Redenção escrita por MarieMatsuka
Helena acordou na enfermaria, cercada por várias pessoas. De início, não reconheceu nenhuma. Porém, quando seus olhos começaram a recobrar o foco normal, percebeu que quem estava ali eram sua irmã, Joseph e duas enfermeiras. Mal teve tempo para respirar, antes que Karin gritasse:
– Helena! Ah, meu Deus, o que aconteceu com você? O que era todo aquele sangue? E aquela mensagem sinistra no espelho, Helena? O que você quis dizer com aquilo? Ah, meu Deus! Você quase me matou do coração, Helena! - gritava Karin, histericamente.
– Karin, acalme-se, por favor. Isso não vai fazer bem a ela. Se ela quiser contar agora, contará. Senão, esperamos até que ela esteja pronta. - disse Joseph, tentando acalmar a irmã de Helena. Apesar de eles serem amigos a muito tempo - um dos motivos para que a própria Helena fosse para esta clínica - Joseph nunca teve muita paciência com Karin, especialmente em situações que a deixavam agitada assim.
– Minha... cabeça... - tentava dizer Helena. - dói. Está doendo muito. O que houve? - perguntou ela, parecendo um pouco confusa.
– Você foi encontrada desmaiada no banheiro, Helena. Deitada em cima de uma poça de sangue, que felizmente não era seu. Sabe nos dizer de quem era? - perguntou Joseph.
De repente, tudo voltou a mente de Helena, um turbilhão de imagens. A sensação ruim, a sombra atrás dela, o sorriso macabro, e então, aquela mensagem.
– Na-não, não sei, Joseph. - respondeu ela, gaguejando. "Mas que droga, nem mentir eu sei!", pensou ela.
– Tem certeza, princesa? - insistiu Joseph abaixando o tom de voz, como se soubesse que ela estava mentindo.
– Sim... - disse ela, abaixando o rosto para que ele não a visse corar. Porém, ele viu. Mas achou melhor não insistir no assunto. Por hora.
– Venha, vamos pra casa, maninha. Você precisa descansar.
– Tudo bem, Kah.
Dito isso, Karin ajudou Helena a levantar da maca e a apoiou em seu ombro, ajudando-na a ir até o carro.
Helena estava feliz por sair da enfermaria, já que este era um lugar muito apertado e pouco arejado. No caminho até o carro, Karin ficou tagarelando sobre o como estava preocupada, e dizendo que ia marcar retorno com o neurologista e o oncologista de Helena o mais rápido possível. Porém, Helena não prestava atenção nela. Quando chegaram no carro, Karin deixou Helena em pé em frente a porta do passageiro, e se dirigiu até a do motorista, para poder destrancar o carro. Nesta pequena fração de segundos, Helena viu um vulto passar atrás dela pelo reflexo do carro, e estava prestes a se virar e chutá-lo, quando se deu conta de que o vulto era Joseph.
– Você esqueceu sua bolsa na enfermaria, princesa. - disse ele. Seus olhos pousaram curiosos sobre os dela, que rapidamente abaixou a cabeça e agradeceu pela bolsa. Helena achou que ele ia embora, porém ele virou-se novamente, e perguntou a Karin:
– Karin, vocês vão estar em casa hoje a noite?
– Vamos sim. Eu pretendia ir com o Jesse ao cinema, mas desmarquei pra poder cuidar da Helena. Por que? - quis saber Karin.
– Porque eu estava pensando em dar uma passada por lá, levar algumas coisas pra comer, fazer uma sessão pipoca. Quer que eu fique cuidando da Helena, e você vai ao cinema? - perguntou ele.
– Tudo bem pra você, maninha? Não vai ligar de passar a noite sozinha com um cara super gato? - disse Karin, e riu, sabendo que constrangeria a irmã.
Helena corou, e respondeu:
– Por mim, tudo bem. Melhor do que você levar o Jesse lá em casa, sua coelha. - ela disse, e mostrou a língua, em gesto de brincadeira. Ambas riram.
– Tudo bem então, Joseph. Pode ir. Minha sessão é as 19:00 hrs, então vou sair de casa por volta de 17:30. - disse ela.
– Estarei lá as 17:00 em ponto. - respondeu Joseph. Ele sorriu pra mim, acenou para a Karin, e seguiu em direção ao seu carro, estacionado na rua lateral do prédio do curso.
Após algum tempo dirigindo, Karin olhou de esguelha para Helena e riu. Depois soltou um profundo e sonoro:
– Hmmmmmmmm, sei muito bem o que significa sessão pipoca. - e riu escandalosamente, como sempre fazia.
– Não vou nem falar nada, Karin. - disse Helena, encostando a cabeça no vidro. A cidade estava vazia neste horário, talvez devido ao frio - que já estava alcançando o recorde do ano, 15°C -, talvez devido ao fato de que já estava começando a anoitecer, e esta era uma cidade pequena, onde muitos se escondem em suas casas depois das 18:00 hrs.
Helena estava olhando distraidamente para a frente, pensando no quão bom era o fato de não haver congestionamento, quando de repente, ao olhar para a frente com mais atenção, viu que havia um vulto parado no meio da avenida, na direção do carro de Karin. O arrepio que se seguiu gelou toda sua espinha, fazendo-a se encolher no banco do carro. Karin não pareceu ter notado o vulto - que curiosamente, ou morbidamente, era o mesmo que Helena havia visto no banheiro -, pois continuava a acelerar e a cantarolar alegremente, até que Helena não se conteve, e gritou:
– Karin, cuidado! Freia, freia!
Karin, assustada, freou bruscamente, acreditando que não havia visto alguém atravessando a rua, por isso o susto da irmã. Porém, quando olhou ao redor, não viu absolutamente nada, apenas o sol no horizonte, que já quase havia se posto por completo.
– Você ficou maluca, Helena? Como me assusta assim enquanto estou dirigindo? Queria que eu batesse o carro? - reclamou Karin.
– Desculpa, Kah. Eu pensei ter visto um animal pequeno passando na frente do carro. Acho que foi um engano. Está muito escuro já. - disse Helena. Apesar do pânico momentâneo ao rever a sombra, Helena estava conseguindo se controlar, já que a sombra havia sumido novamente. "Por favor, não volte!", pensou Helena, com todas as suas forças.
– Tudo bem, maninha. Mas não faça isso novamente. - disse Karin, agora mais calma.
Helena apenas repousou a cabeça na janela do carro novamente. Não entendia o porquê aquela sombra agora a estava perseguindo, e isso estava começando a assustá-la, de verdade.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Hey, folks. Sei que o capítulo ficou pequeno, mas é que originalmente, o 2 e o 3 eram um capítulo só, mas achei que ficou muito grande, então separei os dois.