A última pétala escrita por Ann


Capítulo 2
Minha doce trança


Notas iniciais do capítulo

Aqui continuamos a história de Rachel Downfair. Os fatos narrados neste capítulo se passam 12 anos depois do capítulo anterior, ou seja, do nascimento de Richard Downfair.



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Richard: Mãe, isso não está muito pesado? - ele perguntou e antes de eu poder responder, pegou a cesta de roupas de minha mão. - pode ir indo para cozinha, eu começo com essas aqui.

Sim, nós fazíamos nossas vidas deste jeito... Lavando e cozinhando para estranhos. Não me agradava o fato de deixar minha bela Claire com seus quinze anos limpando a casa dos outros, ou o meu pequeno Richard me ajudando a lavar as roupas enquanto eu cozinhava, mas esta era nossa única solução.

Ao final do dia nos reuníamos na nossa pequena casa que ganhei de Johanna klaptouch, a governanta dos Weltear que presenciara tudo que aconteceu comigo e decidiu ajudar. Aqui foi onde ela morou antes de trabalhar para Vincent, mas nunca se desfez da casa. Nunca consegui agradecer ao favor, nem contatar nenhum dos Weltear's.

A casa ficava longe da grande mansão que um dia eu chamei de lar.

Nesta noite em particular, eu flagrei Claire na frente do espelho trançando os cabelos longos e negros.

Claire: Eu queria ser como você, mãe.

Ela falou fitando o meu reflexo no espelho.

Eu: Como assim? És linda, minha pequena.

Claire: Mas eu queria ter seus olhos. Olhe só para você, já passou dos vinte anos mas continua bela como uma rosa.

Estremeci ao ouvir minha filha me comparar com uma flor, igual ao pai. Porém fitei meu reflexo no espelho. A mulher que me olhou de volta era muito diferente da garotinha que costumava me olhar antigamente. Eu tinha desenvolvido bem meu corpo apesar das contínuas surras sofridas no passado. Meus lábios eram finos demais para meu gosto porém a mulher tinha os olhos azuis genuínos, dignos da atenção de alguns patrões mal-intencionados. Enquanto eu me olhava, Claire se levantou do banco e pegou minha mão. desviei os olhos da estranha e olhei para o reflexo da minha filha, mais conhecido aos meus olhos.

Ela me sentou no banco da frente do espelho e começou a trançar meus cabelos, suas mãos macias e experientes em meus fios eram reconfortantes. Fitei seu rosto concentrado na tarefa, seus lábios eram mais cheios do que os meus, porém tínhamos o mesmo nariz e o mesmo formato dos olhos, os dela eram negros como a noite sem estrelas. Minha menininha já estava virando uma mulher, e logo iria se apaixonar, talvez se casar! Mas eu não deixaria ela casar com qualquer um. Claire jamais passaria pelo mesmo que eu.

Claire: O que acha? - ela falou quando terminou.

Me fitei novamente, meu cabelo trançado caia pelo meu ombro direito.

Claire: Você podia tentar se casar novamente...

Eu: Não.

Este era um dos assuntos em que eu não era gentil com ninguém. sem chance.

Claire: Tá bom mamãe, não se irrite!

Sorri para ela através do espelho.

Então Richard entrou no quarto.

Richard: Claire tem um moço aí fora buscando por você.

Me virei e olhei para a minha filha.

Eu: Alguma ideia de quem é?

Ela corou.

Claire: Eu já volto.

Eu: Nada disso, vamos juntas.

E descemos. Eu conhecia aquele rapaz na minha sala.O terno contrastando com toda a simplicidade do ambiente... Era William Poupllet , um jovem inglês recém chegado da Índia. Claire limpava a casa de seus pais uma vez por semana.

William: Boa noite madame Downfair. - ele pareceu desconcertado em me ver ali.

Eu: Sr Poupllet.

William: Chame-me de Will.

Claire: Will, o que você...

William: Perdão Claire, eu não pude me conter.

Richard: O que está acontecendo aqui? - ele tirou as palavras de minha boca.

William: Eu vim pedir a mão de sua filha.

O QUÊ?????!

Eu: Como? - tentei disfarçar minha surpresa, mas acho que não fui capaz de tal feito.

William: Eu estou apaixonado por sua jovem filha há meses.

Eu: O Sr e a Sra Poupllet estão de acordo?

Ele pareceu encabulado com essa pergunta.

William: Eu pensei em falar com a Sra primeiro.

Eu: Pois o Sr deve conversar com seus pais primeiro, quando tiver uma resposta poderá vir novamente.

Claire o olhava com um amor belo e juvenil e o jovem retribuiu o olhar.

Eu: Vem, Rick, vamos dar alguns minutos ao casal.

Richard: Mas mãe..

Eu: Cozinha, agora.

E quando eu estava saindo ainda consegui ouvir.

Claire: Não acredito, que coragem.

William: Por ti, jovem Weltear, eu faria de tudo.

Richard simulou um vômito e eu tive que dar risada.

Richard: Eu seeeei, um dia vou entender - ele falou revirando os olhos e imitando a minha voz. Ri mais alto.

Eu: Exatamente.

