Scream For Me escrita por Camila


Capítulo 14
Encurralados


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEY! Feliz 2015 para todo mundo! Como vocês passaram as festas de final de ano?
Voltei galera e cheia de novidades! Hoje tem um capítulo delicioso narrado pelo John, e aposto que vocês vão sanar muitas dúvidas e curiosidades suas.
Agradeço a Linne Barbaresco por ter favoritado SFM, valeu gata ♥, e um muitissimo obrigada a tooooodos que estão acompanhando a fic, que estão deixando reviews e que fazem meu dia mais feliz! (tudo porque quando eu leio os comentários, um sorriso cresce no meu rosto!) ~ momento fofo :') ♥♥♥♥
Vocês sabem que eu enrolo, mas vocês sabem que me amam hahah
Sem mais blablabla, mais um capítulo de Scream For Me!



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POV John

Puta que pariu. Pisco meus olhos não acreditando na merda que eu vejo. Ali, escorado nas escadas de incêndio na lateral do prédio, está Craig. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver esse filho da puta! Sorrio. Aponto minha arma em sua direção, balançando-a.

– Tá vivo desgraçado?

Craig ri pelo nariz e acena com a cabeça, indicando para ir lá pra cima. Vou até a lateral do prédio, e subo rapidamente as escadas de incêndio.

Quando chego perto de Craig, ele vem até mim, me dando um forte abraço, batendo em minhas costa. Faço o mesmo.

– Por incrível que pareça. senti sua falta. - ele diz.

– Pensei que estava morto. - digo me afastando. Craig dá um suspiro cansado e se senta no chão, colocando suas pernas para fora da escada e balançando-as. Estamos no segundo, terceiro andar do prédio. Me sento ao seu lado e vejo Craig levar uma garrafa de whiskey na boca. Onde caralho ele arrumou isso? Franzo as sobrancelhas. Espero ele começar a falar.

– Foi um caos. - ele diz. - Estávamos lá, de boa na estrada. Todo mundo meio que mal pela morte da Ana, e apreensivos com a bebe que não parava de chorar. E do nada, uns carros chegaram e foderam com tudo.

Craig me olha, triste, e me oferece a garrafa. Aceito prontamente. Dou um grande gole, sentindo o whiskey descer queimando pela minha garganta. Uma sensação fodidamente boa, admito. Devolvo o Jack Daniels para Craig e ele bebe mais um pouco. Ficamos em silencio, mas logo ele volta a falar.

– Era tiro para todo lado, você tinha que ver. O caras estavam armados até os dentes. Eles chegaram, mataram e levaram com eles.

– Levaram?

Meu amigo se vira pra mim e logo volta a encarar o beco. Ele abaixa a cabeça e a balança pesadamente. Encaro o corpo de Nora. Viro o rosto.

– Eu vi os filhos da puta levarem duas mulheres. Emma e Cassidy. Não sei se pegaram mais ou não, não consegui ver ao certo. - me lembro da duas. Emma era quieta e meio inocente, mas muito bonita, já Cassidy, uma mulher destemida. Esqueço-as. Craig continua falando. - Eu tinha que sair dali e dar um jeito de salvar Nora.

Nora. Ele tocou no nome que eu não queria ouvir. Doía. Ela sempre esteve conosco, desde que o mundo foi a merda. No começo, era apenas uma enfermeira comum, que deu a sorte de não morrer enquanto fugia, mas com o passar do tempo, ela mudou. Ficou forte. Se tornou quase uma irmã para mim. Balanço a cabeça.

– Como foi com ela? - pergunto a Craig e ele logo entende o que eu quero dizer. Olho para meus pés, esperando.

– Bem, eu consegui tirá-la de lá antes que aqueles merdas colocassem seus olhos nela. Fugimos para a floresta e corremos o máximo que nossos pulmões permitiram. - ele dá mais um gole no Jack Daniels. - Mas aí eu reparei que ela estava meio pálida demais, e então a Nora começou a diminuir o ritmo e tudo mais. E quando olhei para ela de novo, vi uma maldita mancha de sangue na sua barriga.

Puta merda. Arregalo os olhos e engulo em seco. Craig para de falar e se levanta de repente. Ele olha alerta para o final do beco e eu sigo o seu olhar. Walkers. Muitos walkers. Eles viam andando da rua que eu havia reparado antes, e agora estavam vindo em nossa direção.

– Por que você tinha que usar a porra de uma arma cara? E ainda dar dois tiros, dois! - Craig esbraveja, subindo mais as escadas. Deixando o whiskey para trás. Sigo-o. Hora olhando para trás e vendo os malditos walkers grunhindo e esticando seus braços podres, numa tentativa mais do que falha para nos alcançar.

