Scream For Me escrita por Camila


Capítulo 8
Dia de sorte


Notas iniciais do capítulo

Hey! Bom dia!
Como prometido, aqui está mais um capítulo de SFM! Esse capítulo é o maior que já escrevi, portanto pode ser que vocês o achem exaustivo de ler. Acredito que não, mas enfim...
Resolvi postar mais cedo hoje, perceberam? HAHAHA ;)
Antes, queria agradecer a Robyn Jackson, que favoritou a fic e deu sua deliciosa opinião! Façam como ela galera, me deixa muito feliz e empolgada para postar um novo capítulo logo!
Bem, bora ver a continuação de ontem?
Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/530465/chapter/8

Olho para John e ele me olha de volta, ainda com a mão em meu braço. Uma antiga eu, choraria pela morte de Gary, mas a America de agora, simplesmente não consegue fazer com que nenhuma lágrima escorra. A America de agora não sente nada. Olho mais uma vez para o chão lá em baixo e tudo o que vejo são mais walkers que antes disputando para comer o que já foi uma pessoa, um estúpida pessoa, mas que um dia foi filho de alguém. Maldita consciência.

– Temos que dar o fora daqui. - John diz e eu continuo olhando o sangue. - America! Ei, olha para mim. - Ele me puxa até ficar cara a cara comigo. Olho para os olhos verdes de John. Muito mais agradável. - Você estava se defendendo okay? Não importa o que aconteceu, temos que sair daqui agora.

Faço que sim e pego a minha mochila, colocando-a nas costas. Ao escutar um grunhido, viro-me e me deparo com um George com o rosto todo machucado, tentando sentar-se do chão. Ele está vivo afinal. Vou até George e o ajudo a se levantar.

– Você está bem? - pergunto.

– Já estive melhor. - George olha em volta e faz uma cara de dor. - E o Gary?

Nego com a cabeça e ele assente logo entendendo. Solto uma respiração que nem sabia que prendia. Procuro por John e ele está dando voltas pelas bordas do telhado vigiando tudo lá embaixo.

– Era de uma distração que precisávamos? Bem, agora temos uma. - Ele nos olha com uma sobrancelha levantada. - Vamos?

Seguimos todos juntos para a porta pela qual viemos para o telhado. Descemos as escadas sem complicações e no final do corredor, vimos um pequeno grupo de walkers se arrastando em nossa direção. Corremos para o outro lado e entramos na primeira sala que apareceu. Fecho a porta e puxo uma mesa para bloqueá-la. George se apoia na parede, respirando com dificuldade, enquanto John já está quebrando uma janela para fugirmos por ali.

Grunhidos e empurrões na porta. Walkers. Que ótimo! Olho para os caras e John já está ajudando George a passar pela janela, já que aparentemente ele apanhou bem de Gary. Quando ele passa, John se volta para mim.

– O que tá fazendo ai parada? Vem logo!

Reviro os olhos diante da bipolaridade de humor de John e sigo até a janela, atravessando-a em seguida, John está atrás de mim e George parado lá fora nos esperando.

Não temos bem um plano, então apenas corremos para longe dali, da creche, dos walkers, do nosso carro e de Gary... Nada dá para salvar nada do que ficou. Corremos um quarterão, deixando pra trás qualquer daquelas coisas que encontrávamos, não temos tempo para parar para dar um fim nelas. Não, agora não.

Subimos a rua e fazemos uma pausa para respirarmos, já que nenhum walker está a vista. Apoio minhas mãos em meus joelhos e busco por ar, meus pulmões estão gritando. George está pior, ele se senta no meio da rua e se joga ali, inspirando e expirando com uma dificuldade ainda maior. John está bem, obviamente. Já havia me esquecido que o Sr. Militar aqui, além de olhos incríveis e músculos, tem super poderes também. Não que eu tivesse reparado em músculo algum. Não que eu estivesse prestando atenção. Rio internamente, que bobeira para se pensar em plena fuga no fim do mundo.