Richard: Sobrou bolo?

Eu: Sim... as vendas estão péssimas.

Richard: Isso me alegrou agora.

sorri pela terceira vez nos últimos cinco minutos, só por causa de meu filho.

Mais tarde, eu pude ouvir Claire suspirar antes de adormecer, e não pude deixar de ficar feliz por minha filha, digo, eu conhecia William Poupllet desde que ele era um menininho, esbarrando no meu vestido enquanto me pedia mais um pedaço de bolo, sabia que ele era um ótimo rapaz... ao contrário de seu pai.

William Poupllet havia viajado para a Índia com seus 18 anos, para aprender mais sobre a empresa que o pai possuía naquele país, agora, depois de dois anos volta e se apaixona pela minha pequena Claire. Minha filha definitivamente merecia esse final feliz.

Hoje me arrependo de ter concebido a minha benção, mas na hora parecia a coisa certa para se fazer.

Como esperado, os Poupllet odiaram a ideia de seu primogênito se casar com a filha da empregada, porém o jovem foi duro em sua decisão e foi atrás de seus objetivos. em menos de uma semana, o casório já estava armado, mesmo contra a vontade de seus pais.

Um dia antes do grande dia, o Sr Poupllet bateu em minha porta.

Eu: Pois não?

Sr Poupllet: Olha, Rachel...

Eu: Sra Downfair.

Sr Poupllet: Que eu saiba, você perdeu seu sobrenome.

Eu: O que deseja?

Sr Poupllet: Você deve concordar comigo que este casamento é loucura , certo? - ele olhou para mim e com a minha falta de resposta, prosseguiu- É pelo dinheiro? Eu posso dar dinheiro para vocês! Só não quero que uma paixão juvenil acabe com o meu herdeiro!

Eu: Não, é pelo dinheiro, pois pelo que eu sei, suas empresas estão começando a falir e a família Poupllet não tardará a cortar alguns luxos. Nossos filhos se amam Sr. E acho que devemos respeitar isso.

Sr Poupllet: Ora sua... - ele avançou em minha direção. Eu notei uma pistola em seu cinto, nela tinha um símbolo dourado, o brasão dos Poupllet.

Richard: EI, o que quer com a minha mãe, Sr Poupancet?

Não pude deixar de sorrir com essa. Richard poderia ter apenas doze anos, mas já era corpulento e um homem franzino e frágil como o Sr Poupllet pensaria duas vezes antes de encará-lo.

Sr Poupllet: Eu já estou te dizendo, Sra Downfair que se esse casamento não for interrompido... - ele ignorou meu filho, mas eu o interrompi.

Eu: Isto seria o início de uma ameaça?

Sr Poupllet: Um aviso. E foi dado. passar bem. - ele falou virando as costas para mim, mas sem tirar os olhos de Richard.

O menino andou até onde eu estava e me envolveu pela cintura.

Richard: Está tudo bem, mãe?

Eu: Claro. O Sr Poupancet Não irá mais incomodar, querido.

Queria eu que essas palavras fossem verdade.

Então veio o dia especial para a minha filha. Ela fez questão de usar o mesmo vestido que eu usei, não que isso fosse dar sorte, mas sim uma forma singela de dizer que ela queria ser igual a mim, e insistiu para que eu entrasse com ela na igreja, o que eu fiz de bom grado. Do primeiro banco o Sr e a Sra Poupllet nos olhavam. Ele com o desprezo mal disfarçado, ela aparentemente feliz por seu precioso filho.

Naquele dia, Claire Weltear se tornou oficialmente Claire Poupllet.

Claire: Você nunca mais terá de lavar roupas mãe!

William: Fazemos questão que venham morar conosco após a lua de mel, Sra Downfair.

Eu não sabia o que dizer para eles. Abracei William como meu novo filho e dei a minha benção para que eles viajassem em segurança.

Porém, porém...

No tardar daquela madrugada ouço um barulho em minha porta. Richard imediatamente aparece do meu lado com um bastão na mão, e juntos abrimos a porta.

Era o inspetor Chase.

Chase: Sra Downfair?

Eu: Sim.

Chase: Desculpe incomodá-la nesta hora tão inconveniente, porém temos más notícias.

Eu: Sim?

Chase: É com muito pesar que informo que William Poupllet e Claire Poupllet foram encontrados mortos no quarto onde se preparavam para viajar.

Eu: Como?

Chase: Os dois com tiro na testa, acreditamos que foi suícidio combinado.

Richard: Não encontraram nada lá além dos corpos? - ele estava estranhamente calmo para a situação.

Chase: Estou voltando da cena agora, tudo que encontrei foi isso- e ele levantou um saco de papelão e o abriu.

Dentro havia uma pistola negra.

As lágrimas vieram antes que eu pudesse conter e Richard me segurou para que eu não caísse no chão.

Na lateral da arma havia o símbolo dourado dos Poupllet gravado.


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Notas finais do capítulo

Heeey, o que acharam? Sim eu sei que comecei a história hoje e já to postando o segundo capítulo, é por causa da minha inspiração do dia... não posso garantir que vai ser sempre assim mas farei o meu melhor =) comentem suas opiniões!



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