Todos Iguais escrita por Mi Freire


Capítulo 56
Pedro




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Tudo bem que eu nunca tenha sido tão experiente quanto o Rafael em relacionamentos com outras garotas, mas eu já tive sim os meus momentos, as minhas fases, as minhas conquistas e as minhas próprias experiências. Eu tenho sim minhas próprias historias para contar. Já conheci um milhão de garotas por aí, cada uma de um jeito, com uma personalidade e estilo diferente e admito que cada uma delas me ensinou muitas coisas.

Digamos que com a Natália eu tenha ido mais longe de todas as outras anteriores. Com ela tive meu primeiro relacionamento mais sério, com direito a irmos um na casa do outro, compartilharmos a mesma cama em alguns momentos, termos nossas próprias intimidades e conhecermos a família um do outro. Era um namoro sério, que durou um precioso tempo que eu jamais poderia me esquecer, nem mesmo se quisesse.

A princípio eu não pensei nesse tipo de coisa quando comecei a ficar com a Maria Eduarda as escondidas. Eu ainda estava muito traumatizado por meu relacionamento anterior não ter dado certo, me fazendo acreditar que muito provavelmente o problema era eu e que não saberia fazer novos relacionamentos darem certo, porque, bom, eu não me considerava muito bom nisso. Mas pelo menos eu permiti que as coisas rolassem, acontecessem do jeito que tinha que ser, mas sem criar muitas expectativas.

Eu gosto dela pra valer. Mesmo que antes de tudo isso, eu tenha a desprezado. Mas tudo pode mudar, não é mesmo? E foi exatamente o que aconteceu, coisa que eu não esperava e nem imaginava. Ficar com ela é bom, ela é imprevisível, marrenta de um jeito encantador, não é muito grudenta, é um pouco ciumenta mas eu gosto disso também, sabe o que fazer ou dizer, é experiente, dependente, madura, tem uma personalidade única, forte e marcante e não é do tipo de garota que a gente fica e esquece no outro dia, porque ela sabe ser incrível quando quer.

Ainda assim, eu não ficava feito um bobo deitado na minha cama um pouco antes de dormir, idealizando um futuro em que estivéssemos juntinhos. Até porque eu tinha muito medo de me amarrar/prender a esse ponto e por fim acabar com o coração partido e estraçalhado como da ultima vez. Porque por mais que a Maria Eduarda diga que me ama ou que é louca por mim, não tem como eu saber cem por cento o que ela diz e o quanto do que ela diz é verdadeiro. Eu não quero ser o mais apaixonado e o que mais ama entre nós dois. E tem também aquele lado em que eu corro o risco de estar com uma pessoa que pode colocar tudo a perder por um deslize.

A verdade é que eu estou, ou melhor, estava apavorado e inseguro.

E fiquei ainda mais quando vi o pai dela bem na minha frente.

Eu fiquei ainda mais nervoso quando percebi que estava usando apenas a minha calça e que ela estava nua, usando apenas a minha camiseta. E que ambos estávamos meio corados, descalços, suados e com os cabelos bagunçados, já que estávamos muito perto de... Vocês sabem o quê.

Eu não pensei que pudesse ser ele ali, ela tinha me falado muito pouco sobre seu pai desde que engatamos nesse relacionamento ultrassecreto. E quando a campainha tocou, eu simplesmente saí correndo, imaginando que pudesse ser o cara da pizza ou um vizinho chato. Mas não. Não era nenhuma das opções. Simplesmente era o pai dela. Deduzi logo de cara, já que ele tinha os cabelos dourados e os mesmos olhos cinzas. Além de estar vestido casualmente muito bem.

— Pai? – perguntou ela surpresa ao surgir logo atrás de mim, dando ainda mais certeza a minha dedução. — O que você está fazendo aqui?

— Ué – ele abriu um sorriso que me deixou um pouquinho mais calmo. Não sei por quê. — eu não posso mais fazer uma simples visitinha a minha única filha? – ele fez ar de ofendido. — Ah, que pena. Então eu vou embora. – ele foi virando lentamente, fazendo graça.

