Redenção escrita por MarieMatsuka


Capítulo 6
Ovos, Bacon e Demônios


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Helena olhara a sua volta, e percebera que já havia amanhecido. A claridade que adentrava pela janela era forte até mesmo para seus olhos, que mal enxergavam um palmo a sua frente. Tateou a sua volta procurando por seu rádio-relógio, e então lembrou-se que não estava em seu quarto. Sequer estava em sua casa. Ergueu-se rapidamente da cama, desenrolando-se do cobertor e ficando de pé.

“Devo ter dormido demais”, pensou ela. “Está claro o suficiente para já ter passado do meio-dia”.

De algum cômodo próximo ao quarto em que se encontrava, Helena ouviu o som de panelas batendo. Se antes Helena estava receosa quanto a Lucian, agora tudo o que restara deste receio era uma leve desconfiança, a de que ele não era quem dizia ser. Seguindo em direção a porta, ela destrancou-a e foi em direção ao som de algo sendo frito em óleo – bacon e ovos, devido ao cheiro – e parou apenas quando alcançou a soleira da porta da cozinha.

– O que você está fazendo? – questionou ela a Lucian, que encontrava-se de costas para ela, resmungando sobre algo como “fritar traidores em óleo fervendo”. Lucian ignorou a pergunta, e disse:

– Bom dia para você também, Bela Adormecida. Como se sente hoje? – dito isto, ele abriu um sorriso que momentaneamente, fez com que Helena esquecesse de respondê-lo.

– Ah, bem. Melhor que ontem, obrigada. Que horas são? – perguntou Helena, porém sem estar realmente preocupada com isso.

– Agora são exatamente 14:43 da tarde. – respondeu ele. – Está com fome?

– Na verdade, estou sim. Muita. – respondeu a garota, cobiçando as tiras de bacon que ela sabia estar fritando na panela.

Helena virou-se em direção a janela da cozinha, e somente então reparou que ela e Lucian não estavam sozinhos. Seus olhos tentaram focar no rosto do desconhecido, e notou alguns traços que faziam com quem ela se lembrasse de alguém. Cabelos pretos bagunçados, pele pálida de tão branca e alto.

Aquele era Abby, o amigo de Joseph que Helena conhecera ontem à noite no bar.

– Olá, Abby. – disse Helena, mantendo o tom cordial.

– Pensei que você não pudesse enxergar as coisas direito. – afirmou Abby, com um tom de riso na voz.

– Minha visão é ruim, porém não sou cega. – disse Helena, intriga com o tom estranho na voz de Abby.

– Bem, ao que parece vocês já se conhecem – afirmou Lucian, olhando com curiosidade em direção a Abby.

– Sim – ambos disseram em uníssono.

De repente, Helena sentiu sua nuca formigar novamente. Sua intuição lhe avisava que havia algo de errado com aqueles homens, algo de errado com o bar ontem à noite. Após pensar mais um pouco, teve quase certeza de que todos os eventos estranhos que aconteceram com ela, estavam interligados.

De alguma maneira, Lucian sabia o motivo daquela sombra tê-la perseguido.

– O café da manhã está pronto. – afirmou Lucian. – Sente-se, Helena. Você ainda está pálida, precisa alimentar-se. – disse ele, aparentando estar verdadeiramente preocupado.

Helena sentou-se em uma das quatro cadeiras da pequena mesa de madeira, no centro da cozinha. Lucian e Abby fizeram o mesmo, Abby sentando-se o mais longe possível de Helena, e Lucian sentando logo ao seu lado. Eles começaram a comer e a conversar sobre coisas banais, como quem havia ganhado os últimos campeonatos de futebol, ou o fato de o clima estar mudando constantemente nos últimos dias.

O tempo todo, Helena reparou que Abby sempre a olhava de uma forma estranha, como se fosse ele a desconfiar dela, e não o contrário. E, de alguma forma, Helena sabia que o segredo que Lucian escondia, era também compartilhado por Abby.

Foi somente quando estava terminando de comer, que Helena lembrou-se de algo que até então, havia sumido misteriosamente de suas lembranças.

– Que lugar é aquele em que você esteve noite passada, antes de eu acordar no meio da madrugada? Aquele que parece não ter Sol ou Lua, nem estrelas. – questionou Helena, olhando diretamente nos olhos de Lucian.

Assim que o questionou sobre isso, o silêncio reinou sobre a cozinha. Abby olhou para ela intrigado, e então olhou para Lucian, como se esperasse pela sua reação – ou por um comando.

– Lugar? – perguntou Lucian. – Que lugar? Eu estive ao seu lado o tempo todo, princesa. Sai apenas para fazer a sopa, nada mais. Você deve ter sonhado com isso. – prosseguiu ele, mantendo o tom calmo e os olhos focados nos de Helena. Parecia estar dizendo nada mais do que a verdade, mas ainda sim... Sua nuca formigava.

– Tudo bem então, se é o que você diz. Agora, me dêem licença, mas vou embora. – disse Helena, levantando-se da mesa rapidamente, caminhando em direção a porta da sala, já com sua bolsa no ombro.

– Helena, por favor, espere. Não vá. – dizia Lucian.

– Você não é quem diz ser, e se não tem a capacidade de me contar a verdade, então não há motivos para que eu cometa o erro de confiar em você novamente. – disse ela, sem olhar para trás. Quando passou pela porta, e já estava próxima de atravessar a rua, ouviu Lucian dizer a distância:

– Não estou mentindo para você, nunca afirmei ser ninguém. Apenas acredito que certas coisas devem permanecer ocultas, já que não são todas as pessoas que seriam capazes de ouvir minhas verdades sem terem um ataque de pânico, e saírem proclamando o fim do mundo. – disse ele, parando próximo onde Helena estava encarando-o.

– Eu apenas quero saber a verdade, Lucian. Apenas isso. – disse ela, estendendo a mão para tocar o rosto de Lucian. Ele pareceu assustar-se com o gesto, mas logo percebeu que ela queria apenas tocá-lo. Deixou-a o fazer, e inclinou a cabeça levemente em direção a sua mão, mantendo os olhos fechados. – A verdade, Lucian. – pediu ela.

Quando ele abriu os olhos novamente, olhando-a como se já tivesse desistido de esconder qualquer coisa, e fez menção em começar a contar toda a verdade, ambos ouviram em alto e bom som sirenes de carros de polícia aproximando-se. Lucian de início não entendeu, até que Helena bateu em sua própria testa com o punho fechado e disse:

– Droga, minha irmã!


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Notas finais do capítulo

Hey, folks... Espero que estejam gostando, rs.



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