acabadas, nunca gostei de moda, sinto-me mais confortável assim. Faço de tudo para não chamar atenção dessa forma, mesmo tendo corpo de criança, tenho um rosto bem bonito, e eu detesto isso, tenho que ser respeitada sendo o que sou, por minhas ações, mostrando-me digna disso, por outros feitos e não porque sou bonita. E acaba que eu nunca fui muito respeitada por isso.

Volto a me distrair com a paisagem exterior, é admirável, tão bonita, selvagem, algo verdadeiro, de essência pura, tão diferente da selva de pedra que é Nova York...Nova York, faz quanto tempo que saímos de lá? Eleonor me disse que o tal do Acampamento Meio-Sangue está localizado na costa norte de Long Island, daria para parar o ônibus e caminhar um pouco que chegaríamos lá. E pelo que estou vendo, estamos bem perto... Maldito seja! Aquele cretino idiota não me acordou! Ele disse que faríamos turnos! Mas que criaturinha nojenta e odiosa!...

–Você não me acordou- ele se assusta, não tinha percebido que eu havia acordado. Meu tom de voz é neutro, não deixo transparecer nenhuma emoção, meu rosto parece uma estátua. Muito embora eu esteja borbulhando de raiva e ódio por dentro- Você disse que faríamos turnos, disse que me acordaria.

Sei que parece um caso besta, realmente é uma briga idiota com motivos idiotas. Mas eu detesto que me enganem. Ele fez um trato comigo, eu confiei nele, e ele descumpriu com a sua promessa. Estou brava, ele me enganou. Ele me enganou!

–Me desculpe, mas eu já estava bem descansado, você estava praticamente desmaiando. Não se preocupe, eu fiquei de olho. E afinal já estamos quase lá, mais uns dez minutos no máximo.- Acho que ele percebeu que não estou muito feliz com a situação

–Eu estaria bem descansada para o meu turno, eu estava dormindo certo¿ E não me importo com isso, eu poderia até dormir no meu turno, mas é o meu turno.- estou com raiva- Você me prometeu que iria me acordar.

–Hanh...O que está acontecendo...?-Eleonor fala ainda dormindo. Obrigada Miles, agora estou gritando por sua causa- Mas que diabos...?

–Miles combinou que me acordaria quando chegasse a minha vez de ficar no meu turno. Ele não fez isso. Pelo contrário, me deixou dormindo durante todo o caminho.- meu tom de voz ainda está auto e as pessoas perto de nossas cadeiras estão percebendo.

–Por favor crianças- diz um casal de senhoras idosas sentadas ao nosso lado- Façam mais silencio meus amores, essas duas velhinhas aqui estão tentando descansar os ossos velhos.

–Maya, pelo amor de Zeus, cale a boca. Pare com essa palhaçada, você deveria agradecer à ele, cá entre nós, parecia que você estava bêbada.- ela tenta ajudar, mas só piora a minha raiva- Miles também não foi legal o que você fez, disse que iria acorda-la e não o fez, quebrou com o acordo, o que não é legal. Por mais que isso seja idiota, somos semideuses, a confiança é o que nos une. Mas vejamos, ele não fez por um mau motivo, estava tentando ser gentil então não precisa de todo esse teatro Maya.

Ficamos em silencio por um tempo. Mesmo sendo um assunto idiota para tanto alvoroço, ainda estou brava. Fui desrespeitada, tive o meu acordo no qual confiava jogado aos ventos. Aos poucos vou me acalmando, Eleonor percebe e vê como uma boa estratégia para acabar com isso.

–Precisamos ficar juntos em momentos difíceis, sermos amigos, somos semideuses a amizade e alianças que nos fazem sobreviver. Se brigarmos a cada coisinha besta como essa, acabaremos trucidando uns aos outros antes mesmo que algum mostro tenha chance.- ela suspira e depois nos olha com uma cara de “O que que eu faço com vocês seus bebezões?”- Somos todos amigos aqui, certo? Agora quero que deem aos mãos e peçam desculpas um para o outro – e é o que fazemos, por mais infantil que isso seja, Eleonor tem razão- Muito bom, vocês tem o que? Cinco anos? Seus idiotas...Agora peguem as suas coisas, já chegou a hora de descer.

Pedimos ao motorista que parasse, o que o deixou um pouco surpreso, pois estávamos no meio do nada. O único indício de vida era uma plantação em uma clareia alguns metros acima de onde estávamos. Mas mesmo assim parou, então nós descemos. E esperamos até o ônibus partir para finalmente discutir o que fazer a seguir.

–Então-digo tentando puxar assunto, o clima ainda esta meio pesado depois da nossa briguinha- Já chegamos onde vocês disseram que estaria o Acampamento, mas sinceramente, não vejo nada.