Ao chegarmos ao terraço do prédio, olho para baixo e vejo os zumbis lá, inundando o beco antes calmo. Xingo mentalmente. Caralho, não tenho nem um minuto de sossego. Craig me chama e seguimos, indo para a outra borda do terraço, que dava para um outro beco. Descemos rapidamente as escadas. Craig vai na frente. Pulo quando estou perto do chão e corremos, indo até o final desse beco, que dá para uma outra rua.

Encurralados. Estamos encurralados e tentamos voltar. Os zumbis estão em nossa frente, impossibilitando nossa saída do beco. Damos passo e mais passos para trás, voltando para onde estávamos antes. Semicerro os olhos e trinco minha mandíbula. Paramos no lugar. Puta que pariu! Estamos cercados.

Olho rapidamente para Craig e ele está mortificado, olhando para a multidão de walkers que vem em nossa direção. Pela frente e por trás. Desgraçados da porra! Não vou morrer hoje. Não espero que Craig acorde para vida e dou um tapa em seu braço, chamando sua atenção. Sigo correndo em direção a uma porta em um dos prédios e a arrombo usando minha arma. O barulho dos tiros chamam ainda mais a atenção dos walkers, que correm até nós.

Entramos rapidamente pela porta. Travo-a. Olho ao redor, acho um pedaço grosso qualquer de madeira e o passo pela alça da porta, fechando-a. Uma porta escrota nos separam dos malditos zumbis. Tenho tempo para respirar fundo. Vejo que Craig se encostou em uma parede. Ele se assusta quando os walkers batem com tudo contra a porta.

– Vamos sair logo daqui. Essa porra não vai aguentar muito. - digo, me referindo a porta, que logo irá ceder aos baques dos mortos.

Craig faz que sim e adentramos mais o prédio, a procura de algum lugar seguro para ir. Aqui parece ser uma especie e galpão para alguma merda, ou pelo menos era. Precisamos dar o fora o mais rápido possível. Não quero estar aqui quando os walkers arrebentarem aquela porta, porque eles irão. AH, eles sempre dão um jeito. Filhos da puta!

– Quantos você acha que tem lá fora? - Craig pergunta.

– Não sei, uns vinte, talvez mais.

– Quantas balas você tem?

– Não seja cacete. Não vou enfrentar aquela horda com quatro balas na gulha, e com você bêbado por perto.

– Não estou bêbado porra. - ele diz, me seguindo para o andar de cima do velho galpão. - O álcool que entrou no meu organismo, a essa altura já evaporou com toda essa adrenalina.

– Sei. - digo levantando uma sobrancelha e indo até uma janela de um grande escritório improvisado.

Ouço o som de mais uma bancada forte. Parece que os walkers lá embaixo estão famintos. Reviro os olhos. Olho pela janela, para a rua. Penso. Vou até a porta que acabamos de passar e a tranco. Começo a empurrar um grande arquivo para a frente da porta para bloqueá-la, e Craig logo vem me ajudar. Porra que negocio pesado. Quando está feito, paro e olho para a parede, feita metade de vidro. Xingo mentalmente. É... Que irônico. Isso não ajuda muito. Penso. Ando de um lado para o outro. Passo a mão em minha nuca. Penso.

– Para com isso cara! - Craig diz. - Precisamos sair daqui e você com essa andança aí tá me deixando nervoso!

– Ah vai se foder! - xingo de volta. Paro. Olho para Craig. - E o resto da historia?

– Que historia?

– Do que aconteceu? Com a Nora.

Craig abaixa a cabeça e suspira baixo. Quando volta a levantá-la, seus olhos estão mais tristes, melancólicos. Me preparo para ouvir.

– Parei na parte de quando eu percebi no sangue na barriga dela né? - ele pergunta. Faço que sim com a cabeça. - Ok. Então, a Nora tinha levado um tiro. Não sei bem o porque, mas nem ela e nem eu tínhamos nos dado conta disso antes, mas foi o que aconteceu. Eu lhe disse que iria ficar tudo bem... - ele faz uma pausa. - Mas não ficou.

Estremeço ao ouvir mais um baque contra a porta de metal lá embaixo. Não vai aguentar muito mais, mas eu preciso ouvir o resto. Eu preciso de um maldito desfecho.

– E então?

– Nora se agarrou a mim e eu fui ajudando-a. Andamos pra caralho, e quando estávamos chegando perto da cidade, vi um carro abandonado e corri em direção a ele. Nora estava perdendo sangue demais, e andar estava acabando com ela sabe? Ela não dizia nada, não reclamava de nada, mas eu sabia. Bem, acabou que consegui fazer ligação direta no carro e trouxe Nora para Staunton. - Craig fez uma pausa para coçar a garganta. - Encontramos uma biblioteca. Eu limpei o lugar o melhor que eu pude, enquanto deixei Nora no carro, em segurança. Não demorei muito, pois tinha poucos walkers lá. Pessoas parecem que não gostavam muito de bibliotecas. - reviro os olhos. Craig continua. - Trouxe ela, ficamos bem, tentei fazer um curativo, mas não deu muito certo. A enfermeira da situação era ela, e a Nora não estava muito consciente naquele momento. Apenas tentei estancar o sangue o melhor que eu pude...