— Ah, papai. Para de ser bobo! – Duda o puxou, ficando entre nós. E ela o abraçou, ficando na ponta dos pés por ele ser pelo menos uns dez centímetros maior que nós dois. — Eu senti sua falta.

Enquanto a abraçava de volta, ele deu uma piscadinha amigável na minha direção. E eu sorri, apesar de estar extremamente envergonhado.

Não pareceu certo, mas a Maria Eduarda convidou o pai para entrar e se sentar em seu sofá, enquanto fazia uma centena de perguntas a ele. Desde o motivo de sua repentina visita a seu novo apartamento a como estavam às coisas na fazenda. E eu fiquei de lado apenas escutando, ainda sem a minha camiseta e me sentindo absurdamente mal. Nem conseguia olhar para eles. Já a Duda parecia tão tranquila, animada e à vontade.

Imaginei que tipo de relação eles tinham.

Será que ele como pai já estava acostumado a flagra-la naquele tipo de situação?

Um pouco depois enfim a comido que tínhamos pedido por telefone chegou. E a Maria Eduarda correu até o quarto, vestiu seu shortinho jeans e desceu para pegar o pedido lá em baixo no prédio, mesmo eu tendo insistido para ela fazer companhia para o pai e me deixasse encarregado disso.

Eu nem me atrevi a olhar para o senhor a minha frente, porque não saberia o que dizer. E se deveria dizer alguma coisa, além de tentar ser educado. Mas notei pelo canto do olho que ele estava observando atentamente a decoração do novo apartamento da filha.

Ele pigarreou. E eu tive que olhar para ele.

— Então, você é o namorado da minha filha? – perguntou ele, assim, numa boa. Até sorria um pouco.

Não sabia dizer se aquilo me assustava ou me deixava aliviado.

Também não saberia dizer se ele estava tentando ser legal comigo por educação a sua filha ou se estava tentando me intimidar.

— Namorado... Ainda não. – digo, tentando soar tranquilo. — Digamos que, ainda estamos nos conhecendo um pouco.

— Ah. – ele desviou o olhar por um momento. — E vocês já estão dormindo juntos há quanto tempo?

Certamente se eu estivesse bebendo algo nesse momento já teria cuspido tudo, tamanha surpresa de sua pergunta tão direta.

Ele riu da minha cara de apavorado.

— Desculpe, eu não queria ser tão direto ou tão intrometido. – disse ele, todo extrovertido. — Mas você sabe como são as coisas, né? Ela é minha filha.

— Tudo bem. Sem problemas. – tentei sorrir, mais nervoso agora. — Na verdade, não faz muito tempo. Apesar de nos conhecermos há um tempinho... É que não foi bem amor à primeira vista, se é que você me entende. – eu ri, meio sem jeito. — Ela é linda e tudo mais, mas não me atraiu assim de inicio. Até porque na época eu tinha namorada.

— Hum. – ele assentiu, sorrindo torto. — E qual é o seu nome mesmo?

— Ah. – dou um tapa na minha própria testa, o que o faz rir um pouco do meu embaraço. — Eu sou o Pedro. E você, senhor?

— Eduardo. – ele estende a mão e eu a aperto. — Prazer, Pedro.

— O prazer é todo meu.

Sorrimos um para o outro.

Comecei a me perguntar se a Maria Eduarda não estava devorando de propósito.

— Aliás, foi você quem a ajudou na mudança de hoje? – ele quis saber, não permitindo que um silêncio constrangedor ficasse entre nós. Já que eu era péssimo naquilo de puxar assunto e tentar ser legal e sociável. Inclusive com o pai da minha quase namorada.

— Ah, sim. Eu a ajudei, senhor.

— Você não tem que me chamar de senhor. Pode me chamar apenas de Eduardo mesmo. Afinal, esse é o meu nome. – ele abriu um pouco seu sorriso, que por sinal era muito parecido com o da filha. — Fico feliz em saber que terei uma companhia masculina no tempo em que estiver hospedado aqui. Certamente nos tornaremos bons amigos.