–Um sinal que a Névoa está funcionando bem então.- Eleonor disse enquanto andava em direção a clareira- Imagine se qualquer mortal passasse por aqui e vice o acampamento, não foram épocas felizes aquelas...- ela para um momento e pensa, depois aponta para a clareira acima- Lá, é lá a entrada. Então, tudo o que temos que fazer é subir até lá sem sermos mortos ou atacados, passarmos pelos portões e sermos recebidos com uma alegre cantoria celebrando a nossa vitória. O que não acho que vai acontecer, porque só tem chatos lá. Devo admitir, até que esta sendo bem fácil.

Começamos então a caminhar em direção ao acampamento. Mas durante a trajetória, só penso que algo está errado, fico angustiada. Tem algo me deixando nervosa e eu não consigo defini-la. Meus pelos do pescoço estão ouriçados, a todo instante faço uma ronda ao redor com meus olhos, espio minunciosamente o espaço ao redor procurando por algo inexistente. Com o canto do olho vejo algo se mexer no topo de uma árvore em meio à folhagem, não era nada. E enfim avistamos a entrada.

–Bem, meus amigos.- diz Eleonor - Como previ, nada de festa de comemoração.- ela fala, embora esteja claramente feliz- Iupi! Sobrevivemos!

Então é isso, foi fácil, muito fácil. Fácil até demais em comparação. Depois de tudo pelo qual Eleonor e Miles me falaram do mundo dos semideuses, ganhei a impressão de algo perigoso e de difícil sobrevivência. Sim, claro, teve a empousa. E só. Se queriam mesmo acabar conosco, e aquele ataque não foi suficiente, onde está o outro monstro? Tivemos um trajeto seguro livre de bestas, o que é um choque. Isso quer dizer que estamos seguros? Não quero arriscar e então falo para apressarmos o passo, quero entrar logo nesse bendito acampamento.

Poucos metros, faltam apenas alguns poucos metros...

– Meus amores? Crianças! Esperem-nos! Vão mesmo nos deixar para trás, meus queridos? É muito perigoso deixar duas pobres velhinhas indefesas no meio de uma floresta cheia de monstros!

E é neste momento que minha alegria ou esperança se acaba. Com um único movimento, tiro minha espada de sua bainha e me viro ao encontro da voz que acaba de falar. Meus olhos param em duas velhas idosas. As mesmas do ônibus.

Elas estavam no ônibus conosco desde que partimos de Nova York. Eu pensei fossem passageiras mortais e tivessem isso embora com o ônibus assim que ele partiu após nos deixar, fomos os únicos a saltar aqui. Névoa. Miles tinha razão, ela pode ser bem persuasiva e perigosa.

Eleonor e Miles já estão preparados, armas em punho sem mexer um centímetro sequer, esperando o ataque.

–Muito bom meus queridinhos! Agora venham cá e deixem -nos comer vocês- E nesse momento elas passam de indefesas senhoras para horríveis bestas. Seus olhos parecem arder em brasa, seus dedos se alongam e transformam-se em garras. E antes seus encardidos casacos se fundem e viram imensas asas de couro.

–Benevolentes!- fala Eleonor-Fúrias, servas de Hades, cuidado!- E assim que se que ela fala, as fúrias partem para cima de nós com um sorriso perturbador estampado em seus lábios, a procura de sangue de semideuses, nosso sangue.

Elas são rápidas, bem rápidas. Nos atacam sem parar, não pensam em outra coisa a não ser nos matar. Tentam nos agarrar com suas enormes garras, para poderem nos destroçar. Não temem usar suas presas afiadas, traçam voos rasantes e nos atacam. Desferem golpes sem parar, se jogam contra nós em tentativas de fazer-nos cair. Mas nós resistimos. Eleonor e Miles são exímios lutadores, cada um à sua arma. Eleonor causa enormes danos com sua adaga, e Miles realmente é muito bom com sua lança, desferindo sem parar ataques aos monstros e defendendo-se espetacularmente. Eu surpreendi a mim mesma, nunca pensei que seria tão boa com uma espada, e sendo que esta era a minha primeira vez usando uma em batalha. Muito melhor que uma faca de cozinha. Mas mesmo assim, a espada não está perfeita, seu peso está maior do que deveria e seu punho longo demais. Defendo-me e contra-ataco. Não paro em momento algum. Desvio de algum ataques aéreas dados pelas fúrias, e defendo-me com a espada em outros. Ataco sem parar, qualquer que seja brecha dada pelos monstros eu aproveito, ao final já fiz bons estragos. Às vezes erro algum golpe por causa da espada, mas sobrevivo.

