Scream For Me escrita por Camila


Capítulo 26
Procura-se America


Notas iniciais do capítulo

Hello :)
Espero que vocês estejam bem galera!
Antes de falar um pouco sobre o capítulo de hoje, eu queria agradecer as estupendas pessoas que estão comentando, favoritando e blablabla GENTE MUITO OBRIGADA ok? Vocês são demais, e é pra vocês que eu escrevo Scream For Me!
Bom, fiquei no time, por isso esse capítulo está saindo só hoje. Nele temos dois POVS, como eu sei que vocês gostam, e mais um pouco de revelações sobre os Piratas. Sério gente, tem muito mais coisa pela frente, apesar da primeira temporada de SFM estar terminando.
Enfim, espero que gostem. Não está lá essas coisas, but ❤️



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POV America

Há um ano atrás, se alguém me dissesse que os mortos voltariam a vida e que zumbis perseguiriam as pessoas pela rua, juro que não acreditaria, aliás eu lhe indicaria o psiquiatra mais próximo. Há um ano atrás, se alguém me falasse que as pessoas, sim as vivas, seriam um problema maior do que os próprios mortos, bem, eu ria na cara desse alguém até a minha barriga doer e lágrimas escorressem dos meus olhos. Mas isso, é claro, foi em outros tempos, hoje em dia, se alguém me contasse algo assim, eu provavelmente abriria bem os olhos e aguçaria meus ouvidos, já com minha arma pronta na mão.

Parada atrás de uma enorme pilastra que está ao lado do corredor pelo qual entrei, consigo ver Noah de onde estou, assim como também consigo ver os homens que estão a poucos metros de onde o pequeno garotinho está escondido, observando tudo. Qualquer movimento em falso e já era, seremos descobertos. Semicerro os olhos, prestando mais atenção nos homens. Estão com roupas até que seriam normais, se não fosse pela predominância do preto em quase todas as peças.

Com cabelos cortados e barbas aparadas, dá para perceber que eles não são mal cuidados e muito menos passando algum tipo de dificuldade, o que é totalmente comum nesses últimos tempos. Mas apesar de toda assistência, os homens estão longe de se encaixarem na paisagem. O interior do QCI, pelo menos a enorme sala onde estamos, é predominantemente claro. O piso, as paredes, o teto, a decoração... Tudo se resume a branco e vidro. Totalmente o oposto dos homens ali. Esses caras não são médicos ou soldados e muito menos cientistas. Uma placa escrito perigo surge na minha mente e um alarme soa, me alertando. Algo está muito errado aqui.

Volto-me novamente para Noah e percebo que ele continua na mesma posição, apenas observando os homens conversarem entre si. Eles falam algo sobre um próximo arrastão e sobre como um tal de Frank trouxe mais duas garotas com ele dessa vez. Respiro aliviada. Duas garotas, sobreviventes. Aqui então é mesmo um campo de refugiados.

– Que ótima notícia cara. – vejo falar um homem que está de costas pra mim. – Que bom que ele encontrou essas garotas, estamos precisando mesmo de carne nova no pedaço. Já me cansei das outras, estou precisando mesmo é de uma puta nova, de preferência bem apertadinha.

E os homens riem. Sinto um arrepio passar pela minha espinha. Isso não é bom, não é mesmo. Escondo-me melhor atrás da coluna e olho novamente para Noah que agora está virado pra trás, olhando pra mim. Ele me encara com os olhos arregalados de medo. Pobre garotinho. Ele não deve ter compreendido exatamente o assunto dos homens, mas deve ter entendido o suficiente para ficar assustado. Mexo a boca, dizendo que vai ficar tudo bem, e, em seguida, coloco um dedo sobre os lábios para indicar que ele faça silêncio. Noah balança a cabeça, assentindo pra mim. Precisamos sair daqui. Mas antes que eu possa pensar em uma escapatória, escuto um grito e vejo um dos homens puxar Noah pelo braço e arrastá-lo para o centro da sala.

– Olhem só o que temos aqui. – o cara diz.

Então, sinto um dos homens puxar com força o meu braço direito, me deixando exposta para o restante deles. Os caras me olham de cima a baixo e sinto meu estômago se embrulhar na mesma hora. Olho para Noah e vejo o homem careca segurando-lhe firmemente pelos ombros. O garotinho parece estar amedrontado e eu queria tanto lhe dizer que tudo ficaria bem. Mas tento me focar em alguma ideia para sairmos daqui primeiro. Decido não me mover por enquanto.