– Acho que descansarmos no meio da rua não é uma ideia muito boa. - George diz com a voz um pouco abafada. - Podemos entrar em uma dessas casas por cinco minutinhos. Não estou conseguindo sentir meu cérebro direito.

John dá um bufo irritado e se dirige para a entrada da casa a nossa frente, nos deixando para trás. Ele para em frente a porta e a arromba com um forte chute. Reviro os olhos. Cutuco George com a ponta do pé e ele logo se levanta do chão. Espero por ele e entramos na casa. Levanto minha arma olhando tudo com atenção. Nada mais de surpresinhas por hoje. Ao passarmos pela escada, vejo um walker descendo ruidosamente os degraus em nossa direção. A coisa está com um pijama nada comportado, o que me dá um pouco mais de repulsa. Espero a walker chegar mais perto, tiro o facão do meu cinto e acerto sua cabeça com força. Ela cai, manchando o chão de sangue.

Gesticulo para George e seguimos adentrando a casa. Encontramos dois walkers mortos no chão, mas depois disso nada mais de carne podre pelo caminho. Ouvimos um barulho e George já levanta sua arma. Vamos em direção à cozinha. Pé por pé. O mais silencioso possível. Paramos eu de um lado do batente da porta e George do outro. Faço que sim com a cabeça e nós dois entramos na cozinha apontando nossas armas para a coisa que está lá, derrubando algo.

– Puta merda! - solto um palavrão ao ver John encostado na pia com uma barra de chocolate nas mãos.

– Olhem só o que eu achei. - ele diz com a boca cheia. George ri e se senta em uma das cadeiras. Reviro os olhos e tomo a barra da mãos do bipolar. Dou uma generosa mordida. John resmunga. - Ei!

Olho para ele, saboreando o delicioso chocolate. Caramba, eu sentia falta disso. Pego John me olhando divertido. Esse cara agora parece diferente do cara irritadinho, que a minutos antes, tinha nos deixado lá fora e entrado sozinho. Agora ele parece com um crianção quando acaba de receber a sobremesa, depois de comer brócolis no almoço. Me aproximo e, involuntariamente, limpo o canto de sua boca com o dedo, e o coloco na minha. John me observa atônito, e seu olhar se intercala entre meus olhos e minha boca. Mais uma vez, os malditos segundos duram séculos. Um pigarro nos faz voltar ao normal. Pego minha mochila, a jogo sobre a mesa e fico procurando pela minha vergonha na cara, enquanto John se vira de costas e começa a vasculhar os armários. George apenas nos observa com os olhos semicerrados.

– Okay... Isso foi... - ele diz bem lentamente. Tenho vontade de enforcá-lo.

– Cala a boca. - Digo rápido e secamente. George levanta as mãos para o alto em sinal de rendição e eu deixo pra lá. Ele ri baixinho.

– Acho que essa casa nem chegou a ser saqueada. - John diz de repente. Ele limpa a garganta e continua, encabulado. - A porta de entrada estava trancada quando entrei, tinha apenas dois walkers, que deveriam ser os moradores daqui.

– Três. - corrijo-o.

– O que?

– Três. - tiro uma garrafa de água de dentro da mochila e tomo um gole. - Três walkers. Matei um com George.

– Dane-se. Tanto faz. - John faz cara de cu e volta a se encostar na pia, cruzando os braços sobre o peito. Reviro os olhos. Esqueça o clima que rolou antes. Apenas esqueça. - O que importa é que os armários estão cheios. E isso, nos dias de hoje, é praticamente um milagre. Parece que estamos com sorte.

– Estamos com sorte? Sério cara? - George pergunta com a testa franzida. - Ninguém está com sorte, estamos no maldito do fim do mundo, onde a cada segundo, pessoas são devoradas por outras pessoas. - ergo as sobrancelhas. Ele continua. - Além do mais, fui espancado pelo meu melhor amigo e pouco antes, tínhamos batido de frente com a parede de uma creche. Agora o filho da puta do Gary está morto, minha cara está uma merda, e estamos enfurnados dentro de uma casa, esperando por um plano brilhante, milagres, um carro aparecer ou, eu não sei, você dar uma de heroi. Então é, parece que hoje é mesmo o meu dia de sorte.

