A Herança de Espinhos escrita por Hime Illana


Capítulo 8
Capítulo 8




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Quando pisei novamente na sala de transporte interdimensional da Ordem parecia que eu tinha entrado num furacão, todos corriam de um lado para o outro feito baratas atordoadas, computadores apitavam incessantemente e muita gente falava alto e ao mesmo tempo. Edric, como sempre, estava no olho do furacão e ele não parecia nada contente.

− Eu não quero saber de desculpas, quero explicações! Como foi que uma missão de Rank C virou uma missão de Rank A de um minuto para o outro? Quem foi o responsável por selecionar essa missão? Tragam algum capitão da Rosa Laranja aqui imediatamente! – bradava Edric furioso, curiosamente parecia que tinha uma névoa negra ao seu redor, fiquei pensando se isso tinha a ver com o fato dele ter feito uma espada inteira a aparecer e desaparecer durante a luta.

Benny chegou perto de mim de mansinho tentando passar despercebido pelo seu capitão furioso.

− Elena, você está bem? – perguntou ele, preocupado.

− Sim, estou bem, um pouco machucada, mas nada grave, aliás, onde estão Henry e Rick?

− Eles foram direto para a Rosa Azul para serem tratados. Eu sinto muito Elena, era para ser uma missão fácil e tranquila, eu juro, mas não sei o que houve, eu... eu... sinto muito mesmo! – Benny tinha uma expressão chorosa, parecia que ele ia desabar a qualquer momento.

− Tudo bem Benny, não foi sua culpa, felizmente nada pior aconteceu e voltamos todos vivos.

Vê-lo nervoso daquele jeito me deixava desconcertada, alias todos estavam à flor da pele e vendo como a situação não se resolvia, tentei ajudar de alguma forma e ia começar pelo mais nervoso da sala.

− Edric! – chamei, enquanto ia até ele.

− QUE É?... Ah... Elena... O que foi, está doendo em algum lugar?

− Não, mas você devia se acalmar, gritar desse jeito não vai resolver nada, alias, você está atrapalhando mais do que está ajudando. Vá cuidar desses machucados e quando voltar de cabeça fria você vê o que aconteceu com a missão, está bem?

− Mas Elena, eu...

− Mas nada! Você não está em condições de fazer nada sangrando desse jeito, olha só como você está pálido! Você realmente não parece estar bem Edric e ficar gritando não vai ajudar a resolver o problema, como capitão você deveria dar o exemplo, certo?

Sem ter argumentos para continuar a discussão Edric acenou com a cabeça. Quando viram que eu tinha amansado a fera meus colegas se acalmaram também, alguns até se impressionaram pelo meu feito. Infelizmente essa calmaria não durou muito, um minuto depois um rapaz que eu nunca tinha visto antes entrou na sala, ele tinha o cabelo vermelho vivo até a altura das orelhas que precisava ser aparado, pois a franja caía nos olhos enquanto andava, fazendo-o mexer com a cabeça casualmente para tira-la da frente, ele tinha um olhar confiante como Edric, mas tinha algo de diferente nele, como se fosse provocador ao invés de simples autoconfiança. Seu uniforme era uma camisa branca de mangas compridas com uma fita preta amarrada como um laço no pescoço, calça jeans preta justa, tênis All Star preto de cano alto e um colete social abotoado preto com as pontas longas que iam quase até os joelhos, no peito estava bordado o brasão da ordem com uma rosa laranja no centro. Quando Edric o viu sua expressão se escureceu num piscar de olhos e a aura ao seu redor ficou escura e encheu todo o ambiente.

− Viktor. – disse Edric com a voz grave e cheia de raiva.

− Ah Edric, vejo que ainda está vivo! – disse o rapaz chamado Viktor, com sarcasmo.

− Desgraçado, então foi você quem mudou o rank da missão! O que pretendia fazer, nos matar? – Edric bradou com raiva avançando em Viktor.

− Que isso Edric, como se uma coisinha boba dessas fosse te matar, você já estava em situações piores antes, não foi? – Viktor respondeu cheio de sarcasmo e despreocupação, ele não parecia nem um pouco comovido com a raiva de Edric.