E agora vem o inevitável. A parte que eu sei que ela morre. Não porque é obvio, até porque Craig nem chegou a pronunciar as palavras ainda, mas eu sei. E sei porque, enquanto ele falava, era como se a esperança estivesse sendo tirada dele a cada frase, e depois dessa ultima, dessa longa pausa, não há mais esperança nenhuma. Respiro fundo.

– Ela morreu. - Craig diz por fim. - Ela morreu e não havia nada que eu podia fazer para mudar isso. Nora se foi, não por causa daquelas coisas desgraçadas que tomaram conta do nosso mundo, mas ela se foi por causa de uma bala perdida caralho. Uma maldita bala perdida. De um puto que não deveria estar lá...

Fico em silencio e Craig também.

– E o que aconteceu depois? - pergunto ao ouvir mais um baque na porta. Não temos mais tempo. - Como ela chegou naquela situação que eu a encontrei?

– Não tive coragem de meter uma bala no cérebro dela, nem uma faca, nem nada do tipo. Apesar na blusa dela estar todo suja de sangue, o rosto da Nora tão sereno, que eu não tive coragem. - Craig me encara com lágrimas nos olhos. Ele desvia o olhar. - Então, eu só a deixei no beco. Deitada ali. Peguei uma garrafa de Jack Daniels que eu tinha achado na biblioteca - ele riu sem graça. - e apenas fiquei ali também. Olhando para ela. Olhando quando chegou um walker e começou a devorar ela. Eu só fiquei ali, bebendo e olhando.

– Você sabia que ela ia voltar, não sabia?

– Sim. E eu esperava que ela viesse e acabasse com a minha vida miserável.

Não consegui pronunciar porra de resposta nenhuma para isso. Ficamos totalmente quietos. Tudo está mergulhado em silencio. Mas então, ouvirmos o baque final e a porta debaixo ceder. Olhei para Craig.

– Nós não vamos morrer hoje meu amigo.

Peguei uma cadeira que está ali e a bati contra o vidro da janela. Ele se estilhaçou em mil pedaços. A essa altura Craig já se levantou e está de pé ao meu lado. Sinalizo para ele passar primeiro e Craig o faz, pulando pela janela e indo parar na escada de incêndio ao lado. Obrigada Senhor por essas malditas escadas! Vivem salvando vidas.

Olho para trás e vejo que os walkers já estão ali. Separados de mim apenas por aquela parede de vidro idiota. Eles batem no vidro, sedentos. Sorrio largamente. Mostro o dedo do meio para eles, ainda sorrindo e pulo pela janela, encontrando Craig do outro lado. Descemos as escadas e corremos para a rua, quase deserta nesse momento. Continuamos correndo, só que agora em direção a biblioteca. Olho para o meu braço direito e vejo um grande corte que não estava ali antes. Minha pele está aberta e sangrando. Essa porra doi, é claro, mas continuo.

Ao chegarmos a parte dos fundos da biblioteca, estamos sem folego. Paramos para respirar um pouco. Craig olha pra mim e não demora para ver o meu braço sangrando. Seus olhos se arregalam.

– O que foi que aconteceu ai cara?

– Devo ter cortado meu braço em um pedacinho de vidro da janela quebrada. - digo. - Tá de boa.

– Tá de boa o caralho! Esse negocio tá feio! - diz apontando para o meu braço. Ele balança a cabeça. - Anda, vamos entrar logo.

Dou um jeito de pular o portão e Craig o pula depois de mim. Ando até a porta e a abro sem problemas. Antes que eu dê mais um passo, sou parado por uma voz.

– Aonde é que você estava, seu filho da puta?


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Notas finais do capítulo

E então gentee? O que acharam?
Craig is alive!
Opiniões? Comentários? Sugestões? Vocês sabem que eu adoro ouvir/ler.
Próximo capítulo está prontinho bonitinho, e sai na segunda feira sem desculpas e sem atrasos. Prometo! Que loucura vai ser a America perdida no meio de tanto homem né? Mas ela sabe se comportar e eles também... Ou não! Ahahaha
Geeeente tenho tantas ideias, tantas coisas planejadas para essa fanfic, que acredito que vocês vão me ver por aqui por muito tempo! o/
Ah, e só para avisar, resolvi postar Scream For Me também no site Social Spirit. Não sei se vocês conhecem, mas é bem legalzinho. Comecei faz pouco tempo, portanto vocês estão na frente ahahaha
Até mais e beijocas!