– Companhia em dose dupla. – um dos homens diz. Ele está parado a minha frente, enquanto outro homem segura meu braço e um outro está com Noah. Os demais dois caras estão apenas parados, observando com um brilho estranho no rosto. Nojentos. – Estão perdidos lindinha?

Levanto meu olhar e encaro o homem a minha frente. Seus olhos são pretos, realmente pretos, assim como o seu cabelo. Ele seria bonito se não fosse por uma cicatriz em seu queixo, ou talvez se ele não estivesse liderando alguma merda que está acontecendo aqui no QCI. Ele é mau, dá pra perceber de longe que não presta. Vejo o homem sorrir pra mim.

– Não vai responder não? - ele pergunta, como se isso o divertisse. Continuo calada, o encarando com cara de poucos amigos. Sinto o homem ao meu lado apertar meu braço, mas ainda permaneço na quieta. – Tudo bem então, vou interrogar o garotinho.

O homem se vira para Noah e eu imediatamente abro a boca. Não quero que ele nem se dirija a Noah, não sei o que esse cara quer dizer com “interrogar”, mas ele não parece do tipo que poupa crianças. O mundo de hoje em dia está cada vez pior.

– Quem são vocês? – digo, alto o suficiente para que o homem se vire para mim de novo. Ele olha rapidamente para o cara ao meu lado, mas logo volta sua atenção para mim.

– Que pergunta mais clichê. Seja mais criativa lindinha.

Franzo a testa, não entendendo. Reviro os olhos e decido tentar de novo.

– O que estão fazendo aqui no QCI? Se é que isso ainda é o QCI. – digo.

O homem de olhos pretos sorri novamente. Seu sorriso está me dando náuseas.

– Essa sim é uma pergunta interessante. Você parece ser bem espertinha. – ele fala, me dando as costas e começando a caminhar pela sala despreocupadamente. – Bom, o QCI está fora de funcionamento e já faz um tempinho já. Agora esse prédio é nosso.

– E o campo de refugiados? – pergunto. Eu tinha um pressentimento de que não deveríamos ter vindo até aqui. Eu sabia que iria dar em merda. Nunca quis estar tão errada na minha vida.

– Os refugiados estão mortos. Alguns por obra do destino, outros pelo tempo e pelas condições, já os restantes, assumo: a culpa é nossa mesmo. – o homem de preto responde ainda com aquele sorriso miserável no rosto.

Engulo em seco. Olho rapidamente para Noah e posso perceber o quão tenso ele está só de ouvir essas coisas. Me volto para o homem a minha frente de novo.

– Já perguntei isso, mas vou perguntar mais uma vez. Quem. São. Vocês? – digo, pausadamente.

Sinto o cara que estava ao meu lado, agora atrás de mim, se aproximar do meu corpo e encostar a boca no meu ouvido.

– Somos seu pior pesadelo. – ele diz e reajo na hora.

Levanto meu cotovelo livre e acerto com força a sua traqueia. O cara dá vários passos para trás, com a mão na garganta, tentando, de alguma forma, buscar ar. Não tenho tempo para observá-lo agonizar. Saco rapidamente a minha arma que estava atrás, no cós da minha calça, e atiro no homem careca que está com Noah. Meu tiro acerta-lhe em cheio na testa. Grito para Noah correr e vejo ele desaparecer por um dos corredores.

Os outros homens já estão alertas e atiram em minha direção. Corro para trás de uma das pilastras, me escondendo dos tiros por um instante. Sinto um forte arder no meu braço esquerdo, mas continuo atirando, acertando agora a barriga de um dos caras. Três ao chão. O homem de preto que não parava de sorrir, agora está totalmente sério. Ele está com a arma apontada para mim e dispara sem parar. Seu amigo, o caladão, também está atirando, mas esse, na correria, virou uma mesa e está atrás dela, se protegendo dos tiros. O homem de preto apenas está atrás de um sofá branco, e agora, esburacado.

Ouço-os atirar mais alguma vez e revido, apontando minha arma e puxando o gatilho. Nada acontece. Estou sem balas. O tempo que leva para eu pegar minha outra arma reserva é o suficiente para que me derrubem. Bato minha cabeça no chão e olho para ver o que me puxou, me deparando com o homem loiro que eu havia dado uma cotovelada na garganta. Merda! Deveria ter colocado mais força no golpe.

– Agora você não me escapa sua vagabunda! – ele diz, me dando uma coronhada na cabeça. Antes de eu apagar, vejo mais homens de preto se aproximando.