John olhou para George como um leão olha para uma pequena ovelha prestes a ser abatida. Não sei se leões e ovelhas se cruzam no mundo real, mas agora estão prestes a ter um confronto. Mais uma coisa que descobri sobre John: ele não gosta de ser contrariado. Ele anda até onde George está sentado e o mesmo se levanta, preparando para sei lá o que. Me encosto na parede, cruzo meus braços e espero o show.

– Olha aqui, era para você estar morto agora. Salvamos a sua vida miserável. Não precisávamos ter feito isso, mas fizemos. Não te deixamos lá para morrer. Então, vê se abaixa a sua bola, que eu não tenho paciência para engraçadinho. - John diz perto do rosto de George e sai da cozinha. O ouço abrir e fechar a porta da frente.

Pisco os olhos. Caralho.

– Não esquenta não. Ele é assim e pior. - digo por fim para George, que ainda está parado. Ele me olha, dá um leve sorriso e se senta na cadeira novamente.

– Sujeitinho nojento. - ele solta baixinho. Eu rio. George me olha confuso e diz.

– Vocês tem o que exatamente?

– Como?

– Você e o militar. Tem o que?

– Absolutamente nada. - digo, porque é verdade.

– Nada? Ah, sei. - George se levanta e vai até a geladeira. Ele a abre e fica olhando dentro por algum tempo. - Comigo e com a Juliette era assim também. A gente brigava no começo, um fingia que odiava o outro, mas depois paramos de nos enganar, sabe? - Ele pega uma caixa de suco e bebe direto do gargalo. George limpa sua boca com as costas da mão, me entrega o suco e continua a falar. - E porra, quando nos acertamos, nossa, foi bom demais. Nunca tinha me sentido tão feliz.

George sorri diante da lembrança. Sorrio por ele também. As lembranças parecem ser um lugar seguro para ele. Dou um gole no suco e olho para a caixa. Suco de uva. Dois meses vencido. Dou outro gole.

– As histórias nem sempre se repetem meu caro George, e também, quando você não tem ninguém, não tem com quem se preocupar não é? - digo dando de ombros, apenas arrumando algo para falar. - Conheci o John hoje sabia? Parece que faz tempo, mas foi hoje. Esse meu dia está sendo mais agitado e mais comprido do que não sei o que!

Jogo minha cabeça para trás, deixando meu cabelo cair pelas costas da cadeira. Fecho meus olhos e conto até dez.

– Mas não desanima não. Ele vai voltar. - George diz de repente. Levantando minha cabeça, olho para a cara dele.

– Oi? - digo achando graça da repentina frase sem nexo, pelo menos pra mim. Começo a rir como a tempos não fazia. George ri também e ficamos ali na cozinha, rindo iguais a retardados.

Paramos de rir quando vimos John encostado no batente da porta, com os braços cruzados sobre o peito e com cara de poucos amigos. Enxugo as lágrimas de meus olhos.

– Do que vocês tanto riem? - John pergunta, mal humorado.

– Da vida. - simplesmente respondo. John me olha com os olhos semicerrados, e por fim dá de ombros.

– Tá. - ele diz. Respira. Continua. - Achei um carro no final da rua. Está em boas condições, tem um pouco de gasolina ainda e acho que é o suficiente para chegarmos a estrada sem problemas.

Dou um sorriso. Mal vejo a hora de sair dessa cidade. John sorri de volta me olhando nos olhos e depois se vira para George.

– E tem gente que ainda acredita que hoje não é nosso dia de sorte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Querem mais?
Esse John...
Próximo capítulo sai essa semana, prometo hahaha'
Deem a opinião de vocês, preciso disso galera!
Enfim... Beijos e até mais!