− Escuta aqui seu imbecil irresponsável, essa era pra ser uma missão de treinamento da minha nova subordinada, mas graças a você e as suas gracinhas, ela e a minha equipe quase morreram! Tem noção do que vez, seu babaca? – Edric avançou em Viktor encarando-o como um animal furioso, parecia que Edric iria soca-lo a qualquer momento, eu tentei separá-los e evitar ainda mais confusão.

− Edric, por favor, fique calmo! – disse eu tentando segurar o forte braço de Edric e afastá-lo de Viktor.

− Como assim missão de treinamento? Sua equipe não é de rank A?... – Quando Viktor me viu ele paralisou e ficou com o rosto pálido como se tivesse visto um fantasma. – Você...

Nesse momento mais pessoas da Rosa Laranja chegaram, inclusive o garoto de mechas vermelhas no cabelo que eu vi no dia do meu teste de aptidão fracassado que eu reconheci como Arthur. Quando Edric viu o grupo ele se afastou alguns passos de Viktor.

− Não vai ficar assim Viktor, vou reportar o que fez imediatamente ao Conselho.

Edric saiu da sala furioso, parecia que estava a ponto de matar alguém.

− Tudo bem Capitão? – perguntou Arthur ao Viktor que ainda estava paralisado me encarando, rapidamente ele se recompôs.

− Sim...Sim, estou bem, vamos.

Viktor saiu da sala rapidamente na direção oposta à de Edric, seus colegas rapidamente o seguiram deixando para traz um clima mais pesado do que antes.

− Ufa, ainda bem que acabou! – disse uma vozinha assustada atrás de mim.

− Benny, o que raios que aconteceu aqui? O que foi aquilo? Eu nunca tinha visto o Edric tão furioso antes!

− É... complicado.

− Me explique, por favor!

Benny e eu fomos conversando enquanto íamos até o setor da Rosa Azul para eu cuidar de meus ferimentos.

− Aqueles dois tem uma longa história juntos sabe? Eles vêm brigando praticamente desde o dia que se conheceram!

− Sério? Por quê?

− Eu não sei direito todos os detalhes, mas parece que eles têm uma rivalidade desde que o Capitão chegou à Ordem há alguns anos quando ele ainda era um balanceador de Rank B, coisas tipo quem é o mais forte, ou quem é o melhor em tal coisa, mas desde que ambos viraram capitães a coisa só foi piorando.

− Nossa!

− Sim, mas nunca chegou ao ponto que chegou hoje, colocar a vida de outras pessoas em risco foi um golpe muito baixo, principalmente para o Viktor, eu achei que ele fosse melhor que isso... – disse Benny, ele parecia triste.

− Fique calmo Benny, mais tarde eu vou conversar com o Edric, ok? Talvez eu consiga resolver esse problema, afinal foi por minha causa que nós fomos nessa missão pra começo de conversa, certo?

− Elena, por favor não se envolva, aqueles dois nunca vão se entender, se você se meter só vai se machucar!

− Eu não posso ficar só olhando Benny, não sou do tipo de pessoa que deixa alguém com problemas, ainda mais se for um amigo.

Benny me acompanhou até o 4º andar e depois nos despedimos, ele ainda parecia cabisbaixo quando a porta do elevador se fechou entre nós. Eu estava andando pensativa até a salinha onde David tinha feito meus exames para ver se ele poderia me atender, afinal ele era o único naquele setor inteiro que eu conhecia e poderia pedir ajuda, quando eu esbarrei em alguém:

− Ai! – disse uma voz feminina desconhecida.

Olhei para a pessoa que tinha acidentalmente esbarrado, uma garota muito bonita que eu nunca tinha visto antes, ela era alta e magra como uma modelo de passarela, a pele branca perfeita como porcelana e muito bem maquiada, os cabelos eram lisos e chegavam até a cintura, loiros, mas a cor parecia um tanto estranha, como se fosse artificial, parecia mais amarelo do que loiro e seus olhos eram violetas. O uniforme dela era uma mini saia preta justa, uma regata branca decotada, um blazer preto aberto com o brasão da Ordem bordado no peito com uma rosa laranja no centro e sapatos pretos fechados de salto alto.