Assenti, em concordância. Receoso e empolgado ao mesmo tempo.

Naquele momento, Maria Eduarda enfim retornou. Eu a ajudei a colocar o que pedimos em cima da mesa, peguei os pratos e talheres. Ela pegou os guardanapos e os copos, depois nos serviu. Voltamos para o sofá e assim foi nossa noite. Muita conversa, enquanto devorávamos a pizza inteira. Admito que foi surpreendente, e muito legal.

O pai dela é um homem incrível, cheio de experiências e histórias. É engraçado, muito extrovertido, parece de bem com a vida, me tratou super bem e no final da noite percebemos que tínhamos alguns aspectos em comum. Entre eles o mais importante: adorávamos a Maria Eduarda, queríamos o melhor para ela e acreditávamos em seu potencial.

Diferente de muita gente por aí.

Mas isso ele não sabia.

Quando ele contou que ficaria por ali, hospedados por pelo menos uma semana, a Duda pulou de alegria. Não imaginava que ela adorasse tanto o pai e sentisse tanta falta dele. Fiquei admirado com a relação que eles tinham, apesar de nem sempre terem só pontos altos.

Nos poucos dias em que estive ali presentes com eles, eu e o pai da Duda fizemos muitas coisas juntos. Assistimos ao futebol, ao jornal, fizemos nossas refeições juntos, tomamos uma cervejinha, sairmos para dar uma volta e acima de tudo conversamos o bastante para nos conhecemos bem melhor. E posso dizer o cara é legal demais. O tipo de cara que a gente adoraria ter como pai. Um amigo mais velho que nunca tive.

E olha que não ia fazer nem uma semana que nos conhecemos.

Duda ficou muito feliz por termos nos dado bem. Muitas vezes ela até chegou a se queixar, da nossa aproximação intensa, dizendo que estava com ciúmes. Seu pai para piorar ainda mais situação – e também para provoca-la – dizia que eu era o filho homem que ele nunca teve, mas que sempre sonhou em ter. Ela ficava irada com isso, mas isso logo passava e ela se juntava a nós dois. Até ensinamos a ele a jogar UNO. Depois do colégio sempre íamos para o seu apartamento e ele estava lá de bobeira, apenas esperando por nós. Eduardo também nos ensinou a jogar uns jogos de baralho bem estranhos. E nossa convivência passou a ser muito divertida.

— Sabe, eu estava aqui pensando – digo, brincando com uma mecha do cabelo loiro dela. Enrolando em meu dedo.

Seu pai havia saído para um jantar com seus tios, pais da Bianca. E essa noite ficamos sozinhos e mais a vontade com o apartamento só para nós dois. Ele disse não ter hora pra voltar, então aproveitarmos para ficar juntinhos do mesmo jeito que estávamos antes de ele aparecer aqui.

Estávamos mesmo precisando disso.

Desde que engatamos nisso, não há um só quer dia em que eu não pense em estar com ela.

— Agora que seu pai já sabe sobre nós - continuei, ainda brincando com seu cabelo. — e aceita isso muito bem e meu único medo é que isso não dê certo... Mas como eu poderia saber se não tentasse? Então achei que poderíamos assumir o que temos logo de uma vez.

— Ah, é? – ela perguntou, com um sorriso brincalhão. Enquanto olhava diretamente dentro dos meus olhos. A cabeça apoiada sobre o meu peito nu. — E o que nós temos?

— Ah – começo a ficar sem jeito e evito a todo custo o contato de seus olhos. — algo bonito, intenso, verdadeiro, prazeroso... Mas que ainda não é oficial. Algo que só nos três sabemos. E não parece justo. Não concorda?

Ela assentiu. Depois me beijou rapidamente.

— Concordo. Claro! – ela ainda sorri, agora passando a ponta do dedo no contorno do meu rosto. — Você não sabe o quanto eu esperei para poder sair por aí gritando que eu te pertenço e que agora você é meu.

— Seu? – dou risada, me fazendo de desentendido. — Eu não disse que era nada seu. O que você quer dizer com isso?