Mas de repente uma das benevolentes pousa em minha frente, e já logo parte para o ataque. Ela é tão rápida em terra quanto em ar. Ataca a todo momento deixando-me sem fôlego. Mas não desisto, resisto, mas no fim mantemos o mesmo estado, praticamente ilesas. Ouço a luta que está ocorrendo com meus amigos e a outra fúria. À vezes vislumbro alguma coisa, mas preciso me concentrar . Então eu ouço um grito e o som de algo se chocando com outra. Fico preocupada que alguma coisa tenha acontecido a meus amigos e não contenho-me a espiar. Viro-me e me dou de cara com Eleonor espalhada no chão como uma boneca de pano e Miles desferindo um golpe mortal na outra fúria, a qual se transforma em pó dourado enquanto me viro de volta a minha oponente. Mas fui muito devagar, ela percebeu uma ótima chance de atacar-me, e com a minha distração ela partiu para cima de mim. Consigo levantar a espada no último minuto, ela desfere um golpe e me desarma facilmente. Era só questão de tempo para que a falta de qualidade mostrasse o seu preço.

A benevolente se joga em minha direção e cai sobre mim, nós lutamos no chão. Não alcanço minha espada, a fúria tem vantagem sobre mim. Suas garras e presas são naturalmente armas poderosas, seu peso é maior do que o meu, mantendo-se em cima de mim. Já estou toda ferida, sinto gosto de metal na boca, meus rostos já estão cortados de novo. Vou ter sorte se conseguir sobreviver mais alguns minutos.

Viro-me para trás momentaneamente, vejo Eleonor ainda desacordada na grama perto de uma árvore com Miles a seu lado. Será que ela ainda está viva? Não sei o que aconteceu à ela, mas não parece nada bom. Ela precisa de ajuda, um médico, será que no acampamento tem algum médico?Precisa ter, se não... Ela não vai durar muito mais. Esqueço-me de meu próprio problema, minha própria chance de morte. Dou uma cotovelada na cara da fúria, isso a choca um pouco o que a deixa meio aturdida. Aproveito ao máximo isso e forço-me para cima, dou-lhe uma joelhada em sua lateral e me ponho em cima dela. Olho de novo para Eleonor, Miles finalmente percebe a minha presença e me olha com o rosto pálido sem cor alguma, ele deve saber mais do que ninguém as chances dela sobreviver sem ajuda imediata. Ele começa a se levantar com a sua lança em punho vindo em minha direção, meio cambaleante, sem saber quem socorria primeiro.

–Vá! Leve-a até o bendito acampamento, eu me viro!- realmente, se Eleonor ainda estiver viva, está por um fio, estou bem comparada à ela, que está prestes a morrer. E acho que Miles sabe disso, pois após fazer cara feia para mim, ele corre em direção à Eleonor, a pega no colo e corre em direção ao acampamento.

Volto minha atenção de volta minha luta, na qual por algum milagre, a fúria continua sobre a minha guarda. Vejo que a minha arma está um pouco ao lado, se eu conseguir agarrá-la... Mas nem dá tempo de pensar em mais nada, a benevolente percebe o meu olhar naquela direção e levanta suas asas e as põem sobre mim. Fico aturdida sem saber o que fazer, então a fúria se põe sobre mim novamente, pronta para dar o seu último movimento que daria fim a minha vida.

–Que pena semideusa, adoraria uma plateia, pena que ela foi embora. Quem então verá a sua morte? Não é sempre que eu mato uma cria de Zeus.- o monstro diz, e então parte para o ataque

Não acredito que eu vou morrer, não quero, não estou pronta. Não está certo, agora não é a hora. Não quero morrer aqui nem agora, não está certo além do mais. Não! Eu fiz toda essa trajetória, todo esse caminho. Sofri, perdi pessoas quais amava, tive minha vida brutalmente mudada. Tudo para descobrir que eu era uma semideusa. Ainda tenho o que viver, achar um sentido nisso tudo, ainda quero conhecer meu pai. Um dia eu ainda vou morrer, mais quando tiver completado o meu objetivo. Não aqui nem agora.

O céu antes um azul cristalino, ficou negro, cercado por enormes nuvens escuras de chuva...estou ficando maluca ou é só envolta de nós essa minitempestade? Mais além o céu está em um perfeito azul! Um enorme trovão retumba por entre as nuvens, fazendo-me tremer, a fúria também se assusta e fica parada imóvel, depois olha para mim de novo.

–Você é mais poderosa o que pensei. Vou ser bem recompensada com sua morte.- então novamente ela parte para me matar.

Não! Isso não vai acontecer! Um misto de raiva e medo se forma dentro de mim, eu não vou morrer agora!

Os pelos do meu braço se arrepiam, sinto gosto de metal na boca, e antes que eu possa similar o que está acontecendo um enorme raio cai sobre mim, e antes a fúria agora é um monte de pó dourado. Olho em volta assustada, a tempestade já está se desfazendo, com um grande esforço me ponho de pé. Estou muito cansada, o mundo está turvo para mim, tenho que me apoiar nas árvores para conseguir ficar em pé, e ando cambaleante até a entrada do acampamento. Não faço ideia do que acabou de acontecer, não tenho a capacidade de fazer isso agora. O mundo está girando, não consigo ir mais além, desabo na fronteira do acampamento e simplesmente apago, adormecendo olhando o céu azul.


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Notas finais do capítulo

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