− Me desculpe, eu estava distraída! – disse eu envergonhada por parecer tão desajeitada na frente de uma garota tão bonita.

− Olha por onde anda garota, você quase sujou minha roupa! – a garota falou com um tom esnobe de desaprovação.

− Reina, qual o problema? – perguntou uma garota um pouco mais alta que eu de pele bem morena, cabelos castanhos escuros arrumados casualmente em um rabo de cavalo lateral e olhos pretos maliciosos; Seu uniforme era um simples vestido rodado laranja, sapatilhas pretas e uma jaqueta preta também com a rosa laranja bordada no peito.

− Ugh, vamos logo meninas ou vamos chegar atrasadas no spa! – disse uma garota baixinha de cabelos ruivos divididos em duas tranças, ela tinha os olhos verdes e a pele branca, mas com sardas, essa garota em particular me parecia meio familiar; Seu uniforme era uma camisa branca com uma gravata preta amarrada frouxa no pescoço, um blazer preto com o brasão da Ordem com a rosa laranja no centro, shorts de alfaiataria pretos e sandálias de salto.

− Essa daí se jogou contra mim de propósito e quase me sujou toda! – disse a tal de Reina.

− Eu não me joguei nada, foi um acidente e eu já pedi desculpas, não? Não há necessidade de tanto alarde. – disse eu já ficando irritada.

− Há! É melhor você se desculpar mesmo garota ou vai se meter em problemas. – disse a garota morena de rabo de cavalo.

− Como é que é? – perguntei sem ter certeza se ouvido direito o tom de ameaça da garota de rabo de cavalo, essa garotas estão me tirando do sério.

A garota baixinha me olhou da cabeça aos pés com certo nojo, como se eu fosse alguma lesma gosmenta ao invés de um ser humano.

− Ugh, quem é essa fulana? Eu nunca a vi por aqui. – disse ela.

Agora as outras duas ficaram me olhando com zombaria e arrogância.

− Verdade Tiffany, eu nunca vi essa daí aqui na Ordem antes, deve ser alguma novata idiota. – disse Reina, arrogante.

− E olha só como ela está imunda e maltrapilha, hahahaha, brigou com algum animal querida? – disse a garota do rabo de cavalo com sarcasmo.

− Ai Miranda, pobrezinha, ela deve estar tendo um dia difícil! Hahahaha! – zombou Reina.

As garotas ficaram rindo zombando de mim, há alguns minutos eu pensava que querer brigar e tirar satisfação com gente que te incomoda era imaturo e que não valia a pena me rebaixar ao mesmo nível que eles, mas agora que essas três fulanas estão me ofendendo e me irritando eu mudei de ideia, elas estão merecendo umas porradas e muito bem dadas, depois quando me encontrar com Edric novamente eu vou ter que parabeniza-lo por não ter socado a cara daquele Viktor quando ele teve a chance, eu pensei que ele tinha perdido o controle sobre suas emoções ao criar aquela cena toda na sala de transporte, mas eu me enganei, Edric teve muito mais sangue frio do que eu jamais vou ter na vida.

− Já acabaram com a palhaçada suas imbecis? Porque eu não tenho tempo pra ficar perdendo com pirralhas que ainda nem saíram do ensino fundamental, HÁ, e eu achando que aqui na Ordem todos eram adultos e civilizados, mas eu me enganei completamente! – disse eu cheia de raiva.

As garotas param de rir e ficaram me encarando.

− Escuta aqui queridinha, você tem noção de com está falando? – perguntou Reina irritada.

− E você querida, tem noção de com quem está falando? – perguntei sarcástica.

− Não...

− Então empatamos! – disse eu com um sorriso falso no rosto.

Cansada de tanta perda de tempo me virei e fui embora deixando essas três imbecis para trás. Fiquei com tanta raiva que desisti de querer cuidar dos meus ferimentos, tudo o que eu queria era ir embora e esfriar a cabeça, meu dia já foi conturbado o suficiente por hoje. Voltei até o escritório de Edric para pegar minhas roupas normais que eu tinha deixado em uma sacola no sofá, quando cheguei encontrei Henry pegando alguns documentos da mesa de Edric.