— Pedro! – ela riu também, dando um tapinha no meu braço. — Não se faça de bobo. Agora você é meu namorado. Ou eu estou errada?

Beijei sua testa.

— Não. Não esta. – digo, olhando-a finalmente. — Agora sim, acho que podemos nos considerar namorados. Não quero ficar te enrolando. Ainda mais agora, correndo o risco de seu pai me estrangular, caso suponha que eu estou apenas brincando com o coraçãozinho de sua preciosa filha.

Apesar de tudo ela riu.

— Mas não está. Ou está?

— Não. Nunca! Eu não seria capaz.

— É, eu sei. – ela sorriu. — Por isso eu amo tanto você.

Voltamos a nos beijar intensamente, até nos perdemos mais uma vez nesse caminho sem volta.

Eu pensei em esperar a semana de provas acabar para contar a novidade a todos meus amigos, mas ainda faltava três dias. E eu está ansioso demais para esperar. Eu não achava que iria conseguir.

Bom, pelo menos eu ia tentar.

Mas antes de qualquer coisa, fui visitar a Gabi. Achei que ela precisasse saber antes de qualquer outra pessoa. Até porque ela era uma das pessoas no mundo que eu mais amava. Apesar de eu estar um tanto receoso em ter essa conversa com ela. Da Gabriela pode se esperar tudo.

A reação dela era a que eu mais temia.

Resolvi ir com calma. Terminei a prova de matemática e física daquele dia e logo depois peguei um ônibus para ir até a clínica. Onde fui muito bem recebido como sempre. Assinei uns papeis e segui até o seu quarto, que a essa altura eu já sabia onde era.

Bati na porta antes de entrar, ela estava no canto, escrevendo em uma espécie de caderneta. Quando me viu, ela abriu um grande sorriso e deixou tudo de lado. Veio correndo me abraçar, como se não nos víssemos há muito tempo. O que não era verdade.

Sentamo-nos em sua cama e eu iniciei uma conversa normal, como quem não quer nada, apenas perguntando como ela estava por aqui. Gabi me disse que brigou com seus antigos colegas de reabilitação – os mesmo que a colocaram em uma emboscada – e agora estava mais sozinha do que nunca. Mas que não se sentia mal, já que estava aguardando ansiosamente pelo próximo mês, quando enfim ela sairia daqui se as coisas continuassem indo bem como estavam agora.

Quando achei que estava ficando tarde demais e o assunto estava acabando, eu resolvi abrir a boca.

— Gabi, olha, eu queria que você fosse a primeira a saber que – comecei, ainda segurando suas duas mãos sobre o meu colo. — que eu estou namorando com uma pessoa que eu descobri gostar não faz muito tempo.

— Sério? – ela pareceu surpresa, empolgada e feliz. — Você está namorando de novo? Não acredito! E com quem, posso saber seu espertinho?

Eu soltei um risinho um pouco nervoso.

Suspirei fundo e disse de uma vez:

— Com a Maria Eduarda. A prima da Bianca.

— O quê? – ela praticamente gritou, saindo de perto de mim como se eu fosse capaz de feri-la com o meu toque ou as minhas palavras. — Não! Não pode ser. Pedro, não! Com aquela lá não.

Senti que estava começando a soar frio e minha perna não parava quieta nem por um segundo.

— Gabi, ela mudou. Por mim. Você tem que ver! Ela não é mais tão monstruosa como antes. Eu a fiz prometer que pararia com isso, caso quisesse que a gente desse certo. Você sabe o quanto vocês são importantes para mim. Eu jamais ficaria com uma pessoa que ameaçasse tirar isso de mim.

Gabriela riu, diabolicamente.

— Fala sério, Pedro. Você não pode ter acreditado naquela imbecil! Você é tão ingênuo, irmãozinho. Ela me odeia. Ela odeia todos nós. Com certeza está com você só para arruinar a gente mais de perto. Mas e os outros? O que disseram de tudo isso? Tenho certeza que nenhum deles aprovou isso ou acreditou nessa historinha!

De apavorado, comecei a ficar irritado.