++++

Não sei há quanto tempo estou desacordada, mas ao abrir os olhos, sinto uma forte dor na testa. Ponho a mão e o vermelho do sangue pinta meus dedos. Viro a cabeça, tentando me sintonizar. Estou sozinha em uma sala pequena, sem móveis ou qualquer outro tipo de objeto. Isso mais parece um quarto, mas não sei como classificar. Minha cabeça dói. Olho para cima e vejo uma comprida janela de vidro na horizontal. Levanto-me rapidamente e na mesma hora, sinto uma tontura e uma dor no braço. Abaixo o olhar e fito uma macha vermelha em minha blusa. Levei um tiro. Que maravilha!

Sem pensar duas vezes, com o braço bom, rasgo a manga comprida da minha blusa, arrancando e amarrando o pedaço de pano em cima da ferida. Tenho que dar graças a Deus que a bala pegou apenas de raspão, senão a situação seria bem pior. Apesar da dificuldade, com a ajuda dos dentes, consigo amarrar bem apertado o pano e rasgo a outra manga da blusa para ficar igual.

Volto-me para a janela. Encaro o lado de fora e percebo que dá para um corredor onde parece haver outras salas ou quartos como este em que estou. As janelas são iguais, e só então vejo que há portas, quando noto as maçanetas do lado de fora. Olho para dentro do meu quarto novamente. Não há maçaneta do lado de dentro, só de fora. Droga de apocalipse. Se o mundo não tivesse ido à merda, duvido que eu estaria em uma situação tão fodida quanto essa.

Balanço a cabeça frustrada e olho mais uma vez pela janela. O corredor no meio dos quartos está vazio, mas, mais ao longe, consigo ver no final do corredor um homem armado. Ele está parado e olha distraidamente para o teto.

Me afasto da janela, sentando-me no chão. Preciso pensar. Ao que parece, estou ferrada. Não tem como sair daqui pela porta. A janela não é daquelas de abrir, é apenas um vidro. Não há nenhum objeto dentro do quarto com o qual eu possa quebrar a janela. Procuro pelas minhas armas. Legal, estou desarmada também. Suspiro alto. Não tem saída.

Espero que Noah esteja bem, que ele tenha conseguido correr o suficiente para sair daqui e encontrar nossa gente lá fora. Espero também que John note a minha ausência e venha me procurar. Não que eu queira que ele se meta numa fria com esses caras de preto, mas nesse momento, eu não tenho escolha a não ser permanecer sentada e esperar alguma coisa aparecer. Talvez alguém chegar para me salvar ou alguém chegar para que eu possa lhe render.

POV John

Logan, Russell e eu conseguimos entrar nessa merda de QCI, que de uma esperança de salvação para todos nós, acabou se tornando uma bela de uma armadilha.

Olho pela décima vez para Logan. Ele parece está aguentando bem, mas posso ver as gotas de suor escorrendo pela sua testa. Seu braço deve estar doendo como o inferno, e a febre da transformação já deve estar começando a assombra-lo. Logan é um bom cara, só o fato de ele estar aqui já prova isso. Ele não merecia esse fim.

Passamos pelas enormes portas de entrada e olho ao redor, estranhando o fato de não haver ninguém por aqui. Ninguém vigiando a parte de fora e muito menos a entrada. Que porcaria é essa? Passamos por uma espécie de recepção, seguimos por um corredor e viramos por outro. Ouço barulho de tiros e logo estou completamente em alerta. O tiroteio continua e apressamos o passo, seguindo em frente. Alguma coisa me diz que America está no meio dessa merda.

Paramos quando ouvimos passos e todos já apontamos a arma para o que está vindo, mas então vemos Noah correndo em nossa direção totalmente desesperado. O garotinho abraça a cintura de Russell e o mesmo nos olha sem entender nada. Encaro de novo o corredor. Nem sinal dela.

Noah se afasta de Russell e então se vira. Lágrimas escorrem de seus olhos e ele parece estar aterrorizado. Trinco o maxilar.

– O que houve Noah? Cadê a America? – pergunto, não aguentando mais o maldito silêncio.

Observo o garoto olhar para baixo e em seguida para o corredor.

– Ela me disse pra correr, enquanto ela atirava nos homens. – ele disse, a voz soando embargada.

Russell olha pra mim com um vinco na testa e depois se agacha, ficando na altura de Noah. Quando ele fala, tenta ser o mais suave possível e sei que é para não assustar ainda mais o garoto.

– Que homens Noah?

