– Como assim você quer conversar comigo? – Disse Elesis irritada.

– Só pelo menos me deixe falar com você. – Disse Lass quase sem paciência.

– Vou lhe dar uma chance. – Disse ela abrindo a porta. – Entre. – Disse indo até o sofá.

– Bem, é um pouco estranho eu vir conversar com você, mas eu queria falar do passado. – Disse ele se encostando na parede.

– Nós já não tínhamos combinado que não iriamos tocar nesse assunto nunca mais? – Disse ela se irritando novamente.

– Eu sei, mas tem coisas que eu quero concertar.

– Você apenas não quer perder os amigos que tinha na infância, qual você nem os teria se não fosse pela Arme.

– E por causa disso vocês saíram de perto de mim?

– Talvez. E você nem mudou, nunca quer fazer amigos, apenas desejando que a Arme volte ou uma pessoa igual a ela.

– Isso não é verdade!

– Ah, não? Lass, eu estudo na mesma faculdade que você, eu percebo facilmente isso. Se não fosse a Asuka, você estaria sozinho, que nem naquele dia que a Arme te encontrou. Eu nunca gostei da Arme sempre tentando fazer você ficar com a gente e você nem ligando, sempre com o rosto de sempre! Ela sempre dizia: ‘’Eu tenho certeza que o Lass um dia vai mostrar um sorriso! Tenho certeza!’’ isso me magoava muito! Você nunca mostrava nenhuma reação! Nem mesmo depois da morte dela! Eu não sabia como ela conseguia gostar de uma pessoa como você! E agora você vem aqui e quer falar do passado? Não brinque comigo!

– Elesis... – Disse Arme com um tom de culpada.

– Pelo menos posso perguntar uma coisa? – Eu disse um pouco sem esperança.

– Fale logo e saia daqui. – Disse a ruiva impaciente.

– Você sabe o desejo da Arme quando ela era criança?

– Hm... Ela sempre falava que queria provar todos os sorvetes do mundo, mas ela tinha um sonho maior ainda, mas ela mantinha em segredo, então ninguém sabia. – Nesse momento, a Arme corou violentamente, depois abaixou o rosto.

– Entendo.

– Mas, por que você quer saber disso?

– Para ver se eu posso realizar por ela.

– Só agora que você faz algo pra ela? Sinceramente, você é o pior. Agora você pode sair da minha casa?

– Já vou indo.

– Ah, Lass, se eu lembrar de algo eu te conto, mas eu só vou fazer isso pela Arme, ok?

– Sim Elesis. Obrigada, pela informação. – Eu disse indo para porta e a Arme me seguiu.

– É uma pena a Elesis não gostar de você. – Disse Arme com a voz fraca.

– Não posso fazer nada, ela está certa. – Eu disse no frio de sempre.

– Mas. – Eu cortei sua fala.

– Se eu tentar mais alguma coisa eu posso machuca-la.

– Eu sei, mas é tão difícil ver isso acontecendo... Eu não quero isso... – Ela começou a chorar.

– Chorar não vai adiantar.

– Eu não aguento! Eu... – Ela continuava chorando e estava me irritando.

– Desculpe perguntar, mas qual é o segredo que Elesis citou? – Quando falei, seu rosto, já vermelho por causa do choro, ficou ainda mais.

– N-Não é nada, você não precisa se preocupar. Ah, o que você vai fazer amanhã? – Disse colocando um pequeno sorriso no final.

– O que você quer fazer amanhã? É seu aniversário pode escolher e lógico que tem que ser algo que eu possa fazer.

– Eu quero ir num campo! É primavera, vai estar cheio de flores! – Disse com um grande sorriso.

– Então quando chegarmos no apartamento, acho melhor você ir descansar, pois vamos acordar cedo.

– Tudo bem! Mesmo que eu não goste de acordar cedo, eu estou com você então não ligo. – Depois do seu largo sorriso do final, eu corei e escondi meu rosto para ela não perceber.

Nós tínhamos chegado no meu apartamento, Arme ficou assistindo TV e eu fiquei no meu quarto. Eu fiquei descansando porque eu sabia que amanhã seria um dia bem cansativo. Era engraçado, eu lembrei de um dos aniversários delas e amanhã é o aniversário dela. Já estava bem tarde, então tomei banho, escovei os dentes e fui dormir.

Acordei com muita preguiça. Eram 6:30 da manhã de um domingo. Eu estava acostumado a descansar no final de semana, mas se para deixar a baixinha feliz, eu faço qualquer coisa. Levantei bem cansado e fui tomar banho. Estava pensando em como deixa ela feliz, além de leva-la no campo. Eu sentia que eu devia fazer com que esse fosse o melhor aniversário dela, eu não me perdoaria se fosse ruim. Eu estou assim porque eu quero me desculpar, talvez? Dentro desses pensamentos nem percebi que eu tinha acabado, assim que percebi eu coloquei uma roupa. Procurei Arme, mas não a achava. Por um momento eu fiquei preocupado, mas quando eu lembrei daquele quarto fiquei mais calmo. Felizmente ela estava lá, ouvindo a caixinha de música com um olhar triste, prestes a chorar. Quando me viu abriu um sorriso e fechou a caixa de música.