− Henry! O que? O que faz aqui? Você não estava super mal há alguns minutos atrás? – perguntei surpresa em vê-lo perfeitamente saudável e ileso, nem parecia que ele tinha entrado em uma luta de vida ou morte e se ferido gravemente.

− ...Ah sim, você não sabe, as instalações médicas da Ordem são de alta tecnologia e usam energia sobrenatural para curar mais rápido ferimentos que demorariam meses para serem tratados, mesmo se eu estivesse à beira morte, coisa que eu não estava, rapidamente eu voltaria ao meu estado normal de saúde. – respondeu ele com o tom monótono de sempre, parece que Henry muda de personalidade quando está dentro e fora de uma missão, ficando mais alerta e mais ativo em campo e sendo o mesmo garoto entediado que eu conheci quando está na Ordem.

− Entendi, legal, então mesmo se eu voltar de uma missão toda ferida é só eu ir me tratar na Rosa Azul que eu posso ir para casa como se nada tivesse acontecido, que conveniente!

Henry me ignorou e voltou a olhar documentos na mesa. Depois que ele pegou o que queria foi em direção à porta e saiu sem se despedir.

Eu peguei minhas roupas e estava de saída também quando me encontrei com Edric entrando no escritório.

− Ah, oi Edric!

− Oi Elena... Escuta... Desculpe-me pelo que aconteceu antes, eu realmente não queria que você me visse naquele estado, mas com tudo que vem acontecendo eu estou um pouco mais alterado emocionalmente que o normal, então...

Eu não deixei Edric terminar de falar, simplesmente coloquei a mão sobre seu ombro e olhei fundo em seus olhos escuros com compaixão.

− Pare, não precisa se desculpar, eu te entendo perfeitamente e eu realmente te admiro por ter tanto autocontrole, eu naquela situação teria feito muito pior. Você tem meu respeito Edric.

Edric piscou boquiaberto, incrédulo de minhas palavras, acho que ele não esperava que eu fosse reagir desse jeito. E eu realmente não iria, mas depois que me encontrei com aquelas fulanas percebi que infelizmente há gente nesse mundo que merece levar uma surrazinha básica, para aprenderem a ter respeito pelo próximo e se caso ele fosse cair na porrada com aquele Viktor ou com quem quer que fosse, ele teria meu total apoio.

− Hã... Nossa... quero dizer, obrigado, eu acho!

Nós ficamos em silencio por uns segundos, até que ele reparou a minha sacola na mão.

− Para onde você vai? Já vai para casa?

− Eu estava indo me trocar, como pode ver meu uniforme virou pano de chão e eu queria comer algo para esfriar a cabeça, tivemos um dia cheio hoje.

− Ah sim, sobre o uniforme, não se preocupe, no final do corredor tem um vestiário e banheiros caso queira tomar banho, lá há vários uniformes extras do nosso setor a sua disposição, é só você ir lá e se trocar, eu vou te acompanhar, pois o meu também está bem acabado. – disse ele me mostrando a camisa branca rasgada e suja de sangue.

Nós fomos juntos até o vestiário, que era maior do que eu pensava, parecia um vestiário de academia com vários boxes com chuveiros, pilhas de roupas nas prateleiras e armários nas paredes, eu preferi vestir minhas roupas normais mesmo, já que estava de saída. Edric seguiu por um lado, para a parte masculina e eu fui para a feminina, enquanto me trocava, percebi que meus ferimentos estavam praticamente curados e quase não se notavam os cortes, que agora nada mais eram que arranhões. Quando saí do vestiário, Edric estava me esperando à porta encostado casualmente contra a parede, ele também tinha vestido roupas normais, uma t-shirt preta lisa, calça jeans escura e sapatênis azul escuro.

− Está indo embora também? – perguntei ao vê-lo.

− Na verdade eu estava pensando em te convidar para comer alguma coisa, como forma de me desculpar pelo que você passou.

− Comer? Ai meu Deus sim, por favor, eu estou faminta!

Edric riu. Ele me levou de carro até um restaurantezinho charmoso que eu não conhecia, a comida de lá era ótima e ficamos conversando por um bom tempo.

− Então Elena, sobre seus poderes... – disse Edric enquanto casualmente bebia uma xícara de café.