– Os homens estavam lá dentro. – ele aponta para o final do corredor. – Eles pegaram a mim e a tia America, e eles disseram que não tem mais QCI, que agora esse prédio é deles.

– Os caras que o Craig falou. Os Piratas. – digo, me dando conta da situação fodida em que estamos. Se esses homens forem mesmo o que Craig disse, não posso imaginar o que eles podem estar fazendo com a America nesse exato momento. Passo a mão na nuca, frustrado. Filhos de uma puta! Não posso ficar aqui parado. – Estou indo atrás dela.

Quando estou me encaminhando para adiante no corredor, Logan entra na minha frente, bloqueando meu caminho. Olho pra ele com a minha pior cara. Essa não é uma boa hora para bater de frente comigo.

– Olha cara, a gente precisa pensar antes de sair que nem louco por aí. Não dá para arriscar a nossa vida e a dela sem ter pelo menos um plano em mente. – Logan diz e o desgraçado tem razão.

Ouvimos mais tiros e eu avanço mais uma vez em direção ao final do corredor, mas Russell se junta a Logan e me interceptam de novo.

– Não poderemos tirar a America daqui, se estivermos mortos. Vamos bolar alguma coisa primeiro John.

– Eles podem estar atirando nela agora porra, podem estar matando ela! – digo, nervoso.

– Se esses caras forem mesmo o que Craig disse, estupradores... Bem, eles não vão matar ela. – Russell fala e sinto um arrepio passar por minha espinha. Russell põe a mão em meu ombro. – Vamos acha-la antes John. Fique calmo.

Assinto com a cabeça. Vamos acha-la antes. É claro que vamos. Pense positivo pelo uma vez na sua vida miserável John, seu imprestável de merda.

Escuto mais um barulho de tiro e não me contenho. Corro pelo corredor, deixando os outros para trás. O barulho cessou, mas continuo correndo. Paro quando chego ao final e me encosto na parede, olhando para uma sala branca e tomando cuidado para os homens que estão lá, não me verem. Posso vê-los de onde estou, mas eles não conseguem me enxergar por causa de algumas pilastras que estão ali. Agradeço mentalmente a J.C., obrigado Senhor.

Conto em torno de seis homens. Estão todos vestidos de preto como se fossem uma fodida seita idiota. Vejo um homem morto no chão, mas outro está transformado, se arrastando tentando alcançar aqueles que um dia foram seus parceiros. Um homem de cabelo também preto dá um tiro na cabeça do walker, que imediatamente caí no chão, deixando mais um poça de sangue marchar o piso branco. Que lugar mais estranho.

Corro os olhos e encontro America caída no chão. Ela parece estar desacordada, porém tem um corte na testa. Um dos homens para em pé ao seu lado e a observa.

– O que vamos fazer com essa louca? – ele pergunta para ninguém especifico.

– Colocá-la onde estão as outras garotas ué. – um outro responde, dando de ombros.

– E o moleque?

– Deixa ele pra lá. Se conseguiu sair do prédio, vai ser pego por zumbis na rua, e se não saiu, depois a gente encontra. – fala o homem que havia dado o tiro no outro.

– O garoto é inofensivo, o problema é ela, que é arisca.

– É só domá-la. E eu quero ser o primeiro a tentar. – um cara loiro diz e eu me seguro para não partir para cima dele. Puto nojento.

– Depois resolvemos isso. – o homem do tiro falou. – Vince, pegue ela e a leve para onde deixamos as outras garotas. Ah, e chame alguma vadia para vir limpar a sujeira que está isso daqui.

Então vejo o cara loiro, Vince, pegar America desacordada no colo e seguir para a esquerda, saindo do meu campo de visão. Antes que eu vá atrás deles, sinto alguém segurar o meu braço me impedindo. Olho para trás e ali está Russell, Logan e Noah. Ouço passos se distanciando e as vozes ficando mais baixas. Os homens estavam saindo dali.

Russell solta meu braço e faz sinal com a cabeça. Voltamos um pouco ainda no corredor e Logan abre a porta de uma sala ao lado e todos nós entramos, trancando-a a seguir.

– Eu tenho um plano.


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Notas finais do capítulo

Curtiram? De quem será que foi o plano?
John impulsivo é tão ❤️ hahah então, no próximo capítulo a porra vai ficar louca, porque teremos uma America descontrolada, um John mais descontrolado ainda e um bando de mulher mais descontroladas do que os dois juntos. Oops spoiler!
Não se esqueçam de deixar reviews para comprovarem que estão vivos. Beijin :)