– Está tudo bem?- Eu disse entrando no quarto e sentando ao seu lado.

– Não é nada, apenas lembrando algumas coisas. – Sua voz era fraca.

– Não esqueça que eu continuo sendo o seu amigo e infância.

– Eu sei, obrigada. – Olhou para mim, e deu um sorriso sincero.

– Bem, eu vou me arrumar para irmos, espere um pouco na sala. – Eu disse me levantando e saindo da sala.

– Siiim! – Ela disse correndo e depois pulou no meu sofá.

– Não pula assim no meu sofá! – E ela apenas riu. Ignorei-a e fui para o meu quarto.

Eu já estava pronto, eu estava com uma blusa azul clara simples junta com uma jaqueta jeans, uma calça jeans escura e um tênis preto. Peguei minha carteira e desci as escadas. Arme estava cantarolando, parecia ser uma música da Supercell, acho que Giniro Hikousen. Com os dedos batendo no braço do sofá, ela fazia o ritmo, junto com os pés que ficavam batendo no chão. Ela estava sorrindo, ela amava essa música.

– Vamos? – Quando chamei-a, se assustou e corou. Peguei a cesta do piquenique e fui para a porta do apartamentos.

– Ok! – Ela disse olhando para mim.

Nós descemos para a garagem do prédio. O meu carro não estava longe e ele era um Hatch médio prateado. Não era lá grande coisa, mas era o suficiente para mim, eu morava sozinho. Quando menos percebi, Arme já estava no banco da frente.

– Arme, você não pode ir nesse banco. – Eu disse frio.

– Deixa Lass! Por favor! Eu nunca pude ir nesse banco. – Ela disse com a voz triste.

– Não, esse é só para uma certa altura, e você está longe dela. – Ela me olhou feio.

– Não vai fazer diferença, eu não vou me machucar. Por favor Lass! – Ela disse com uma cara de cachorrinho abandonado, o que fez eu aceitar.

– Tanto faz. – Eu disse suspirando.

– Yeyyy!

Eu simplesmente entrei no carro e fui em direção ao campo. Quando estávamos perto, havia um grande jardim perto, as flores eram lindas e bem cuidadas. Arme estava admirada com as flores. Ela adorava flores e a primavera, talvez tenha sido o motivo de ter escolhido um campo. O vento estava fresco e o céu estava limpo, um dia perfeito para isso.

– Lass. – Ela disse olhando para o vidro e observando a rua com um pequenos sorriso.

– O que Arme?

– Você lembra quando eu passei vergonha cantando uma música da Supercell(N/A: Sim, eu amo essa banda e fiz a Arme gostar também)?

– Era Utakata Hanabi. Foi um pouco engraçado esse dia. No final você teve um pouco de sorte, né?

– Sim, vocês todos aplaudiram e então os outros começaram também. Eu fiquei muito feliz.

– Que tal lembrarmos de mais coisas enquanto nos divertimos no campo? – Eu disse parando numa vaga.

– Sim! – Ela disse saindo do carro.

Nós não tivemos que andar muito, eu tinha conseguido uma vaga perto. Arme segurava minha mão muito feliz, era um sorriso que eu só vi uma vez, quando dei-a a caixinha de música. Depois daquele dia eu quis de novo ver esse sorriso, fico feliz poder vê-lo de novo. Agora, quando estou com ela, eu sinto como se eu não fosse o Lass adulto, e sim o Lass criança. Eu não sabia se o calor que eu estou sentindo de sua mão era verdadeiro ou se ra eu lembrando do seu aconchegante calor. Sim, eu ainda não tinha superado, apenas fingia, mas eu me lembrava de tudo e depois me lamentava, me culpava.

– Lass, minhas mãos são frias? – Ela disse com a voz baixa.

– Mesmo que ela esteja, eu me lembro perfeitamente do seu calor. – Eu disse soltando sua mão e acariciando sua cabeça.

– Eu achei que você tivesse esquecido... Que nem os outros... – Ela disse no final mais baixo, mas eu consegui ouvir.

– Como assim?

– Ah, você ouviu... Bem esquece. – Ela disse com um olhar preocupado para mim, mas depois sorri e aponta para o campo. – Vamos Lass! Estamos quase lá. – Ela disse correndo na minha frente.

– Não precisa ter tanta pressa, temos o dia todo.

– Eu sei, por isso eu quero aproveitar cada minuto.

– Só não se machuca. – Eu disse deitando na grama e coloquei a cesta do meu lado.

– Você vem comigo! – Ela me puxou e depois começou a correr para frente. – Nós vamos nos divertir juntos. – Ela parou e deu um largo sorriso para mim.

Nós nos divertimos a tarde toda, bem eu gostava de quando ela sorria. Eu não quero que ela vá embora, queria que ela nunca descobrisse o seu desejo, ela era a minha felicidade. Eu não posso fazer nada, ela já morreu.

Estava chegando a noite, então nós voltamos para o apartamento. Estávamos cansados, Arme foi dormir direto, eu tomei um banho, me troquei e fui dormir. Amanhã eu tinha aula e nem tinha treinado, mas eu estou feliz em ter ficado com ela.