SEGREDOS

Katrina Bannett

Todos foram para o refeitório, porém fiquei para ouvir o que o que o Christian tinha para dizer, ele estava apoiado no portão da frente da escola e parecia que ia desmaiar o que era esquisito se eu não o conhecesse.

– Oi? – falei sentando na calçada e gesticulei para que se sentasse ao meu lado.

– Oi – disse ele sem coragem. – Esperei para que me dissesse o problema enquanto olhava à tarde. – Ele olhou pra mim e mostrou o cordão em seu pescoço, naquele momento eu gelei , era algo que eu nunca tinha visto antes, e nem pensava que pudesse acontecer, o objeto que tínhamos denominado de “Pedra da luz” estava muito longe de ter luz, sua pedra estava escura como carvão e opaca também.

– O que houve? – Perguntei sem fôlego, tirei do pescoço dele e observei a pedra na luz do sol, nada, nem um brilho sequer.

– Ficou assim desde de manhã – Disse ele com a cabeça baixa – Eu não sabia o que dizer, eu continuei observando a pedra e nada me vinha à cabeça.

– Que estranho, onde você estava pela manhã? – Falei ainda abismada com a pedra.

– Na fronteira, pensando um pouco, eu queria ir pra algum lugar e em segundos apareci lá, não consegui mais voltar, por sorte encontrei um caminhoneiro que me deu carona e pude voltar a tempo do “toque de recolher” - Disse ele amargamente.

– Muito estranho –Pensei alto -- O de ninguém ficou assim, olhei assustada pra a ponta do meu colar, a pedra estava em um tom de lilás agora, o que pro meu alivio significava que estava tudo bem com a minha .

– Estranho? Estranho é pouco, eu não tenho mais poderes – Ele falou abaixando a cabeça e a colocando nas mãos.

– Tudo vai voltar ao normal, você vai ver. – Falei quase não acreditando em minhas próprias palavras, mas ele precisava que eu dissesse algo, acho que todos precisam ouvir algo motivador em uma hora dessas. Pelo menos todos com poderes.

– Não acredito mais nisso, mas sabe o que é estranho? – ele falou sorrindo, mas recuperou o semblante amargo depressa. – Eu sempre quis ser um cara normal, como os outros que andam por aí, fazendo coisas bestas sem precisar está em lugares estranhos em um segundo só porque sonhou ou viu uma foto em uma revista, sempre desejei ser assim – Ele levantou a cabeça olhando pra mim – Esse é o “estranho” Kat, e agora que finalmente eu posso ser como sempre quis, como eles, eu estou aqui, quase aos berros por querer ter meu poder de volta.

– Talvez todos nós sejamos assim, não vê o Monroe e a Lilly? No inicio eles foram os que mais sofreram com isso, mas aposto que eles não aguentariam perder os seus poderes de uma hora pra outra. – Me aproximei e o abracei – tudo vai ficar bem, te prometo que vamos descobrir o que aconteceu. – Ficamos abraçados alguns segundos, mas é claro que eu não me importava. —Ele saiu do meu abraço e jogou o cabelo pra trás pegando minha touca e colocando na sua cabeça.

– Ei! Devolve agora – Reclamei. – Não, obrigado pelo presente – Disse ele sorrindo. – O seu sorriso me trouxe alivio, então continuei com a brincadeira.

– Vai me entregar ou quer que eu pegue da sua mão a força? – Falei, mesmo sabendo que isso era uma coisa impossível de se fazer. Eu nunca tinha ganhado uma luta com ele quando éramos crianças, muito menos ganharia alguma hoje.

– Pegue – Ele tirou de sua cabeça e o seu cabelo continuou intacto.

Não acreditei que estivesse falando serio em me entregar de boas, porém vi sua expressão mudar para alguns minutos antes. A brincadeira tinha acabado.

– Vamos entrar? – Falei.

– Claro – Respondeu ele.

– Mas me prometa uma coisa.

– O que? – eu disse embora já sabendo do que se tratava.

– Isso fica entre nós—Disse ele. – Ninguém precisa saber até darmos um jeito ok Kat ?

– Tudo bem. – Concordei e nós entramos.