Levantei-me, sentindo a raiva subir pela cabeça.

— Você deveria ser a primeira a acreditar que as pessoas podem sim mudar por amor. Olha só pra você hoje e pensa só em que você era ontem. Você mudou, Gabriela! E porque os outros também não seriam capazes de mudar? – passei a mão pelos cabelos, nervoso e descontrolado. — Nem acredito que perdi meu tempo vindo aqui conversar com você. Eu pensei que você me apoiaria, poxa.

Com poucas lágrimas nos olhos eu saí dali o mais rápido que pude, enquanto a minha irmã veio atrás, até onde pode, me pedindo para parar e aceitar a verdade feito homem. Ou eu me decepcionaria em breve.

Magoado eu voltei pra casa. Tomei um banho, jantei, ignorei as perguntas de preocupação do meu pai e subi para o meu quarto. Onde me tranquei e tentei estudar para a prova de manhã. Mas isso foi impossível. Já que as palavras duas e cruéis da Gabi não saiam da minha mente.

Maria Eduarda me ligou uma centena de vezes. Mas eu não pude atender nenhuma delas. Não estava com saco para aquilo. Ignorei todas suas chamadas e quando comecei a me estressar com sua insistência, eu desliguei o meu aparelho celular e o joguei longe. Mas não quebrou, por sorte.

Na manhã seguinte, já no colégio, só tive tempo de chegar e ir até a sala, para começar a prova. Pois tinha acordado um tanto atrasado. Nem tive tempo de tomar o café da manhã. Podem ver que meu dia já não tinha começado bem.

Quando terminei a prova, uma hora depois, me surpreendi com a Maria Eduarda me esperando do lado de fora. Disse que não sairia dali até que eu explicasse para ela o que estava acontecendo. Eu ainda não me sentia em condições para conversar, mas - como estávamos dispensados após o termino das provas - disse que poderíamos ir em uma padaria ou uma lanchonete por ali mesmo para comer algo, ou eu desmaiaria tamanha minha fome.

Comi calado, enquanto ela tagarelava sem parar, orgulhosa de dizer que ela e a Tatiana tinham colado durante a prova inteira, sem o professor ver. Foi por isso que ela conseguiu terminar tudo em meia hora.

— Agora é sua vez. – disse ela com um sorriso singelo, tocando minha mão que estava sobre a mesa. Livre e solitária. — Me conta. O que houve?

Suspirei. Coloquei meu prato vazio de lado e olhei para ela.

— Eu contei a Gabi sobre nós dois. – e a seguir contei exatamente tudo que minha irmã tinha dito.

Duda não pareceu nem um pouco surpresa.

— Eu já esperava por isso. – ela admitiu— Nós não nos demos muito bem e tivemos pouco tempo para resolvermos nossas diferenças, já que ela foi hospitalizada pouco tempo depois que cheguei. – ela também suspirou, parecendo exausta com aquele peso. — Sim, nós somos muito diferentes. Mas eu não consigo imaginar que não possamos nos dar bem, quem sabe futuramente, quando ela sair da clínica e quando pudermos conversar.

Gostei de ter ouvido aquilo. Pelo menos ela não xingou a minha irmã, dizendo o quanto ela foi ingrata e infantil.

— Eu sinto muito por isso. – digo, apertando forte sua mão. — Vamos dar um jeito.

Beijei-a em seguida.

Rafael nos chamou para uma social em sua casa aquela noite. Coisa simples: beber uma cerveja, jogar conversa fora, passar um tempo. Não tive como recusar. Precisando até desmarcar um jantar que teria com a Duda e o pai dela. Achei que aquele era um bom momento para estar com meus amigos, agora que eu estava me sentindo um pouco melhor, após ter passado a tarde toda com a Maria Eduarda. Quando ela tentou a todo custo me fazer rir com suas piadas muito sem graça.