−... Eu... ainda não tenho como te responder, há muitas coisas que eu não sei, mas prometo que assim que eu souber eu te conto.

− Entendo, mas pelo menos me conte o pouco que você sabe, por favor...

Eu respirei fundo e contei ao Edric tudo o que tinha acontecido, como eu consegui o Rubi Estrela, dos sonhos que venho tendo e da estranha voz feminina que eu ouvi quando apaguei durante a luta, inclusive contei a ele sobre a tal herança que recebi.

− Interessante, e você nunca mais se encontrou com esse tal Sérgio depois disso? – perguntou Edric.

− Não, depois que eu consegui o Rubi, eu nunca mais o vi.

− Eu acho que deveríamos procurá-lo, ele deve ter alguma informação sobre o Rubi, como quem era o antigo dono, por exemplo.

Eu nunca tinha pensado sobre isso, fiquei surpresa por ter deixado passar algo tão importante assim, Sérgio pode me ajudar a resolver esse mistério mais rápido do que eu imaginei.

− Mas espera aí, deveríamos? No plural?

− Claro que sim, você não esperava que depois me contar esse mistério todo eu fosse ficar de fora, né? Hahaha, você é mais ingênua do que eu pensei, Elena! – disse ele com um sorriso confiante e provocador.

− Não pode estar falando sério, por que você iria se envolver nisso? É problema meu Edric e além do mais você não é um capitão ocupado? Não pode simplesmente abandonar seus deveres e focar em algo secundário!

− Seu problema? Algo secundário? Ah Elena, você realmente é ingênua, eu já estou envolvido desde o dia em que você se meteu na frente daquele caminhão, não há como voltar atrás, nós vamos descobrir tudo o que há para descobrir, juntos, e eu não aceito não como resposta.

− Mas...

Eu não aceito não como resposta.

Ficamos trocando farpas pelo olhar por alguns segundos, Edric, teimoso e cabeça dura como é, não dava o menor sinal de desistência. Me arrependi amargamente de ter contado a ele, mas algo me dizia que mesmo se eu não tivesse contado ele iria acabar descobrindo tudo mais cedo ou mais tarde. Expirei todo o ar que tinha nos pulmões e me dei por vencida, estava cansada de mais para continuar discutindo com ele, que sorriu triunfante.

− Iremos amanhã mesmo até a loja desse Sérgio. – disse Edric.

Eu grunhi descontente.

Edric pagou a conta do jantar, mesmo eu reclamando dizendo que poderia pagar a minha parte, e me deu carona até em casa.

− Eu venho te pegar as oito, tudo bem para você? - perguntou ele enquanto estacionava o seu luxuoso carro na porta da minha casa.

− Tudo bem, se você insiste.

− Sim, eu insisto.

Eu me soltei do cinto de segurança ainda irritada e abri a porta do carro. Ele me segurou pelo braço me impedindo de sair me puxou para perto de si.

− Você vai sair assim, sem se despedir de mim? Não ganho nem um beijinho de boa noite? – perguntou Edric sorrindo provocadoramente.

− Edric, você quer levar uns tapas? – perguntei sem o menor humor para as gracinhas dele, que riu alto.

− Calma, não precisa partir para violência, só estou brincando. Eu sei que está irritada comigo, mas é melhor você ter alguém pra te ajudar e ficar do seu lado do que ficar com o fardo todo sozinha, acredite em mim, alguns fardos são pesados demais pra se levar sozinho.

Eu fiquei em silencio por alguns momentos pensando, e vi que ele tinha razão.

−...Obrigada Edric, por tudo. Boa noite. – eu me inclinei para ele e o beijei no rosto, rapidamente eu saí do carro e praticamente corri para dentro de casa sem nem olhar para trás, estava envergonhada demais para ver sua reação.

Alguns segundos depois que fechei a porta eu ouvi o barulho do carro ligando e saindo da minha rua. Respirei fundo e fui direto para o meu quarto sem nem falar com minha irmã na sala e com minha mãe na cozinha. Tomei uma longa chuveirada quente, escovei os dentes e caí direto na cama, exausta tanto fisicamente quanto mentalmente, logo caindo no sono.


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