Chegando lá, as sete da noite, encontrei a Nati em um canto, parecendo muito aborrecida com a vida. De braços cruzados e com uma expressão não muito boa. E nenhum sinal da Luiza. Muito receoso eu apenas me aproximei e a cumprimentei com um beijo no rosto. Depois me aproximei da Bianca e do Felipe abraçados, no outro sofá, o maior. Os cumprimentei também e trocamos uma dúzia de palavras, antes de eu seguir até a cozinha e encontrar o Rafael pegando cerveja na geladeira.

— E cadê seus pais? – perguntei curioso. Aproximando-me para a ajudá-lo a levar cerveja para os outros na sala de estar.

— Saíram. Só voltam no sábado a tarde. Isso não é incrível? – ele gargalhou, já parecendo um pouquinho embriagado. — Eu até pensei em dar uma festa. Mas aí depois pensei na bagunça que teria que arrumar. Então desisti. - ele deu de ombros, sorrindo. — Nada de festas por enquanto.

Sentamos-nos com os outros no sofá. Rafael distribuiu a cerveja que ele mesmo comprou com o resto de sua mesada e voltou pra cozinha para pegar os salgadinhos que ele tinha esquecido. De lá da cozinha ele berrou, pedindo para o Felipe ligar o som para ele e colocar uma música boa pra tocar.

Tentei me divertir ao máximo, como há muito tempo não fazíamos. Escutei todos e falei um pouco também. Bebi pouco e comi salgadinho. Mas nem por um momento consegui tirar a Maria Eduarda da minha cabeça. Achei que para tudo ficar perfeito, só faltava ela ali com a gente. E a Gabi, claro.

Por volta das dez horas, quando estavam todos dizendo que já estava tarde e teríamos que ir pra casa dormir mais cedo por causa da prova de ontem, eu criei coragem para dizer o que estava segurando há tempos.

— Eu e a Duda estamos namorando. – declarei, assim mesmo, sem rodeios.

Todos olharam para mim surpresos, exceto a Nati que já sabia de tudo ou pelo menos em parte. Pude ler a reação de cada um deles e deduzir mais ou menos o que eles pensavam sobre aquilo.

Primeiro, o Felipe. Pareceu indiferente, quase como se não tivesse escutado nada do que eu disse e continuou bebendo sua cerveja. Bianca ao seu lado, parecia horrorizada. Natália estava olhando para o celular, verificando as horas ou esperando uma mensagem da Luiza. E o Rafael, bom, foi o que mais me intrigou. Parecendo bravo comigo.

— Bom, nós temos que ir. Depois dessa... – Bianca levantou, ajeitou a saia, puxou o Felipe pelo braço e se despediu de todos com um aceno e um sorriso forçado.

Nati se levantou também.

— Ah, ei. Esperem! – ela gritou, acenando para nós e correndo atrás do casal do ano. — Eu vou com vocês.

Rafael também se levantou, recolheu as garrafas vazias de cerveja espalhadas pela sala, enquanto balançava a cabeça negativamente. Isso sem me olhar nem por um segundo.

— Estou decepcionado, Pedro. – ele saiu em direção à cozinha. Onde colocaria tudo no lixo. — Francamente, eu não esperava.

Me ofereci para ajuda-lo a recolher o resto da bagunça.

— Não! Não precisa. – ele gritou um pouco alterado. Fuzilando-me com os olhos esverdeados um tanto sombrios. — Eu me viro sozinho de agora em diante. E você já pode ir. Já sabe o caminho da saída.

— Então é assim? – também levantei meu tom de voz, assustando-o. Ele olhou para mim, intrigado. — Você vai ficar aborrecido comigo por causa disso e me ignorar? Nem sei por que você está tão chateado. A vida é minha. Não é sua. Eu nunca interferi na sua vida amorosa.

Ele me olhou com certo... Deboche. Só não riu.

— Saia daqui, por favor, Pedro. Vai cuidar da sua vida longe daqui. Certo? Eu também não quero interferi na sua vidinha amorosa. Por mim, que você seja feliz enquanto puder. Mas bem longe daqui.


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Notas finais do capítulo

Eita, parece que o clima ficou pesado entre a turma. Tudo isso por causa do namorico do Pedro com a Duda. Parece que é sério agora. O que vocês acham disso? Será que dá certo?



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